RESUMO
Este artigo aborda a participaçao comunitária a margem teórica da Psicología Social Comunitária, destacando a Irmandade Cossacos de Prudentópolis, no estado do Paraná. A partir do estudo da origem, da constituiçao e da participaçao comunitária destacamos a trajetória da Irmandade. O intuito de estudá-la surgiu pelas peculiaridades dessa organizaçao, as quais diferem das organizaçoes empresariais. O objetivo geral deste estudo foi compreender a história da Irmandade a partir da perspectiva dos membros do grupo e refletir sobre a participaçao comunitária na manutençao da tradiçao ucraniana. A Irmandade apresenta-se uma vez ao ano, na Páscoa, é composta por integrantes do sexo masculino e surgiu informalmente como forma de integraçao das pessoas na comunidade, após as cerimônias religiosas na Igreja Sao Josafat de Prudentópolis. Para esta investigaçao de abordagem qualitativa, utilizamos entrevistas semiestruturadas, pesquisa documental, observaçao e diário de campo. A partir dos trechos retirados das entrevistas, realizamos as análises e percebemos a constituiçao da Irmandade, tendo como base os conceitos trazidos pela Psicologia Social Comunitária da América Latina. Os resultados apontaram a Irmandade como uma organizaçao harmónica, consolidada na participaçao comunitária, nas relaçoes estabelecidas e no sentimento de comunidade. É regulamentada, organizada, depende da participaçao coletiva e, por esses motivos, é constituida independente de seus territórios.
PALAVRAS-CHAVE: Psicologia Social Comunitária da América Latina; Participaçao Comunitária; Irmandade dos Cossacos.
ABSTRACT
This article discusses the community participation in the theoretical scope of Community Social Psychology, highlighting the Brotherhood of Cossack Prudentópolis, in the state of Paraná. From the study of the origin, the constitution and the community participation we highlight the trajectory of the Brotherhood. The purpose of studying it arose because of the peculiarities of this organization, which differ from business organizations. The general objective of this study was to understand the history of the Brotherhood from the perspective of the members of the group and reflect on community participation in upholding the Ukrainian tradition. The Brotherhood presents once a year, in Easter, it is composed of male members and emerged informally as a way of integrating people in the community, after the religious ceremonies in the Church of Saint Josaphat of Prudentópolis. For this qualitative research, we used semi-structured interviews, documentary research, observation and field diary. From the excerpts from the interviews, we performed the analyzes and realized the formation of the Brotherhood, based on the concepts brought by Community Social Psychology in Latin America. The results pointed to the Brotherhood as a harmonic organization, consolidated in community participation, established relationships and community feeling. It is regulated, organized, depends on collective participation and, for these reasons, is constituted independent of its territories.
KEYWORDS: Community Social Psychology in Latin America; Community Participation; Brotherhood of Cossack.
1INTRODUÇAO
Este artigo aborda a participaçao comunitária å margem teórica da Psicología Social Comunitária, destacando a Irmandade Cossacos de Prudentópolis, no estado do Paraná. A partir do estudo da origem, da constituiçao e da participaçao comunitária destacamos a trajetória dessa organizaçao.
Ao conceituarmos organizaçao, devemos entender que tal conceito nao deve se limitar å teorias e métodos coloniais presentes na modernidade, no qual ao falarmos em organizaçao remetemos ås empresas (Ibarra Colado, 2011). Pelo contrário, essa concepçao trata de grupos de individuos que interagem independentes de estruturas e hierarquias.
Quando falamos de organizaçao, evidenciamos vínculos e convivencias que vao além das estruturas e espaços ocupados, pois trata-se também da motivaçao que faz com que os individuos participem de determinado grupo. Por isso, nosso interesse em pesquisar a Irmandade Cossacos, a qual se destaca pelo sentimento de participaçao de seus integrantes e pela manutençao da tradiçao ucraniana.
O grupo em pesquisa foi selecionado por sua peculiaridade em apresentar-se uma vez ao ano, na Páscoa. Inicia-se na Sexta-Feira Santa com a adoraçao ao Santo Sudário, onde os fiéis vao até a igreja Sao Josafat, em Prudentópolis, fazem oraçöes e seguem até o Santo Sudário. Os Cossacos sao responsáveis por vigiar o sepulcro onde foi colocado o corpo de Jesus Cristo após a crucificaçao e sua morte.
De acordo com os documentos disponibilizados pela Irmandade dos Cossacos, a origem do nome vem do turco Kozak que significa aventureiros. Os Cossacos sao um povo nativo das estepes das regiőes do sudeste da Europa, principalmente da Ucrânia e, também, do sul da Rússia. Este povo destaca-se por sua coragem, bravura, força e capacidade militar. Originalmente os Cossacos sao compostos por camponeses fugitivos, que escapavam dos senhores das guerras dos feudos polacos e moscovitas. A Irmandade de Cossacos de Prudentópolis é composta por fiéis seguidores aos costumes e tradiçao do povo ucraniano.
