Este artigo tem como objetivo investigar como fatores contextuais podem afetar os processos sociopsicológicos especificados pela teoria da espiral do silêncio, como o medo de isolamento e a congruência de opinião. Os contextos para este artigo foram divididos em ambientes on-line - sites de redes sociais, salas de bate-papo e fóruns de discussão on-line - e comunicação face a face. Os dados foram obtidos a partir da aplicação de questionários on-line sobre a opinião a respeito da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Com um total de 226 formulários preenchidos, os dados coletados receberam tratamento estatístico para a realização do teste dashipóteses. A análise dos dados demonstrou que a expressão da opinião está ligada a fatores que se relacionam com as características específicas de cada meio/ambiente em que a opinião é expressa, em conjunto com os fatores sociopsicológicos que operam na espiral do silêncio. Ou seja, a configuração da comunicação afeta o desejo dos indivíduos em expressar seus pontos de vista, fazendo com que a espiral do silêncio aconteça de forma diferente em cada contexto específico.
Palavras-chave: opinião; espiral do silêncio; comunicação mediada por computador; união civil homossexual; contextos comunicativos
Abstract
This study aims to investigate how contextual factors can affect the socio-psychological processes specified by the Spiral of Silence theory, such as the fear of isolation and opinion congruency. The contexts for this research were divided into online environments-social networking sites (Twitter, Facebook, and Orkut), chat rooms, and online discussion forums-and face-to-face communication. Data were obtained through an online survey about civil union between same-sex couples. Based on 226 completed forms, the data collected were then subject to statistical treatment to test our hypotheses. The analysis of the data revealed that expression of opinion, in association with socio-psychological factors that operate in the spiral of silence, is linked to a set of factors related to the specific characteristics of each environment in which the opinion is expressed. Thus, the communication configuration affects individuals' willingness to express their views, so the spiral of silence occurs differently in each context.
Keywords: opinion; spiral of silence; computer-mediated communication; civil union between samesex couples; communicative contexts
Resumen
El objetivo de este artículo es investigar cómo los factores contextuales pueden afectar los procesos sociopsicológicos especificados por la teoría de la espiral del silencio, como el miedo al aislamiento y la congruencia de opinión. Los contextos se dividieron en entornos en línea (sitios de redes sociales, salas de chat y foros de discusión en línea) y comunicación cara a cara. Los datos se obtuvieron a partir de la aplicación de cuestionarios en línea sobre la unión civil entre personas del mismo sexo. Con un total de 226 formularios rellenados, los datos recolectados recibieron tratamiento estadístico para la realización del test de las hipótesis. El análisis de los datos demostró que la expresión de la opinión está ligada a factores que se relacionan con las características específicas de cada ambiente en que la opinión se expresa en conjunto con los factores sociopsicológicos que operan en la espiraldel silencio. Es decir, la configuración de la comunicación afecta el deseo de los individuos en expresar sus puntos de vista, haciendo que la espiral del silencio suceda de forma diferente en cada contexto específico.
Palabras clave: opinión; espiral del silencio; comunicación mediada por ordenador; unión civil homosexual; contextos comunicativos
Résumé
Cet article vise à étudier comment les facteurs contextuels peuvent influer sur les processus sociopsychologiques spécifiés par la théorie de la spirale du silence, tels que la peur de l'isolement et la congruence de l'opinion. Les contextes ont été divisés en environnements en ligne (sites de réseaux sociaux, salons de discussion et forums de discussion en ligne) et en communication en face à face. Les données ont été obtenues à partir de l'application de questionnaires en ligne sur l'union civile entre personnes du même sexe. Avec un total de 226 formulaires remplis, les données collectées ont reçu un traitement statistique pour effectuer le test d'hypothèse. L'analyse des données a montré que l'expression d'opinion est liée à des facteurs liés aux caractéristiques spécifiques de chaque environnement dans lequel l'opinion est exprimée, ainsi qu'aux facteurs sociopsychologiques qui opèrent dans la spirale du silence. En d'autres termes, la configuration de la communication affecte le désir des individus d'exprimer leurs points de vue, créant ainsi une spirale du silence qui agit différemment selon chaque contexte spécifique.
Mots-clés: opinion; spirale du silence; communication par ordinateur; union civile homosexuelle; contextes de communication
Introduçao
Este artigo tem como propósito investigar como fatores contextuais podem afetar o modo como as pessoas expressam suas opinioes em diferentes ambientes. A teoria da espiral do silencio (Noelle-Neumann, 1974) é aqui o ponto de partida para pensar a expressao da opiniao. De acordo com a teoria, determinados temas, principalmente aqueles de grande abrangencia social e com opinioes divergentes na esfera pública, tendem a desencadear uma série de fatores sociopsicológicos nos individuos, que passam a avaliar as possíveis consequencias da expressao de uma opiniao.
A base da teoria está em dividir a percepçao das opinioes como majoritárias e minoritárias. Assim, de forma geral, se um indivíduo percebe que sua opiniao nao está de acordo com a opiniao que considera ser a da maioria em dado ambiente social, tende a se silenciar como forma de evitar consequencias negativas para si. Esse processo gera, entao, uma espiral em que opinioes consideradas como minoritárias tendem a ser silenciadas e opinioes percebidas como majoritárias se tornam cada vez mais dominantes.
Entendendo que os pressupostos basilares da espiral do silencio possuem fundamentaçao empírica (Lin e Pfau, 2001; Neuwirth, Frederik e Mayo, 2007; Scheufele, Shanahan e Lee, 2001), este artigo se propoe a avaliar o impacto que os canais em que a comunicaçao acontece podem oferecer a esses pressupostos, além de considerar o contexto social que envolve o tema sobre o qual se expressa uma opiniao. Nessa lin ha, propoe-se avaliar como a suscetibilidade de um individuo expressar a opiniao pessoal pode variar de acordo com o grau de presença social nos cenários comunicativos. Os contextos foram divididos em ambientes on-line - sites de redes sociais, salas de batepapo e fóruns de discussao on-line - e comunicaçao face a face, nos quais foi medida a percepçao dos individuos com relaçao a exposiçao da imagem pessoal. Para tanto, foram aplicados questionários on-line a respeito da expressao da opiniao sobre a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo, com um total de 226 formulários preenchidos.
Partindo dessa perspectiva, pretende-se avaliar a extensao na qual os contextos comunicativos afetam a vontade dos individuos em expressar suas opinioes, moderando os efeitos dos fatores sociopsicológicos que operam na espiral do silencio.
