Submetido 07/04/2020 - Aceito 18/12/2020
DOI: 10.15628/holos.2020.9862
RESUMO
O objetivo foi avaliar a influencia da conservação [refrigeração a 5°C e vitrificação] sobre tecidos somáticos de catetos. O experimento foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa, fragmentos foram refrigerados por 24 (R-24) e 48 h (R-48) e comparados com amostras não refrigeradas (C). Na segunda etapa, fragmentos foram refrigerados por 24 (RV-24) e 48 h (RV-48) seguidos da vitrificação, e comparados com fragmentos apenas vitrificados (V). Na primeira etapa, embora a espessura da epiderme não tenha sido afetada pela refrigeração por 48 h, a espessura da derme foi reduzida tanto no período de 24 h quanto de 48 h. Além disso, enquanto uma redução de fibroblastos dérmicos foi apenas evidenciada no grupo R-48, o aumento de halos perinucleares da epiderme foi observado em todos os grupos refrigerados. Na segunda etapa, tanto a espessura da epiderme, quanto da derme e total foram afetadas pela vitrificação após a refrigeração por 48 h. Além disso, enquanto uma redução de fibroblastos dérmicos foi apenas evidenciada no grupo RV-48, o aumento de halos perinucleares da epiderme foi observado em todos os grupos vitrificados. Assim, independente do período de armazenamento, a refrigeração afetou a qualidade dos tecidos somáticos de catetos, sendo esses efeitos acentuados quando os fragmentos foram refrigerados por 48 h e vitrificados. Portanto, sugere-se, quando necessário, o período de 24 h de refrigeração para amostras somáticas derivadas de catetos que irao ainda ser vitrificadas.
PALAVRAS-CHAVE: mamíferos silvestres, criopreservaçao tecidual, refrigeração de amostras somáticas.
ABSTRACT
The aim was to evaluate the influence of conservation [refrigeration at 5°C and vitrification] on somatic tissues derived from collared peccaries. The experiment was divided into two stages. In the first step, fragments were refrigerated for 24 (R-24) and 48 h (R-48) and compared with non-refrigerated samples (C). In the second step, fragments were refrigerated for 24 (RV-24) and 48 h (RV-48) followed by vitrification and compared with vitrified fragments (V). In the first step, although the thickness of the epidermis was not affected by refrigeration for 48 h, the thickness of the dermis was reduced in both the 24 h and 48 h periods. Moreover, while a reduction in dermal fibroblasts was only evident in the group R-48, the increase in perinuclear halos of the epidermis was observed in all groups. In the second step, both the thickness of the epidermis, the dermis and the total were affected by vitrification after refrigeration for 48 h. Additionally, while a reduction in dermal fibroblasts was only evident in the group RV-48, an increase in perinuclear halos of the epidermis was observed in all vitrified groups. Thus, regardless of the storage period, refrigeration affected the quality of the somatic tissues of collared peccaries, these effects being accentuated when the fragments were refrigerated for 48 h and vitrified. Therefore, it is suggested, when necessary, the 24 h refrigeration period for somatic samples derived from collared peccaries that will still be vitrified.
KEYWORDS: wild mammals, tissue cryopreservation, refrigeration of somatic samples.
1 INTRODUÇAO
Os catetos, mamíferos da família Tayassuidae, pertencentes a ordem Artiodátila, sao exclusivos na América e estao amplamente distribuídos desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, sendo encontrados em todo o território brasileiro e ocupando os mais diversos ambientes (Minervino et al., 2014). Atualmente, segundo a Uniao Internacional para a conservação da Natureza (IUCN, 2020), sua populaçao é estável, estando a espécie classificada como menos preocupante. Contudo, em virtude das taxas continuas de destruiçao de habitats (Desbiez et al., 2012), a crescente caça predatória e por estarem em algumas regiÐes considerados como praga agrícola (Mayor et al., 2007), o status populacional requer monitoramento.