Todo integrante que ingressou na Irmandade tem como juramento de lealdade em primeiro lugar a obrigaçao de estar em Prudentópolis na Sexta-Feira Santa e no sábado para participar da vigilia do Santo Sudário.
Nesse contexto, juntamente com a nova concepçao de organizaçao, temos a seguinte indagaçao: " - Como a Irmandade Cossacos de Prudentópolis consegue manter a participaçao comunitária dos membros do grupo por meio da tradiçao passada por geraçöes se apresentando apenas uma vez no ano? Quais práticas comunitárias sao adotadas?
Tal questionamento remete ao propósito da pesquisa entendendo esta como forma de conhecer a vivencia do grupo, suas principais características e as formas de compartilhar a tradiçao ucraniana. Dessa forma, o objetivo geral foi compreender o processo de participaçao comunitária na Irmandade dos Cossacos do Municipio de Prudentópolis, no estado do Paraná. A partir disso, pretendíamos entender a história da Irmandade, a partir da perspectiva dos membros do grupo e refletir sobre as estratégias utilizadas pelos mesmos para incentivar a participaçao comunitária na manutençao da tradiçao ucraniana.
Nesse sentido, verificamos a constituiçao da Irmandade, tendo como base os conceitos trazidos pela Psicología Social Comunitária da América Latina (Ansara & Dantas, 2010). Nesta perspectiva, vimos que esse grupo foi concebido pelo sentimento de comunidade (Elvas & Moniz, 2010, Sarason, 1974) e depois, organizado formalmente. Isto reflete na essencia e manutençao da tradiçao ucraniana, que consiste na participaçao comunitária baseada em valores como amizade, espirito de equipe e religiosidade.
Segundo os dados coletados, percebemos que pertencer ao grupo é muito significativo para seus componentes e, por isso, primordiais para que o grupo permanecesse até os dias atuais. Ainda, atribuimos a prática passada por geraçöes e a religiosidade como motivos de envolvimento e comprometimento dos participantes. Com isso, a história da Irmandade, através da tradiçao ucraniana, é vista em suas peculiaridades e remetem aos conceitos de participaçao e sentimento de comunidade, presentes na teoria da Psicologia Social Comunitária Latino-Americana.
2PARTİCİPAÇAO COMUNITÁRIA: ENFOQUE DA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA DA AMÉRICA LATINA
Para compreender o conceito de participaçao comunitária, é necessário perceber a participaçao sobre diferentes aspectos e, principalmente, analisar as práticas acerca dessa concepçao. A participaçao, de acordo com Nepomuceno, Brito e Góis (2009, p. 76) "é um processo de aprofundamento da inserçao social e transformaçao da realidade, onde o sujeito deixa sua marca na história e é por esta marcado".
Neste sentido, buscamos contextualizar a participaçao com o conceito de educaçao libertadora, defendida por Freire (1979). Com essa educaçao, que vai além da alfabetizaçao, o individuo constrói seus próprios conceitos a partir de suas percepçöes e passa de sujeito alienado a um construtor de sua própria realidade, baseada na imersao do seu cotidiano (Oliveira, Ximenes, Coelho & Silva, 2008). Tal abordagem nos remete ao entendimento que a participaçao auxilia o individuo a construir sua própria realidade ao mesmo tempo vivencia e torna-se comprometido com suas atividades. Entao, passa a compartilhar de seu cotidiano com outros sujeitos, formando uma comunidade.
Conforme descreve Gomes (1999, p. 73),
O termo Comunidade, utilizado hoje em dia na Psicologia Social, é bastante elástico e capaz de incluir em seu escopo desde um pequeno grupo social, um bairro, uma vila, uma escola, um hospital, um sindicato, uma associaçao de moradores, uma organizaçao nao - governamental, até abarcar os individuos que interagem numa cidade inteira. E as definiçöes de comunidade tem sido cada vez mais abrangente pois se destinam a cobrir toda esta gama de habitats sociais.
Com base em Ximenes e Moura Junior (2013, p. 458), "O conceito de comunidade agrupa as pessoas pelo seu local de moradia, em que estao associados valores, crenças e sentimentos entre seus moradores".
De acordo com Bauman (2003, p. 8),
Numa comunidade, todos nós entendemos bem, podemos confiar no que ouvimos, estamos seguros a maior parte do tempo e raramente ficamos desconcertados ou somos surpreendidos. Nunca somos estranhos entre nós. Podemos discutir - mas sao discussôes amigáveis, pois todos estamos tentando tornar nosso estar juntos ainda melhor e mais agradável do que até aqui e, embora levados pela mesma vontade de melhorar nossa vida em comum, podemos discordar sobre como faze-lo. Mas nunca desejamos má sorte uns aos outros, e podemos estar certos de que os outros å nossa volta nos querem bem.
Assim, compreendemos que as atividades comunitárias integram as pessoas e podem determinar a participaçao e o comprometimento de todos em prol de um mesmo objetivo. Além disso, o conceito de comunidade vai além do território e implica as relaçöes estabelecidas pelos seus membros.