Espiral do silencio: origens da teoria
Postulados a partir das pesquisas da alema Elisabeth Noelle-Neumann na década de 1970, os pressupostos teóricos da espiral do silencio podem ser divididos em tres niveis: individual, sistema midiático e social (Lin e Pfau, 2001). No primeiro nivel, os individuos tem medo de serem isolados de seus pares e, com o objetivo de evitar esse isolamento ou a perda de popularidade, observam constantemente o ambiente social a fim de localizar quais sao as posiçoes adequadas. Com relaçao a alguns temas, a respeito dos quais as opinioes estao em disputa ou ainda sao inconstantes, os individuos tentam descobrir em qual lado podem se expressar sem perder a popularidade. De acordo com a teoria, aqueles que notam que suas opinioes pessoais sao propagadas e apoiadas por outros irao exprimir suas opinioes confiantemente em público, no entanto, os que acreditam que suas opinioes nao sao compartilhadas pela maioria ou que estao perdendo terreno irao adotar uma atitude mais reservada quando falar em público ou até mesmo se afastar da discussao pública. Isso conduz a um processo em espiral no qual a minoría percebida se torna cada vez menos suscetivel a se expressar e o grupo majoritário passa a ser dominante (Lin e Pfau, 2001; Neuwirth, Frederik e Mayo, 2007; Scheufele, Shanahan e Lee, 2001).
A relaçao dos meios de comunicaçao com a teoria se estabelece na medida em que se entende que os media podem afetar o processo de espiral do silencio. Isso pode acontecer de tres formas: os media configuram impressoes sobre quais opinioes sao dominantes; configuram impressoes sobre quais opinioes estao em crescimento e quais nao estao; e configuram impressoes sobre quais opinioes individuáis podem ser articuladas em público sem risco de isolamento (Lin e Pfau, 2001). Dessa forma, muitos autores destacam a existencia de uma conexao entre a espiral do silencio e a hipótese da agenda setting (e.g., Petrič e Pinter, 2002; Neuwirth, 2000; Scheufele e Moy, 2000), proposta por McCombs e Shaw em 1972. O agendamento se caracteriza como um procedimento de seleçao das temáticas disponíveis para a conversaçao pública em nossa sociedade, a hipótese está relacionada a forma e seleçao de conteúdos e temas apresentados pela mídia e, sobretudo, as percepçoes proporcionadas a partir desse estabelecimento. Nessa linha, o argumento parte da ideia de que os meios de comunicaçao de massa definem a agenda de discussao pública e estabelecem as prioridades das agendas públicas por ditar quais problemas a sociedade deve considerar urgente. Além disso, os media transmitem informaçoes sobre o clima de opiniao a respeito de questoes específicas. Nesse sentido, muitos estudos tem demonstrado que a utilizaçao dos meios noticiosos está positivamente relacionada ao desejo de se expressar (e.g., Eveland, McLeod e Sgnorielli, 1995; Binder et al., 2009; Baldassare e Katz, 1996; Moy, Domke e Stamm, 2001; Neuwirth, Frederik e Mayo, 2007; Pan et al., 2006; Scheufele, 1999).
Em uma perspectiva social, a teoria propoe que o medo de isolamento leva os individuos a examinar o meio ambiente social para avaliar o clima de opiniao, analisando a distribuiçao de opinioes contra e a favor de suas próprias ideias (Noelle-Neumann, 1974, p. 44). Assim, ao tentar evitar o isolamento, os individuos procuram se adequar a corrente compreendida como principal, a partir de sua percepçao individual da opiniao pública. Individuos que percebem que suas opinioes sao populares ou ganham apoio público estarao mais suscetíveis a expressar seus pontos de vista, ao contrário daqueles que acreditam que suas opinioes nao sao compartilhadas pela maioria. De forma geral, as pesquisas envolvendo a área de media effects sugerem diferentes possibilidades de avaliaçao do clima de opiniao. Em primeiro lugar, temos os estudos que propoem que o clima de opiniao é percebido a partir das representaçoes da mídia, que, além de pautar os temas para a discussao pública, configuram impressoes sobre quais opinioes sao dominantes, como dito anteriormente (Lin e Pfau, 2001; Neuwirth, 2000; Scheufele e Moy, 2000).
Outras pesquisas sugerem que, quando solicitadas a avaliar as opinioes de outros, as pessoas exibem um viés perceptivo conhecido como projeçao ou falso consenso, isto é, a tendencia de ver a própria opiniao como relativamente comum enquanto opinioes alternativas sao vistas como menos comuns. O mesmo fenómeno é referido, as vezes, como o "efeito do espelho", descrevendo a tendencia das pessoas de ver suas visoes pessoais refletidas por outros individuos no ambiente externo (Christen e Gunther, 2003)2. Esses autores realizaram um estudo com o propósito de testar o fenómeno da projeçao em avaliaçöes pessoais da opiniao pública. Para tanto, eles partem das explicaçöes teóricas para o efeito desenvolvidas por Marks e Miller (1987), das quais destacamos aqui duas: processos motivacionais e processamento lógico de informaçao.
De acordo com os processos motivacionais, o desejo de manter a confiança, a autoestima e o apoio social pode levar individuos a exagerar o grau de similaridade entre eles e os outros. As pessoas frequentemente presumem maior similaridade entre sua própria visao e a visao de outros quando elas estao menos convictas da adequaçao e da correçao de sua própria posiçao. Para individuos convictos, certos de suas posiçöes, percepçöes de consenso externo tendem a ser menos importantes para reforço ou reafirmaçao (Gunther e Chia, 2001; Duck, Hogg e Therry, 1999; Perloff, 1999). Já a projeçao a partir do processamento lógico de informaçao se dá pela compreensao de que as pessoas consideram que todos sao afetados de forma homogenea por forças situacionais e por isso possuem as mesmas visöes a respeito de determinados assuntos. Um pressuposto implícito nessa explicaçao é que as pessoas formam sua própria opiniao baseadas no processamento da informaçao midiática (Christen e Gunther, 2003).
Uma terceira opçao explorada por alguns autores se baseia na ideia de que as percepçöes da opiniao pública se dao por conta de experiencias pessoais anteriores, a partir do grau de envolvimento do individuo em uma determinada questao ou grupo social (Scheufele, Shanahan e Lee, 2001; Christen e Gunther, 2003). Quando as pessoas sao bastante envolvidas em uma questao ou grupo, atitudes preexistentes e opiniöes podem levá-las a avaliar uma cobertura imparcial e objetiva como sendo injustamente enviesada. As percepçöes da tendencia hostil na cobertura da midia podem na verdade exercer influencia significativa nas percepçöes de opiniao pública. Isso pode ocorrer, por exemplo, a partir da ideia de inferencia da imprensa persuasiva, desenvolvida por Gunther (1998), segundo a qual as pessoas inferem a opiniao pública a partir de sua própria avaliaçao da tendencia da cobertura da midia e da crença de que os outros sao influenciados pela cobertura. Nessa linha, o conceito central é que as pessoas podem facilmente formar uma ideia do que outros estao pensando por inferencia, a partir das informaçöes que eles pensam que outros estao consumindo, o que pode levar a uma conclusao errónea de que a própria opiniao é minoritária e conduzir ao silenciamento (Gunther e Chia, 2001).
