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A apreensão da realidade soviética foi incansavelmente almejada no decorrer do século XX. Em torno dela mobilizaram-se distintas ferramentas e grelhas analíticas. Uma delas, apesar de desconsiderada não poucas vezes: a observação direta informada por um dispositivo biológico transportado pela maioria dos humanos, os olhos. Esta dissertação trata daqueles que colocaram as mochilas às costas e partiram rumo à União Soviética para a verem tal como ela era . E fá-lo concentrando-se, particularmente, em alguns dos militantes comunistas portugueses. Dois principais objetivos guiaram esta investigação. O primeiro, a reconstrução de alguns dos trânsitos percorridos entre Portugal e a União Soviética no decurso do século XX – especialmente, os trânsitos realizados através dos canais do Partido Comunista Português. O segundo, a identificação e análise das narrativas de viagem divulgadas no contexto português e as produzidas por aqueles que, idos de Portugal, visitaram a URSS. Trata-se, por isso, de uma dissertação que combina os estudos dos comunismos com a análise daquilo que se tende a nomear de literatura de viagem. Uma dissertação que, em última análise, procura responder à seguinte pergunta: o que é que os comunistas portugueses disseram ter visto no País dos Sovietes?