Nesse sentido, a otimizaçao de protocolos relacionados a conservação de material genético, visando seu posterior uso em biotecnologías, torna-se uma ferramenta interessante para a manutençao desta espécie. Nesse cenário, estudos relacionados a conservação de tecido ovariano (Lima et al., 2014), testicular (Silva et al., 2019) e somático (Borges et al., 2017) já foram desenvolvidos em catetos. Especificamente quanto a este último exemplo, amostras somáticas tem se tornando uma alternativa importante para a conservação da biodiversidade, uma vez que esse tipo de amostra permitem uma maior representaçao populacional da espécie de interesse (Pereira et al., 2019) e as células oriundas desses tecidos podem ser empregadas na clonagem por transferencia nuclear de células somáticas (Sharma et al., 2018).
Assim, como técnicas de conservação de tecidos somáticos usadas em mamíferos silvestres, tem-se a criopreservaçao por congelaçao lenta (Caamaño et al., 2008), por vitrificação (Borges et al., 2017) e a refrigeração (Queiroz Neta et al., 2018). Esta última tem sido empregada especialmente para o transporte ou conservação em curto prazo de tecidos somáticos de indivíduos localizados em regiÐes de difícil acesso ou distantes dos laboratórios especializados (Tovar et al., 2008). Já a vitrificação tem sido o método de escolha quando comparado a congelaçao lenta para a conservação em longo período de tempo (Silvestre et al., 2003).
Embora tanto a refrigeração quanto a vitrificação possam ser empregadas na conservação de tecidos somáticos de mamíferos silvestres, é interessante conhecer o efeito dessas ferramentas sobre a qualidade e a viabilidade celular, especialmente quanto a influencia da refrigeração sobre a vitrificação de tecidos somáticos (Silvestre et al., 2004). Nos estudos realizados por Silvestre et al. (2003) em mamíferos domésticos (leporinos e suínos), os autores observaram que a conservação a 4°C de fragmentos da pele resultou em um aumento no tempo de manipulaçao da pele desde a colheita até o processamento no laboratório, minimizando os efeitos negativos, como alterações patológicas e necrose tecidual.
Além disso, quando o transporte de amostras somáticas é realizado a 35°C ou a temperaturas superiores a 20°C, tais cond^Ðes podem interferir na viabilidade tecidual até o momento da criopreservaçao (Silvestre et al., 2003). Isso porque tais temperaturas podem expor as amostras a contaminaçÐes microbiológicas, acelerando a morte das células (Silvestre et al., 2002).
Nesse sentido, faz-se necessário o estabelecimento de pelo menos dois períodos de tempo, dentro de até dois dias (48 h), na tentativa de mimetizar as condiçöes em que a colheita de amostras somáticas seja de individuos distantes do laboratorio em questao, seguido da vitrificação. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a influencia da conservação [refrigeração a 5°C por 24 h ou 48 h e vitrificação] sobre tecidos somáticos derivados de catetos.
2 METODOLOGIA
O presente estudo foi aprovado pelo Comité de Ética de Uso de Animais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (CEUA/UFERSA, no. 23091.001072/2015-92), bem como pelo Instituto Chico Mendes de conservação da Biodiversidade (ICMBio, no. 48633-2). O desenho experimental foi dividido em duas etapas. A primeira etapa consistiu na avaliaçao da refrigeração a 5°C na conservação de tecidos somáticos, comparando os seguintes grupos: i) fragmentos não refrigerados (25-26°C, controle), ii) fragmentos refrigerados a 5°C por 24 h (R-24) e iii) fragmentos refrigerados a 5°C por 48 h (R-48). A segunda etapa consistiu na avaliaçao da refrigeração a 5°C sobre a vitrificação de tecidos somáticos, comparando os seguintes grupos: i) fragmentos apenas vitrificados (vitrificação) (V), ii) fragmentos refrigerados a 5°C por 24 h e vitrificados (RV-24) e iii) fragmentos refrigerados a 5°C por 48 h e vitrificados (RV-48). Para os grupos das duas etapas, análises foram realizadas nos fragmentos utilizando a coloraçao de hematoxilina-eosina.