Embora existam muitos estudos a respeito da espiral do silencio, alguns autores tem argumentado que ela nao é muito bem comprovada empíricamente, especialmente a relaçao entre a percepçao do clima de opiniao e a vontade de expressar uma opiniao (Scheufele, Shanahan e Lee, 2001). Segundo Noelle-Neumann (1974), qualquer tentativa de testar a espiral do silencio deve lidar com cinco pressupostos: (1) a sociedade ameaça os desviantes com isolamento; (2) individuos constantemente tem medo do isolamento; (3) o medo do isolamento leva os individuos a avaliar o clima de opiniao; (4) os resultados dessa avaliaçao afetam o comportamento dos individuos em público; (5) tomados em conjunto, o processo acima é responsável pela formaçao, defesa e alteraçao da opiniao pública.
A espiral do silencio na comunicaçao mediada por computador
Tendo em vista os processos disfuncionais que atuam na espiral do silencio, fazse necessário, ainda, levar em conta as influencias contextuais na expressao da opiniao, que podem interferir nos efeitos do potencial de coerçao da maioria e na relutância da minoría em demonstrar sua opiniao. Nessa linha, algumas pesquisas tem se centrado na investigaçao das diferenças estruturais entre os contextos da comunicaçao mediada por computador (CMC) e da comunicaçao face a face (F2F), que podem resultar em diferentes proporçoes de expressao de opiniao entre os participantes em uma discussao (Barber, Mattson e Peterson, 1997; London, 1993; McDevitt, Kiousis e Whal-Jorgensen, 2003; Ho e McLeod, 2008).
De acordo com o sociólogo Thompson (1998), a interaçao face a face é aquela que acontece em condiçao de compartilhamento dos sistemas de referencia de tempo e espaço, em um contexto de copresença dos participantes. De forma geral, esse tipo de interaçao tem caráter dialógico, prevendo também a possibilidade do emprego do que o autor denomina de deixas simbólicas, visto que, além da comunicaçao verbal, é possivel a utilizaçao de uma grande quantidade de sistemas signicos, como o gestual, o vestuário, o tom da voz etc. (Thompson, 1998, p. 78). Dessa forma, por conta da presença física de outros em uma comunicaçao F2F, os individuos tendem a sentir mais receio de que seus pontos de vista sejam percebidos como divergentes e, por isso, sao mais relutantes em demonstrar sua opiniao.
Em contraste, as interaçoes mediadas, segundo a determinaçao de Thompson (1998), sao aquelas que implicam a utilizaçao de meios técnicos, tendo como caracteristica a possibilidade de transmissao de mensagens em condiçoes de nao coincidencia espacial e/ou temporal, o que diminui consideravelmente o emprego de sistemas signicos. Enquanto as interaçoes F2F dependem muito da linguagem falada e de expressoes nao verbais observáveis como gestos e sinais de srarus/posiçâo, a interaçao mediada por computador pode se estabelecer através de recursos como mensagens de texto e anonimato. Esse tipo de comunicaçao torna certas dinámicas sociais menos evidentes, pois se retira a enfase das caracteristicas de posicionamento e dos aspectos fisicos dos grupos (Ho e McLeod, 2008).
Com o intuito de testar os processos de espiral do silencio em discussoes reais, McDevitt, Kiousis e Whal-Jorgensen (2003) realizaram uma pesquisa com o objetivo de comparar a atitude dos participantes de discussoes em cenários de comunicaçao face a face e de discussoes mediadas por computador, especificamente em salas de bate-papo on-line. Para os autores da pesquisa, no cenário da interaçao mediada, a predisposiçao dos individuos em expressar suas opinioes seria maior. Isso aconteceria porque, por conta das características do ambiente on-line, os participantes do grupo minoritario se sentiriam mais a vontade para expressar suas opinioes. Por outro lado, os participantes do grupo majoritário sentiriam menos obrigaçao em expressar suas opinioes e, por conta disso, a expressao da opiniao seria menor. A pesquisa foi realizada com 48 estudantes, separados em grupos, para a realizaçao de 12 sessoes de discussao a respeito do aborto, 6 no contexto da comunicaçao face a face e 6 em salas de bate-papo on-line.
Comparados aos participantes das discussoes face a face, as opinioes de ambos os grupos, maioria e minoria, foram percebidas como mais moderadas na ocasiao da comunicaçao mediada por computador. Houve uma preferencia por uma discussao neutra, nao combativa. A observaçao dos pesquisadores demonstrou que, surpreendentemente, os participantes com opinioes minoritárias tenderam a se manifestar mais do que os de opinioes majoritárias. Os autores oferecem duas explicaçoes para o ocorrido: para o grupo da minoría, a relativa falta de intimidaçao permite que os individuos participem ativamente; na perspectiva da maioria, os resultados sugerem que individuos em situaçao de baixa presença social talvez sintam menos motivaçao para participar (McDevitt, Kiousis e Whal-Jorgensen, 2003).
Em outra pesquisa, Ho e McLeod (2008) tentam avaliar a extensao na qual a comunicaçao modera os efeitos de fatores sociopsicológicos na expressao da opiniao. Os dados para o estudo foram coletados em uma pesquisa on-line, na qual os respondentes foram designados a uma das duas condiçoes experimentais hipotéticas: (a) cenário de comunicaçao face a face e (b) comunicaçao mediada por computador. Os participantes foram informados que haveria um segundo estágio do estudo, no qual aconteceria uma discussao a respeito da legalizaçao do casamento entre pessoas do mesmo sexo, com a presença de outros participantes com opinioes divergentes. Entao, solicitou-se que eles indicassem a porcentagem de como eles estariam suscetíveis a declarar a própria opiniao nos diferentes contextos. Após todos completarem o questionário, foi enviado um e-mail para os respondentes explicando que na verdade nao haveria discussao alguma. Os resultados do estudo revelaram que os respondentes demonstraram menores níveis de inclinaçao para expressar sua própria opiniao na comunicaçao face a face, ao passo que os respondentes solicitados a falar na interaçao mediada foram, em geral, significativamente mais suscetíveis a expressar sua própria opiniao. Ainda, o impacto do medo de isolamento na expressao da opiniao foi atenuado pela discussao mediada por computador. Com isso, entende-se que a configuraçao da comunicaçao pode interferir no desejo dos individuos em expressar seus pontos de vista pessoais.
