Resumo
A importancia da educaçâo empreendedora para o desenvolvimento de uma naçâo tem sido reconhecida em diversos países. Nas últimas décadas, estudos sobre empreendedorismo avançaram em termos de visibilidade e importancia, porém o tema da educaçâo empreendedora ainda carece de uma discussâo mais sólida, que auxilie no seu amadurecimento, norteamento e disseminaçâo de forma mais eficaz. Com base nessas constataçoes, este artigo de desenvolvimento teórico tem o objetivo de confrontar e analisar premissas, objetivos e metodologias de educaçâo empreendedora. As suas diferenças em relaçâo à educaçâo tradicional têm gerado a necessidade de novos modelos pedagógicos, compatíveis com as habilidades e atitudes próprias do individuo empreendedor. Esta pesquisa aborda a natureza da educaçâo empreendedora, seus aspectos metodológicos, o papel do docente, o ponto de referencia que o aluno assume no processo, e práticas didático-pedagógicas desenvolvidas para a aprendizagem empreendedora.
Palavras-chave: Educaçâo empreendedora. Aprendizagem empreendedora. Metodologias de educaçâo empreendedora. Ser empreendedor. Empreendedorismo.
Abstract
The importance of entrepreneurial education to the development of a nation has been recognized in several countries. In recent decades, studies on entrepreneurship forward in terms of visibility and importance, but the subject of entrepreneurial education still lacks a more solid discussion that could help in its maturation, orientation and spread more effectively. Based on these findings, this theoretical development article aims to confront and analyse premises, objectives and methodologies of entrepreneurial education. Its differences in relation to the traditional education have generated the need for new pedagogical models, compatible with skills and attitudes of the individual entrepreneur. This research addresses the nature of entrepreneurial education, its methodological aspects, the role of the teacher, the reference point that the student takes in the process, and didactic and pedagogical practices developed for entrepreneurial learning.
Keywords: Entrepreneurial education. Entrepreneurial learning. Entrepreneurial education methodologies. Entrepreneur being. Entrepreneurship.
Introduçâo
A importancia da educaçao empreendedora para o desenvolvimento de uma naçao tem sido reconhecida, nao apenas no Brasil, mas em diversos países do mundo, tendo sido colocada como prioritária nas agendas e debates políticos, econômicos e acadêmicos, incluindo os mais altos níveis de discussao das Naçoes Unidas (UNCTAD, 2015; LIMA et. al., 2015a). Conferencias promovidas pelo órgao internacional da ONU responsável pela economia e pelo desenvolvimento apontam quatro áreas-chave para a educaçao empreendedora: a) incorporaçao do empreendedorismo na educaçao e treinamento, b) o desenvolvimento curricular, c) o desenvolvimento do professor e d) o engajamento com o setor privado (UNCTAD, 2011).
Além disso, o desenvolvimento e implementaçao de programas de educaçao empreendedora seguem as recomendaçoes da Unesco para a educaçao do século XXI, que sao aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Além dessas dimensoes, a Unesco recomenda outros aspectos da moderna educaçao relacionados ao empreendedorismo, a fim de que os estudantes desenvolvam a capacidade de inovar, reter conhecimento, desenvolver projetos próprios e lidar com as mudanças (LOPES; TEIXEIRA, 2010).
No que se refere ao Brasil, existe a necessidade e a consequente oportunidade de potencializar "uma educaçao empreendedora que permita que uma maior proporçao do seu capital humano desenvolva o seu potencial empreendedor" (DOLABELA; FILION, 2013, p. 154). A educaçao empreendedora pode aumentar a qualidade da preparaçao e o número de jovens inovadores, proativos e com iniciativa, tanto para trabalharem em uma organizaçao ou atividade autónoma, quanto para tocarem seu próprio negócio. Em ambas as condiçoes, o resultado é um impacto socioeconómico relevante (GUERRA; GRAZZIOTIN, 2010; LIMA et. al., 2014a).
A educaçao empreendedora percorreu um longo caminho nos últimos anos e se disseminou em programas de formaçao, disciplinas e atividades de preparaçao, porém as pesquisas sobre a temática ainda necessitam de mais estudos teóricos e empíricos (LIMA et. al., 2014a). Nas últimas décadas, os estudos sobre "empreendedorismo" avançaram bastante em termos de visibilidade e importancia, porém o tema da "educaçao empreendedora" ainda carece de uma discussao mais embasada e sólida, que auxilie no seu amadurecimento e norteamento, e estimule a sua disseminaçao de forma mais eficaz (LOPEZ, 2010). Há uma necessidade de se analisar melhor o que é a educaçao empreendedora, buscando compreensoes em relaçao a questionamentos como: Como os empreendedores aprendem? Como a capacidade empreendedora se desenvolve? O empreendedorismo pode ser ensinado/aprendido em instituiçoes de ensino? O que ensinar? De que forma? Como potencializar e facilitar essas aprendizagens? Diante dessas questoes, percebe-se que "as dúvidas ainda permanecem, a despeito de serem frequentemente formuladas, e que se carece de um quadro referencial para guiar nossas decisoes e açoes nessa área" (LOPES, 2010, p. 19).
Respostas a tais questionamentos e uma maior compreensao sobre esse processo permitiriam indicar como formatar atividades condutoras à educaçao de indivíduos empreendedores. Oliveira e Barbosa (2014) reforçam a necessidade de pesquisas e de um melhor entendimento dos benefícios, limitaçoes e consequências dos diferentes modos de criar e implementar atividades empreendedoras na educaçao superior. Outros temas promissores para investigaçoes, apontados por Lima et. al. (2014b) ao investigarem a situaçao da educaçao empreendedora no Brasil também sao: Quais técnicas e estratégias pedagógicas sao as mais adequadas para o contexto brasileiro? Como adotá-las com eficiência nas instituiçoes de ensino superior?
Demonstra-se assim promissora a busca de maneiras de aperfeiçoamento da educaçao empreendedora no ensino superior, "particularmente no contexto brasileiro, em que sao raros e necessários os estudos úteis a tal intento. Sem isso, perdura o risco de que ela seja pouco (ou contra) producente, podendo priorizar caminhos de formaçao pouco coerentes com o contexto, a capacidade e os interesses do país, das instituiçoes de ensino superior, dos professores e dos estudantes" (LIMA et. al., 2015b, p.422).