Ao participar de uma comunidade, o sujeito fica envolvido com as atividades e desenvolve um sentimento de comunidade. Isso significa que há uma mobilizaçao em favor de todos e independe das vontades individuais. Tal mobilizaçao é compreendida como participaçao comunitária (Elvas & Moniz, 2010).
Conforme Nepomuceno, Brito e Góis (2009, p. 77) "A participaçao comunitária se dá com o aprofundamento da consciencia, a prática cooperativa e o exercício do diálogo sobre as questôes comunitárias referentes å vida da comunidade".
O conceito de participaçao comunitária está intimamente ligado ao campo da Psicología Comunitária e esta, por sua vez, "situa-se dentro de um movimento de transformaçao histórica da Psicologia Social na América Latina, que afirma a necessidade de um compromisso social com as maiorias populares" (Nepomuceno et al., 2009, p. 76). Assim, na Psicologia Comunitária, a participaçao deixa de ser um interesse individual para ser coletivo. É um processo relativo ås atividades comunitárias e que deve levar em consideraçao a comunicaçao e o discernimento por parte dos seus participantes (Nepomuceno et al., 2009).
Tomando o exposto, a Psicologia Social Comunitária no Brasil iniciou em meados da década de 50 com as atividades comunitárias, sendo algo diferenciador das técnicas intervencionistas aplicadas na comunidade, na época. Surge como uma vertente da Psicologia Social da América Latina, em contraposiçao å Psicologia Americana. Dessa forma, consolidou-se ao longo dos anos por sua visao da realidade e amplitude com outras teorias e áreas de conhecimento (Freitas, 1996).
A atuaçao em Psicologia Comunitária deu-se no contexto vivenciado pelos países latinoamericanos, incluindo o Brasil, nos quais sao altos os índices de pobreza e, consequentemente, tornam-se oprimidos e marginalizados. Com isso, a Psicología Social Comunitária atua como uma Psicología Social Libertadora, de forma que a consciencia e a participaçao comunitária, além dos processos grupais, intensificam-se pela cooperaçao e diálogo entre os participantes da comunidade (Freire, 1979; Moura Junior et al., 2013).
Nesse contexto, percebemos que é importante compreendermos que o modo de participaçao relaciona a conscientizaçao que o sujeito tem sobre si mesmo e a comunidade e, principalmente, a maneira como interage com os outros individuos, o que traz a ele o sentimento de pertencer a uma comunidade e, consequentemente, a satisfaçao e o bem-estar das relaçöes estabelecidas (Freire, 1979; Elvas & Moniz, 2010).
Além disso, a participaçao comunitária é um modo de participaçao social. A atividade comunitária constitui os esforços da participaçao social com base no envolvimento dos individuos e de acordo com os objetivos determinados. Conforme Nepomuceno et al. (2013, p. 48) "É um processo dialético de imbricaçao do sujeito com a realidade em que, por meio da atividade, o individuo transforma o mundo e a si mesmo, onde objetivo e subjetivo encontram-se atrelados de modo indissociável".
O envolvimento comunitário foi embrionário para que a participaçao comunitária surgisse. Com isso, a mobilizaçao e o envolvimento da comunidade contribuem para o sentimento de comunidade, que pode ser entendido como o sentimento de pertencer a uma rede de relacionamentos em que os individuos compartilham e sao dependentes (Sarason, 1974).
A respeito do sentimento de comunidade, Elvas e Moniz (2010, p. 452 apud Mcmillan & Chavis, 1986, p. 9) afirmam:
Para McMillan e Chavis, o sentimento de comunidade baseia-se em quatro elementos essenciais que definem as qualidades especificas do conceito. Estes elementos sao: fazer parte de; influencia; integraçao e satisfaçao das necessidades e partilha de ligaçöes emocionais, que sao definidos como sendo "o sentimento que os membros tem de pertença, o sentimento que os membros importam para um outro membro e para o grupo, e a convicçao de que as necessidades dos membros serao alcançadas através de um compromisso de uniao".
A partir de tal citaçao, compreendemos que o sentimento de comunidade corrobora para que, ao mesmo tempo, o sujeito participe e compartilhe, de forma subjetiva, suas vivencias e percepçöes. Assim, a participaçao comunitária torna-o consciente de sua capacidade de organizarse e mudar sua própria realidade.
3ORIENTAÇOES METODOLÓGICAS: OS CAMINHOS TRILHADOS PARA A INVESTIGAÇAO DA HISTÓRIA DA IRMANDADE DOS COSSACOS DE PRUDENTÓPOLIS
Para este estudo, utilizamos as entrevistas semiestruturadas como forma de entendermos a história da Irmandade Cossacos de Prudentópolis e identificarmos como a Irmandade mantém suas tradiçöes até os dias atuais. Tendo esse objetivo, elegemos a pesquisa qualitativa por considerarmos "a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental". (Godoy, 1995, p. 62).