Espiral do silencio e uniäo civil entre pessoas do mesmo sexo
A partir da década de 1990, vários países, em todo o mundo, passaram a discutir a legalizaçao do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O primeiro país a legalizar a uniao foram os Países Baixos, no ano de 2001. No Brasil, o reconhecimento da uniao estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar aconteceu em 2011, no dia 5 de maio, por meio de reconhecimento constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, passam a valer para os casais do mesmo sexo as mesmas normas que regulamentam as relaçoes estáveis entre homens e mulheres, as regras valem para todo o territorio nacional. A decisao do STF, no entanto, nao foi bem recebida por todos os setores da sociedade, sendo alvo de críticas. Mesmo com o reconhecimento do STF, ainda há grande divergencia de opiniao entre os brasileiros com relaçao a regulamentaçao da uniao civil entre pessoas do mesmo sexo.
Entre os dias 14 e 18 de julho de 2011, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opiniao Pública e Estatística (Ibope Inteligencia) revelou que uma maioria de 55% dos brasileiros era contrária a decisao do STF3. De acordo com os resultados da pesquisa, 52% das mulheres eram a favor enquanto 63% dos homens eram contra. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 60% eram favoráveis. Entre os mais velhos, com 50 anos ou mais, apenas 27% concordavam com a decisao. De acordo com a pesquisa realizada pelo Ibope, a aceitaçao do casamento entre pessoas do mesmo sexo tendia a ser maior quanto maior a escolaridade e, além disso, ainda variava de acordo com a religiao, com maior apoio entre os espiritas e adeptos de religioes nao cristas.
Dois anos depois, em 16 de maio de 2013, passou a vigorar a Resoluçao n° 175, aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A partir dessa data, cartórios de todo o Brasil passaram a ser impedidos de recusar a realizaçao de casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo, os cartórios também foram impedidos de deixar de converter em casamento a uniao estável homoafetiva4. Em 2016, registrou-se um aumento de 51,7% das unioes civis entre pessoas do mesmo sexo, referente ao comparativo entre os anos 2014 e 2015, de acordo com a pesquisa "Estatísticas do Registro Civil 2015", divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)5. Ainda assim, uma pesquisa realizada pela agencia Hello Research, com resultados divulgados em 2015, revelou que 49% dos entrevistados em 70 diferentes cidades brasileiras eram contra a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo, 30% eram totalmente a favor e 21% eram indiferentes6. Mesmo considerando as diferenças metodológicas entre os dois institutos de pesquisa aqui citados, há que se pontuar um indicativo de diminuiçao no percentual de brasileiros contrários ao casamento homoafetivo: em 2011, o Ibope registrou 55% de brasileiros contrários a decisao do STF de reconhecimento da uniao estável entre casais do mesmo sexo. No entanto, mesmo com os avanços no marco legal, nao se pode deixar de destacar que esta nao é uma questao consensual na sociedade brasileira.
Levando em consideraçao todas essas questoes que dizem respeito a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo, o tema se mostra como objeto viável para o estudo proposto, visto que a natureza do assunto é fundamental para a ocorrencia da espiral do silencio. Assim, a escolha do tema para este artigo se justifica por ser um assunto que tem permanecido na agenda pública brasileira como uma questao que divide opinioes, envolvendo aspectos morais e jurídicos, com visibilidade na sociedade brasileira atual. Além disso, vários estudos anteriores sobre a espiral do silencio tem empregado variaçoes dessa questao a fim de examinar o grau de expressao da opiniao (Ho e McLeod, 2008; Hayes, Shanahan e Glynn, 2001; Willnat, Lee e Detenber, 2002).
A pesquisa
Os dados para a realizaçao deste artigo foram obtidos a partir da aplicaçao de questionários on-line. O método de composiçao da amostra foi nao probabilístico e por adesao voluntária (Levin e Fox, 2004). A adesao foi realizada por snowball sampling (Biernacki e Waldorf, 1981), em que os próprios respondentes indicam novos participantes para compor a amostra. Esse método de amostragem é comumente utilizado quando há dificuldade (ou mesmo impossibilidade) na obtençao de uma amostra aleatória para o estudo em questao. Em nosso caso, o formulário de entrevista foi divulgado em redes sociais on-line e distribuído também via e-mail, além disso, foi solicitado que os participantes compartilhassem a pesquisa em suas redes para a adesao de novos respondentes.
Um pré-teste foi realizado para a validaçao do questionário. Inicialmente, dez pessoas preencheram o formulário, retornando também algumas observaçoes acerca da percepçao e compreensao deste. As observaçoes dos respondentes foram ponderadas e, a partir delas, foram feitas algumas alteraçoes na primeira versao do questionário. Prosseguiu-se entao a divulgaçao de fato da pesquisa que aconteceu no período de 17 a 25 de julho de 2011, resultando em um total de 226 formulários preenchidos. A Tabela 1 apresenta o resumo da caracterizaçao da amostra deste estudo:
Por conta do formato de aplicaçao dos questionários, no meio on-line, nao se verificou a ocorrencia de dados perdidos na pesquisa, visto que a resposta a todas as questoes era obrigatória, sendo pré-requisito para a conclusao do envio do formulário.
Hipóteses
As seguintes hipóteses orientam este estudo:
Hipótese 1: A percepçao da exposiçao da imagem pessoal será negativamente relacionada com a suscetibilidade de expressao da opiniao.
Hipótese 2a: O medo de isolamento será negativamente associado com a suscetibilidade de expressao da opiniao pessoal.
Hipótese 2b: O efeito do medo de isolamento em relaçao ao desejo de se expressar irá variar de acordo com as características de cada cenário comunicativo.
Hipótese 3a: A congruencia atual da opiniao será positivamente relacionada a suscetibilidade de o indivíduo expressar sua opiniao.
Hipótese 3b: O efeito da congruencia atual da opiniao em relaçao ao desejo de se expressar irá variar de acordo com as características de cada cenário comunicativo.
Hipótese 4a: A congruencia futura da opiniao será positivamente relacionada a suscetibilidade de o indivíduo expressar sua opiniao.
Hipótese 4b: O efeito da congruencia futura da opiniao em relaçao ao desejo de se expressar irá variar de acordo com as características de cada cenário comunicativo.
Hipótese 5: Devido a ampla visibilidade proporcionada pelos sites de redes sociais na comunicaçao contemporánea, os respondentes indicarao menor grau de suscetibilidade em manifestar suas opinioes nesses sites, em comparaçao com os demais contextos on-line e off-line.