Para tanto, um total de quatro animais (um animal = uma repetiçao) com idade entre trés a cinco meses, do género masculino, provenientes do CEMAS/UFERSA (IBAMA, no.12.492-0004) foi utilizado. No CEMAS, a identificaçao dos catetos é realizada com cortes na regiao apical do pavilhao auricular (1-2 cm2) com o auxilio de um alicate e esses fragmentos foram usados nos experimentos. Após a biopsia de pele, as amostras foram lavadas com álcool a 70% e transportadas imediatamente ao laboratorio a 5°C. No laboratorio e sob fluxo laminar, as amostras foram tricotomizadas, fragmentadas em 9,0 mm3 e divididas aleatoriamente entre as etapas experimentais. Cada grupo conteve fragmentos de todos os animais, sendo quatro fragmentos por animal, totalizando quatro animais e 16 fragmentos em cada grupo.
Para a refrigeração, os fragmentos foram armazenados na ausencia de meio a 5°C em tubos cónicos de 15 mL, previamente identificados de acordo com cada animal e período de armazenamento. A temperatura do refrigerador (5°C a 5,4°C) foi verificada utilizando termómetro ambiental, conforme realizado por Okonkwo e Singh (2014).
Para a criopreservaçao das amostras somáticas foi realizada a vitrificação em superficie sólida, conforme Borges et al. (2017), tendo como soluçao de vitrificação aquela estabelecida por Borges et al. (2018): meio essencial mínimo modificado por Dulbecco (DMEM) contendo 10% de soro fetal bovino (SFB), 3,0 M de etilenoglicol (EG) e 0,25 M de sacarose. Após o período de refrigeração, de acordo com o desenho experimental, os fragmentos foram expostos a 1,8 mL de soluçao de vitrificação por 5 min e, em seguida, secos em papel absorvente. Posteriormente, os fragmentos foram colocados individualmente sobre uma superfície cúbica de metal parcialmente submersa em nitrogenio líquido, transferidos em seguida para criotubos e armazenados em nitrogenio líquido. Após duas semanas, os criotubos foram mantidos por 1 min a 25°C e, em seguida, imersos em banho-maria a 37°C. Para remoçao do crioprotetor, os fragmentos foram lavados tres vezes por 5 min em DMEM acrescido de 10% de SFB e sacarose em concentraçöes decrescentes (0,50; 0,25 e 0,0 M).
Para o processamento histológico, todos os procedimentos foram realizados conforme descrito por Borges et al. (2017) com modificaçöes. Para tanto, os fragmentos foram imediatamente após processamento fixados em paraformaldeído a 4%, desidratados por sucessivas lavagens com soluçöes de etanol em concentraçöes crescentes e diafanizados em xilol. Posteriormente, foram inclusos em parafina, seccionados em cortes seriados de 7,0 pm e corados com hematoxilina e eosina. A caracterizaçao da epiderme foi realizada de acordo com a quantificaçao dos parámetros de espessura em micrômetros e número de halos perinucleares, os quais estes últimos sao indicativos de inicio do apoptose celular (Queiroz Neta et al., 2018). Já a caracterizaçao da derme foi realizada de acordo com a quantificaçao dos parámetros de espessura em micrômetros e número de fibroblastos (Sharma et al., 2018). Adicionalmente, a espessura total das camadas da pele foi mensurada em micrômetros. Sob microscopia de luz em objetiva de 40x, foram obtidas 20 imagens aleatórias para cada grupo/animal e analisadas quantitativamente utilizando o software Image J versao 1.49. Comparaçöes foram realizadas entre fragmentos não refrigerados e refrigerados; vitrificados e refrigerados seguidos da vitrificação.
