Resumo
Ror se tratar de uma fronteira agrícola relativamente nova, o cerrado piauiense ainda necessita de informaçoes quanto ao manejo de adubaçao potássica, uma vez que, ainda nao há uma recomendaçâo técnica de adubaçao para o milho por parte dos órgaos oficiáis de pesquisa. Assim, objetivou-se com esse trabalho avaliar a eficiência de doses e épocas de aplicaçâo de K2O na cultura do milho no cerrado piauiense. O trabalho foi conduzido a campo em LATOSSOLO AMARELO distrófico. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, com quatro repetiçôes, em esquema fatorial (4x4) + 1, sendo os tratamientos compostos pela combinaçâo de quatro doses de potássio: 30, 60, 90 e 120 kg de K2O ha-1 + testemunha adicional (zero kg de K2O ha-'), aplicadas em quatro épocas: 100% na semeadura; 100% aos 30 dias após a semeadura (DAS); 50% na semeadura e 50% 30 DAS; 50% 20 DAS e 50% 40 DAS. Apenas a altura, o diámetro caulinar e a eficiência agronómica no uso do K+ foram influenciados pelas épocas de aplicaçâo de K+, com destaque positivo para a aplicaçâo de 50% na semeadura e 50% aos 30 DAS. Com exceçâo do teor relativo de clorofila e comprimento da espiga, todas as demais variáveis foram influenciadas pelas doses de K2O. A aplicaçâo de K2O proporcionou maiores incrementos nas demais variáveis, sendo a maior resposta para a produtividade de graos obtida com 53 kg de K2O ha-1.
Palavras-chave: Zea mays L., manejo, adubaçao potássica
Doses and time of potassium application on corn agronomic performance cultivated in a 'Cerrado' area at Piaui State, Brazil
Abstract
Since the 'Cerrado' area of Riaui State, Brazil is a relatively new agricultural frontier, there is lack of information regarding the handling of potassium fertilization, since no information about the better fertilization techniques for this area was provided by the federal research corporations. Thus, the aim of this study was to evaluate the effect of dose and time of application of K^sub 2^O in corn grown in a 'Cerrado' area at the Paui state. The experiment was conducted in a yellow dystrophic oxisol with a completely randomized block design, with four repetitions in a (4x4) + 1 factorial. The treatments consisted of combinations of four potassium levels: 30, 60, 90 and 120 kg ,K^sub 2^O ha^sup -1^ + additional control (zero kg ha^sup -1^) applied in four seasons : 100% at sowing; 100% at 30 days after sowing (DAS); 50% at sowing and 50% 30 DAS; 50% 20 DAS and 50% at 40 DAS. Only the height, stem diameter and agronomic efficiency of the K use were influenced by the K^sup +^ time of application, especially with the application of 50% at sowing and 50% at 30 DAS. Except for the relative chlorophyll content and ear length, all other variables were influenced by K^sub 2^O doses. The application of K^sub 2^O resulted in greater increases of other evaluatedvariables, mainly for the yield obtained when the dose of (53 kg K^sub 2^O ha^sup -1^ was used,.
Keywords: Zea mays L., management, potassium fertilization
Introduçao
O milho (Zea mays L.) com aproximadamente 140 milhöes de hectares é o terceiro cereal mais cultivado no mundo (Fageria et al., 2011). No Brasil a área ocupada pelo cereal na safra 2012/2013 foi de aproximadamente 15,9 milhöes de hectares distribuidos no cultivo do milho safra e safrinha (CONAB, 2013). O estado do Piauí responde por aproximadamente 5% da área plantada de milho safra, no entanto, sua participaçao no cultivo de milho safrinha tem sido praticamente inexistente (CONAB, 2013).
Apesar de incipiente frente a safra brasileira, o cultivo de milho no Cerrado piauiense está em franco processo de expansao, o que vem contribuindo diretamente para o desenvolvimento socioeconómico da regiao, haja visto que a regiao apresenta condiçôes edafoclimáticas favoráveis ao cultivo desse cereal (Oliveira Junior et al., 2008). Concomitantemente ao crescimento da área cultivada, há também um aumento no consumo de insumos, dentre os quais, pode-se destacar os fertilizantes, em especial os potássicos.