Com base nesse panorama, este artigo de desenvolvimento teórico tem o objetivo de confrontar e analisar premissas, objetivos e metodologias de educaçao empreendedora. As diferentes características da educaçao tradicional e da educaçao empreendedora têm gerado a necessidade de se desenvolverem modelos pedagógicos apropriados à formaçao empreendedora, compatíveis com as habilidades e as atitudes próprias do indivíduo empreendedor. A partir dessa necessidade, este artigo aborda a natureza e especificidades da educaçao empreendedora, seus aspectos metodológicos, a mudança no papel do docente, o ponto de referência central que o aluno assume no processo de aprendizagem e exemplos de instrumentos e práticas didático-pedagógicas desenvolvidos para a educaçao empreendedora.
A natureza e especificidades da educaçao empreendedora
Historicamente, os sistemas educacionais foram idealizados e modelados para formarem pessoas que venham a ocupar vagas em grandes organizaçoes ou postos de trabalho em profissoes técnicas específicas, ou atuar como profissionais liberais. Na visao de Malacarne, Brustein e Brito (2014), a consequência é que o atual sistema educacional, em vez de estimular o lado empreendedor dos alunos, acaba investindo na formaçao de profissionais que tenham o objetivo de buscar uma colocaçao em uma empresa ou profissao como especialista. "As pessoas costumam ser educadas para serem empregadas, e estimular o empreendedorismo neste contexto é enfrentar resistências e conflitos neste processo de mudanças, o que gera impactos para a instituiçao, para os docentes e para os discentes" (MALACARNE; BRUSTEIN; BRITO, 2014, p. 29).
Além disso, o que se constata é que as universidades que buscam promover o empreendedorismo ainda o fazem exclusivamente focado na administraçao de negócios e tecnologia, isolando-o das demais disciplinas, como a psicologia, a sociologia, a educaçao, e demais áreas que se preocupam com o entendimento do comportamento humano (LORENTZ, 2015).
Diferentes autores apontam que o ensino de empreendedorismo deve seguir uma metodologia própria, diferente da utilizada no ensino tradicional (LOPES, 2010; DOLABELA; FILION, 2013; LIMA et. al. 2015b). Dolabela e Filion (2013) defendem uma mudança radical frente aos métodos tradicionais de ensino, que tendem a se concentrar na transferência de conhecimento, buscando uma aprendizagem centrada em pensar de forma independente e proativa.
Para explicitar as particularidades de cada proposta de ensino, Dolabela (2008) descreve as características da educaçao tradicional e da educaçao empreendedora, sintetizadas no quadro a seguir.
Henrique e Cunha (2008) também entendem que educaçâo empreendedora nâo pode ser feita como nas demais disciplinas, devendo levar o aluno a estruturar contextos e compreender as várias etapas da sua evoluçâo. Esse ensino deve ainda concentrar-se mais no desenvolvimento do conhecimento e conceito em si e na aquisiçâo de know-how do que na simples transmissâo de conhecimento.
Dolabela e Filion (2013) ainda acrescentam que esse ambiente de aprendizagem deve estimular e desenvolver a confiança e a autoestima do estudante. Deve-se mergulhar o aluno em um sistema de aprendizagem onde haja uma relaçâo coerente entre ele próprio e a sua realidade circunstante. Os autores ressaltam que uma educaçâo empreendedora deve levar em conta o background cognitivo, emocional e social do estudante. A evoluçâo dos alunos na formaçâo da identidade deve ser gradual a fim de reduzir as tensoes existentes entre os individuos e o seu mundo ao redor, de modo que os estudantes aumentem o nivel de autoconfiança necessário à atividade empreendedora.
Mendes (2011) defende também que o empreendedorismo deveria ser tratado nâo como uma disciplina autónoma, como é verificado em grande partes das instituiçoes de ensino, mas integrada nas restantes, uma vez que existem diversas questoes inerentes a outros campos de investigaçâo que sâo centrais no seu estudo. Nesse mesmo sentido, Tschá e Cruz Neto (2014) afirmam que a educaçâo empreendedora nâo deve ser vista como uma disciplina isolada, e sim como um conjunto de açoes por meio das quais os alunos sâo orientados a expandirem suas próprias ideias e que esse processo deveria ser estabelecido desde os primeiros períodos da graduaçâo.
A universidade, portanto, ao se dispor a apostar na formaçâo empreendedora, deve fazê-la de forma integrada, interdisciplinar, harmonizada e transversal. Guerra e Grazzotin (2010) enfatizam que o empreendedorismo nâo deve ser discutido apenas em disciplinas isoladas e tanto menos entre as quatro paredes da sala de aula. As autoras também sustentam que o empreendedorismo deve ser vivenciado com intensidade por todos, em todas as direçoes. O professor deve levar para a sala de aula a temática de modo integrado às outras disciplinas, à instituiçâo e à comunidade. "Cabe a todos os professores a responsabilidade de fazer com que os alunos sejam estimulados a pensar e agir com uma mentalidade empreendedora. A sala de aula, cada vez mais, tem de se transformar em laboratório de conhecimento. O assunto empreendedorismo deve ser tratado em todos os cursos e em todos os níveis" (GUERRA; GRAZZIOTIN, 2010, p. 83).
O Relatório do Estudo GUESSS Brasil (LIMA et. al., 2014b) aponta iniciativas através das quais as instituiçoes de ensino superior e os estudantes podem contribuir de modo significativo na melhoria da educaçâo empreendedora. Por exemplo, podem ser cultivados ambientes ricos em diversidade de experiência, de possibilidades de exploraçâo de recursos pessoais e dirigidos à ampliaçâo de horizontes e de perspectivas, focando nâo somente na geraçâo de conhecimentos e habilidades específicos e na tradicional ênfase na preparaçâo de futuros empregados. O relatório evidencia ainda que se mostra atrativo e promissor que os estudantes se empenhem na ampliaçâo da variedade de carreiras que consideram para seu futuro, como ser criador de um negócio - com vista a lucro ou fins sociais -, empreendedor em uma profissâo autónoma ou liberal, ou mesmo intraempreendedor ou empreendedor corporativo, que é um colaborador inovador e de iniciativa em uma organizaçao pública ou privada. Isso ajudaria as instituiçoes de ensino a cumprirem melhor seu papel e os estudantes a serem motores mais ativos do avanço social e económico.
