Artigo recebido em 14.07.2017. Última versão recebida em 29.12.2017. Aprovado em 31.12.2017.
Resumo
Analisa-se a influência do capital humano do empreendedor, o seu capital social e a adoção de práticas gerenciais na sobrevivência de empresas em seus primeiros anos de atividade. De forma inédita, verifica-se como o efeito desses fatores varia de acordo com o gênero, masculino ou feminino, do empreendedor. Usando uma base de 2.000 empresas cadastradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), entre 2003 e 2007, foram ajustados dois modelos econométricos para mensurar o efeito dessas variáveis na sobrevivência de empresas nascentes. Os resultados sugerem que a adoção de práticas gerenciais e alguns aspectos ligados ao capital humano do empreendedor podem favorecer a sobrevivência da empresa. O efeito de competências superiores e capital social sobre a sobrevivência foram maiores para mulheres do que para homens. Os resultados sugerem que empreendedoras enfrentam mais barreiras à constituição de novos negócios, exigindo, portanto, configurações distintas de recursos para atenuar essas barreiras e aumentar a probabilidade de sobrevivência das empresas nascentes.
Palavras-chave: sobrevivência de empresas; pequenas empresas; capital social; práticas gerenciais; empreendedorismo feminino.
Abstract
In this article, we assess the impact of an entrepreneur's human capital, social capital, and adoption of management practices on the survival of firms in their first years of life. We innovate by assessing how the effect of those factors varies according to gender: whether the entrepreneur is male or female. Using a database of 2,000 firms registered in the Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), between 2003 and 2007, we employed two distinct econometric models to measure the effect of those variables on the survival of new firms. Our results suggest that the adoption of management practices and some traits related to human capital positively affect firm survival. The effect of competencies and social capital on firm survival was higher for female than for male entrepreneurs. These results suggest that female entrepreneurs face higher barriers to launch new firms, thus require distinct resource configurations to overcome these barriers and increase the probability of survival.
Key words: firm survival, small business, social capital, management practices, female entrepreneurs.
(ProQuest: ... denotes formulae omitted.)
Introduçâo
Muitas médiás e pequeñas empresas (MPEs) năo sobrevivem nos seus anos iniciáis de vida. Este fenómeno - conhecido na literatura organizacional como desvantagem de ser jovem - ocorre porque empresas jovens podem apresentar falta de conhecimento do mercado, dificuldade de gerenciamento, falta de experiencia e problemas financeiros dos novos empreendedores (Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas [SEBRAE-SP], 2008; Stinchcombe, 1965).
Embora diversos estudos já tenham analisado a sobrevivencia de MPEs (por exemplo, Djankov, Qian, Roland, & Zhuravskaya, 2007; Misunaga, Miyatake, & Filippin, 2012; Mizumoto, Artes, Lazzarini, Hashimoto, & Bede, 2010; O'Neill, Saunders, & Hoffman, 1987; Perin & Sampaio, 2004; Pinkwart, Proksch, Schefczyk, Fiegler, & Ernst, 2015; Yano, Mateo, & Machado, 2016), năo se esgotou, ainda, na literatura, a discussăo sobre quais săo os fatores mais relevantes e de que forma estes fatores poderiam reduzir ou acentuar a desvantagem de ser jovem. No contexto brasileiro, utilizando dados do SEBRAE-SP, Mizumoto, Artes, Lazzarini, Hashimoto e Bede (2010) encontram tres fatores que influenciam a taxa de sobrevivencia de empresas: práticas gerenciais, que se referem a utilizaçăo de ferramentas no processo de gestăo que auxiliam na tomada de decisăo; capital humano, definido como a formaçăo intelectual e a experiencia do empreendedor; e capital social, envolvendo conexöes existentes com familiares e outras organizaçöes.
O presente artigo traz novos avanços por meio de duas formas complementares. Primeiro, utilizando dados do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas referentes a 2.000 empresas, avalia-se a sobrevivencia das empresas em outro recorte temporal após o período examinado por Mizumoto et al. (2010), a fim de checar a robustez dos resultados anteriormente reportados. Do ponto de vista analítico, essa aval^ăo foi feita tanto no estudo da probabilidade de encerramento da empresa como no tempo entre o início das atividades até que uma empresa tenha suas atividades encerradas. Segundo, e mais importante, o presente estudo introduz o genero do empreendedor como potencial variável explicativa. Poucos estudos sobre sobrevivencia de empresas examinaram o efeito do genero (Amezcua, Grimes, Bradley, & Wiklund, 2013; Jennings & Brush, 2013; Kalnins & Williams, 2014; Kalleberg & Leicht, 1991; Khalife & Chalouhi, 2013; Powell & Eddleston, 2008). Além disso, os resultados desses estudos tem sido inconclusivos. Por exemplo, enquanto Kalnins e Williams (2014) encontram que o genero do empreendedor pode influenciar a sobrevivencia da empresa, Kalleberg e Leicht (1991) năo observaram diferenças de genero na sobrevivencia de pequenos negócios.
Específicamente, o presente estudo lança a hipótese de que o efeito de capital humano, capital social e práticas gerencias deve ser maior para empreendedoras mulheres do que no caso de homens. Alguns autores colocam que mulheres muitas vezes tem que conciliar diversas demandas sociais (por exemplo, uma maior ate^ăo aos filhos além do seu trabalho); adicionalmente, tem de enfrentar maiores restriçöes de tempo e acei^ăo social (Powell & Eddleston, 2008). Em estudo realizado com 47 executivas que conseguiram chegar no topo de grandes organizaçöes brasileiras, Santos, Tanure e Carvalho (2014) verificaram que ainda existe discriminaçăo velada ao genero feminino na ascensăo profissional de carreira. Assim, é de se esperar que a dinámica de negócios geridos por mulheres seja mais afetada pela presença de fatores que se mostram importantes para a sobrevivencia de firmas. Os resultados confirmam que o genero tem um efeito destacado, mudando o efeito de variáveis relacionadas a capital humano, capital social e práticas gerenciais. Assim, o estudo abre espaço para novas pesquisas, distinguindo entre empreendedores homens e mulheres e analisando seus diferentes comportamentos nas MPEs.