A percepçao teórica que embasou a pesquisa deu-se a partir da Psicología Social Comunitária da América Latina e corroborou para que déssemos parámetros para o entendimento da participaçao comunitária e seus reflexos na Irmandade Cossacos.
A ideia de pesquisarmos a Irmandade surgiu pelo fato dos Cossacos apresentarem-se uma única vez ao ano, no período da Páscoa e manterem as tradiçöes ucranianas com bases históricas e religiosas, além de outras peculiaridades. Por ser uma organizaçao, diferente das demais pesquisadas, chamou-nos atençao em descobrir como se organizam e conseguem manter-se por tantos anos.
Uma das pesquisadoras já havia assistido as apresentaçöes e fez o primeiro contato com a Irmandade, a fim de coletar documentos e fazer o convite para participar de nossa pesquisa. A resposta foi positiva e começamos os primeiros passos da investigaçao.
Buscamos por documentos produzidos sobre a Irmandade e apenas encontramos alguns folders fornecidos pelos mesmos durante o primeiro contato com a organizaçao. Para Flick (2004), a pesquisa documental é utilizada como uma estratégia complementar para outras técnicas, como a entrevista. Dessa forma, encontramos uma página eletrônica de uma rede social utilizada pelo grupo para divulgar fotos das apresentaçöes. Dessa forma, decidimos investigar e escrever sobre os Cossacos como forma de contribuir para a história e para o conhecimento de uma nova forma de organizaçao, diferente dos parámetros conhecidos.
Optamos pelas entrevistas semiestruturadas na "expectativa de que é mais provável que os pontos de vista dos sujeitos entrevistados sejam expressos em uma situaçao de entrevista com um planejamento relativamente aberto do que em uma entrevista padronizada ou em um questionário" (Flick, 2004, p. 89).
Para isso, entrevistamos tres participantes, escolhidos pelas fases principais do grupo: o idealizador, o capitao e um membro da Irmandade. As entrevistas foram individuais, gravadas, ocorreram no mes de julho de 2016 e tiveram duraçao média de trinta minutos. A observaçao foi primordial para que construíssemos a análise dos dados, além do diário de campo que utilizamos para anotar as percepçöes durante a coleta de dados e, posteriormente, auxiliaram nas análises realizadas.
O instrumento da coleta de dados utilizado foi o roteiro de entrevista que contou com onze questöes relacionadas as interfaces: origem (duas questöes); organizaçao (duas questöes); participaçao (tres questöes); relaçao (tres questöes); e significado (uma questao). Também utilizamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual esclareceu as propostas da pesquisa, as questöes éticas e serviu de convite para os participantes desse estudo. Vale mencionar que tivemos autorizaçao dos entrevistados para mencionarem seus nomes na pesquisa.
Durante as entrevistas identificamos um clima favorável e informal, o que contribuiu para o distanciamento entre pesquisador e pesquisado, além de conversas que permitiram a "expressao livre dos interlocutores" (Godoi & Mattos, 2010, p. 318). Verificamos, também, que após cessar a gravaçao, os entrevistados nos deram mais detalhes sobre suas percepçöes a respeito da Irmandade e suas experiencias. Isso enriqueceu a pesquisa e mostrou que o diálogo informal trouxe mais subsidios a coleta de dados.
Após a transcriçao das entrevistas, realizamos a análise dos dados com base nas interfaces, conforme apresentadas no Quadro 1.
Com base nas interfaces orientadoras, elaboramos a análise dos dados descrita com base nas categorias das entrevistas e dos métodos e técnicas utilizadas na pesquisa, de acordo com o texto a seguir. Com a autorizaçao dos Entrevistados, durante as análises, utilizamos seus nomes, conforme a hierarquia do grupo: o presidente, Marcos Boiko; o capitao, Emerson Luiz Scharnei e o soldado, Giovane Rodrigo Michalovskí.
4A HISTÓRIA CONSTRUIDA PELA ORIGINALIDADE DOS GUARDIOES DO SANTO SUDÁRIO: IRMANDADE E RELIGIOSIDADE
Relatamos aqui a análise dos dados com base nas categorias retirados das entrevistas, que retratam a origem; organizaçao; participaçao; relaçao e significados presentes na Irmandade Cossacos de Prudentópolis. Procuramos identificar diferentes nuances a respeito da construçao e manutençao desta organizaçao e, principalmente discutir a participaçao comunitária, estabelecida a partir da Psicología Social Comunitária da América Latina.
Conforme dados coletados nos discursos e nos documentos disponibilizados, verificamos que a Irmandade dos Cossacos surgiu como uma integraçao da comunidade que se reunia logo após as cerimônias religiosas na igreja Sao Josafat, em Prudentópolis. Assim, inspiraram-se na história dos Cossacos, guardiöes do Santo Sudário, para criar as apresentaçöes e deram continuidade a vigília na Sexta-feira Santa, que antecede a Páscoa.