Investigando a situaçao atual da educaçao empreendedora no Brasil a fim de contribuir para a melhoria da sua qualidade, Lima et. al. (2014a) apontam algumas recomendaçoes práticas para as instituiçoes de ensino superior:
- as instituiçoes de ensino nao devem se limitar ao ensino de administraçao ou gestao de negocios, mas privilegiar o desenvolvimento de competencias empreendedoras, independentemente de estarem ligadas ou nao a um negocio;
- devem romper com os tradicionais modelos de ensino, fortemente vinculados a teorias e explorar novas técnicas, metodologias e ferramentas que permitam o estudante colocar em prática o seu aprendizado;
- devem explorar a interdisciplinaridade, a transversalidade e a diversidade no ambiente académico inerente às características do ambiente universitário existente e do ecossistema local de negocios;
- devem estimular a formaçao de professores específicos, que possam conciliar a formaçao académica com a experiéncia prática empreendedora;
- devem estar alinhadas com as principais iniciativas de fomento à atividade empreendedora da regiao em que se situam, integrando esforços e estabelecendo parcerias com o intuito de melhorar a formaçao empreendedora dos estudantes;
- devem equilibrar a quantidade de teoria, conceitos e definiçoes académicas tradicionais com o estímulo à prática empreendedora dos estudantes, por meio de atividades extracurriculares e laboratorios de experimentaçao.
Segundo Lima et. al. (2014a), essas recomendaçoes, em linha com trabalhos de receptividade internacional, sao potencialmente úteis para o trabalho de gestores, educadores e profissionais ligados à criaçao e melhoria de sistemas de ensino e àqueles empenhados no desenvolvimento da cultura empreendedora. Essas indicaçoes podem auxiliar na ampliaçao do repertorio de açoes possíveis a serem adotadas por instituiçoes de ensino superior em suas diretrizes pedagogicas, políticas de fomento e iniciativas de melhoria da educaçao em geral (LIMA, et. al., 2014a).
Estudando a educaçao empreendedora nas universidades brasileiras, Guerra e Grazziotin (2010) destacam que com o empreendedorismo a educaçao passa a estar comprometida com as inovaçoes e com os novos arranjos que a dinámica do mundo contemporáneo demanda. Referenciando Mintzberg (2006), as autoras salientam que "uma mentalidade criativa se alcança por meio do equilíbrio entre a arte, a prática, e a ciéncia, de forma que se faça coexistir a organizaçao, e a estruturaçao científicas com os processos de imaginaçao artística. É por intermédio desse diálogo entre a ordem científica e a liberdade criativa da arte que se buscarao novas perspectivas adequadas a uma educaçao empreendedora" (GUERRA; GRAZZIOTIN, 2010, p. 75).
Descrevendo a natureza da educaçao empreendedora, Dolabela (2008) ressalta que, pela primeira vez na historia, o que se aprende na escola é rapidamente superado pelo que se aprende fora dela. Em algumas áreas e setores, o conhecimento tecnológico é renovado em poucos anos. O autor destaca que nao adianta mais acumular um "estoque" de conhecimentos, e sim é preciso que saibamos aprender, de modo autónomo e constante. É preciso, portanto, um processo de aprendizagem que induza ao contínuo aprender a aprender, que leve o estudante a proceder como faz o empreendedor na vida real: fazendo, errando, corrigindo rumos, criando.
Dolabela e Filion (2013) também apontam essa característica de que os empreendedores sao orientados para a açao. Poucas áreas ligadas à educaçao exigem tanta reflexao sobre as atividades de implementaçao e orientaçao à açao. Lopes (2010) também enfatiza o uso de metodologias de ensino que permitam o "aprender fazendo", a fim de que o aluno se depare com eventos críticos que o forcem a pensar de maneira diferente, buscando saídas e alternativas, ou seja, aprendendo com experiencia, aprendendo com o processo. Investigando referenciais para a educaçao empreendedora, a autora resgata propostas de aprendizagem orientadas para a açao: aprendizagem experiencial; aprendizagem pela açao; aprendizagem contextual (processo de construir o significado a partir da interaçao social e da experiencia); aprendizagem centrada em problemas e aprendizagem cooperativa (trabalhar em grupos heterogéneos exercitando a liderança, a comunicaçao, a coesao de equipe etc.).
Em todas essas propostas existe a énfase na ligaçao entre o processo de ensino e aprendizagem e o mundo real. Recursos, estrategias e contexto com os quais os estudantes se defrontam ou já se defrontam na vida criam uma aprendizagem significativa. A aprendizagem empreendedora, portanto, reforça os vínculos com o contexto do estudante, com a sua comunidade, com os empreendedores e seus negocios, com arranjos produtivos e todos que possam ser fontes de informaçao e de recursos para as atividades que serao realizadas (LOPES, 2010).
Outra característica da educaçao empreendedora é ser uma açao dialógica. Tschá e Cruz Neto (2014) explicam, se valendo de Freire (2002), que ser dialógico é empenhar-se na transformaçao constante da realidade, através do conhecimento, e o conhecimento é uma tarefa de sujeitos e nao de objetos. "O ato de transformar sonhos em realidade e o papel que este ato representa na sociedade, envolve um constante refletir com todos os envolvidos ou que querem fazer parte do projeto sobre o posicionamento do ser em relaçao a questoes sociais. Isto implica em questionar como o sonho a ser realizado pode mudar o mundo para melhorar e transformar realidades" (TSCHÁ; CRUZ NETO, 2014, p. 70).
A sala de aula se transforma assim em um ambiente em que os estudantes geram os conhecimentos que necessitarao para empreender, diferentemente do ensino convencional, em que o conhecimento é transmitido pelo professor. Cabe ao professor, nesse processo, formular perguntas, pois as respostas constituem o centro da tarefa empreendedora e serao construidas pelos alunos (DOLABELA, 2008). Na visao de Ribas (2011), o processo de aprendizado e sua aplicaçao para o empreendedor nao podem ser defasados - aprender primeiro e aplicar depois - mas sim interativo. Tampouco pode ser considerado definitivo - nao se alcança o objetivo com um diploma - mas permanente. Por fim, o autor afirma que esse processo nao pode ser estático, e sim dinámico, em que o saber deve interagir continuamente com o fazer acontecer trazendo resultado prático para o empreendedor no seu cotidiano.
Educaçao centrada no aluno
Como visto anteriormente, a educaçao empreendedora tem particularidades próprias. Sua especificidade também é evidenciada em relaçao ao papel do aluno no processo de ensino e aprendizagem. Resgatando Freire (2002) em sua pesquisa, Friedlander (2004) considera que a responsabilidade da educaçao deve estar no próprio estudante, detentor das forças de crescimento e autoavaliaçao. A educaçao empreendedora deve estar centrada no aluno, em vez de centrar-se no professor ou no ensino, tornando-o senhor da própria aprendizagem. "Deve-se estar atento ao fato de que saber ensinar nao é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para sua própria produçao ou construçao" (FREIRE, 2002, p.52).