Referencia! Teórico e Hipóteses
Seguindo discussöes previas na literatura, analisam-se tres fatores que podem apresentar impacto na taxa de sobrevivencia de empresas: capital humano, capital social e práticas gerenciais. Testa-se, também, se o efeito desses fatores varia de acordo com o genero do empreendedor.
Capita! humano
Schultz (1961) define capital humano como um conjunto de habilidades individuais. Nesse sentido, a habilidade de conduzir o negocio é altamente influenciada pelo background do individuo (educaçâo, treinamento, habilidades, disciplina, experiencia, entre outros) (Kato, Okamuro, & Honjo, 2015), que se reflete em alta capacidade de se adaptar as mudanças do ambiente (Rauch & Hatak, 2016). Por exemplo, individuos com maior nivel de escolaridade apresentam alta capacidade de gerenciar imprevistos e problemas mais complexos (Criaco, Minola, Migliorini, & Serarols-Tarrés, 2014; Gimmon & Levie, 2010), pois sâo capazes de explorar seus conhecimentos para adquirir recursos e identificar novas oportunidades de negocio (Ucbasaran, Westhead, & Wright, 2008), assim como o conhecimento técnico no caso de startups de estudantes universitários.
Desta forma, este conceito está associado a conhecimentos e ferramentas que auxiliam na tomada de decisâo e podem criar melhores condiçöes de sucesso organizacional (Dutra, 2002). Em estudos clássicos de capital humano, como os de Mincer (1974), sabe-se que escolaridade e experiencia podem ter importante efeito no aumento de renda e salários. Analogamente, espera-se que o capital humano apresente relaçâo positiva com a taxa de sobrevivencia das organizaçöes. Ou seja, a capacidade de analisar riscos e oportunidades do setor e planejar estratégias adequadas ao novo empreendimento devem ser maiores em individuos com alto nivel de escolaridade e experiencia prévia no setor (Baptista, Karaoz, & Mendonça, 2014). Em particular, Bates (1990) concluí que um alto grau de educaçâo favorece a sobrevivencia de pequenas empresas. De forma oposta, a falta de suficiente capital humano tende a reduzir a capacidade do empreendedor de analisar condiçöes de mercado, mobilizar recursos e ajustarse a mudanças de condiçöes inicialmente previstas. Portanto, a partir desta primeira etapa da revisâo da literatura, chega-se a primeira hipótese deste trabalho:
Hipótese 1: O capital humano do empreendedor tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes.
Capita! socia!
O conceito de capital social está atrelado a recursos valiosos obtidos através da rede de relacionamentos do individuo. Estudos seminais, como os de Bourdieu (1986) e Coleman (1988), enfatizaram os beneficios que atores podem obter por meio de sua inserçâo em redes sociais, ao passo que Putnam (1993) popularizou o uso do termo capital social com o seu estudo comparativo sobre o desenvolvimento empresarial das regiöes norte e sul da Itália. No ámbito do empreendedorismo, autores tem enfatizado como novas empresas se inserem em uma fábrica de laços sociais (Thornton, RibeiroSoriano, & Urbano, 2011; Zahra & Wright, 2016). Capital social, nesse contexto, seria um conjunto de recursos intrinsecos ao relacionamento com familiares, pais, amigos ou grupos sociais em geral. Empreendedores com fortes laços sociais tem chance de maior identificaçâo de oportunidades lucrativas, acesso a informaçâo privilegiada e aquisiçâo de recursos externos complementares (Burt, 1992). Por exemplo, laços familiares proporcionam informaçöes privilegiadas de fornecedores, oportunidades de investimento e troca de experiencias (Djankov et al., 2007; Revilla, Perez-Luño, & Nieto, 2016; Wilson, Wright, & Scholes, 2013).
No caso de novas empresas, há maior incentivo de buscar recursos externos complementares através de rede social, uma vez que essas empresas jovens tendem a ter menos recursos internos, tais como competencias distintas de produçâo ou de mercado (Chen, Tzeng, Ou, & Chang, 2007; Lerner & Malmendier, 2013). Nesse sentido, espera-se que o capital social apresente também efeito positivo na taxa de sobrevivencia da empresa. Os laços associados ao capital social permitem troca de informaçöes e conhecimentos relevantes relacionados ao negocio. Por outro lado, empreendedores com baixo estoque de capital social podem ter mais dificuldade de encontrar novas oportunidades, obter informaçöes relevantes ao negocio e mobilizar recursos diversos para o crescimento e adaptaçâo da firma. Tem-se, assim, a segunda hipótese para ser testada:
Hipótese 2: O capital social do empreendedor tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes.
Práticas gerenciais
As práticas gerenciais tem sido definidas como o conjunto de métodos, ferramentas e técnicas usadas pelo administrador para organizar e sistematizar a tarefa de gerir um negocio (Drucker, 1955). As práticas gerenciais sâo importantes, já que proporcionam conjuntos de informaçöes que garantem desenvolvimento técnico e comercial do empreendedor e sâo capazes de criar vantagens competitivas, auxiliares na adaptaçâo da empresa ao ambiente (Thornhill & Amit, 2003). Desta forma, as habilidades e conhecimentos desenvolvidos pelos gestores permitem gerenciamento mais eficiente, como a identificaçâo de ameaças e oportunidades do negocio e a rápida capacidade de adequaçâo ao mercado (Theng & Boon, 1996). Covin e Slevin (1989) encontram relaçâo positiva entre adotar posturas estratégicas e o desempenho de pequenas empresas manufatureiras.
Há, na literatura em Administraçâo, diversos estudos sobre práticas gerenciais adotadas por pequenas empresas (Chytilova & Jurova, 2011; Martin-Rios & Erhardt, 2017; Sharma, 2017). Como ponto de partida, foi tomado o clássico modelo de McClelland (1967), amplamente referenciado em estudos brasileiros de empreendedorismo, que sugere as práticas de estabelecimento de objetivos e metas, o aproveitamento de oportunidades, a antecipaçâo de acontecimentos, a busca por informaçöes, o planejamento e monitoramento, a busca de qualidade e eficiencia e o atendimento de objetivos.