Notamos que todos os Entrevistados mencionaram sobre a origem da Irmandade baseada na história dos Cossacos, vindos da Ucrânia. Vale ressaltar que além da tradiçao mantida, a religiosidade está intimamente ligada ao grupo, desde suas origens com a guarda do Santo Sudário até a constituiçao da Irmandade Cossacos de Prudentópolis, quando seus fundadores se reuniam no pátio da Igreja Sao Josafat, após as celebraçöes, idealizando e consolidando a Irmandade.
A Irmandade surgiu como forma das pessoas se reunirem depois das celebraçöes na igreja, aí o pessoal se reunia. No começo nao tinha uma organizaçao, nao era constituida com presidente, tesoureiro...Só depois de 2000 que colocamos tudo no papel, fizemos um estatuto com CNPJ. A história do grupo começou tudo com o Marcos Boiko, foi ele quem começou e tirou tudo do bolso dele, ele pagou todas as roupas do grupo e com o passar do tempo fomos pagando para ele. Ele foi um grande incentivador do grupo (Capitao Emerson, Entrevista 1, 2016).
Em 2008 que nós reformulamos todo o grupo. Entao nós extinguimos praticamente tudo para trás. Nao deixamos nada. O que acontecia na época, havia muitos problemas porque o que acontecia havia vários grupos dentro da paróquia. Era a congregaçao mariana, era o grupo Vesselka. Eram paroquianos, era o pessoal do coral. Eram grupos de da paróquia que estavam é que faziam parte daquela época que eram conhecidos os guardas, nao tinham nome como hoje que sao a irmandade dos Cossacos. Entao em 2008 nos reunimos as pessoas que ainda participavam do grupo e reformulamos todo ele. Como é que nós fizemos isso? Extinguimos tudo pra trás, praticamente foi tudo eliminado, nao existe mais grupos. Existe um grupo só. E formamos na época a irmandade dos Cossacos. Esse grupo hoje é nós. Em 2016 agora nós estamos praticamente com 150 componentes (...) (Presidente Marco, Entrevista 2, 2016).
Diante dos discursos e dos registros do diário de campo, verificamos que esta organizaçao, ao contrário das empresariais, iniciou-se informalmente, apenas com o intuito de integrar os participantes da igreja, e depois, em 2008, consolidou-se como Irmandade Cossacos, inclusive com a criaçao de um estatuto e do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
Concordamos com Ibarra Colado (2011) quando discute o conceito de organizaçao. O autor destaca que esta nao pode ser vista apenas pelos conceitos tradicionais, pois vai além das estruturas centralizadas. Isso significa pensar em como as pessoas se organizam e determinam seus objetivos, de acordo com seus espaços e contextos.
Perguntamos aos Entrevistados como é a organizaçao da Irmandade e se existe alguma hierarquia. Segundo o Presidente M arcos,
A partir de 2008 foram ingressando os novos componentes até 2016 nós chegamos a 150 componentes que hoje nós estamos formados. O que que nós fizemos na sequencia? Como nós tivemos muitos componentes, nós dividimos esses grupos entao a vigília do Santo Sudário se dá, começa na sexta-feira de manha, inicia e termina no sábado a noite. Entao nós pegamos esses componentes os cento e cinquenta componentes e começamos a dividir, nos reunimos todos esses componentes e dividimos eles em vários, vários grupos, cada grupo tem o seu comandante, nós somos em onze comandantes, entao eu sou o presidente e tem mais dez comandantes né que, tem os seus grupos, cada grupo tem mais quatorze, quinze, dezesseis componentes, pra fechar os cento e cinquenta componentes. Começamos na sexta-feira de manha e os grupos vao trocando a cada tres, quatro horas, vai se trocando. Assim nao há, nao há um cansaço físico, né. Todo mundo tem os intervalos para descanso e tudo mais. Porque a gente é ininterrupto, a nossa vigília, né. Começa na sexta-feira e termina no sábado a noite (Entrevista 2, 2016).
Pelo discurso acima, percebemos que há uma forma de organizaçao na Irmandade, estabelecida para dar suporte as atividades dos Cossacos, marcada por liderança, divisao das tarefas e momento de descanso.
Ainda, de acordo com o Capitao Emerson (Entrevista 1, 2016) "O grupo tem um presidente e tem os capitaes. Cada capitao cuida dos outros 10 componentes, entao hoje a gente tem 11 capitaes e tudo é decidido junto". Nesse trecho, reiteramos a organizaçao da Irmandade através da divisao do trabalho, em que todas as decisóes sao tomadas pelo coletivo.
O que diferencia essa organizaçao das organizaçöes empresariais é que a Irmandade nao visa lucros, e sim, possui objetivo de levar sua cultura ucraniana as pessoas. Conforme relata o Presidente Marcos (Entrevista 2, 2016) "Nós nao temos necessidade de tá gerando lucro, como numa empresa, mas nós temos, como diz os mesmos fundamentos de gerenciar uma empresa, o nosso grupo também". Isso significa que a organizaçao nao cobra nenhum valor do público que assiste as apresentaçöes, apenas estipulou um valor de mensalidade pago por seus integrantes, como forma de contribuir com a manutençao de vestimentas e documentos utilizados.