Finalmente, para a análise estatística, os dados foram expressos como média ± desvio padrao e analisados usando o programa GraphPad Prism a uma significáncia de P < 0,05. Todos os dados foram submetidos ao teste de normalidade. não passando pelo teste de normalidade, os valores não foram transformados e foi aplicado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis associado com teste de Dunn (múltiplas comparaçöes).
3RESULTADOS E DISCUSSOES
3.1 Influencia da refrigeração na conservação de tecidos somáticos
As características morfológicas das camadas da pele derivada de catetos não criopreservada (controle) e refrigerada a 5°C por 24 h (R-24) e 48 h (R-48) sao mostradas na Figura 1. Inicialmente, quando apenas a refrigeração a 5°C foi avaliada na conservação de tecidos somáticos, nós observamos que o período de 48 h (R-48) afetou todos os parámetros histológicos analisados, exceto a espessura da epiderme, a qual se manteve similar ao grupo de amostras não refrigeradas (Tabela 1). Esse resultado pode ser explicado pelas características que a epiderme possui, a qual é de origem ectodérmica e avascular, apresentando diferentes camadas, sendo estas, a camada basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea bem queratinizada (Hib, 2003). Assim, essa arquitetura pode ter contribuído para que a espessura da epiderme não sofresse modificaçöes quando submetida a refrigeração, uma vez que esta funciona como barreira de proteçao.
Enquanto a derme, de origem mesodérmica e ricamente vascularizada, é a principal responsável pela maior parte da espessura da pele (Summerfield et al., 2015), na qual tem apresentando em nossos resultados uma retraçao em sua espessura quando submetida a refrigeração. Adicionalmente, ambas as camadas da pele (epiderme e derme) possuem diferenças, quanto ao tipo de células na qual apresentam especificidades diferentes, quantidade de matriz extracelular que estar relacionada com o suporte e auxilio estrutural destas camadas, e a presença do suprimento vascular, no qual proporciona uma oxigenaçao e nutriçao das células, garantindo assim a sua manutençao, sao fatores que podem justificar a ausencia de efeitos negativos do periodo de 48 h (R-48) sobre a espessura da epiderme.
Por outro lado, ambos os periodos de refrigeração causaram uma redução da espessura da derme e da pele total de catetos. Em pele humana, Sterne et al. (2000) demostraram que a conservação a 4°C resultou na perda de substancia celular e, consequentemente, na redução da espessura da pele, ocasionado pela redução do fornecimento sanguíneo, nutriçao ineficiente e baixa funcionalidade celular.
Além disso, enquanto uma redução de fibroblastos dérmicos foi apenas evidenciada no grupo de fragmentos refrigerados por 48 h (R-48), o aumento de halos perinucleares da epiderme foi observado em todos os grupos refrigerados, sendo acentuado nos fragmentos refrigerados por 48 h (R-48) (Tabela 1). Assim, o presente estudo demonstrou que a refrigeração a 5°C por 24 h (R24) conservou de maneira eficiente os fibroblastos dérmicos. Contudo, quando a refrigeração foi realizada por 48 h (R-48) ocorreu uma redução do número de fibroblastos. Tal afirmativa pode ser justificada porque a ausencia de oxigenio por tempo prolongado (> 24 h) promoveu um aumento na morte das células (Singh e Ma, 2014).
A presença de halos perinucleares da epiderme foi evidenciada em todos os fragmentos refrigerados, sendo seu quantitativo acentuado quando a refrigeração foi de 48 h (R-48) (Tabela 1). Sterne et al. (2000) afirmaram que a refrigeração causa na pele humana não somente a formaçao de halos, mas também de lesÐes nucleares e formaçao de vacúolos. A formaçao de halos, segundo Boekema et al. (2015), seriam sinais da redução da viabilidade teciduais, uma vez que esses halos indicam inicio do processo de morte das células.