Oliveira e Barbosa (2014) ressaltam que o ensino do empreendedorismo requer diferentes abordagens, algumas das quais ainda sequer foram criadas. Porém, entendem que nao basta apenas introduzir práticas ou propostas denominadas de "modernas". Para os autores, o importante é adequá-las às demandas e peculiaridades dos interessados, ou seja, dos próprios estudantes. Lopes (2010) também afirma que a educaçao empreendedora é diferente do ensino tradicional por se calcar mais na atividade do próprio aluno, em uma forma mais experiencial, prática e contextualizada no mundo real, que incentive a imaginaçao e a análise, preparando-o para lidar com incertezas, com a falta de recursos e de diferenciaçao, típica do início de um empreendimento, projeto ou nova frente de atuaçao.
A esséncia da estratégia didática da educaçao empreendedora, segundo Dolabela (2008), está no sonhar e no buscar realizar o sonho. O estudante irá criar o seu próprio projeto - chamado na pedagogia empreendedora de Dolabela (2003b, 2008) de sonho - e se beneficiar da força didática dessa açao. "Ele deve ter a autoria e, também, ser protagonista do enredo que criou. A açao de buscar realizar seu sonho está impregnada pela emoçao, que irá mobilizar e motivar a aquisiçao dos recursos necessários, internos e externos" (DOLABELA, 2008, p. 105). O autor complementa que a emoçào é o fundamento da açao, e por consequência, do autoaprendizado do aluno.
Dolabela (2008) explica que, sabendo qual é o seu sonho, o empreendedor tem o impulso e a energia para buscar a sua realizaçao. É a partir da açao que pode nascer o saber empreender. Para explicar esse saber e como adquiri-lo, o autor descreve que as pessoas empreendem em funçao do que sao e nao somente do que sabem. O saber que interessa ao empreendedor é aquele necessário para realizar o seu projeto, cuja busca leva à açao, visto que somente na açao é possível construir o saber empreendedor. Nesse saber estao incluidos o conhecimento do ambiente (o saber específico) e as habilidades e competências necessárias para realizá-lo.
O saber empreender, complementa Dolabela (2008), é construido a partir da açao e da reflexao sobre ela, isto é, imaginando, criando, errando, fazendo, inovando, alternando o sonho e a si mesmo, persistindo diante dos erros, recomeçando. O empreendedor é alguém capaz de articular esses elementos. Esse processo pode ser visualizado no quadro a seguir.
Com base no exposto até aqui, mais importantes do que os conteúdos das disciplinas e aulas serao as possibilidades de experiência oportunizadas ao aluno engajado no próprio aprendizado e desenvolvimento. Lopes e Teixeira (2010) resgatam, nessa perspectiva, o conceito de "protagonismo", termo que se origina do grego, em que "proto" significa "primeiro" e "agon" quer dizer "lutador". Protagonista significa, portanto, lutador principal ou, no teatro, aquele que conduz a trama. Segundo as autoras, o protagonismo implica em envolver-se de forma construtiva com a escola, com a comunidade, com a sociedade e com a própria vida, por meio da participaçao autêntica e autónoma, com o desenvolvimento da autoconfiança e autodeterminaçao, em um período em que a identidade do estudante ainda está sendo forjada.
O espírito empreendedor, segundo Guerra e Grazzotin (2010), nao pode abrir mao da inovaçao, da imaginaçao, da criatividade e, sobretudo, da posiçao de sujeito que o empreendedor deve assumir. O empreendedor deve ser o sujeito do processo e cabe a ele o papel de agente transformador de uma sociedade repleta de contradiçôes, a fim de que se criem novas alternativas para o equilibrado e harmónico desenvolvimento económico e social.
Como base na visao do empreendedor como sujeito ativo do processo de empreender, Oliveira e Barbosa (2014) enfatizam que o aluno nao deve ser levado a buscar um espaço pré-definido a ocupar, ou um perfil de comportamentos a seguir, mas que possa, através da aprendizagem e reflexao, construir um projeto de vida em que vivencie autonomía e criatividade. Nessa concepçào, o entendimento do empreendedor nao está orientado somente por características individuais, e nao é visualizado como um ser abstrato, natural e universal, mas sim como um ser social e histórico, em permanente movimento. O autores complementam que o entendimento da subjetividade dos estudantes, sobre a qual irá se sustentar o seu saber ser, o seu saber tornar-se e o seu processo de formaçao de visao, pode auxiliar de modo significativo na elaboraçao de um processo de identificaçao de demandas e formaçao dos alunos (OLIVEIRA; BARBOSA, 2014).
Rocha e Freitas (2014) destacam que o ensino do empreendedorismo tem apresentado um leque de formas heterogéneas em relaçao ao processo pedagógico. Duas diferentes perspectivas tém conduzido a educaçao empreendedora, diversificando desse modo sua respectiva pedagogia. Enquanto uma perspectiva enfoca a educaçào sobre o empreendedorismo, a outra aborda a educaçào para o empreendedorismo, entendendo-se que o termo sobre indica uma abordagem pedagógica de cunho teórico e o para uma abordagem teórico-prática, com énfase na açao. Nesse sentido, começa-se a evidenciar, na literatura recente, uma maior preocupaçao na educaçào voltada para o ensino com o propósito de formar empreendedores atuantes, indo além do conhecimento teórico do tema (LAUTENSCHLÄGER; HAASE , 2011).
Nessa perspectiva, existem aspectos do empreendedorismo que podem ser mais fáceis de ensinar e outros nao. Lautenschläger e Haase (2011) consideram que habilidades e competéncias como criatividade, proatividade, inovaçao, tomada de decisao e propensao ao risco sao aspectos que ainda nao se encontram devidamente respaldados por métodos de ensino adequados. Rocha e Freitas (2014) complementam que pesquisadores da educaçao empreendedora tém defendido uma linha pedagógica mais voltada à prática como mais apropriada ao ensino. A aula tradicional expositiva pode ser utilizada para repassar aspectos teóricos e culturais do empreendedorismo, porém deve direcionar os demais aspectos da açao empreendedora para métodos e recursos pedagógicos mais dinámicos.
Lopes e Teixeira (2010) complementam que, nesse tipo de educaçao, os alunos devem aprender muito mais do que criar os próprios negócios, recurso muito utilizado em formaçao empreendedora. Segundo as autoras a educaçao empreendedora deve desenvolver habilidades de (LOPES; TEIXEIRA, 2010):
* reconhecer oportunidades;
* perseguir essas oportunidades, criar novas ideias e organizar os recursos necessários;
* criar e administrar um novo negócio ou projeto;
* pensar de forma criativa e de forma crítica.