Medidas
A medida do uso da mídia foi dividida em duas partes. Em um primeiro momento, os participantes responderam a cinco questoes, nas quais se solicitou que indicassem a frequencia semanal de exposiçao a mídia. Observou-se um maior uso de jornais on-line, seguido de televisao aberta e canais locáis de televisao, conforme pode ser verificado na Tabela 2:
Depois, solicitou-se aos respondentes que indicassem o grau de atençao que dedicam ao tema uniao civil entre pessoas do mesmo sexo em veículos midiáticos, que seguiu o mesmo padrao da frequencia de exposiçao, divididos em: jornais on-line, noticiário televisivo e jornais impressos (Tabela 3):
Para operacionalizar o medo de isolamento, foi desenvolvida uma medida a partir de estudos previos realizados por Scheufele, Shanahan e Lee (2001) e Ho e McLeod (2008), composta de cinco itens para avaliar emoçoes positivas e negativas relacionadas a situaçao de conversaçao. Nomeadamente, os participantes classificaram o nivel de concordancia com os cinco itens apresentados. Para tanto, foi utilizada a escala de Likert, com cinco pontos, de 1 (discordo fortemente) a 5 (concordo fortemente), a partir da qual os entrevistados puderam indicar seu grau de concordancia ou discordancia com relaçao as seguintes declaraçoes: (a) "Eu me preocupo em ficar isolado se as pessoas nao concordam comigo", (b) "Eu evito falar para outras pessoas o que eu penso quando existe um risco de elas me evitarem se souberem minha opiniao", (c) "Eu nao gosto de entrar em discussoes polémicas", (d) "Discutir sobre temas polémicos aperfeiçoa minha inteligencia", (e) "Eu gosto de uma boa discussao sobre um tema polémico". Para o cálculo, os itens (d) e (e) foram codificados ao reverso, visto que se trata de declaraçoes que descrevem emoçoes positivas. O medo de isolamento foi identificado para cada individuo em que a mediana observada entre as respostas das cinco afirmativas descritas foi maior ou igual a 3. A variável medo de isolamento foi entao construida a partir de uma matriz para o filtro entre os individuos com medo de isolamento, grupo formado por 61 pessoas na amostra.
Para medir a congruencia corrente de opiniäo, foi solicitado aos participantes que indicassem sua própria posiçao em relaçao ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo: 73% afirmaram ser a favor, 19% contra e 8% marcaram a opçao "nao tenho opiniao formada". Os dados foram recodificados para -1 (contra), +1 (a favor) e 0 (nao tenho opiniao formada). Em um segundo momento, solicitou-se aos respondentes que estimassem, em porcentagem, quantas pessoas, de acordo com a percepçao pessoal, concordam com a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo. Essa medida foi composta de quatro questoes, nas quais foi requerida a percepçao dos entrevistados com relaçao a sociedade brasileira em geral, seu circulo de convivencia fora da internet, sua rede social on-line (Orkut, Facebook, Twitter) e internet de modo geral7. Foi construida entao uma tabela de contingencia para identificar as respostas compativeis entre opiniao pessoal e percepçao do clima de opiniao em cada situaçao observada.
A congruencia futura de opiniäo foi medida a partir da seguinte pergunta: "na sua percepçao, qual é a tendencia futura da opiniao das pessoas em geral, na sociedade brasileira, com relaçao a concordancia com a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo?", com as opçoes de resposta: (a) irá aumentar, (b) continuará a mesma, (c) irá diminuir. Os dados foram recodificados para 1, 0 e -1. Seguindo o mesmo padrao da medida de congruencia corrente, a congruencia futura foi identificada a partir da tabela de contingencia entre as variáveis opiniao pessoal e tendencia futura da opiniao pública.
Contextos
Para avaliar as caracteristicas dos contextos comunicativos, foi solicitado aos respondentes, no questionário, que indicassem o quanto consideram que sua imagem pessoal está exposta nas seguintes situaçoes: no Twitter, no Facebook, no Orkut, em uma sala de bate-papo on-line, em fóruns de discussao on-line e em uma discussao presencial. A medida se deu de acordo com uma escala de 5 pontos, indo de 0 (nenhuma exposiçao) a 4 (total exposiçao). Além disso, solicitou-se, por fim, que os participantes classificassem o quanto se sentem a vontade para expressar suas opinioes pessoais a respeito da uniao entre pessoas do mesmo sexo nos mesmos ambientes especificados na questao referida acima, de acordo com uma escala de 0 (nao me sinto a vontadé) a 4 (totalmente a vontade). Reitera-se aqui que a inclusao dos sites de redes sociais como contexto para este artigo se justifica pelo fato de se configurarem como ambientes de visibilidade no meio on-line, oferecendo, por isso, potencial de coerçao a exposiçao de opinioes pessoais, devido ao risco de sançoes sociais8.
Resultados e discussäo
A fim de testar as relaçoes hipotéticas, foi aplicada uma análise de regressao logística multinomial para cada um dos contextos em estudo. Os dados foram divididos em seis estratos, cada estrato representando um ambiente de conversaçao. A variável resposta foi a expressao da opiniao, e as variáveis explicativas foram os efeitos de predisposiçao: medo de isolamento, congruencia corrente de opiniao, congruencia futura de opiniao e exposiçao percebida. Foi conduzido um modelo multinomial para cada contexto separadamente e, depois, foram realizados testes de independencia utilizando o teste qui-quadrado de Pearson para cada uma das variáveis explicativas. Como auxilio, a estatística descritiva foi também utilizada para avaliar algumas hipóteses deste artigo.
Em primeiro lugar, verificou-se, de forma geral, que a imagem pessoal foi percebida como mais exposta no contexto de comunicaçao face a face (Tabela 4). Seguiram-se os sites de redes sociais na seguinte ordem: Facebook, Orkut e Twitter. Quanto a salas de bate-papo e fóruns de discussao on-line, a maior parte dos respodentes considerou esses contextos como ambientes em que nao há exposiçao.
Essa percepçao pode ser explicada pelas características próprias de cada ambiente. Como dito anteriormente, a comunicaçao face a face envolve a utilizaçao de uma grande quantidade de sistemas sígnicos, como o gestual, o vestuário, o tom da voz, prevendo a possibilidade de interpretaçao da expressao de um individuo nao apenas por meio daquilo que é falado, mas também através de pistas nao verbais. Nos sites de redes sociais, essas propriedades sao mais limitadas, mas, ao passo que o indivíduo pode ser representado na rede por meio de um perfil, a presença social é mais complexa. Em plataformas como Facebook existe a possibilidade de criar perfis mais completos, com fotos, vídeos e diversas informaçoes pessoais e profissionais. Quanto a isso, no Twitter as informaçoes que caracterizam cada pessoa sao limitadas a uma foto, descriçao textual e localizaçao geográfica. Já em fóruns de discussao on-line e salas de bate-papo, geralmente, a comunicaçao se dá em condiçao de anonimato, o que pode produzir uma menor sensaçao de exposiçao da imagem pessoal. O teste de independencia, no entanto, revelou que, para nenhuma das situaçoes analisadas, houve associaçao entre a exposiçao percebida e a expressao da opiniao, conforme se esperava, nao havendo confirmaçao para a hipótese 1. Conforme observa-se na Tabela 5, nao houve resultado significativo no teste (o valor-p foi aproximadamente 1 para a maioria dos casos):
Com relaçao a associaçao entre o medo de isolamento e a suscetibilidade de expressao da opiniao pessoal, aplicamos um modelo multinomial para avaliar a associaçao entre a escolha de um ambiente para expressao da opiniao. Par tanto, comparamos o contexto de discussao presencial em relaçao a cada um dos contextos online para os casos em que há medo de isolamento. O resultado dos modelos indica que a relaçao de escolha entre o contexto presencial e qualquer um dos contextos on-line em estudo é bastante parecida em qualquer caso, conforme observa-se na semelhança entre os AICs9 indicados na Tabela 6:
Após a aplicaçao do modelo, foi realizado um teste qui-quadrado para cada um deles a partir do qual verificamos a existencia de associaçao significativa em todos os casos, conforme pode ser observado por cada valor-p indicado na Tabela 7, fixando grau de significancia de 5%:
Após a verificaçao da significancia do teste de independencia, comparamos as associaçoes entre cada um dos ambientes on-line e o contexto presencial em relaçao a suscetibilidade de expressao da opiniao. Como pode ser observado na Tabela 8, em todos os casos, a maior parte das pessoas demonstrou estar mais a vontade para se expressar no ambiente on-line quando também estao em um contexto presencial, indicando que nao há uma dissociaçao tao grande entre o modo como um individuo se comporta no meio on-line e seu comportamento em uma comunicaçao face a face, no que diz respeito a expressao de uma opiniao.