Entretanto, assim como nas demais regiöes do cerrado, os solos desse bioma no estado do Piaui também apresentam de maneira geral, baixa fertilidade natural, elevada acidez, alta saturaçao por aluminio e baixa saturaçao por bases, baixa capacidade de troca de cátion (CTC), sendo esta última, devido principalmente aos baixos teores de matéria orgánica (MO) que podem representar a maior parte da CTC (Petter et al., 2012).
No solo, o potássio (K+) encontra-se disponivel na soluçao, trocável, nao trocável e o estrutural (Rabêlo et al., 2013), sendo estes os responsáveis por suprir em parte a demanda das culturas (Otto et al., 2010). Devido à alta solubilidade em água e baixa força de adsorçao aos coloides do solo (Duiker & Beegle, 2006), o parcelamento de doses de K2O acima de 50 kg ha-1 é frequentemente recomendado (Foloni & Rosolem, 2008), sobretudo em solos arenosos. Essa prática tem como finalidade aumentar a eficiência no uso do nutriente, reduzir as perdas de K+ por lixiviaçao e minimizar o efeito salino do fertilizante sobre as sementes na linha de semeadura (Moterle et al., 2006; Bernardi et al., 2009).
Diante da dinámica do K+ e das caracteristicas dos solos do cerrado piauiense, que o tornam insuficiente para suprir as quantidades extraídas pelas culturas em cultivos sucessivos, o manejo da adubaçao deve ser realizado de maneira a minimizar as perdas e aumentar a eficácia de utilizaçao pelas culturas. Importante destacar, que há recomendaçôes de adubaçao potássica para algumas regiöes do cerrado, todavía, sao escassos os estudos para a regiao do cerrado piauiense, nao havendo sequer até o momento qualquer recomendaçao técnica ou aproximaçao por parte de órgaos de pesquisa para a aplicaçâo de fertilizantes potássicos na cultura do milho nessa regiao.
Nesse sentido, aliado ainda ao fato de que há diferenças no uso de fertilizantes na cultura do milho entre as várias regiöes do Pais (Coelho & França, 2013), e que, recomendaçôes de fertilizantes potássicos nao devem ser extrapoladas de uma regiao para outra, mesmo que dentro do mesmo bioma (Petter et al., 2012), torna-se evidente a necessidade de estudos que possam subsidiar futuras recomendaçôes de manejo e adubaçao potássica para essa regiao.
Nesse contexto, objetivou-se com esse trabalho, avaliar o desempenho agronômico do milho em funçao de doses e épocas de aplicaçao de potássio na regiao do cerrado piauiense.
Material e Métodos
O experimento foi realizado a campo na safra 2011/2012, na Fazenda Uniao (Serra das Laranjeiras) localizada no municipio de Currais, PI cujas coordenadas pontuais sao 08°38'12'' de latitude Sul e 44°40'11'' de longitude Oeste, com altitude média de 550 m. O solo utilizado foi classificado como LATOSSOLO AMARELO - LA, textura franco arenosa (argila: 160 g kg-1, silte: 50 g kg-1 e areia: 790 g kg-1), cuja composiçao química encontra-se na Tabela 1.
O histórico da área é caracterizado pelo cultivo em monocultura da soja desde o ano de 2004, recebendo aplicaçôes anuais de 500 kg ha-1 de fertilizante NPK 00-20-20. De maneira geral e considerando a classificaçao de fertilidade para o Cerrado da regido CentroOeste, esse solo se enquadra como de média fertilidade.
O clima da regido é do tipo Aw, segundo a classificaçdo climática global de Köppen, com duas estaçoes bem definidas, sendo uma seca, que vai de maio a setembro, e outra chuvosa, que vai de outubro a abril. Os dados de precipitaçdo e temperatura média ocorrida durante a realizaçdo do experimento encontram-se na Figura 1.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetiçoes e 17 tratamientos, dispostos em esquema fatorial incompleto 4x4+1 com tratamento adicional como controle (sem aplicaçdo: 0 kg de K2O ha1). Os demais tratamentos constituíram-se pela combinaçdo de quatro doses de K2O (30; 60; 90 e 120 kg ha-1) e quatro épocas de aplicaçdo: 100% na semeadura; 100% aos 30 dias após a semeadura; 50% na semeadura e 50% aos 30 dias após a semeadura; 50% aos 20 dias após a semeadura e 50% aos 40 dias após a semeadura.