Pesquisas recentes tem confirmado que a adoçâo de práticas gerenciais pode reduzir a taxa de mortalidade da empresa e estimular crescimento em empresas recém-inseridas no mercado (Calderon, Iacovone, & Juarez, 2016). Um dos possíveis canais é o estímulo a adoçâo de parámetros de qualidade, o estabelecimento de objetivos e a busca de informaçöes (O'Neill & Duker, 1986). Na literatura de Estratégia, há também um crescente interesse sobre o estudo de práticas e rotinas adotadas pelos gestores e seu efeito sobre o desempenho para além do resultado do próprio estoque de recursos detido pelas empresas (Bromiley & Rau, 2014). Específicamente, práticas podem atuar como rotinas específicas as firmas, ainda que potencialmente replicáveis, com o papel de articular recursos e processos em busca de maior desempenho e perenidade organizacional.
Assim como em relaçâo ao capital humano e ao capital social, espera-se que a adoçâo de práticas gerenciais apresente relaçâo positiva sobre a sobrevivencia de empresas nascentes. Por exemplo, açöes de planejamento e estabelecimento de metas podem ajudar a definiçâo inicial dos recursos necessários ao empreendimento, ao mesmo tempo que açöes de acompanhamento de objetivos permitem aos gestores ajustar o negocio de acordo com mudanças do contexto setorial. Em contraste, empreendedores com menor preocupaçâo com essas práticas tenderâo a ter menor capacidade de constituir negocios com foco e direcionamento inicial, e podem também nâo conseguir executar açöes adaptativas a medida que o empreendimento passa a encontrar obstáculos de crescimento. Essa discussâo conduz a terceira hipotese da pesquisa:
Hipótese 3: A adoçâo de melhores práticas gerenciais pelos empreendedores tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes.
O efeito do genero do empreendedor
Uma das principais contribuiçöes deste trabalho é propor que a magnitude dos efeitos do capital social, capital humano e práticas gerenciais sobre a sobrevivencia de MPEs é diferente quando se considera o genero do empreendedor. A escolha profissional é baseada nas competencias individuals para determinadas habilidades, nas expectativas individuais, na bagagem cultural, nos antecedentes familiares, nas experiencias prévias, na formaçâo academica e no contexto em que o individuo está inserido (Anna, Chandler, Jansen, & Mero, 1999; Watson & Robinson, 2003). Específicamente com respeito ao genero do empreendedor, alguns autores enfatizam que empresárias do sexo feminino tem maiores barreiras para o crescimento, já que vivenciam obstáculos profissionais que nâo sâo compartilhados com os homens (Koellinger, Minniti, & Schade, 2013; Powell & Eddleston, 2008). Por exemplo, devem conciliar preocupaçöes familiares com aspectos profissionais inerentes a atividade empreendedora.
Embora existam evidencias de que, a partir dos anos 90, cresceu o número de mulheres que buscam abrir seu próprio negocio (Anna et al., 1999), as barreiras enfrentadas por mulheres continuam sendo destacadas pela literatura. Além das suas motivaçöes, as caracteristicas empreendedoras de homens e mulheres podem ser distintas (Agier & Szafarz, 2013). Resultados obtidos por Powell e Eddleston (2008) apontam que, devido ao fato de as mulheres muitas vezes assumirem outras responsabilidades - por exemplo, atividades familiares e maior atençâo aos filhos -, elas podem ter menor capacidade de mobilizar recursos, executar práticas gerenciais e lidar com os diversos problemas associados a novos empreendimentos (Powell & Ansic, 1997). Esse fato é também ressaltado em Rosa, Carter e Hamilton (1996) e Klapper e Parker (2010). No Brasil, mesmo com a constataçâo de um aumento da participaçâo masculina em atividades familiares, o tempo gasto pelas mulheres nessas atividades continua sendo significativamente maior (Itaborai, 2016). Em certos casos, mulheres podem ser até mesmo discriminadas no seu esforço de consolidaçâo e ascensâo no mercado de trabalho (Santos, Tanure, & Carvalho, 2014).
Portanto, dadas essas diversas barreiras, é de se esperar que o impacto do capital humano, capital social e práticas gerenciais sobre a sobrevivencia da empresa seja superior para as mulheres. Essencialmente, um maior estoque de recursos (capital humano e social) e a adoçâo de melhores práticas gerenciais poderiam servir como fatores compensatorios as barreiras enfrentadas pelas mulheres. Em outras palavras, comparativamente a empreendedores homens, empreendedoras do sexo feminino precisarâo investir mais em capital humano, capital social e práticas de forma a mitigar os riscos do negócio e aumentar a probabilidade da sobrevivencia da empresa.
Consideremos, por exemplo, o efeito de capital humano. Uma empreendedora com tempo mais restrito que um empreendedor do sexo masculino para gerenciar o negócio deverá ter melhor formaçâo técnica e experiencia prévia para contornar a barreira da sua maior restriçâo de tempo. Assim, o efeito de um maior capital humano tenderá a ser maior no caso de empreendedoras. Da mesma forma, laços sociais, embora valiosos para homens, podem ser ainda mais valiosos para mulheres: sua rede de relacionamentos pode permitir transpor barreiras de sua inserçâo no setor e ajudar na aquisiçâo de recursos essenciais para o negócio. Analogamente, essas barreiras também podem ser mais facilmente mitigadas se a empreendedora adotar práticas diversas de gestâo, como planejamento e acompanhamento das atividades, permitindo melhor alocar e gerenciar seu tempo e suas responsabilidades diversas. De forma distinta, empreendedoras com severas limitaçöes de capital humano e social, e sem capacidade de adoçâo de práticas gerenciais, podem sofrer barreiras ainda maiores a constituiçâo e sobrevivencia da sua empresa. Essa lógica, portanto, indica que o genero do empreendedor irá moderar o efeito das variáveis discutidas nas hipóteses anteriores, de forma a aumentar o seu efeito sobre sobrevivencia. Logo:
Hipótese 4: O efeito positivo de capital humano, capital social e práticas gerenciais sobre a sobrevivencia de novas empresas será maior no caso de empreendedoras mulheres, comparativamente a empreendedores homens.