Tendo em vista todas as características delineadas aqui, as hipóteses 2a e 2b confirmam-se parcialmente.
Com relaçao a congruencia de opinioes, a percepçao de congruencia futura nao teve relaçao com a variável dependente, portanto, o pressuposto de que a congruencia futura da opiniao seria positivamente relacionada a suscetibilidade de o individuo se expressar nao foi confirmado, nao dando suporte as hipóteses 4a e 4b. Todos os valoresp p na Tabela 9 sao próximos a 1:
No entanto, as percepçoes de congruencia entre a própria opiniao e o clima corrente de opiniao foram significativamente relacionadas com a suscetibilidade de se expressar, confirmando a hipótese 3a, o que pode ser conferido na Tabela 10. Fixando o grau de significancia em 5%, observa-se que a associaçâo foi significativa, entretanto, apenas considerando a relaçao entre a própria opiniao e o clima de opiniao da sociedade brasileira de forma geral, o que sugere que, independentemente do contexto de conversaçao, a congruencia entre a opiniao pessoal e a percepçao de opiniao da sociedade de forma geral é um importante preditor para a suscetibilidade de expressao da opiniao, nao tendo suporte para a hipótese 3b.
Estudos anteriores indicam que a relaçao entre a percepçao do clima de opiniäo e o desejo de se expressar näo é um componente da teoria totalmente confirmado na literatura existente (Glynn, Hayes e Shanahan, 1997). Scheufele, Shanahan e Lee (2001) apontam que pesquisas anteriores sugerem que as percepçoes da tendencia futura da opiniäo pública podem ser, inclusive, um melhor preditor da expressäo da opiniäo pessoal do que as percepçoes do clima corrente de opiniäo. Vale destacar aqui que, em nossa amostra, aproximadamente 85% dos respondentes perceberam o clima de opiniäo futuro como favorável a questäo do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, enquanto praticamente a mesma porcentagem percebeu o clima atual com no máximo 50% de aceitaçäo na sociedade brasileira. A hipótese 5 previa que, devido a ampla visibilidade proporcionada pelos sites de redes sociais, os respondentes indicariam menor grau de suscetibilidade em manifestar suas opinioes nesses sites. Em qualquer caso, a hipótese se confirma quando se leva em conta a comparaçäo com o contexto off-line somente (Tabela 11). Dessa forma, a hipótese foi parcialmente confirmada.
Conclusäo
Em conjunto, os resultados deste artigo sugerem que a configuraçao da comunicaçao afeta o desejo dos individuos em expressar seus pontos de vista, fazendo com que a espiral do silencio aconteça de forma diferente nos vários cenários comunicativos. De forma especifica, entretanto, nem todas as hipóteses levantadas aqui foram completamente confirmadas. De acordo com a análise apresentada, foram confirmadas, total ou parcialmente, as hipóteses 2a, 2b e 3a. A hipótese 5 foi parcialmente confirmada. Já as hipóteses 1, 3b, 4a e 4b nao foram comprovadas.
Assim, como se confirma com as hipóteses 2a, 2b e 3a, o medo de isolamento é negativamente associado com a suscetibilidade de expressao da opiniao pessoal, já a congruencia entre a própria opiniao e o clima corrente de opiniao está positivamente relacionada com a suscetibilidade de se expressar. O que significa que, quanto maior o nivel do medo de isolamento, menor o desejo de se expressar. A percepçao de congruencia entre a própria opiniao e o clima corrente de opiniao, por outro lado, aumenta a suscetibilidade de expressao da opiniao.
Em alguns casos, o efeito em relaçao ao desejo de se expressar varia de acordo com o cenário comunicativo. Para o medo de isolamento, a comparaçao entre uma discussao presencial e qualquer contexto on-line é bastante similar, o que demonstra que os individuos tendem a se sentir mais a vontade para se expressar em um ambiente online, quando também se sentem a vontade em um contexto off-line.
Conforme observado, os respondentes foram, em geral, significativamente mais suscetiveis a expressar sua própria opiniao no contexto da discussao presencial em comparaçao com as outras situaçoes especificadas. A quinta hipótese obteve confirmaçao parcial. De acordo com o levantado inicialmente, os respondentes indicariam menor grau de suscetibilidade em manifestar suas opinioes em sites de redes sociais, quando comparados aos demais contextos on-line e off-line. No entanto, a hipótese se confirmou apenas na comparaçao entre sites de redes sočiais e o contexto off-line.
Nao se confirmaram neste artigo as hipóteses 1, 4a e 4b. Nao houve associaçao entre a exposiçao percebida e a expressao da opiniao e nao houve associaçao entre congruencia de opiniao futura e disposiçao para se expressar. É importante destacar, portanto, que a projeçao que as pessoas fazem do cenário atual é mais importante do que a avaliaçao que fazem da tendencia do clima de opiniao. Os respondentes que perceberam suas opinioes como coerentes com o clima de opiniao foram mais inclinados a declarar sua própria opiniao. Já a congruencia futura nao foi um preditor para a expressao.
Com relaçao a influencia da projeçao do clima de opiniao, é fundamental pontuar a importancia do contexto social em que o tema se insere. Os dados coletados para este artigo foram adquiridos de questionários aplicados dois meses após o reconhecimento constitucional do STF da uniao estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar, em 2011. Esse cenário gerou, possivelmente, uma projeçao da avaliaçao de um aumento da concordancia social em relaçao ao tema. O mesmo questionário, aplicado em contexto espaço-temporal diferente, pode gerar uma percepçao do clima corrente ou futuro de opiniao divergente, ainda que isso continue implicando no modo como as pessoas avaliam a congruencia entre as opinioes (individual e coletiva) e o impacto disso na disposiçao de expressar sua própria opiniao em contexto desfavorável.