Também investigando as características a serem desenvolvidas, Becker (2014) defende que a educaçao empreendedora deve atentar a dois pontos importantes. O primeiro é que o aluno esteja apto a trabalhar com a criaçao, com o empreender e inovar. O segundo é que ele esteja adaptado ao meio para que isso seja possível. Se esses dois aspectos estiverem em sintonia, haverá naturalmente pontos específicos e isolados de planejamento para fazer a determinada açao, ainda que nao se tenha o conhecimento, que pode ser entao buscado e desenvolvido.
No processo de primeiro visualizar um projeto ou inovaçao a ser criada, e depois buscar a sua realizaçao, Dolabela (2008) elenca conteúdos e habilidades que sao desenvolvidas pelo empreendedor, conforme demonstra a tabela a seguir.
Ao investigarem as metodologías, recursos e práticas didático-pedagógicas utilizados no ensino de empreendedorismo em cursos de graduaçao e pósgraduaçao nacionais e internacionais, Henrique e Cunha (2008) chegaram a algumas recomen daçoes: as instituiçoes de ensino devem implantar o ensino de empreendedorismo em suas grades curriculares em sinergia com metodologias e práticas didáticopedagógicas específicas e mais eficazes para seu aprendizado; os docentes devem estabelecer um equilibrio entre o papel de facilitador do processo de aprendizagem e o de professor; experiencias previas e o trabalho em pequenas empresas ou em consultorias juniores auxiliam o aluno no processo de aprender a empreender. Os autores ainda elencam as habilidades a serem desenvolvidas ao longo da formaçao (HENRIQUE, CUNHA, 2008):
- comunicaçao, especialmente persuasao;
- criatividade;
- capacidade de reconhecer oportunidades empreendedoras;
- pensamento crítico e habilidades de avaliaçao;
- liderança;
- competencias gerenciais, incluindo planejamento, comercializaçao, contabilidade, estrategia, marketing, RH e network;
- negociaçao;
- capacidade de tomar decisoes.
Rocha e Freitas (2014) salientam que, no contexto da formaçao empreendedora, o comportamento esperado do estudante deve ir ao encontro dos conhecimentos, habilidades e atitudes que compoem o sujeito empreendedor. Desse modo, os objetivos propostos de ensino-aprendizagem devem conduzir o aluno a ser capaz de: "conscientizar-se sobre o que é o empreendedorismo, ser criativo, ser inovador, descobrir uma oportunidade, planejar e abrir um novo negócio, fazer previsoes, assumir riscos, persistir, lidar com conflitos, adquirir autocontrole, aprender com a tomada de decisao, erros e acertos, trabalhar em equipe, formar uma rede de contatos e administrar o negócio de forma sustentável" (ROCHA; FREITAS, 2014, p. 468).
Para desenvolverem essas habilidades, Dolabela (2008) relata que sao necessários elementos de suporte à realizaçao de um projeto empreendedor. Ao agirem na busca da realizaçao do sonho, os empreendedores identificam conhecimentos e capacidades que devem prioritariamente adquirir. Nos seus estudos, Filion (1991, 1999, 2004) identificou alguns desses conhecimentos e os nominou de "elementos de suporte à atividade empreendedora", dentre os quais estao: conhecimento ou conceito de si, conhecimento do setor, rede de relaçoes, energia e liderança. Dolabela (2003a) sintetiza esses elementos:
- Conceito de si: é a forma com que o individuo vê a si mesmo, a imagem que tem de si mesmo e que influencia fortemente o seu desempenho. No conceito de si estao contidos os valores, a forma de ver o mundo, a motivaçao. Esse conceito muda em funçao das relaçoes que a pessoa estabelece, do trabalho que realiza, da visao que constrói, do seu mundo afetivo, de suas conquistas e fracassos. O individuo precisa saber quem é para ter consciência do que irá criar, pois seus projetos sao uma extensao de si mesmo.
- Conhecimento do setor. conhecer o setor em que atua significa saber tudo o que diz respeito a ele (mercado, tecnologias, contexto legal, político, demográfico, social, económico etc.). Começar um projeto em um setor desconhecido é aventura, nao empreendedorismo, e a compreensao do setor permite identificar, mais facilmente, oportunidades reais.
- Rede de relaçoer. as relaçoes que o empreendedor desenvolve sao o fator que mais influencia a evoluçao da sua visao. Essas relaçoes compreendem os vários níveis: familiares, amizades, pessoas conhecidas, bem como relaçoes criadas em eventos e redes de networking. Aqui estao incluidas também as fontes de informaçao para a conduçao do empreendimento.
- Energia: é o tempo reservado às atividades empreendedoras e a intensidade com que elas sao executadas. A energia decorre da adequaçao entre o conceito de si e da visao. Essa energia despendida poderá conferir mais liderança e capacidade de estabelecer relaçoes.
- Liderança: ao desenvolver uma visao bem elaborada, em base aos seus conhecimentos do setor e nas habilidades para realizá-la, o empreendedor consegue atrair pessoas para colaborar consigo. A liderança pode ser entendida como a capacidade do empreendedor de convencer apoiadores (colaboradores, sócios, financiadores, fornecedores, clientes) de que é capaz de conduzi-los a uma situaçao favorável no futuro.
Os professores também assumem, nessa nova proposta, uma nova funçao. Na sessao seguinte se descreve como se configura esse aspecto na educaçao empreendedora.
O novo papel do professor
Na educaçao empreendedora, os professores passam a desempenhar um novo papel, o de catalisador e facilitador, cuja funçao é auxiliar os alunos a aprenderem um novo modo de pensar. Em vez da simples transferencia de conteúdos, eles agora devem estimular os estudantes a aprenderem a aprender, a aprenderem como pensar em termos empreendedores (DOLABELA, FILION, 2013).
Henrique e Cunha (2008) defendem uma nova funçao do professor, buscando um equilibrio entre a transmissao do conteúdo teórico e a facilitaçao do processo de aprendizagem, através de aconselhamentos e orientaçoes das atividades práticas propostas aos estudantes. Para explicitar esse novo papel assumido pelos docentes, Mendes faz uma comparaçao entre a pedagogia centrada no professor e a centrada no aluno. O quadro a seguir apresenta essa análise.