Além disso, existem regras para integrar a Irmandade, segundo o Presidente Marcos (Entrevista 2, 2016)
E nós temos dois lemas que é fundamental e nós temos regras também. Nao vamos dizer que nao temos regras. A primeira regra é que o componente que entrar ele nao pode sair, ele é como diz, ele fica lá eternamente. Nao eternamente, mas até a o dia que ele nao tiver condiçöes de físicamente e ou, ou estar de corpo presente ali. A segunda regra é sempre estar em Prudentópolis na Semana Santa, para fazer esse ato de fé. Esse ato cultural. Sao as duas regras básicas. As demais a gente estabelece. Sao normais, mas sao as duas principais.
Por outro lado, assim como em qualquer tipo de organizaçao, também houve dificuldades na trajetória. Duas delas surgiram logo no inicio, quando os Cossacos ainda eram conhecidos apenas como os guardiöes do Santo Sudário.
Acredito que a dificuldade foi logo no começo quando nao tinha as vestimentas parao grupo, o Marcos comprou tudo com dinheiro dele, foi tudo com muito esforço. Depois outra dificuldade foi do número de integrantes para faze a vigilia, eram poucos e era complicado no começo, hoje tem mais participantes ai fica mais fácil. Acredito que foram essas as maiores dificuldades mesmo (Capitao Emerson, Entrevista 1, 2016).
O Presidente Marcos (Entrevista 2, 2016) detalha em seu discurso:
E a partir de 2008 nós também tínhamos um problema sério que era a questao dos trajes. Nós nao tínhamos uma estrutura para atender a toda a demanda que nós tínhamos necessidade. Entao o que nós fizemos? Os trajes na época eram emprestados do grupo Vesselka. Como eles tinha, eles tem os seus afazeres, nós priorizamos em construir o nosso traje. Entao na época a gente financiou. Para depois a gente consequentemente fazer alguns eventos e cobrar uma anuidade do grupo. De cada componente para pode ressarcir esse investimento que foi inicial. Nós começamos em 2008 praticamente com 40 componentes que eram o que estavam o grupo na época. Os 40 componentes e mandamos já de cara fazer 40 trajes no inicio, entao já foi o investimento inicial sem ter recursos, sem ter nada. Nós já começamos priorizando trajes, já começamos a fazer nossos materiais. Que é o que é nossos utilitários como espadas, lanças, sao algumas ferramentas, que nós usávamos na época emprestadas também nós também fizemos. Na sequencia a partir de 2008 foram ingressando os novos componentes até 2016 nós chegamos a 150 componentes que hoje nós estamos formados.
Apesar dos desafios com relaçao a ausencia de recursos para comprar os trajes e poucos integrantes para realizar a vigília, a Irmandade foi reestruturada a partir do ano 2008, com a criaçao de um estatuto e consolidou-se ao longo dos anos com a participaçao de novos integrantes, com a divisao das tarefas e com o apoio da comunidade que assistiam as apresentaçöes dos Cossacos.
Ainda, compreendemos que a dificuldade foi superada pelo trabalho da coletividade, pois o presidente do grupo, em 2008, pagou os custos das vestimentas e, depois, os valores foram devolvidos pelo grupo. Ademais, os acessórios que compunham os trajes foram confeccionados pela própria Irmandade.
Evidenciamos, também, outra característica peculiar dos Cossacos, que constitui na participaçao comunitária (Nepumoceno et al., 2009). Notamos com os discursos das entrevistas que nao há um processo de seleçao para participar da Irmandade, os integrantes convidam colegas e, também, recebem aqueles que desejam participar. De acordo com o Soldado Rodrigo (Entrevista 3, 2016) "qualquer jovem a partir dos quinze anos que tem interesse de participar da Irmandade pode tá fazendo parte, nao tem nenhum processo de seleçao".
Dessa forma, entendemos que a participaçao na Irmandade é um processo espontáneo acompanhado do envolvimento comunitário e do sentimento de pertencer a um grupo ou comunidade. Ainda notamos que o interesse coletivo transpöe o interesse individual (Elvas & Moniz, 2010).
Logo no inicio da primeira Entrevista, observamos que o Capitao Emerson, ao perguntarmos sobre o sigilo ou nao de sua identidade na transcriçao da pesquisa, respondeu "Olha se os demais que forem Entrevistados aceitar de usar o nome, tudo bem, eu aceito também. Se eles nao quiserem, eu também nao. Porque falo em nome do grupo, daí depende do grupo". Observamos que esse Entrevistado entende a Irmandade como um interesse coletivo e nao individual. É visivel o sentimento de comunidade (Sarason, 1974) entre os Cossacos, pois fazem parte de uma rede de relacionamentos, sao dependentes, compartilham e sao comprometidos (Elvas & Moniz, 2010; Mcmillan & Chavis, 1986).