Dados
O universo da pesquisa foi composto por 687.502 empresas constituídas na Jucesp, nos tipos societários por quotas de responsabilidade limitada e empresário (antigo empresário individual), entre 2003 e 2007 (SEBRAE-SP, 2010). A base de dados é constituída por uma amostra de 2.000 dessas empresas. O SEBRAE-SP realizou um procedimento de amostragem por conglomerados, garantindo a representatividade no estado de Sáo Paulo. Os registros das empresas sorteadas foram complementados por informaçöes de outros bancos de dados, de forma a auxiliar na busca de responsáveis por empresas em atividade e empresas fechadas: informaçöes de CNPJ da Receita Federal, Cadastro de Estabelecimentos de Empregadores do Ministério do Trabalho e Emprego e dados cadastrais da companhia telefónica local.
Os dados foram coletados no ano de 2008 por meio de entrevistas com os proprietários e exproprietários (quando a empresa já estava encerrada) para identificaçâo das possíveis causas para o fechamento das empresas. As entrevistas foram realizadas por meio de visitas pessoais, com pequenas exceçöes quando o entrevistado se recusava a fazer entrevista pessoal. Na entrevista, foi utilizado questionário desenvolvido pelo SEBRAE-SP.
Para a busca das empresas e entrevistas, foram utilizados os serviços de uma empresa especializada em pesquisa de mercado. Os trabalhos de campo foram realizados entre outubro de 2008 e maio de 2009. Foi composta uma equipe de 25 entrevistadores, que fizeram a busca (rastreamento) das empresas e as entrevistas pessoais com os proprietários e ex-proprietários das empresas da amostra. A equipe contou com apoio de supervisores de campo, críticos (leitura do questionário preenchido) e verificadores da realizaçâo de entrevistas. O SEBRAE-SP elaborou um manual de procedimentos para os trabalhos de campo e acompanhou o processo de instruçâo dos entrevistadores.
A amostra foi composta por 400 empresas constituídas em cada ano, totalizando 2.000 empresas. Foram realizadas 1.734 entrevistas. Com a análise de consistencia, dois questionários foram considerados inválidos. Após a aplicaçâo da metodologia de busca (rastreamento), 264 empresas nâo foram localizadas. Tais empresas foram consideradas encerradas, para fins de cálculo da taxa de mortalidade de empresas. Foram consideradas fechadas as empresas que nâo estavam em atividade e cujos proprietários nâo tinham previsâo para retomada das atividades. O critério foi estabelecido na primeira pesquisa do sistema SEBRAE sobre o tema (Vale, Aguiar, & Andrade, 1998), tendo sido mantido nos diversos estudos realizados até o presente estudo. Detalhes do procedimento podem ser encontrados em SEBRAE-SP (2008).
Métodos
Esta seçâo se divide em duas partes: na primeira, sâo descritas as variáveis utilizadas nas análises e, na segunda, é feita uma descriçâo dos modelos utilizados.
Variáveis
A Tabela 1 apresenta as variáveis de interesse deste trabalho, bem como suas respectivas unidades de medida. A seguir, sâo apresentadas informaçöes mais detalhadas sobre as variáveis utilizadas no modelo econométrico.
Variável dependente
As variáveis dependentes deste estudo estáo ligadas a sobrevivencia de empresas nascentes no período de 2003 a 2007. Utilizam-se, neste trabalho, duas variáveis dependentes. A primeira assinala, através de uma variável indicadora, se as empresas foram encerradas no período de 2003 a 2007, e assume o valor 1 para empresas encerradas e 0 para empresas ainda em atividade. As empresas ativas sáo aquelas que estavam em funcionamento na data da entrevista ou que estavam fechadas, mas o proprietário informou que havia prazo estabelecido para o retorno a atividade.
A segunda, associada a análise do tempo de sobrevivencia da firma, é definida da seguinte forma:
* Empresas encerradas: número de meses entre a data de abertura e a data de encerramento;
* Empresas em atividade: número de meses entre a data de abertura e a data da entrevista.
Variáveis independentes
Assim como em Mizumoto et al. (2010), para testar se o efeito do capital humano aumenta as chances de sobrevivencia de empresas nascentes (Hipótese 1), foram utilizadas variáveis ligadas a escolaridade máxima do empreendedor (até 1° grau incompleto, 1° grau completo, 2° grau completo, superior completo e pós graduaçâo), grau de experiencia antes de abrir o negócio (diretor/gerente, funcionário ou sócio/proprietário de outra empresa do ramo e se o empreendedor já trabalhou como autónomo ou tinha algum tipo de experiencia no ramo), levantamento de informaçöes e planejamento do negócio antes da abertura da empresa, como conhecimento dos fornecedores, formas e prazos de pagamento, possíveis concorrentes, melhor localizaçâo, valor do investimento e custos envolvidos no negócio. Para todas estas variáveis foram assumidos valores iguais a 1 quando o entrevistado possuía a característica indicada na variável e 0 quando nâo possuía. Por exemplo, foi criada uma variável que indicava se a escolaridade máxima do empreendedor era 1° grau completo; em casos afirmativos, a variável assume o valor 1 e, se a escolaridade for outra, assume valor igual a 0. Essas variáveis indicam os conhecimentos do empreendedor e sua capacidade de coletar informaçöes úteis para o desempenho e sobrevivencia do negocio. Vale notar que há precedente na literatura do uso de variáveis dicotômicas similares para medir capital humano. Por exemplo, Davidsson e Honig (2003) usam esse tipo de abordagem para medir se empreendedores tiveram treinamento prévio e se já tentaram antes abrir uma empresa.