A fonte de adubo potássico utilizada foi o cloreto de potássio. Cada parcela foi composta por oito fileiras espaçadas em 0,5 m entre si e com 5 m de comprimento, totalizando 20,0 m2. Como área útil foram consideradas as quatro linhas centrais, tendo-se desprezado 1 m em cada extremidade, perfazendo uma área de 6 m2. Para a aplicaçdo dos tratamentos, foram realizadas distribuiçoes manuais a lanço.
A semeadura do milho foi direta, realizada mecanicamente, utilizando-se o híbrido simples Pioneer 30F35H, de ciclo precoce, na densidade de 60 mil sementes por hectare, previamente tratadas com inseticida Imidacloprido + Thiodicarb, na dose de 45 + 135 g de i.a. e fungicida Carbendazim + Thiran na dose de 40 + 87,5 g de i.a. por 100 kg de sementes. No momento da semeadura foram aplicados 70 kg de P2O5 ha-1 (superfosfato simples) e 20 kg de N ha-1 (uréia). Quando a cultura atingiu o estágio vegetativo V6, procedeu-se a adubaçdo de cobertura, aplicando-se 80 kg de N ha-1, tendo como fonte de fertilizante nitrogenado a uréia (45% N). Ndo foi realizada calagem.
Antes da semeadura do milho foram aplicados os herbicidas glyphosate e 2,4-D nas doses de 1.440 e 806 g ha-1 i.a., respectivamente. O controle de plantas daninhas em pós-emergência foi realizado com o milho no estádio de cinco folhas, utilizando-se o herbicida atrazina, na dose de 1.500 g ha-1 i.a. No período anterior ao florescimento procedeu-se à aplicaçâo do fungicida Epoxiconazole + Pyraclostrobin na dose de 99,7 + 87,5 g de i.a. ha-1 associado aos inseticidas Metomil e Imidacloprido + Thiodicarb, na dose de 12,9 e 45 + 135 g de i.a. ha-1.
No período de pleno florescimento foram determinados os teores de K+ na folha, teor relativo de clorofila, altura de plantas, fitomassa seca da parte aérea e diâmetro do colmo. Quando a cultura atingiu a fase de maturidade fisiológica foi avaliada a altura de inserçao de espiga e produtividade de graos. Determinou-se posteriormente o comprimento de espiga (sem palha), número de fileiras por espiga e massa de mil graos. Foram utilizadas cinco plantas e espigas por parcela para mensuraçao das variáveis acima descritas. A determinaçao do teor de K+ foliar foi realizada em pleno florescimento através da coleta da folha diagnóstico, localizada na regiao oposta a inserçao da espiga em cinco plantas de cada parcela, que posteriormente foram secas em estufa de circulaçao forçada a 60°C, por 72 horas, moídas em moinho Willey equipado com peneira de 40 mesh, sendo à determinaçao do K+ foliar realizada pelo método de digestao em soluçao nitro-perclórica e determinadas por fotometria de chama. A colheita de graos foi realizada em toda a área útil da parcela, onde as espigas foram trilhadas mecanicamente e a produçao transformada em kg ha-1 de graos, padronizado a 13% de umidade.
O teor relativo de clorofila, foi mensurado utilizando-se clorofilômetro (clorofilLOG CFL 1030), com avaliaçao do ponto central da folha diagnóstico, localiza na regiao oposta a espiga. Para a determinaçâo da fitomassa seca da parte aérea as plantas foram levadas à estufa de circulaçao forçada a 60°C, até obtençao do peso constante.
Determinou-se a eficiência agronómica: produçâo econômica obtida (grâos, no caso de culturas anuais) por unidade de nutriente aplicado, a partir da seguinte equaçao.
(EA) = (PGca - PGsa)/(QNa), (kg kg-1)
em que: EA e a eficiência agronómica; PGca é a produçao, em kg, com adubaçao; PGsa é a produçao, em kg, sem adubaçao; QNa é a quantidade de nutriente aplicado, em kg.