Quando questionamos aos integrantes quais foram os motivos que levaram a participaçao na Irmandade, o Presidente Marcos (Entrevista 2, 2016), respondeu "Eu sempre gostei da cultura ucraniana, sabe, eu sou um apaixonado, participei do Vesselka, mais ou menos uns quinze anos, hoje eu sou, como diz um apoiador do grupo, eu admiro muito o grupo". Por sua vez, o Soldado Rodrigo (Entrevista 3, 2016) mencionou,
Porque desde pequeno eu via os Guardas na Páscoa e primeiro eu tinha medo e achava que eles tinham uma funçao de assustar as pessoas, é, mas depois quando eu fui crescendo, isso foi virando, isso foi virando admiraçao e foi virando vontade de participa entao quando eu atingi idade, que a idade mínima é 15 anos, eu quis entra e foi a primeira vez que tirei guarda.
Diante das categorias, observamos a satisfaçao em participar da Irmandade Cossacos e, principalmente o sentimento de comunidade internalizado através da tradiçao ucraniana. Isso também corrobora para a originalidade da Irmandade até os dias atuais.
Quanto as relaçöes estabelecidas pelos Cossacos, evidenciamos harmonia, irmandade e comprometimento. Além disso, há problemas e discussöes, típicos das relaçöes interpessoais. Percebemos que a Psicología Social Comunitária está aliada a Psicologia Social Libertadora (Freire, 1979; Góis, 2008; Moura Junior et al., 2013) no momento em que há compreensao, diálogo e cooperaçao entre os integrantes da Irmandade.
O Soldado Rodrigo (Entrevista 3, 2016) afirma "(...) a gente nao se reúne muito durante o ano, mas durante o período que nós estamos juntos na Páscoa é um clima muito forte, é a gente se comporta como uma irmandade mesmo, é um clima de companheirismo de amizade, de respeito. Entao é muito bacana pode conviver".
É uma relaçao harmoniosa, por isso que é uma irmandade, é irmaos, irmaos, é como uma família, a gente senta, discute, briga, e como diz, nao é só alegria, mas tem os momentos também é, as discussöes, os problemas que surgem em qualquer, qualquer outro grupo, acho que é normal, e é normal isso. A gente pode dizer que ninguém é perfeito, mas a gente sempre tá tentando trabalhar em harmonia (Presidente Marcos, Entrevista 2, 2016).
Entendemos os relacionamentos entre os integrantes da Irmandade como fator primordial para criaçao de uma participaçao efetiva e libertadora, ao mesmo tempo. Isso significa que esta organizaçao transformou sua realidade e está submersa no cotidiano da comunidade (Freire, 1979; Oliveira et al., 2008). Ainda sobre a participaçao, esta assume um significado para os participantes da Irmandade.
Significa um momento forte de reflexao, de repensar a vida, repensar os erros, é. Com certeza é um motivo de muita alegria de muita satisfaçao, é, pode sabe que a gente trabalha pra mante uma cultura que é tao rica, tao, tao vasta, entao com certeza, eu tenho muito orgulho de faze o meu papel, mesmo que seja pouco, mas faze o meu papel pra mante essa tradiçao viva (Soldado Rodrigo, Entrevista 3, 2016).
Bom (pausa mais longa) (sorriso) significa muito pra minha vida, desde quando comecei a participar até hoje tenho orgulho de fazer parte dos Cossacos, da tradiçao ucraniana. Além de tudo, ali somos amigos, irmaos, somos unidos, fazemos tudo pela fé e isso traz muito aprendizado para vida, eu gosto de trabalhar com pessoas, participo dos Cossacos e, também, dos Vesselkas e gosto muito do que faço. É bom ver que o grupo cresceu e hoje vem gente de vários lugares assistir, é muito gratificante (Capitao Emerson, Entrevista 1, 2016).
Comparando os dois discursos verificamos a essencia que a Irmandade traz aos seus participantes e a satisfaçao e o orgulho que sentem por transmitirem a cultura ucraniana. Além disso, a religiosidade está presente nos discursos como base para as relaçöes estabelecidas. O aprendizado também é um fator relevante que corrobora para que os participantes queiram permanecer na Irmandade e que se relacionem como irmaos.
Quando questionamos os Entrevistados sobre que motivos mantém a Irmandade até os dias atuais, responderam:
Acho que primeiramente é a vontade dos líderes, eu acho que hoje nós temos os líderes que comandam que estao sempre presentes, né, é como se fosse um dono de uma empresa, é ele que a empresa vá para frente ele quer que a empresa produza, que a empresa de lucro, enfim o nosso nao é o caso, mas é a liderança, as lideranças que acompanham que puxam os demais, entao e também mantendo a cultura e principalmente a fé, eu acho que primordial é a fé. A gente procura estar presente, né, nos eventos e tudo mais. Por causa da nossa fé (Presidente Marcos, Entrevista 2, 2016).