O efeito do capital social é analisado por meio de variáveis intrínsecas a rede de relacionamento do individuo (família, amigos, colegas de trabalho, associaçöes, etc.) e de todos os beneficios (financeiros, informaçöes e conhecimentos) obtidos através destes relacionamentos. As variáveis ligadas a este efeito sâo: empreendedor obteve dinheiro através de recursos próprios ou familiares; obteve dinheiro com amigos; algum familiar tinha negocio similar; acesso a instituiçöes antes da abertura do negócio; e se o empreendedor manteve açöes em conjunto com outras empresas e contatos pessoais. Analogamente as variáveis de capital humano, foram assumidos valores iguais a 1 em casos positivos e 0 em casos negativos.
O efeito de práticas gerenciais no aumento do índice de sobrevivencia de empresas nascentes (Hipótese 3) se relaciona as atitudes e açöes implantadas após a abertura do negocio. Como exemplo, pode-se citar estabelecimento de objetivos e metas para seus principais projetos, antecipaçâo para o enfrentamento de problemas, busca de informaçöes que auxiliam na tomada de decisâo, planejamento e monitoramento de cada etapa após a abertura do empreendimento, busca de qualidade e eficiencia e seguir de objetivos; valores iguais a 1 representam casos positivos e 0 casos negativos.
Por fim, o genero foi registrado por uma variável indicando se o empreendedor é do sexo masculino ou feminino, conforme descrito na Tabela 1. Essa estratégia empírica com o uso de variável categórica para avaliar o efeito do genero foi adotada por diversos autores, incluindo Abraham (2017), Kulich, Trojanowski, Ryan, Alexander Haslam e Renneboog (2011) e Lee e James (2007).
Variáveis de controle
Além dos efeitos de setor e ano de abertura, outras variáveis de controle utilizadas neste trabalho sâo (Tabela 1): a raiz quadrada do número de empregados (como proxy para tamanho); idade e genero do empreendedor; e motivos que justifiquem abertura do negócio. As variáveis de controle foram utilizadas com o objetivo de garantir resultados mais consistentes. Por exemplo, em firmas com crescimento acentuado, a adoçâo de práticas gerenciais se torna um processo intrínseco ao crescimento, reduzindo a probabilidade de fechamento. O genero, embora seja variável moderadora relevante na Hipótese 4, é também usado para controle por um possível efeito direto do genero sobre a sobrevivencia. Isso é feito para testar a hipótese de que o genero do empreendedor pode influenciar o efeito dos fatores enunciados no estudo.
Modelos econométricos
Neste trabalho sâo utilizadas duas metodologías distintas para mensurar os possíveis efeitos sobre a taxa de sobrevivencia de empresas nascentes. A primeira se refere a probabilidade de fechamento da empresa através de regressöes logísticas (Gujarati, 2006). A segunda utiliza o modelo de Cox (Cox, 1972), técnica de análise de sobrevivencia que mensura a influencia de variáveis explicativas no risco de fechamento iminente.
O modelo logístico permite analisar a influencia de um conjunto de variáveis independentes na probabilidade de ocorrencia de um evento. Seja Y uma variável indicadora que assume o valor um se a empresa fechou no período de observaçâo e zero se nâo fechou. A equaçâo (1) representa o modelo, sendo, no caso, a probabilidade de encerramento da empresa uma funçâo das variáveis relacionadas ao capital humano, capital social e práticas gerenciais e variáveis de controle. Indicando as variáveis explicativas como Xx, X2,.., Xk , a probabilidade de encerramento da empresa é dada por (Gujarati, 2006):
... (1)
com Z=β0+β1X1+⋯+βkXk, sendo β0, ..., βk os parâmetros do modelo.
A segunda abordagem utiliza a modelagem proposta por Cox para análise de sobrevivencia (mais detalhes em Carvalho, Andreozzi, Codeço, Barbosa, & Shimakura, 2005). O modelo de Cox é dado pela equaçâo (2):
... (2)
na qual a0, ..., ak sâo os parámetros do modelo, Ä0 é uma funçâo que nâo depende dos parámetros e nem das variáveis explicativas e Ä é a funçâo de risco que está ligada a probabilidade de fechamento imediata de uma empresa que ainda está ativa (quanto maior o seu valor, maior é o risco imediato de fechamento). Em ambos os modelos, parámetros positivos indicam que a probabilidade de fechamento aumenta a medida que aumenta o valor da variável explicativa. Esta abordagem foi utilizada com caráter complementar visando identificar efeitos nâo detectados na regressâo logística.
Um aspecto importante é que a Hipótese 4 é, essencialmente, uma hipótese de moderaçâo. Ou seja, examinamos como o genero muda o efeito de capital humano, capital social e práticas gerenciais. Entretanto, o teste de moderaçâo em modelos nâo-lineares (como o modelo logistico e Cox) nâo pode ser feito da forma usual, isto é, por meio de interaçöes entre a variável moderadora e outras variáveis de interesse, uma vez que o coeficiente da interaçâo varia de acordo com o nivel dessas variáveis. Seguindo recomendaçöes da literatura (Hoetker, 2007), procedemos realizando o teste da avaliaçâo do efeito dessa variável por meio de regressâo em subamostras (split-sample regressions), permitindo comparar os coeficientes das variáveis de capital humano, capital social e práticas gerenciais nas subamostras distintas de empreendedores do sexo masculino e feminino.
Resultados e Discussăo
Na Tabela 2 sâo apresentados os modelos ajustados para a amostra completa. Entre as informaçöes disponíveis na tabela estâo: estimativas dos parámetros, erros padrâo e indicaçâo de rejeiçâo da existencia do efeito da variável aos niveis de significância a 1%, 5% e 10%.
No modelo 1 foram incluidas somente as variáveis de controle, com o objetivo de analisar se estas variáveis influenciam a sobrevivencia de empresas nascentes. O modelo sugere que a sobrevivencia de empresas nascentes é influenciada pelo tamanho da empresa (p < 0,10) e, também, pelo seu tempo de atividade. A primeira variável sugere que quanto maior o tamanho da empresa, menor é a probabilidade de fechamento. Para outras variáveis, como o tempo de atividade, empresas abertas nos anos de 2003, 2004 e 2005 apresentaram maior probabilidade de fechamento do que as abertas em 2007 (p < 0,01). Cabe ressaltar que essa variável também captura fatores ambientais relacionados com o periodo de funcionamento das empresas.