Queiroz Neta et al. (2018), trabalhando também com refrigeração de tecidos somáticos de catetos na ausencia de meio por 10, 30 e 50 dias, também evidenciaram a formaçao de halos em valores superiores a 50 halos em tecidos refrigerados por 10 dias. No presente estudo, nós observamos valores similares apenas na conservação a 5°C por 48 h (R-48), evidenciando que já no segundo dia de conservação, a formaçao de halos ocorre. Embora a refrigeração possa causar efeitos deletérios sobre as amostras somáticas, é sabido que seu papel é importante na conservação de amostras somáticas de individuos localizados em regiÐes de difícil acesso ou distante de laboratórios especializados (Tovar et al., 2008). Desta maneira, conhecer as cond^Ðes adequadas de estocagem promovem seu uso de modo eficiente, como observado em algumas espécies, como bovinos (Silvestre et al., 2004), mamíferos silvestres do Chile (Tovar et al., 2008), e ovinos (Singh et al., 2011).
Adicionalmente, Walcott e Singh (2017) demostraram a influencia positiva da refrigeração de tecido somático, podendo prolongar o tempo de recuperaçao das amostras somáticas após a morte do animal. Nesse estudo, os autores observaram que células de tecidos somáticos bovinos com características morfológicas e cromossômicas estáveis puderam ser recuperadas até cerca de semanas de tecidos armazenados a 25°C e por até seis semanas de tecidos refrigerados a 4°C.
3.2 Influencia da refrigeração sobre a vitrificação de tecidos somático
As características morfológicas das camadas da pele derivada de catetos não refrigerada e vitrificada (vitrificação), refrigerada a 5°C por 24 h e vitrificada (RV-24) e refrigerada a 5°C por 48 h e vitrificada (RV-48) sao mostradas na Figura 2.
Na segunda etapa, tanto a espessura da epiderme, quanto da derme e pele total foram afetadas pela vitrificação após a refrigeração por 48 h (RV-48) (P < 0,05, Tabela 2). Assim, a refrigeração seguida da vitrificação por 24 h (RV-24) afetou somente o número de halos perinucleares, enquanto a refrigeração por 48 h (RV- 48) afetou a qualidade dos tecidos somáticos de catetos em todos os parámetros avaliados. Ainda quando avaliamos a influencia da refrigeração a 5°C sobre a vitrificação de tecidos somáticos de catetos, observamos que somente a refrigeração por 48 h (RV-48) afetou todos os parámetros de qualidade dos tecidos vitrificados. Tal afirmativa pode ser explicada porque os efeitos deletérios da refrigeração por 48 h (RV-48) foram somados aos efeitos deletérios dos crioprotetores e do procedimento de vitrificação (Erdag et al., 2002).
Além disso, enquanto uma redução de fibroblastos dérmicos foi apenas evidenciada no grupo RV-48, o aumento de halos perinucleares da epiderme foi observado em todos os grupos vitrificados, sendo acentuado nos fragmentos refrigerados por 48 h e vitrificados (RV-48) (Tabela 2). De acordo com Silvestre et al. (2004), isso pode ser justificado devido a uma interaçao entre a temperatura de armazenamento e o tratamento da amostra, vitrificação, neste caso, uma vez que amostras armazenadas a 4°C obtiveram um declínio acentuado na sobrevivencia celular em comparaçao com amostras armazenadas em temperaturas a 22-25°C. Assim, a queda na viabilidade tecidual pode ser acompanhada pelo surgimento de células apoptóticas, resultando em células perinucleares ou halos (Boekema et al., 2015).
Os crioprotetores possibilitam que a funcionalidade celular seja recuperada após o armazenamento prolongado em baixas temperaturas (Elliott et al., 2017). Contudo, a toxicidade desses agentes é um dos principais fatores que pode vir a interferir na criopreservaçao de tecidos (Lewis et al., 2016). O estresse osmótico está diretamente relacionado com a criopreservaçao de tecidos e seu excesso pode vir a afetar a estrutura proteica, reduzir a atividade enzimática, causando danos no DNA e morte celular por apoptose (Best, 2015).