Com certeza o principal motivo é a manutençao a cultura ucraniana e, também, porque é muito gostoso faze parte é os momentos de reflexao que a gente passa lá na frente junto do corpo do Cristo é, é um momento único para reflexao pessoal, pra reflexao interior, entao com certeza é por isso que quem tira guarda uma vez nunca mais quer sair (Soldado Rodrigo, Entrevista 3, 2016).
Diante dos discursos vimos que, na opiniao dos Entrevistados, a durabilidade e manutençao da organizaçao é a tradiçao ucraniana, a religiosidade e a forma de liderança. Com as observaçöes, evidenciamos que a fé estava presente nao só nos discursos, mas no cuidado e no respeito que se referiam a vigília do Santo Sudário.
Após desligarmos o gravador, notamos que todos os entrevistados falaram com mais detalhes sobre a Irmandade, relatando apresentaçöes e inclusive nos convidando para assisti-las. Com isso, percebemos que os Entrevistados ficaram mais tranquilos conosco depois que o gravador foi desligado e a conversa fluiu com mais naturalidade. Cada vez que descreviam como era montado o cenário, a expectativa dos participantes sobre o evento e a tradiçao ucraniana, notávamos o quanto era gratificante para eles participarem da Irmandade. Isso demonstra o sentimento de pertencer ao grupo como algo internalizado pelos participantes.
5CONSIDERAÇOES FINAIS
Entendemos a Irmandade dos Cossacos como uma organizaçao que vai além dos conceitos trazidos pelas organizaçöes empresariais, pois foi formulada apenas como uma forma de integraçao, uniao e participaçao entre seus integrantes, além da preservaçao da tradiçao ucraniana com base na religiosidade da comunidade. Porém, possui características de atividades organizacionais, como hierarquia, regras, divisao de tarefas, reuniöes, entre outras. Além disso, como toda organizaçao, passa por desafios e é construida com base nas relaçöes estabelecidas.
Também percebemos que a Irmandade teve dois momentos distintos. O primeiro, na sua origem, quando apenas existiam os Guardiőes do Santo Sudário, organizados informalmente e o segundo, a partir de 2008, quando foi constituida a Irmandade dos Cossacos, com a criaçao do estatuto e da divisao de tarefas.
De acordo com os discursos coletados, a relaçao entre os membros é familiar e o companheirismo e o respeito imperam sobre qualquer espécie de conflito que possa ocorrer. Constatamos, também o sentimento de responsabilidade e dedicaçao do presidente do grupo, o qual tomou a iniciativa e se empenhou em transformar o pequeno grupo informal de guardas na Irmandade dos Cossacos. Essa atualmente conta com 150 integrantes e serve de exemplo para outras comunidades.
Destacamos que a participaçao comunitária atuou como libertadora ao passo que a Irmandade, apesar de ter enfrentado alguns desafios, consolidou-se ao longo dos anos e, consequentemente, o sentimento de pertencer a uma comunidade tornou-se o diferencial para a originalidade dos Cossacos.
A Irmandade nao disponibiliza documentos publicitários, apenas possui uma página eletrônica numa rede social para divulgar fotos de suas apresentaçöes. Assim, também tivemos acesso a alguns documentos que a própria organizaçao nos forneceu. Construimos a pesquisa com base nesses documentos, entrevistas e observaçöes realizadas.
Enquanto coletávamos as entrevistas notamos que, em todos os discursos, os participantes tinham orgulho em participar da Irmandade. Isso nos chamou atençao, pois além das palavras, as expressőes faciais, os gestos, nos confirmavam as características da participaçao comunitária que é o envolvimento, a cooperaçao e o sentimento de pertença.
Além disso, a religiosidade e a tradiçao ucraniana possuem significância para a participaçao e comprometimento de seus integrantes. Outro aspecto importante observado é que os participantes entendem a vigília como um processo de reflexao e aprendizado para suas vidas.
Consideramos a Irmandade como uma organizaçao harmónica, consolidada na participaçao comunitária, nas relaçöes estabelecidas e no sentimento de comunidade. É regulamentada, organizada, depende da participaçao coletiva e, por esses motivos, é constituida independente de seus territórios.
Este estudo também deixa novas possibilidades de pesquisas com grupos organizados nas comunidades, como por exemplo, associaçöes de moradores, cooperativas e movimentos sociais, entre outros. Além disso, pesquisas dessa natureza auxiliarao estudos na área de Administraçao, pois o conceito de organizaçao deve ser entendido além dos espaços e das estruturas.
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Abstract
ABSTRACT This article discusses the community participation in the theoretical scope of Community Social Psychology, highlighting the Brotherhood of Cossack Prudentópolis, in the state of Paraná. The general objective of this study was to understand the history of the Brotherhood from the perspective of the members of the group and reflect on community participation in upholding the Ukrainian tradition. From the excerpts from the interviews, we performed the analyzes and realized the formation of the Brotherhood, based on the concepts brought by Community Social Psychology in Latin America. The results pointed to the Brotherhood as a harmonic organization, consolidated in community participation, established relationships and community feeling.
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