No modelo 2, as variáveis associadas ao capital humano do empreendedor foram incluidas. Os resultados obtidos sugerem que o tempo gasto no levantamento de informaçöes apresentou relaçâo positiva com o encerramento de empresas, ou seja, empreendedores que levantam informaçöes por apenas 5 meses aumentam a probabilidade de encerramento da empresa em relaçâo aos que gastam um ano ou mais (p < 0,10); por outro lado, nâo se detectou diferença significativa entre os que gastam entre 6 e 11 meses e os que gastam mais de um ano. Logo, um certo período de tempo levantando informaçöes (5 meses) aumenta a probabilidade de fechamento da empresa. Este resultado é confirmado pela teoria, ou seja, o conjunto de informaçöes armazenadas/levantadas pelo empreendedor pode minimizar o risco de fechamento da empresa (Coleman, 1988), desde que este período nâo seja muito curto. Este efeito nâo se mostrou consistente para todo o modelo, quando se incluí todas as variáveis de interesse (modelo 5).
Nâo há evidencias de que empreendedores que analisaram itens relacionados ao negocio, como possíveis clientes e fornecedores, empresas concorrentes, melhor localizaçâo e custo do investimento, tenham a probabilidade de encerramento das suas empresas reduzida.
Alguns resultados obtidos relacionados ao capital humano (modelo 2) diferem do esperado, como o nivel de escolaridade, que nâo se mostrou significativo, mesmo com o controle pelo setor de atividade e pelo tamanho da empresa. Espera-se, a priori, que quanto maior o nivel de escolaridade, menor é a probabilidade de fechamento da empresa, pois estes individuos apresentam, em geral, maior capacidade de lidar com eventuais contratempos, visto que exploram seus conhecimentos para identificar possíveis oportunidades e ameaças do negocio (Bates, 1990). Novamente, tem-se um resultado que necessita ser analisado cuidadosamente, pois, embora o senso comum leve a esperar um efeito positivo sobre o sucesso do empreendimento, os resultados mostram que apenas a escolaridade nâo é garantia de sucesso.
Outro fator que nâo apresentou o resultado esperado foi a experiencia prévia no ramo antes da abertura do negocio. Ou seja, nâo teve influencia no fechamento de empresas o fato de o empreendedor já ter experiencia anterior como diretor/gerente, funcionário ou socio proprietário de outra empresa do ramo. Este resultado está em sintonia com os resultados do modelo para levantamento de informaçöes e escolaridade. Indica, por exemplo, que se o empreendedor nâo se mantém em constante processo de atualizaçâo, a experiencia passada nâo é suficiente para a gestâo da empresa no presente.
No modelo 3 foram incluídas as variáveis de capital social. Os resultados obtidos nâo mostraram efeitos significativos sobre a probabilidade de fechamento das empresas. Este resultado nâo acompanha a previsâo teórica de que a rede de relacionamentos é capaz de garantir informaçöes importantes na conduçâo do negocio (Burt, 1992). No entanto, segundo Djankov, Qian, Roland e Zhuravskaya (2007), o capital social apresenta maior influencia na decisâo de abrir um negocio do que no sucesso da empresa apos abertura. Como a base de dados utilizada nessa pesquisa nâo inclui informaçöes sobre pessoas que nâo abriram empresas, nâo é possível avaliar por completo o efeito do capital social sobre os resultados da atividade empreendedora.
As variáveis de práticas gerenciais foram incluidas no modelo 4. Os resultados que apresentaram influencia na probabilidade de encerramento de empresas foram se o empreendedor aproveita oportunidades e antecipa-se aos acontecimentos, e, também, se ele busca informaçöes que auxiliam na tomada de decisöes no seu negocio (p < 0,05). Isto é, estas variáveis, se adotadas, diminuem a probabilidade de encerramento da empresa, resultado condizente com as teorias discutidas anteriormente que relacionam a necessidade de açöes rápidas e eficientes para garantir o sucesso do negocio. Este resultado corrobora a análise feita sobre a escolaridade, que deve ser complementada por uma formaçâo prévia em áreas relacionadas a gestâo, pois sâo essas as habilidades que favorecem o diagnostico prévio e correto da dinámica do mercado e da conjuntura económica, e permitem ao gestor conduzir a empresa conforme a necessidade imposta pelo ambiente económico.
No modelo 5 temos a inclusâo de todas as variáveis de interesse do estudo. Os resultados apontam que nivel de escolaridade baixo (1° grau completo) aumenta a taxa de encerramento de empresas nascentes (p < 0,05), mantidas as demais variáveis constantes. Este resultado está alinhado com a expectativa a priori de que quanto maior o nivel de escolaridade, maior é a capacidade do empreendedor de contornar possiveis problemas pontuais e, assim, aprimorar a conduçâo do negocio. Empreendedores que aproveitam as oportunidades/antecipam acontecimentos (p<0,05) e buscam informaçöes que auxiliam na adoçâo de medidas emergenciais (p<0,10) diminuem a probabilidade de encerramento das empresas. Neste modelo (5), há aumento da porcentagem de classificaçâo correta das empresas, garantindo robustez ao modelo proposto. Embora, quando comparado com o modelo 4, o ganho seja pequeno, pode-se concluir, com a inclusâo das variáveis de práticas gerenciais, realizada no modelo 4, que práticas gerenciais sâo fatores importantes para a sobrevivencia de empresas nascentes. Este resultado é alinhado com os de outros estudos que apontam que práticas gerenciais sâo decisivas na sobrevivencia de empresas nascentes (Covin & Slevin, 1989).
Comparando o modelo 5 ao modelo de Cox, que também incluí todas as variáveis, observa-se, no modelo de Cox, apenas uma variável relacionada as práticas gerenciais significativa, variável esta que também apresentou significancia no modelo 5, p<0,10 (empreendedores que aproveitam oportunidades e antecipam acontecimentos).