Determinou-se também o índice de colheita de graos da seguinte forma: ICG = produtividade de graos/produtividade de graos + palha.
Após a análise de variância e, no caso de haver significância (p<0,05), os fatores qualitativos foram comparados pelo teste de Tukey (p<0,05), utilizando o programa computacional SISVAR, enquanto os fatores quantitativos foram submetidos à análise de regressao polinomial utilizando o programa computacional SigmaPlot.
Resultados e Discussao
Com exceçâo da altura de plantas, diâmetro caulinar e eficiência agronômica no uso do K+, as demais variáveis nao foram significativamente influenciadas pelas épocas de aplicaçâo do K2O (Tabela 2). Kalpana & Krishnarajan (2002) verificaram efeito significativo das épocas de aplicaçao de K2O na altura de plantas e fitomassa seca da parte aérea do milho, corroborando em parte com os resultados do presente estudo.
A inexistência do efeito significativo das épocas de aplicaçao de K+ nos parâmetros citados pode ser atribuida à utilizaçao pela cultura do milho, das reservas de K-trocável do solo, uma vez que os teores disponíveis de K+ no solo estavam acima de 70 mg dm-3, sendo considerado como adequado para a regiao dos Cerrados (Tabela 1). De acordo com Petter et al. (2012) nessas condiçoes de solo no cerrado piauiense, a opçao de se fazer a aplicaçao do K+ de forma total ou parcelada na semeadura deve ser em funçao dos custos e/ou da otimizaçao das operaçoes de aplicaçao. Entretanto, os referidos autores alertam sobre a utilizaçao de doses elevadas de K2O, principalmente em funçao do efeito salino do sal cloreto que poderá ocasionar reduçao na germinaçao, se ocorrer períodos de déficit hídrico posterior a semeadura.
A aplicaçao do K+ com 50% na semeadura e 50% 30 DAS apresentou o maior incremento em altura de plantas de milho (Tabela 2). Tais resultados diferem dos obtidos por Rabêlo et al. (2013) que nao verificaram diferenças na altura de plantas quando as doses de potássio foram aplicadas somente na semeadura ou parcelada. Essas diferenças podem ser atribuidas ao tipo às condiçôes edfoclimáticas das regiöes de estudo. O menor diámetro de coleto de plantas de milho verificado com a aplicaçao de todo o K2O aos 30 DAS, se deve ao fato da alta demanda do K nos primeiro 30 dias (Borin et al., 2010).
Embora nao tenha havido efeito significativo das épocas de aplicaçao para a maioria dos parámetros avaliados, houve efeito para a eficiência agronómica no uso do K+, fato este, que pode reduzir os custos de produçao em funçao do manejo de adubaçao, uma vez que, podem-se utilizar adubaçôes com taxas menores, mas sempre de acordo com a necessidade da cultura nas condiçôes edafoclimáticas cultivadas. Esses resultados evidenciam que aplicaçôes parceladas do nutriente tendem a ser mais responsivas devido a elevada necessidade desse nutriente ao longo do desenvolvimento da cultura, fato este, comprovado por Von Pinho et al. (2009) que observaram picos de absorçao do referido nutriente durante o crescimento vegetativo, enchimento de graos e maturidade fisiológica de duas cultivares de milho.
Considerando-se a máxima produtividade estimada neste estudo, que é de 6.607,5 kg ha-1, as doses necessárias para atingir este valor em funçao da eficiência agronómica no uso do K+ foram: 29,7 kg ha-1, 21,1 kg ha-1, 23,8 kg ha-1 e 27,8 kg de K2O ha-1, para as aplicaçôes em 100% na semeadura; 50% na semeadura + 50% aos 30 DAS; 100% aos 30 DAS; 50% aos 20 DAS + 50% aos 40 DAS, respectivamente. Para eficiência agronómica neste estudo, a melhor época de aplicaçao do K+ (21,1 kg de K2O ha-1 que corresponde 50% na semeadura + 50% aos 30 DAS), proporcionou uma economía no uso de fertilizantes de aproximadamente 29%, quando comparada à da aplicaçao na semeadura. Contudo, segundo Petter et al. (2012) mesmo quando os custos das operaçôes de aplicaçao de K+ em cobertura seja equivalente ao retorno, o produtor deve considerar os benefícios ambientais do menor uso do fertilizante.