Este artigo, portanto, traz um resultado importante no que diz respeito a compreensao da influencia de fatores externos aos pressupostos da teoria da espiral do silencio, confrontando o resultado de pesquisas anteriores (McDevitt, Kiousis e WhalJorgensen, 2003; Ho e McLeod, 2008), que sugerem que as discussoes mediadas por computador podem aliviar a hesitaçao daqueles que pertencem ao grupo minoritário, conduzindo a debates mais vigorosos do que os que ocorrem na comunicaçao face a face. Ao contrário, os dados apresentados demonstram que, em vários contextos dentro do ambiente on-line, os individuos tendem a se sentir menos a vontade para expressar uma opiniao quando percebem que ela é minoritária. A premissa de que o meio on-line proporciona um ambiente mais tranquilo para o debate é contestada aqui, visto que, conforme demonstrado neste artigo, os efeitos que atuam na espiral do silencio, ainda que possam ser atenuados em certos espaços, sao potencializados em outros, diminuindo a suscetibilidade de um individuo se expressar em alguns ambientes no meio on-line.
Uma questao metodológica que precisa ser destacada é a utilizaçao de survey para cenários hipotéticos. Nesse método de pesquisa, a verificaçao se baseia nas respostas do questionário e nao na açao efetiva dos individuos. Pesquisas futuras poderao procurar esses resultados em discussoes reais ou, ainda, analisar cada cenário separadamente. Dessa forma, além da possibilidade de observar as participaçoes reais e o desejo de expressar opinioes de forma imediata, os pesquisadores poderao examinar outros fatores e mecanismos subjacentes a expressao de opiniao, como a qualidade do argumento, por exemplo (Ho e McLeod, 2008).
Após a análise dos dados apresentados, retornamos a reflexao teórica na tentativa de compreender a interseçao entre a configuraçao do contexto em que as trocas comunicativas acontecem e os pressupostos da teoria da espiral do silencio (Noelle-Neumann, 1974). Em primeiro lugar, entendemos que a configuraçao da comunicaçao afeta o desejo dos individuos em expressar seus pontos de vista, fazendo com que a espiral do silencio aconteça de forma diferente nos vários contextos comunicativos. Essa configuraçao considera nao apenas a mediaçao tecnológica, mas todos os aspectos contextuais que envolvem o processo comunicativo - como o número de pessoas que participam da interaçao, quem sao essas pessoas, o quao visivel a fala se tornará uma vez tornada pública etc.
A expressao da opiniao, portanto, parece estar ligada as caracteristicas especificas de cada meio, em conjunto com os efeitos dos fatores sociopsicológicos que operam na espiral do silencio. Assim, este artigo contribui para uma melhor compreensao do impacto da mediaçao tecnológica na expressao da opiniao, apontando para a importancia de avaliar a extensao na qual os contextos comunicativos afetam a vontade dos individuos em expressar suas opinioes, considerando as características contextuais e diferenças de cada cenário no meio on-line e off-line.
Artigo submetido a publicaçao em 12 de junho de 2018.
Versao final aprovada em 2 de agosto de 2019.
2A ideia da percepçao da opiniao pública a partir do viés de projeçao é defendida, principalmente, pelos pesquisadores da hipótese do efeito de terceira pessoa (Davison, 1983), segundo a qual as pessoas tendem a superestimar a influencia que a comunicaçao de massa tem nas atitudes e comportamentos dos
outros, esperando que as mensagens midiáticas tenham um maior efeito nos outros do que neles mesmos. Entre estudos brasileiros, ver Gomes e Barros (2014) e Rossetto (2013).
3 Ver: "Ibope: 55% da populaçao é contra uniao civil gay". Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI252815-15228,00IBOPE+DA+POPULACAO + E+CONTRA+UNIAO+CIVIL+GAY.html>. Acesso em: 10 jun. 2018.
4 Ver: "Resoluçao sobre casamento civil entre pessoas do mesmo sexo é aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça". Disponível em: <http://www2.stf.jus.br/portalStfInternacional/cms/destaquesNewsletter.php?sigla = newsletterPortalIntern acionalDestaques&idConteudo=238515>. Acesso em: 10 jun. 2018.
5 Ver: "Casamento gay aumenta 51,7% desde que foi legalizado em 2013". Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/casamento-gay-aumenta-517-desde-que-foi-legalizado-em-2013/>. Acesso em: 10 jun. 2018.
6 Ver: "Quase metade dos brasileiros é contra casamento gay". Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/quase-50-dos-brasileiros-sao-contra-casamentos-gays/>. Acesso em: 10 jun. 2018.
7Interessante ressaltar que, no que diz respeito a sociedade brasileira em geral, aproximadamente 89% dos respondentes consideraram a maioria da populaçao como contraria a uniao civil. Quanto a rede social on-line, 60% dos entrevistados, aproximadamente, indicaram uma maioria favorável em suas redes. Outro dado é que, no que se refere ao circulo de convivencia fora da internet e a rede social on-line, apareceram respostas indicando os extremos (0% ou 100%), o que nao aconteceu nas outras duas estimativas - sociedade brasileira e internet em geral. Isso pode ser explicado, obviamente, pelo fato de os individuos se sentirem mais autorizados a julgar as situaçoes nas quais os "outros" estao mais próximos.
8O objetivo foi levar em conta a expressao da opiniao de forma geral, independentemente de se tratar de situaçoes de debate. Os sites de redes sociais considerados aqui, por exemplo, nem sempre configuram discussoes entre os indivíduos.
9O Critério de Informaçao de Akaike (AIC) é um método de seleçao de modelos em modelagem de dados. Ele é utilizado para comparar o ajustamento dos modelos buscando evidencias de um modelo que se destaque, a fim de selecionar o melhor entre eles.
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Anexo
Questionário
Olá, participante,
Este questionário faz parte de uma pesquisa sobre mídia e uniao civil entre pessoas do mesmo sexo. A pesquisa é realizada no interior do Programa de Pós-Graduaęao em Comunicaçao e Cultura Contemporáneas da Universidade Federal da Bahia (PósCom/UFBA).
O tempo estimado para responder o questionário é de 5 minutos. Desde já, agradecemos sua colaboraçao.
TODOS OS DADOS OBTIDOS POR MEIO DESTE QUESTIONÁRIO SAO CONFIDENCIAIS.