Tschá e Cruz Neto (2014) também descrevem essa nova funçao, afirmando que, na educaçao empreendedora, os professores passam a ser vistos como lideres, conselheiros ou mentores. Eles passam a estimular, inspirar, criar ou orientar ideias, açoes concretas e colaborativas em torno das realizaçoes dos alunos. Para tanto, devem fazer uso de ambientes de colaboraçao, capacitaçoes, gameficaçoes e realizaçao de eventos, que possam originar projetos, empresas, pesquisas, inovaçoes, incubaçoes etc.
Nessa mesma vertente, ao pesquisar centros de empreendedorismo no Brasil, Hashimoto (2013) atenta para a necessidade de um novo paradigma na educaçao brasileira em que os professores devem utilizar mais amplamente as abordagens vivenciais e dinámicas, propondo e oportunizando atividades que desafiem os alunos com o uso de simulaçoes, de práticas, de laboratórios e de testes. Para que isso seja alcançado, o autor ressalta a importáncia da formaçao docente a fim de que os professores assumam uma nova postura e adquiram um novo repertório de recursos pedagógicos.
Lima et. al. (2014a) analisaram tipologias de professores de instituiçoes de ensino superior envolvidos com a educaçao empreendedora e descreveram características de perfil, motivaçoes e práticas adotadas. O quadro a seguir apresenta essas informaçoes.
Lima et. al. (2014a) apontam que, dentre os diferentes perfis de professores, aqueles que tendem a gerar o maior impacto de atividades em prol da educaçao empreendedora sao os visionarios-realizadores e os realizadores, tendo em vista a amplitude dos projetos que empreendem. Os pesquisadores também constatam que muito frequentemente as disciplinas de empreendedorismo em instituiçoes de ensino superior sao atribuidas a professores sem histórico ou interesse aparente pelo campo do empreendedorismo. Somada à carencia de formaçao de professores para a educaçao empreendedora, pode-se supor que se tende a multiplicar o número de professores executores. Os autores defendem que, para se oferecer disciplinas e atividades propicias à educaçao empreendedora de alta qualidade, esse seria um procedimento a evitar caso os gestores universitarios tenham interesse pela preparaçao adequada dos alunos ao empreendedorismo.
Para que os professores possam atuar sob essa nova perspectiva, sao também necessárias novas propostas metodológicas com instrumentos e técnicas didáticopedagógicas voltadas à formaçao empreendedora, como será descrito a seguir.
Instrumentos e práticas didáticopedagógicas
Como já acenado, a formaçao empreendedora tem uma caracteristica inter e multidisciplinar. Para alcançar os seus objetivos, é preciso traçar um plano de ensino ou planos de aula que adaptem a metodologia pedagógica ao contexto da aprendizagem buscada. Nessa perspectiva, diferentes métodos, técnicas e recursos têm sido estudados e testados como forma de se promover o processo de ensino-aprendizagem da formaçao empreendedora (ROCHA; FREITAS, 2014).
A formaçao empreendedora requer uma abordagem com base teórica associada com atividades práticas. Diferentes opçoes pedagógicas sao apresentadas na literatura com a finalidade de desenvolver a formaçao empreendedora em instituiçoes de ensino superior, entre elas aulas expositivas sobre o empreendedorismo, elaboraçao e apresentaçao de planos de negócios, jogos de empresas e incubadoras (ROCHA, 2012).
Ampliando a compreensao sobre métodos e propostas para a educaçao empreendedora, Henrique e Cunha (2008) sugerem novos modelos conceituas para as instituiçoes de ensino, que englobam (HENRIQUE, CUNHA, 2008, p. 127):
a) incluir o agir como experiência didática, além do falar, ler e escrever;
b) incentivar o contato com empreendedores;
c) ter mediaçoes de resultados ligados a projetos que resultem em novos negócios;
d) criar uma escola empreendedora;
e) nao limitar as experiências empreendedoras ao calendário escolar;
f) ao avaliar a instituiçao de ensino, contemplar a produçao em projetos e subprojetos de criaçao de empresas.
Dentre os recursos mais utilizados no ensino do empreendedorismo nos últimos anos, está o plano de negócios. Porém, estudos mais recentes, como o realizado por LIMA et. al. (2015a), têm apontado que metodologias voltadas à abertura de empresa, predominantemente baseadas em planos de negócios, devem ser dirigidas a individuos com um alto nivel de intençao empreendedora já verificada e que tenham identificado uma oportunidade de negócio viável, a fim de que possam realizar os passos certos para iniciar seu empreendimento. Essa constataçao, combinada com uma demanda cada vez maior e mais diversificada de estudantes por formaçao empreendedora, nao restrita a abertura de empresas, evidencia uma lacuna considerável na educaçao empreendedora por novas metodologias, sobretudo no Brasil, onde essa formaçao sempre foi concentrada no plano de negócios (LIMA et. al., 2015a).
Henrique e Cunha (2008) salientam que as particularidades do ensino de empreendedorismo fogem dos principios tradicionais de educaçao e adotam formas diversas no processo de ensinoaprendizado, tais como: solucionar problemas, interagir com os pares e outras pessoas através de trocas com o ambiente, trabalhar sob pressao, copiar outros empreendedores, decidir sob pressao, aproveitar oportunidades, aprender com os próprios erros e pelo feedback de clientes. Além disso, os autores destacam que o empreendedorismo é uma área em que se podem cometer erros (pequeños), pois nela existe liberdade e situaçoes de aprendizagem flexíveis.
Desse modo, diversos processos pedagógicos têm sido desenvolvidos e aplicados, resultando na criaçao de novas atividades educacionais de formaçao empreendedora. Rocha e Freitas (2014) fazem uma revisao da literatura e destacam práticas que têm sido adotadas: palestras, estudos de caso, recomendaçoes de leituras, visita a empresas, brainstorming, simulaçoes e projetos desenvolvidos em grupos, entrevistas com empreendedores, planos de negócios, uso de filmes e jogos sobre empreendedorismo.
Outra ferramenta para desenvolvimento do comportamento empreendedor é o uso da metodologia de resoluçao de problemas. Na visao de Friedlander (2004), ensinar a resolver problemas permite desenvolver nos estudantes a capacidade de questionar e ir atrás de respostas, de aprender a aprender, de construir com autonomia, de saber selecionar as informaçoes, processá-las e aplicá-las de modo adequado às diversas situaçoes.
Investigando os estilos de aprendizagem em empreendedorismo, Henrique e Cunha (2008) resgatam os estudos de Ulrich e Cole (1987), que categorizam diferentes estratégias e técnicas pedagógicas para cada tipo de ensinoaprendizagem, divididas em quatro classes: I - Reflexivo-teórico, II - Reflexivo-aplicado, III - Ativo-aplicado e IV - Ativo-teórico, conforme representado na figura a seguir.