Houve incremento linear significativo nas concentraçôes de K+ nas folhas de milho à medida que doses crescentes de K2O foram aplicadas (Figura 2a). Todavia, esse aumento nas concentraçoes de K+ nas folhas nao influenciou o teor relativo de clorofila total (Figura 2b), evidenciando nao haver correlaçâo direta entre níveis de K+ nas folhas e síntese de clorofila. Aumento no teor de K+ em plantas de milho também foi verificado por Valderrama et al. (2011) com a aplicaçâo de doses crescentes de potássio.
A ausência de efeito significativo das doses de K2O nos teores de clorofila corroboram com os dados obtidos por Sousa et al. (2010) que nao verificaram efeito da aplicaçâo de K+ nos teores de clorofila em plantas de milho. Diversos trabalhos (Ferreira et al., 2006; Viana & Kiehl, 2010) têm demonstrado correlaçoes positivas entre os teores de clorofila obtidos com clorofilômetro apenas com a concentraçâo de nitrogênio nas folhas, o que é devido ao papel do nitrogênio na síntese de clorofila (Debaeke et al., 2006).
A fitomassa seca da parte aérea (Figura 3a) e diámetro caulinar (Figura 3b) de plantas de milho foram influenciados significativamente pelas doses de K2O, sendo que para ambos os parámetros houve comportamento semelhante, em que o modelo quadrático melhor se ajustou aos dados.
A máxima fitomassa da parte aérea (132,2 g) e diámetro do colmo (22,2 mm) nas plantas de milho foram verificados nas doses de 60 e 79 kg ha-1 de K2O respectivamente. Ebrahimi et al. (2011) observaram incremento na fitomassa e diámetro de coleto de plantas de milho com o aumento da dose de K2O, enquanto que, Rabêlo et al. (2013) nâo observaram diferença na produçao de fitomassa com as doses de K2O, apenas uma tendência de maior produçao de fitomassa utilizando 90 kg ha-1 de K2O. Este fato pode estar associado ao aumento do influxo de CO2, pelo fato do K+ interferir na regulaçao osmótica, promovendo assim maior tempo de abertura estomática e consequentemente aumentando a taxa fotossintética das plantas que resulta em maior produçao carboidratos (Ebrahimi et al., 2011) e consequentemente maior produçao de fitomassa.
O maior diámetro do colmo com incremento das doses de K2O também foi observado por Andreotti et al. (2001), o incremento do diámetro de coleto constitui um fator importante do ponto de vista fisiológico, haja vista que o colmo nao possui apenas funçao de sustentaçao de folhas e inflorescências, mas principalmente, como uma estrutura destinada ao armazenamento de sólidos solúveis que sao utilizados posteriormente na formaçao dos graos (Carmo et al., 2012) através da mobilizaçao das reservas, além de reduzir o acamamento das plantas, ocasionando assim menores perdas dos graos no ato de colheita.
Verificou-se diferença significativa entre as doses de K2O aplicadas para a altura de plantas de milho (Figura 4a) altura de inserçao de espiga (Figura 4b), em que os modelos quadráticos e linear melhor se ajustaram aos dados observados respectivamente. A altura máxima de plantas de milho (278 cm) foi obtida com a dose estimada de 82 kg de K2O ha-1, esses resultados corroboram com os observados por Rabêlo et al. (2013) onde os dados observados se ajustaram ao modelo quadrático e a máxima altura de plantas (281 cm) foi observada com a dose estimada de 97 kg de K2O ha-1, valores bem próximos dos encontrados no presente estudo.
A maior altura de inserçao de espiga, ocasionada pelo incremento das doses de K2O deve-se principalmente, ao comportamento semelhante da altura de plantas, onde plantas maiores tendem a apresentar maior altura de inserçao da espiga. Essa característica de maior altura de inserçao da espiga é desejável do ponto de vista operacional, pois proporciona vantagens significativas na colheita mecanizada (Possamai et al., 2001) e económicas pelo fato de reduzir perdas e aumentar a pureza dos graos, principalmente em cultivos consorciados com espécies do género Brachiaria em sistemas de integraçao lavoura-pecuária.