Em resumo, os resultados para a amostra total sustentam parcialmente a primeira hipótese de que o capital humano tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes, especificamente de que a baixa escolaridade do empreendedor aumenta a probabilidade de encerramento das empresas. A segunda hipótese, de que o capital social tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes, nâo é sustentada pela pesquisa. A terceira hipótese é parcialmente sustentada pelo estudo, isto é, práticas gerenciais tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes, em particular, as variáveis aproveitar acontecimentos e buscar informaçöes. Entretanto, vale notar que os efeitos mudam muito entre as várias especificaçöes utilizadas. Em outras palavras, na amostra completa utilizada pelo estudo, nâo há suporte consistente para as tres hipóteses elencadas.
Análises segundo o genero do empreendedor
Na Tabela 3, tem-se resultados de modelos logisticos com a separaçâo dos efeitos de capital humano, capital social e práticas gerenciais pelo genero do empreendedor. Os resultados obtidos sugerem que para empreendedoras mulheres, as variáveis relacionadas ao capital humano apresentam maior influencia na sobrevivencia de empresas do que para empreendedores homens, o que confirma a última hipótese. A experiencia prévia das mulheres como funcionárias de outra empresa do ramo, sócias/proprietárias de outra empresa do ramo ou se trabalhavam como autónomas no ramo diminuem a probabilidade de encerramento das empresas (p < 0,05), fatores que nâo foram identificados para o genero masculino.
O tempo gasto pelo empreendedor para o levantamento de informaçöes de 6 a 11 meses aumenta a probabilidade de fechamento das empresas para empreendedoras mulheres (p < 0,01). A luz do que é discutido na literatura, uma possível explicaçâo é que mulheres podem ter que dividir seu tempo entre diversas atividades, incluindo maior atençâo aos filhos e a família (Klapper & Parker, 2010; Rosa, Carter, & Hamilton, 1996). Assim, havendo mais limitaçâo de tempo, uma maior enfase em planejamento pode competir com outras atividades que possam eventualmente ser essenciais para o negocio. Por exemplo, um maior tempo alocado para planejamento pode reduzir esforços para encontrar possíveis fornecedores e parceiros, além de estruturar as operaçöes da empresa.
A variável de capital social alguém na família tinha negocio similar foi significativa para as mulheres (p < 0,05), ou seja, a experiencia adquirida com familiares relacionada ao negocio é importante no aumento das chances de sobrevivencia de empresas nascentes. Este resultado é coerente com a abordagem teórica, já que o acesso a informaçöes através de individuos com negocio similar pode auxiliar na obtençâo de recursos e informaçöes que ajudam nas tomadas de decisâo do negocio (Chen et al., 2007). Esta variável nâo foi significativa para os homens, comprovando estudos de Tsai, Chang e Peng (2016).
Entretanto, a variável mantém contato pessoal com fornecedores e clientes foi significativa, com sinal positivo apenas para os homens (p<0,10), indicando que relacionamentos próximos com fornecedores, clientes e amigos do ramo aumentam a probabilidade de encerramento da empresa; o resultado é inconsistente com a literatura (Burt, 1992).
A variável de práticas gerenciais estabelece objetivos e metas foi significativa apenas para as mulheres (p < 0,05). Entretanto, apresentou sinal positivo, ou seja, mulheres que estabelecem objetivos e metas para o negocio diminuem a chance de sobrevivencia. Uma possível justificativa para este resultado é que parámetros associados a objetivos e metas podem gerar inflexibilidade do empreendedor em um ambiente extremamente dinámico, podendo atrapalhar a adaptaçâo do individuo aos eventuais problemas relacionados ao negocio. Além disso, planejamento e monitoramento do negocio apresentaram efeito negativo no encerramento de empresas para as empreendedoras mulheres (p < 0,10). Mitchelmore e Rowley (2013) encontraram resultados semelhantes no planejamento de curto prazo em estratégias de crescimento.
Para empreendedores homens, aproveitar oportunidades e antecipar acontecimentos, buscar informaçöes que auxiliam na tomada de decisâo do negocio e buscar qualidade e eficiencia no novo empreendimento diminuem a probabilidade de encerramento das empresas (p < 0,10). Ou seja, para os homens, fatores associados as práticas gerenciais sâo mais decisivos no sucesso organizacional, enquanto que para as mulheres fatores atrelados ao capital humano apresentam maior impacto na sobrevivencia do empreendimento, comprovando resultados obtidos por Peake e Marshall (2017). Dito isso, as características que levam a abertura do negocio e, também, a posiçâo da mulher no mercado de trabalho, implicam que as características de gestâo de homens e mulheres sâo distintas.
Em resumo, em linha com a primeira hipotese do estudo, os resultados sustentam que o capital humano tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes, específicamente, que a baixa escolaridade do empreendedor aumenta a probabilidade de descontinuidade das empresas. Contudo, a hipotese de que capital social tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes nâo é sustentada pela pesquisa. Em linha com a terceira hipotese, algumas variáveis ligadas a práticas gerenciais tem efeito positivo sobre a sobrevivencia de empresas nascentes. Finalmente, dando suporte a última hipotese, alguns indicadores de capital humano, capital social e práticas gerenciais apresentam maior impacto na sobrevivencia das empresas para as empreendedoras mulheres.
O efeito moderador da variável de genero é particularmente um resultado que deve estimular mais avanço conceitual e empírico. O movimento feminista iniciado na década de 70 foi o marco inicial da progressiva conquista da mulher por um espaço de mais destaque na sociedade, até entâo, predominantemente masculina (Sarti, 2004). Embora com características de gestâo diferentes dos homens, as mulheres encontram seu proprio caminho para influenciar a sobrevivencia de seus negocios. Os resultados aqui reportados, entretanto, ainda sâo consistentes com a visâo de que as mulheres enfrentam mais resistencias e barreiras, nåo somente para o seu desenvolvimento de carreira, mas também no campo do empreendedorismo, isto é, no estabelecimento de novos negocios.
