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1_Introdução
A economia global tornou-se consideravelmente mais interligada financeiramente nas últimas três décadas. A globalização financeira, medida como a soma de ativos e passivos externos brutos como participação do PIB, quase triplicou desde meados da década de 1970 (Lane; Milesi-Ferretti, 2006) ou, em termos absolutos, multiplicou-se por cerca de dez (Kose et al, 2006). Essa integração financeira tem se dado principalmente entre os países centrais. Embora as nações de baixa e média renda também se tornaram mais integradas em termos financeiros, esse aumento tem sido mais moderado. Se por um lado essa elevação da integração financeira entre os países avançados atingiu pouco mais de cinco vezes como participação do PIB nesse período, por outro esse aumento entre as nações de baixa e média renda, como um todo, correspondeu ao dobro aproximadamente (Lane; Milesi-Ferretti, 2006) (em termos absolutos, vide a tabela abaixo). Note que os mercados emergentes receberam o maior fluxo de capitais entre os países em desenvolvimento.
Tabela 1 Integração financeira internacional: ativos e passivos externos brutos
[Table Omitted. See PDF.]
Fonte: Kose et al, 2006.
É de se ressaltar que os dados indicam que a composição dos ativos e passivos externos tem mudado: dos instrumentos de dívida (via bancos) para títulos de captação direta (ações, debêntures, etc.) e Investimento Direto Estrangeiro (IDE), a despeito de os instrumentos de dívida permanecerem o componente mais importante dos passivos externos.
As economias emergentes, que experimentaram grande influxo de capital nos anos 1990, fruto da globalização financeira, seguiram trajetória de aumento no consumo e investimento, elevação nos encaixes reais e reservas externas, apreciação da taxa real de câmbio, bem como deterioração da conta corrente do balanço de pagamentos, como previsto em Calvo, Leiderman e Reinhart (1994). É de se mencionar que essas mesmas economias passaram por uma sequencia de crises financeiras desde meados de 1990, quais sejam, a crise do México (1994-5), a crise asiática (1997), a russa (1998), a brasileira (1999) e a crise argentina (2002). Tais eventos afetaram não só os países originários da crise, mas produziram repercussão negativa em outros, na medida em que governos e as empresas dos países afetados perderam acesso ao mercado internacional de capitais, por meio de contágio e/ou da existência de interligação...