A reposta da altura das plantas e altura de inserçao de espigas de milho em funçao das doses de K2O pode estar relacionada ao fato de que o K+ pode influenciar indiretamente na melhoria do uso do N por meio da ativaçao enzimática, proporcionando maior divisao e expansao celular e interferindo positivamente no processo fotossintético.
Para o número de fileiras por espiga de milho (Figura 5a) o modelo quadrático evidenciou os maiores valores (p<0,05) na dose de 90 kg de K2O ha-1. E para o comprimento de espiga, apesar de haver uma tendência de aumento, nao houve efeito significativo das doses aplicadas (Figura 5b).
O aumento do número de fileiras por espiga é importante do ponto de vista produtivo, pois segundo Kappes et al. (2009) esse parâmetro é um dos caracteres que pode interferir, diretamente no número de graos por fileira, e, consequentemente, na produtividade final.
A aplicaçâo de doses crescentes de K2O proporcionou decréscimo linear significativo na massa de mil grâos (Figura 6a). Resultados semelhantes foram verificado por Valderrama et al. (2011), em que o incremento de doses de K2O resultou em menor massa de mil grâos. A reduçâo na massa de grâos pode ser perfeitamente compreendida, à medida que houve maior número de fileiras por espiga, e, consequentemente maior número de grâos, o que fisiologicamente tende a resultar em graos com menor massa, uma vez que, aumenta-se a competiçâo de fotoassimilados no interior da espiga.
A produtividade de grâos foi significativamente influenciada pelas doses de K2O aplicadas (Figura 6b). A máxima produtividade de graos ou máxima eficiência técnica obtida foi de 6.607 kg ha-1, utilizando a dose estimada de 53 kg ha-1 de K2O, o que representa uma produtividade de sete sacas superior à testemunha. Esses resultados diferem dos obtidos por Pavinato et al. (2008) que nao verificaram efeito da aplicaçâo de K+ na produtividade de graos do milho, todavía, corroboram os obtidos por Niu et al. (2013), que verificaram diferenças significativas na produtividade de graos de milho com a aplicaçâo de doses de K2O.
Em número relativo, esse ganho produtivo representa pouco quando comparado ao ganho promovido por outros nutrientes como o nitrogênio, porém, apesar desse nutriente encontrar-se em nível adequado no solo, o manejo da adubaçao proporcionou ganhos satisfatórios na produtividade com uma adubaçao abaixo do normalmente utilizado pelos produtores na prática, que é de 80 a 100 kg de K2O ha-1. Outro aspecto a ser considerado é o beneficio ambiental que a reduçao das doses de K2O proporciona sem a reduçao de produtividade.
A eficiência agronómica no uso do K+ apresentou decréscimo exponencial com o acréscimo nas doses de K2O aplicadas (Figura 7a), ou seja, à medida que se aumentam as doses, as respostas em produtividade de graos nao seguem a mesma tendência em proporçao.
A maior eficiência agronômica no uso do K+ foi verificada com a aplicaçao de 30 kg de K2O ha-1, indicando que a dose aplicada que proporcionou maior produtividade (53 kg ha-1) nao foi a mesma dose que proporcionou maior eficiência agronómica. Comparativamente, esses dados assemelham-se com os apresentados por Deparis et al. (2007), que também verificaram reduçao da eficiência no uso do K com aplicaçoes acima de 30 kg de K2O ha-1. Esses resultados reforçam a lei dos rendimientos decrescentes de Mitscherlich, a qual afirma que à medida que se aumenta a dose de um determinado fertilizante, a resposta em produtividade é reduzida de forma exponencial.