Adicionalmente, o contato direto dos crioprotetores com a membrana das células é responsável pelo surgimento de danos celulares, de modo a ocasionar uma permeabilizaçao (Ménorval et al., 2012), ou desidrataçao osmótica (Simonin et al., 2007). A membrana celular apresenta uma ótima capacidade de absorçao a água quando comparada aos crioprotetores. Assim, a exposiçao das células aos crioprotetores dá inicio um processo de desidrataçao, bem como a captaçao de agentes crioprotetores e água. Em seguida, a célula induz as suas condiçöes isotônicas e caso ocorra o excesso de tolerancia osmótica na célula, pode ocorrer a saida de solutos intracelulares e danos irreversiveis associados a desidrataçöes graves (Sydykov et al., 2018).
Contudo, estudos que abordem o conhecimento a respeito das condiçöes de conservação de tecidos que antecedem o tratamento de criopreservaçao, de modo a proporcionar as características celular e tecidual normais, ainda sao escassos (Silvestre et al., 2004). Em 2003, Silvestre et al., avaliaram os efeitos do armazenamento (4°C, 22-25 e 35°C) por 240, 72 e 24 h postmortem seguidos da vitrificação de tecido da pele de leporinos e suinos, onde observou-se a capacidade de proliferaçao após o aquecimento. Os dados demostraram que a vitrificação foi positiva na conservação, visto que em suinos em todos os parámetros testados obteve-se sobrevivencia após o aquecimento da vitrificação, enquanto em leporinos apenas os fragmentos armazenados a 35°C durante 24 h não apresentaram sobrevivencia. Já em 2004, Silvestre et al., avaliaram por meio do cultivo in vitro o efeito da vitrificação sobre o armazenamento em diferentes temperaturas e tempo após óbito do animal (4°C - 12, 252 e 348 h; 22 a 25°C - 60 e 90 h) em tecido da pele de bovinos, caprinos e ovinos. No entanto, foi evidenciado diferenças entre os grupos não vitrificados e vitrificados quando a pele foi armazenada a 4° C por 12 e 252 h. Além disso, os fragmentos teciduais armazenados a 4 °C apresentaram maior tempo para atingir a subconfluencia quando comparada as amostras armazenadas a 22- 25 °C. Assim, a vitrificação é eficiente e válida para a conservação do material genético destas espécies.
Portanto, o estabelecimento das condiçöes de refrigeração a 5°C é interessante, pois permite a conservação de amostras somáticas de espécies silvestres ameaças ou não de extinçao, e que tais condiçöes visam manter a viabilidade do material biológico de interesse. Além disso, é importante ressaltar que o intuito deste estudo foi avaliar condiçöes de armazenamento, visando estabelecer metodologias simples e de baixo custo, considerando situaçöes adversas de localizaçao desses animais.
4CONCLUSAO
Independente do período de armazenamento, 24 h ou 48 h, a refrigeração a 5°C na ausencia de meio nutritivo afetou a qualidade dos tecidos somáticos de catetos, sendo esses efeitos acentuados quando os fragmentos foram refrigerados por 48 h e vitrificados. Portanto, sugere-se, quando necessário, o período de 24 h de refrigeração na ausencia de meio nutritivo para amostras somáticas derivadas de catetos que irao ainda ser vitrificadas.
COMO CITAR ESTE ARTIGO:
Silva, M. B., Queiroz Neta, L. B. de, Oliveira, L. R. M. de, Nascimento, M. B. do, Aquino, L. V. C. de, Borges, A. A., Santos, M. V. de O., Pereira, A. F. (2020). conservação de tecidos somáticos de catetos (pecari tajacu linnaeus, 1758) submetido a diferentes condiçöes de armazenamento. Holos. 36(7), 1-14.