*Obrigatório
Idade·
0-17 anos
18-24 anos
25-34 anos
35-49 anos
50-64 anos
65 anos ou mais
Sexo·
feminino
masculino
Estado civil·
solteiro(a)
casado(a)
separado(a)/divorciado(a)/desquitado(a)
viúvo(a)
Renda familiar em R$·
545,00 ou menos
entre 545,00 e 1.635,00
entre 1.635,00 e 3.270,00
entre 3.270,00 e 4.905,00
mais de 4.905,00
Número de pessoas no núcleo familiar·
(Contando com seus pais, irmaos ou outras pessoas que moram em uma mesma casa)
Duas pessoas
Tres
Quatro
Cinco
Mais de seis
Moro sozinho(a)
Escolaridade·
sem estudo escolar
ensino fundamental incompleto
ensino fundamental completo
ensino médio incompleto
ensino médio completo
ensino superior incompleto
ensino superior completo
Vínculo empregatício·
aposentado/pensionista
autônomo
empresário
estudante
funcionário público
funcionário com registro CLT
profissional liberal
Onde reside·
Escolher
Quantos dias na semana passada voce assistiu a TV aberta?·
0 1 2 3 4 5 6 7
OOOOOOOO
Quantos dias na semana passada voce assistiu a TV fechada?·
0 1 2 3 4 5 6 7
OOOOOOOO
Quantos dias na semana passada voce assistiu a TVs locais?·
0 1 2 3 4 5 6 7
OOOOOOOO
Quantos dias na semana passada voce leu jornais impressos?·
0 1 2 3 4 5 6 7
oooooooo
Quantos dias na semana passada voce leu jornais on-line?·
0 1 2 3 4 5 6 7
OOOOOOOO
Classifique o quanto voce se sente a vontadé para expressar sua opiniao a respeito da uniao entre pessoas do mesmo sexo nas seguintes situaçöes, de acordo com uma escala de 0 (nao me sinto a vontade) a 4 (totalmente a vontade). ·
1 2 3 4 5
Classifique os itens abaixo em uma escala de 1 (discordo fortemente) a 5 (concordo fortemente) de acordo com seu nível de concordância com relaçao as afirmativas.·
1 2 3 4 5
Eu me preocupo em ficar isolado se as pessoas nao concordam comigo.
Eu evito falar para outras pessoas o que eu penso quando existe um risco de elas me evitarem se souberem minha opiniáo.
Eu näo gosto de entrar em discuss&es polémicas.
Discutir sobre temas polémicos aperfeiçoa minha inteligencia.
Eu gosto de uma boa discussáo sobre um tema polémico.
Dos itens abaixo, marque aqueles que voce utiliza:·
Orkut
Sala de bate-papo (ex. bate-papo UOL, Terra Chat etc.)
Fóruns de discussao on-line
Classifique o quanto voce considera que a sua imagem/pessoa está exposta nas seguintes situaçöes, de acordo com uma escala de 0 (nenhuma exposiçao) a 4 (total exposiçao)·
0 1 2 3 4
No Twitter
No Facebook
No Orkut
Em uma Sala de bate-papo (ex. bate-papo UOL, Terra Chat, etc)
Em fóruns de discussäo online
Em uma discussäo presencial
De 0 a 4, indique o grau de atençao que voce dedica ao tema uniao civil entre pessoas do mesmo sexo, em jornais impressos.·
0 1 2 3 4
De 0 a 4, indique o grau de atençao que voce dedica ao tema uniao civil entre pessoas do mesmo sexo, em jornais on-line.·
0 1 2 3 4
De 0 a 4, indique o grau de atençao que voce dedica ao tema uniao civil entre pessoas do mesmo sexo, no noticiário televisivo.·
0 1 2 3 4
Qual a sua opiniao a respeito da regulamentaçao da uniao civil entre pessoas do mesmo sexo?·
Sou contra
Sou a favor
Nao tenho opiniao formada
De acordo com a sua percepçao, indique, em porcentagem, quantas pessoas na sociedade brasileira em geral concordam com a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo.·
0%
de 1% a 25%
de 26% a 50%
de 51% a 75%
de 76% a 99%
100%
De acordo com a sua percepçao, indique, em porcentagem, quantas pessoas do seu círculo de convivencia fora da internet concordam com a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo.·
0%
de 1% a 25%
de 26% a 50%
de 51% a 75%
de 76% a 99%
100%
De acordo com a sua percepçao, indique, em porcentagem, quantas pessoas da sua rede social online (Orkut, Facebook, Twitter) concordam com a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo.·
0%
de 1% a 25%
de 26% a 50%
de 51% a 75%
de 76% a 99%
100%
De acordo com a sua percepçao, indique, em porcentagem, quantas pessoas na internet, de modo geral, concordam com a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo.·
0%
de 1% a 25%
de 26% a 50%
de 51% a 75%
de 76% a 99%
100%
Na sua percepçao, qual é a tendencia futura da opiniao das pessoas em geral, na sociedade brasileira, com relaçao a concordancia com a uniao civil entre pessoas do mesmo sexo?·
irá aumentar
continuará a mesma
irá diminuir
Classifique o quanto você se sente à vontade para expressar sua opinião a respeito da união entre pessoas do mesmo sexo nas seguintes situações, de acordo com uma escala de 0 (não me sinto a vontade) a 4 (totalmente a vontade). ·
(Mesmo que voce nao seja usuário dessas ferramentas, estime o quanto estaría exposto caso utilizasse)
0 12 3 4
No Twitter
No Facebook
No Orkut
Em uma Sala de bate-papo (ex. bate-papo UOL, Terra Chat, etc)
Em fóruns de discussāo online
Em uma discussāo presencial
Orientaçao sexual·
Homossexual
Heterossexual
Bissexual
Nao sabe
Qual a sua religiao?·
Católica
Protestante ou Evangélica
Espirita
Umbanda ou Candomblé
Outra
Sem religiao
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Abstract
Este artigo tem como objetivo investigar como fatores contextuais podem afetar os processos sociopsicológicos especificados pela teoria da espiral do silencio, como o medo de isolamento e a congruencia de opiniao. Os contextos para este artigo foram divididos em ambientes on-line - sites de redes sociais, salas de bate-papo e fóruns de discussao on-line - e comunicaçao face a face. Os dados foram obtidos a partir da aplicaçao de questionários on-line sobre a opiniao a respeito da uniao civil entre pessoas do mesmo sexo. Com um total de 226 formulários preenchidos, os dados coletados receberam tratamento estatístico para a realizaçao do teste das hipóteses. A análise dos dados demonstrou que a expressao da opiniao está ligada a fatores que se relacionam com as características específicas de cada meio/ambiente em que a opiniao é expressa, em conjunto com os fatores sociopsicológicos que operam na espiral do silencio. Ou seja, a configuraçao da comunicaçao afeta o desejo dos indivíduos em expressar seus pontos de vista, fazendo com que a espiral do silencio aconteça de forma diferente em cada contexto específico.