Essencialmente, nossos resultados sugerem que, dadas essas barreiras, em vários casos as mulheres tem que se valer mais do que homens de fatores compensatorios, como um maior estoque de capital humano e social, além de maior adoçâo de melhores práticas. Vale notar que, pelos resultados reportados na Tabela 2, nåo há um efeito direto do genero sobre a sobrevivencia de empresas. Em outras palavras, o empreendedorismo feminino nåo parece ser em geral mais arriscado que no caso de novas empresas lançadas por homens. Dessa forma, o canal evidenciado nesse estudo é mais indireto: o genero acaba afetando o retorno de fatores cruciais para a sobrevivencia do negocio. Dito de outra forma, para uma mesma probabilidade de sobrevivencia, mulheres empreendedoras podem necessitar de maiores investimentos em capital humano, capital social e práticas gerenciais, comparativamente a homens.
Conclusoes
O estudo teve como principal objetivo analisar fatores relacionados ao capital humano, ao capital social e as práticas gerenciais na sobrevivencia de empresas nascentes. Além disso, os fatores foram analisados separadamente em funçâo do genero do empreendedor. Os dados analisados foram de empresas recém-abertas, cadastradas na Jucesp no período de 2003 a 2007.
Esta pesquisa adotou várias especifıcaçöes para os dois modelos econométricos propostos e incluiu diversas variáveis associadas a capital humano, capital social e princípios de geståo. Em algumas especificaçöes os resultados confirmaram expectativas preliminares, ao captarem a importancia das variáveis selecionadas para reduzir a probabilidade de sobrevivencia das empresas.
O artigo expande estudos similares na literatura de diversas formas. A principal contribuiçâo deste trabalho é mostrar que os efeitos do capital humano, social e práticas gerenciais variam com o genero do empreendedor, um aspecto que tem sido pouco examinado na literatura. Nossos estudos indicam que o efeito do genero sobre a sobrevivencia de empresas ocorre mais indiretamente, moderando aqueles fatores, ao invés de mais diretamente, aumentando ou reduzindo a probabilidade de a empresa nascente continuar operando após um certo tempo. Em outras palavras, pelo menos no nosso contexto, nåo detectamos um efeito genérico do fato de o empreendedor ser homem ou mulher sobre a probabilidade de continuidade do novo negocio.
Nossos resultados, em particular, såo consistentes com argumentos de que existem barreiras a atuaçâo empresarial feminina, específicamente no contexto do lançamento e continuidade de novas empresas. Na existencia dessas barreiras, mulheres tem que se valer de mecanismos compensatorios para aumentar o sucesso do negocio, medido, no nosso estudo, como um menor risco de fechamento. Esses mecanismos compensatorios, aparentemente, operam pelo canal de recursos (capital humano e social) e práticas gerenciais. Havendo barreiras importantes ao empreendedorismo, comparativamente aos homens, as mulheres tem que se valer mais de capital humano, capital social e práticas gerenciais diferenciadas. Assim, nosso estudo identifica um importante efeito moderador do genero e abre espaço para pesquisas futuras explorando as complexas interaçöes entre genero, recursos e práticas adotadas por novos empreendimentos.
Certamente, como em todo trabalho científico, existem limitaçöes importantes que podem ser alvo de novas pesquisas e aprimoramentos. Uma limitaçâo é que se coloca foco em um único indicador de desempenho, a sobrevivencia da empresa. Para proximos estudos, uma possibilidade seria analisar outros indicadores além da probabilidade de sobrevivencia, como os indicadores de retorno económico ou produtividade. Isso porque, em alguns casos, o fechamento da empresa pode ter sido programado, ou seja, o empreendedor detectou uma oportunidade temporária - por exemplo, alguma tendencia ou moda potencialmente passageira - e, depois, intencionalmente fechou o negocio.
Além disso, há diversos outros fatores que podem afetar a probabilidade de encerramento e que nâo foram medidos nesse trabalho. Por exemplo, pode-se considerar a relaçâo entre o grau de complexidade da empresa e variáveis de capital humano, como a escolaridade e o tipo de negocio das empresas nascentes; assim, a escolaridade pode ter um efeito mais intenso em uma empresa de tecnología do que em uma pequena empresa de alimentaçâo.
De toda forma, as hipóteses e resultados aqui reportados sugerem que a inclusao do genero do empreendedor como fator explicativo pode contribuir ainda mais para o nosso entendimento da dinámica das MPEs e dos determinantes do seu sucesso.
Dados dos Autores
Mariana Bertolami
Rua Quatá, 300, 04546-042, Säo Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]. https://orcid.org/00000001-5221-2847
Rinaldo Artes
Rua Quatá, 300, 04546-042, Säo Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]. http://orcid.org/0000-0001-6354-0846
Pedro Joäo Gonçalves
Rua Vergueiro, 1117, 01504-000, Säo Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]. https://orcid.org/0000-0003-42457642
Marcos Hashimoto
Rua Guatemala, 167, 13231-230, Campo Limpo Paulista, SP, Brasil. E-mail: [email protected]. http://orcid.org/00000002-9072-7160
Sergio Giovanetti Lazzarini
Rua Quatá, 300, 04546-042, Säo Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]. http://orcid.org/0000-0001-8191-1241
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Abstract
Analisa-se a influência do capital humano do empreendedor, o seu capital social e a adoção de práticas gerenciais na sobrevivência de empresas em seus primeiros anos de atividade. De forma inédita, verifica-se como o efeito desses fatores varia de acordo com o gênero, masculino ou feminino, do empreendedor. Usando uma base de 2.000 empresas cadastradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), entre 2003 e 2007, foram ajustados dois modelos econométricos para mensurar o efeito dessas variáveis na sobrevivência de empresas nascentes. Os resultados sugerem que a adoção de práticas gerenciais e alguns aspectos ligados ao capital humano do empreendedor podem favorecer a sobrevivência da empresa. O efeito de competências superiores e capital social sobre a sobrevivência foram maiores para mulheres do que para homens. Os resultados sugerem que empreendedoras enfrentam mais barreiras à constituição de novos negócios, exigindo, portanto, configurações distintas de recursos para atenuar essas barreiras e aumentar a probabilidade de sobrevivência das empresas nascentes.