SOBRE OS AUTORES
M. B. Silva
Bacharel em Biotecnología pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)(2013-2018), Atualmente, mestranda do Programa de Pos-Graduaçao em Ciencia Animal, da UFERSA, sob a orientaçao da Profa. Dra. Alexsandra Fernandes Pereira, com atuaçao na área de Ciencias Agrárias, com enfase em Morfofisiologia e Biotecnologia Animal. UFERSA. Membro do Laboratorio de Biotecnologia Animal (LBA) sob a orientaçao da Profa. Dra. Alexsandra Fernandes Pereira. E-mail: [email protected] ORCID ID: http://orcid.org/0000-0001-5745-3279
L. B. de Queiroz Neta
Luiza Bento de Queiroz Neta possui graduaçao em Biotecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2011- 2015). Foi aluna de iniciaçao científica da Universidade Federal Rural do Semi-Árido no Laboratorio de Biotecnologia Animal (UFERSA/LBA), sob a orientaçao da Profa. Dra. Alexsandra Fernandes Pereira. Possui mestrado em Ciencia Animal (2016-2017) pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Tem experiencia na área de Biotecnologia com enfase em biotécnicas aplicadas a conservação e reproduçao animal (cultivo celular, partenogenese, fecundaçao in vitro e transferencia nuclear de células somáticas). E-mail: [email protected] ORCID ID: http://orcid.org/0000-0001-9267-6988
L. R. M. de Oliveira
Bacharela em Biotecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA. Atual mestranda do Programa de Pos-Graduaçao em Ciencia Animal (CAPES) pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Atuando no Laboratorio de Biotecnologia Animal (UFERSA/LBA), sob a orientaçao da Profa. Dra. Alexsandra Fernandes Pereira, desenvolvendo atividades de análise de qualidade oocitária, maturaçao in vitro de oócitos, produçao in vitro de embrides, cultivo in vitro de células somáticas, conservação de animais silvestres, criopreservaçao e análises celulares. E-mail: [email protected] ORCID ID: http://orcid.org/0000-0002-7292-6908
M. B. do Nascimento
ossui graduaçao no curso Bacharel de Biotecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2016-2019). Durante a graduaçao, foi aluno bolsista no programa de Iniciaçao Científica Institucional. Atualmente, é aluno mestrando do Programa de Pos-Graduaçao em Ciencia Animal (PPGCA/UFERSA). Além disso, é integrante do Laboratorio de Biotecnologia Animal (LBA/UFERSA), onde desenvolve pesquisas na área de Morfofisiologia e Biotecnologia Animal aplicadas a conservação de espécies silvestres (Histologia, Cultivo in vitro e Produçao in vitro de embrides) sob orientaçao da Profa. Dra. Alexsandra Fernandes Pereira. E-mail: matheus_mbn@hotmail. com ORCID ID: http://orcid.org/0000-0003-2661-0846
L. V. C. de Aquino
Leonardo Vitorino Costa de Aquino possui graduaçao no curso Bacharel de Biotecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2016-2019). Durante a graduaçao, foi aluno bolsista no programa de Iniciaçao Científica Institucional (PICI/UFERSA, 2018-2019). Atualmente, é aluno mestrando do Programa de Pós-Graduaçao em Ciencia Animal (PPGCA/UFERSA). Além disso, é integrante do Laboratório de Biotecnologia Animal (LBA/UFERSA), onde desenvolve pesquisas na área de Morfofisiologia e Biotecnologia Animal aplicadas a conservação de espécies silvestres (Histologia, Cultivo in vitro e Produçao in vitro de embrides) sob orientaçao da Profa. Dra. Alexsandra Fernandes Pereira. E-mail: [email protected] ORCID ID: http://orcid.org/0000-0001-7192-7581
A. A. Borges
