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Num mundo em rápida transformação, em que questões como a transição digital, a inteligência artificial dominam os estudos em diversas áreas científicas, em que a ciência questiona a sustentabilidade da vida e do planeta face ao modelo de desenvolvimento capitalista, determinados eventos, como a recente crise pandémica e as perdas associadas à mesma, reforçam a importância de regressar a ideias que parecem simples, mas que são fundamentais quando se quer fazer uma investigação que tenha impacto na sociedade no sentido de a tornar mais justa. O cuidado é uma dessas ideias e a que motiva a elaboração da presente dissertação. Olhando para as diferentes latitudes e longitudes que determinam a localização das diferentes sociedades percebemos que o cuidado é valorizado de diferentes formas e tem diferentes enquadramentos sociais e legislativos.
Começamos por recorrer às Teorias Feministas do Direito e aos contributos científicos dos Estudos de Género, Feministas e sobre as Mulheres, numa perspetiva interseccional, para enquadrar o problema. Partindo do Teoria da Reprodução Social em diálogo com o artigo “Contradições entre capital e cuidado” de Nancy Fraser (2020), iremos desvendar o modelo teórico para analisar a problemática em torno do cuidado. Em seguida, focamos nos Direitos Fundamentais Sociais. Iremos olhar o enquadramento jurídico do Direito Fundamental ao Cuidado em diferentes sistemas internacionais de proteção de direitos humanos. Dada a importância dos movimentos sociais para o diálogo entre o direito e a sociedade iremos apreciar a iniciativa legislativa cidadã “Direito ao Cuidado, Cuidado com Direitos” e os contributos que aporta â nossa problemática. Dada a natureza da investigação vamos ainda olhar para os contributos da jurisprudência para o estudo do cuidado.
Por fim, esperamos reafirmar a importância do cuidado, validar o contributo para o direito antidiscriminatório de desnaturalizar o cuidado como uma essência feminina e elevá-lo à categoria de direito fundamental social e somar aos contributos de juristas feministas a reflexão sobre a importância de assegurar que todas as pessoas têm direito ao cuidado e que como tal é o Estado que tem a obrigação de criar as condições para o exercício deste direito.