Nesse quadro, os autores mostram algumas mudanças desejadas e as respectivas estratégias pedagógicas adotadas para efetivar cada tipo de ensino. No quadrante I a ênfase é aplicada na aquisiçao de conhecimento, em que os alunos devem aprender certas teorías e serem capazes de identificá-las. O quadrante II foca na apreciaçao das teorias por parte dos alunos, tornando-os aptos a avaliá-las e explicá-las em acontecimentos reais. Os quadrantes III e IV, por sua vez, sao os momentos em que os estudantes tornam-se participantes ativos. O quadrante III concentra-se na mudança de atitudes e habilidades, a fim de que os alunos apliquem os conceitos teóricos na vida real ou em situaçoes simuladas. E por fim, o quadrante IV foca na mudança de compreensao, na qual os alunos ativamente testam o que sabem, desenvolvendo teorias e hipóteses. Definido o estilo de aprendizagem, as respectivas técnicas pedagógicas podem ser adotadas para se desenvolver as características empreendedoras dos alunos (HENRIQUE, CUNHA, 2008).
Rocha e Freitas (2014) enfatizam que a miríade de opçoes pedagógicas existentes é o resultado da especificidade da formaçao empreendedora, que requer modelos de ensino que permitam ao aluno desenvolver as habilidades e técnicas por meio de experiencias práticas durante a sua aprendizagem. Os autores também elencam métodos, técnicas e recursos, e suas respectivas aplicaçoes, reproduzidos no quadro a seguir.
Buscando possíveis melhorias que as universidades brasileiras podem gerar para a educaçâo empreendedoras, Lima et. al. (2014a) também elencam sugestoes e contribuiçoes que englobam os aspectos metodológicos (LIMA et. al., 2014a, p. 142-144):
1) Compartilhar historias de fracasso para se conhecer melhor o fato de que errar é natural em empreendedorismo e, de certa forma, até desejável como forma de aprendizado.
2) Utilizar a mídia como meio de aprendizagem com casos reais, porém complementando-se estes com os conceitos fundamentais que explicam as histórias de sucesso (ou de fracasso) apresentados nos casos.
3) Empreendedorismo nem deveria ser uma disciplina, mas uma competencia a ser desenvolvida de forma transversal ao longo de todas as disciplinas de um curso.
4) A própria universidade precisa ser mais empreendedora, proativa, inovadora. Uma cultura empreendedora favorece a formaçâo de empreendedores.
5) Fazer com que os alunos tenham mais contato com empreendedores reais, interajam com eles para aprender a prática, seja na forma de programas de mentoria, estudos de caso, palestras, estágios ou outros.
6) Oferecer aos alunos a possibilidade de resolverem problemas reais. Buscar interaçao com empresas para o desenvolvimento de casos em que os alunos possam aplicar o que for aprendido em sala de aula.
7) Criar condiçoes para que os alunos possam desenvolver suas ideias de negocio em ambientes protegidos, como laboratorios de co-working, onde possam experimentar, errar e aprender com a prática.
8) Incentivo para que professores possam dedicar um tempo fora de sala de aula à atuaçao como coach de alunos que estao empreendendo.
9) Participaçao em atividades extracurriculares, como competiçoes de negocios e de inovaçao, associaçoes de estudantes, empresas juniores, projetos sociais e eventos que vao aproximar o aluno com o universo empreendedor.
Atividades extracurriculares como essas citadas por Lima et. al. (2014a) sao também tratadas por outros pesquisadores, que enfatizam que diversas outras situaçoes nas quais ocorre a educaçao empreendedora, fora das salas de aula, parecem ser igualmente ou mais enriquecedoras e produtivas, tais como: incubadoras de empresas e parque tecnológicos (LAVIERI, 2010; GYMENEZ, et. al. 2010; OLIVEIRA; BARBOSA, 2014; MARINHO, 2016), empresas juniores (MARASSI; VOGT; BIAVATTI, 2014; MARRA; ALBRECHT; SOUZA, 2014), células empreendedoras, clubes de empreendedorismo e centros de empreendedorismo (LOPES, 2010; HASHIMOTO, 2013; TSCHÁ; CRUZ NETO, 2014), eventos com o intuito de desenvolver o empreendedorismo e competiçoes internas e externas de planos de negocios e práticas empreendedoras (ANDREASSI; FERNANDES, 2010; LAVIERI, 2010; MALACARNE, R.; BRUSTEIN, J.; BRITO, 2014), parceiras de ensino com empreendedores, como os arranjos produtivos, cooperativas, pequenas associaçoes de produtores e organizaçoes do terceiro setor (LAVIERI, 2010; DEGEN, 2010; GUARANYS, 2010; SOUZA et. al., 2014), transferencias de tecnologia para as empresas, fundos disponíveis para pesquisas e programas de mentores (LOPES, 2010; GUARANYS, 2010).
O empreendedorismo, sendo assim fomentado e desenvolvido nas várias dimensoes da universidade, nos conduz ao conceito de "universidade empreendedora". Guaranys (2010) explica que essa proposta de universidade tem como objetivo, além do ensino, da pesquisa e da extensao, o desenvolvimento económico. Além de desenvolver profissionais e especialistas para a academia e para o mercado, forma empreendedores para dinamizar o contexto económico e social. A autora acrescenta que a universidade empreendedora nao valoriza apenas a formaçao especializada em uma área do conhecimento ou setor da economia, mas incentiva seus estudantes a desenvolverem competencias empreendedoras. Além de pesquisa fundamental, aplicada e tecnológica, e do uso de prototipos, processos ou serviços para atender às demandas de organizaçoes existentes, considera a realizaçao dessas atividades e produtos fundamental para gerar novas empresas e prioriza a transferencia de tecnologia para aquelas já existentes, incrementando sua capacitaçao tecnologica.
Guaranys (2010) avança na explicaçao, enfatizando que na universidade empreendedora a formaçao empreendedora é articulada e abrangente, oferecida como uma segunda área de desenvolvimento de competencias. Além da graduaçao de alunos, há a graduaçao de empresas, e possibilidades de préincubaçao como atividade regular dos laboratorios de pesquisa e da incubadora de empresas. O Núcleo de Propriedade Intelectual é uma unidade complementar obrigatoria, articulado com os grupos de pesquisa e com os laboratorios. Também a incubadora de empresas e o parque tecnologico sao unidades complementares obrigatorias, articulados com a pesquisa, para que também sejam criadas condiçoes para a geraçao e o desenvolvimento de empresas egressas dos grupos de pesquisa. Pode-se, portanto, "considerar a universidade empreendedora um novo tipo de universidade, já existente em outros países, porém despontando como alternativa mais adequada às necessidades de formaçao de recursos humanos e de desenvolvimento económico brasileiro" (GUARANYS, 2010, p. 105).