Alana Azevedo Borges possui graduaçao em Biotecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2010 - 2015) com período sanduíche (2012 - 2013) pelo Programa Ciencias sem Fronteiras em Biotecnología pela Universitat de Lleida, Espanha. Licenciatura em Biologia pelo Centro Universitário Claretiano (2016 - 2018). Possui mestrado em Ciencia Animal (2015-2016) pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Atualmente, está concluindo seu doutorado pelo Programa de P0s-Graduaçao em Ciencia Animal na UFERSA. É integrante do Laboratório de Biotecnologia Animal (LBA/UFERSA) onde desenvolve pesquisas com enfase em morfofisiologia, biotécnicas aplicadas a conservação e reproduçao animal (histologia, desenvolvimento embrionário, avaliaçao do ciclo celular, cultivo in vitro,criopreservaçao, partenogenese, fecundaçao in vitro e transferencia nuclear de células somáticas) sob a orientaçao da Profa. Dra. Alexsandra Fernandes Pereira. E-mail: [email protected] ORCID ID: http://orcid.org/0000-0002-7118-261X
M. V. de O. Santos
Maria Valéria de Oliveira Santos é graduada em Biotecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), possui mestrado em Ciencia Animal (2016-2018) pela UFERSA e, atualmente, é doutoranda do Programa de P0s-Graduaçao em Ciencia Animal (PPGCA). Como integrante do Laboratório de Biotecnologia Animal (LBA/UFERSA), desenvolve estudos com enfase na produçao in vitro de embrides em mamíferos domésticos e biotécnicas aplicadas a conservação animal, sob a orientaçao da Profa. Dra. Alexsandra Fernandes Pereira. E-mail: [email protected] ORCID ID: http://orcid.org/0000-0002-4293-507X
A. F. Pereira
Alexsandra Fernandes Pereira possui graduaçao em Química pela Universidade Estadual do Ceará (2001-2004), mestrado (2005-2006) e doutorado em Ciencias Veterinárias (2007-2010) na mesma instituiçao, com estágio doutorado-sanduíche pela Universidade de Buenos Aires, Argentina. Possui pós-doutorado em transgenese animal através do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) do CNPq (2011-2013). Desde 2013, é professora do curso de graduaçao em Biotecnologia e do Programa de Pós-Graduaçäo em Ciencia Animal (PPCA), do Departamento de Ciencias Animais (DCAN), da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), ministrando as disciplinas de Histologia e Embriologia Animal, Cultura Celular Básica, Biotecnologia Animal e Técnicas avançadas de manipulaçao embrionária. Atualmente, é professora Adjunta C, nível 1, orientadora de doutorado, mestrado e iniciaçao científica. Responsável técnica do Laboratório de Biotecnologia Animal (LBA/UFERSA) onde desenvolve pesquisas com enfase em biotécnicas aplicadas a conservação e reproduçao animal (cultivo celular, partenogenese, fecundaçao in vitro e transferencia nuclear de células somáticas). E-mail: [email protected] ORCID ID: http://orcid.org/0000-0003-2137-854X
Editor(a) Responsável: Francinaide de Lima Silva Nascimento
Pareceristas Ad Hoc: DANIELLE PAES-BRANCO E FELIPE DOS SANTOS
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Abstract
ABSTRACT The aim was to evaluate the influence of conservation [refrigeration at 5°C and vitrification] on somatic tissues derived from collared peccaries. In the first step, although the thickness of the epidermis was not affected by refrigeration for 48 h, the thickness of the dermis was reduced in both the 24 h and 48 h periods. [...]while a reduction in dermal fibroblasts was only evident in the group R-48, the increase in perinuclear halos of the epidermis was observed in all groups. In the second step, both the thickness of the epidermis, the dermis and the total were affected by vitrification after refrigeration for 48 h. Additionally, while a reduction in dermal fibroblasts was only evident in the group RV-48, an increase in perinuclear halos of the epidermis was observed in all vitrified groups. [...]of the storage period, refrigeration affected the quality of the somatic tissues of collared peccaries, these effects being accentuated when the fragments were refrigerated for 48 h and vitrified. [...]it is suggested, when necessary, the 24 h refrigeration period for somatic samples derived from collared peccaries that will still be vitrified.
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