O índice de colheita de graos (ICG) foi significativamente influenciado pelas doses de K2O aplicadas (Figura 7b), onde o modelo quadrático foi o que melhor se ajustou aos dados, seguindo a tendência da maioria dos parámetros analisados, com o maior valor estimado para tal índice (0,7) obtido com a aplicaçao de 48 kg de K2O ha-1. Esses resultados evidenciam que houve boa translocaçao de fotoassimilados das folhas para os graos, ou seja, a eficiência de conversao de fitomassa em graos foi satisfatória, demonstrando estar dentro da faixa proposta pelos respectivos autores para cultivares de alta produtividade.
O índice de colheita de graos consiste na fraçao dos graos produzidos em relaçao à produçao de matéria seca da parte aérea da planta, a utilizaçao deste índice permite identificar a habilidade de um cultivar em combinar elevada capacidade de produçao total e de destinar a matéria seca acumulada para componentes de interesse económico, neste caso a produçao de graos (Dourado Neto & Fancelli, 2000). Segundo os mesmos autores o índice de colheita de graos pode variar de 0,60 para cultivares de alta produtividade a 0,10 para cultivares de baixa produtividade. De acordo com Gava et al. (2010) o ICG é comumente empregado em avaliaçoes de genótipos submetidos a diferentes tipos de tratamentos e em condiçoes climáticas contrastantes.
Os resultados controversos observados no presente estudo, quanto às épocas de aplicaçao e a doses de K2O a serem utilizadas em solos na regiao dos cerrados reforçam a necessidade de se definir a adubaçâo potássica em funçâo das condiçoes edafoclimáticas específicas de cada regido, nao podendo extrapolar recomendaçôes de fertilizantes de outras regioes, mesmo que dentro do mesmo bioma conforme reportado por Petter et al. (2012).
Conclusoes
Aplicaçoes de potássio parceladas em LATOSSOLO AMARELO do cerrado piauiense proporcionaram maior eficiência agronómica no uso do nutriente, diámetro caulinar e altura de plantas de milho, com destaque para a aplicaçâo de 50% na semeadura e o restante em cobertura aos 30 dias após a semeadura.
Os maiores valores de fitomassa seca, índice de colheita e produtividade de grâos sâo verificados com a aplicaçâo de 48 a 60 kg de K2O ha-1.
Recebido: 27 Março 2015
Aceito: 13 Junho 2016
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Fabiano André Retter'*, Fabricio Ribeiro Andrade2, Alan Mario Zuffo3,
Marínete Martins de Sousa Monteiro4, Leandro Rereira Pacheco5, Fernandes Antônio de Almeida6
1Universidade Ferderal de Mato Grosso, Sinop, Ml, Brasil
2Instituto Federal de Mato Grosso, Juina, MT, Brasil
3Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados, Brasil
4Universidade Federal do Riaui, Bom Jesus, RI, Brasil
5Universidade Federal de Mato Grosso, Rondonópolis, MT, Brasil
6Universidade Federal de Campina Grande, Rombal, RB, Brasil
*Autor correspondente, e-mail: [email protected]
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Copyright Comunicata Scientiae 2016
Abstract
Since the 'Cerrado' area of Riaui State, Brazil is a relatively new agricultural frontier, there is lack of information regarding the handling of potassium fertilization, since no information about the better fertilization techniques for this area was provided by the federal research corporations. Thus, the aim of this study was to evaluate the effect of dose and time of application of K^sub 2^O in corn grown in a 'Cerrado' area at the Paui state. The experiment was conducted in a yellow dystrophic oxisol with a completely randomized block design, with four repetitions in a (4x4) + 1 factorial. The treatments consisted of combinations of four potassium levels: 30, 60, 90 and 120 kg ,K^sub 2^O ha^sup -1^ + additional control (zero kg ha^sup -1^) applied in four seasons : 100% at sowing; 100% at 30 days after sowing (DAS); 50% at sowing and 50% 30 DAS; 50% 20 DAS and 50% at 40 DAS. Only the height, stem diameter and agronomic efficiency of the K use were influenced by the K^sup +^ time of application, especially with the application of 50% at sowing and 50% at 30 DAS. Except for the relative chlorophyll content and ear length, all other variables were influenced by K^sub 2^O doses. The application of K^sub 2^O resulted in greater increases of other evaluatedvariables, mainly for the yield obtained when the dose of (53 kg K^sub 2^O ha^sup -1^ was used,.
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