A tabela a seguir compara a tradicional universidade de pesquisa com o novo conceito de universidade empreendedora.
Com base no que foi exposto ao longo deste trabalho, a figura a seguir sintetiza e relaciona, de modo esquemático, as principais características e especificidades da educaçao empreendedora.
Como descrito e detalhado ao longo do artigo, e esquematizado de modo sintético na figura acima, a educaçao empreendedora possui uma natureza e especificidades próprias que a distinguem dos modelos tradicionais de ensino. Sua ênfase está no processo de aprendizagem do aluno, com foco na açao e no aprender a aprender. A educaçao empreendedora configura-se desse modo como experiencial, contextual e cooperativa e deve ocorrer de forma integrada, interdisciplinar e transversal às demais disciplinas e ao longo das diferentes etapas de ensino. O aluno assume o ponto de referência central no processo de aprendizagem, atuando como protagonista e sujeito na busca da autonomia do ser, saber e fazer empreendedor. O aluno deve buscar também um autodirecionamento da aprendizagem a fim de desenvolver o conhecimento e o conceito de si, reforçando a própria identidade por meio do desenvolvimento de habilidades e competências próprias do ser empreendedor. O professor assume a funçao de catalisador e facilitador do processo, negociando os objetivos do aprendizado com base nos desejos e metas definidas pelos alunos. As características adequadas para esse novo papel do professor compreendem uma formaçao académica aliada a experiências profissionais e práticas empreendedoras, com perfil visionário e realizador. Novas metodologias também têm sido estruturadas com instrumentos e práticas didático-pedagógicas voltadas à educaçao empreendedora. Técnicas pedagógicas que aliam base teórica com atividades práticas têm sido testadas, por meio de abordagens vivenciais, interativas e dinámicas. Existe também uma açao dialógica e ligaçao entre o processo de ensino e aprendizagem com o mundo real em que os alunos e professores estao inseridos, e por meio da educaçao empreendedora buscam-se a melhoria e a inovaçao do contexto circunstante. Para além das salas de aula e laboratorios práticos, a educaçao empreendedora complementase por meio de atividades extracurriculares como incubadoras de empresa e parques tecnológicos, empresas juniores, células empreendedoras, clubes e centros de empreendedorismo, competiçoes e eventos relacionados às práticas empreendedoras, parcerias com empreendedores, arranjos produtivos, cooperativas e organizaçoes do terceiro setor, além da ligaçao com os centros de pesquisa e transferencia de tecnologia, envolvendo desse modo as diferentes dimensoes de uma instituiçao de ensino superior definida como universidade empreendedora.
Consideraçôes fináis
O aprimoramento do espirito empreendedor tem sido colocado como prioritário nas agendas e debates nacionais e internacionais, haja vista a comprovada influencia que o mesmo exerce no desenvolvimento social e económico de uma naçao. Nesse processo, a educaçao empreendedora tem sido apontada como uma das formas mais eficientes de se criar e difundir a cultura empreendedora e a formaçao de novos empreendedores.
Desse modo, o interesse pela educaçao empreendedora cresceu significativamente na última década e pesquisas sobre o tema têm gerado novas formas de se pensar sobre o individuo empreendedor e meios de desenvolvê-lo, sendo as universidades apontadas como um ambiente propicio para a criaçao e disseminaçao de uma cultura empreendedora de modo integrado, interdisciplinar e transversal.
Porém, como visto ao longo do trabalho, a educaçao empreendedora possui especificidades que a diferem da educaçao tradicional, buscando nao apenas a transmissao de conhecimentos, mas o desenvolvimento do "saber ser", do "aprender a aprender", do "saber tornar-se" e do "saber passar à açao", evocando novas formas de relaçao e interaçao dos elementos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
Ser empreendedor nao é somente uma questao de acúmulo de conhecimentos, mas a construçao e o desenvolvimento de valores, atitudes, comportamentos, modos de percepçao de si mesmo e da realidade circunstante, aspectos relacionados à capacidade de inovar, de correr riscos, de organizar e reorganizar recursos sociais e económicos a fim de transformar situaçoes para proveito prático, de aprender com os erros e perseverar diante de incertezas, desafios e oportunidades. Para se desenvolver ou potencializar essas caracteristicas do individuo empreendedor, sao necessárias novas formas de ensino e novas formas de relacionamento. É preciso que o aluno assuma o centro do processo de aprendizagem e que o professor passe a atuar como catalizador e facilitador, utilizando novos instrumentos e técnicas didático-pedagógicas voltados à educaçao empreendedora, como descrito ao longo do artigo.
Diante desses desafios, as investigaçoes científicas na área da administraçao e da educaçao, e as universidades que buscam formar empreendedores, passaram do antigo questionamento - "é possivel ensinar empreendedorismo?" - para pesquisas sobre "o conteúdo a ser ensinado, como ensiná-lo e para quem ensiná-lo". Nessa nova frente, há ainda grande espaço de entendimento e contribuiçao por meio de estudos teóricos e empíricos, nao apenas para o desenvolvimento do conhecimento cientifico, mas também por sua grande aplicabilidade prática no contexto económico e social.
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Recebido em 07.09.2016. Aprovado em 04.10.2016
Avaliado pelo sistema double blind review
DOI: http://dx.doi.org/10.12712/rpca.v10i3.816
Ricardo Schaefer
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS, BRASIL
Italo Fernando Minello
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS, BRASIL
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Copyright Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Turismo Jul-Sep 2016
Abstract
The importance of entrepreneurial education to the development of a nation has been recognized in several countries. In recent decades, studies on entrepreneurship forward in terms of visibility and importance, but the subject of entrepreneurial education still lacks a more solid discussion that could help in its maturation, orientation and spread more effectively. Based on these findings, this theoretical development article aims to confront and analyse premises, objectives and methodologies of entrepreneurial education. Its differences in relation to the traditional education have generated the need for new pedagogical models, compatible with skills and attitudes of the individual entrepreneur. This research addresses the nature of entrepreneurial education, its methodological aspects, the role of the teacher, the reference point that the student takes in the process, and didactic and pedagogical practices developed for entrepreneurial learning.
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