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A presente dissertação estuda a resistência republicana à Ditadura, entre 1926 e 1938, focalizando as redes conspiratórias do norte do país e a sua participação nos diversos movimentos insurrecionais ocorridos nessa cronologia. Através de um grande volume documentação já conhecida e inédita, a investigação debruça-se sobre a região nortenha que, numa primeira fase, foi mais ativa no contexto da resistência, caracterizando detalhadamente a insurreição de setembro de 1926 e densificando o que se conhecia da preparação da “Semana Sangrenta”, em fevereiro de 1927, a exemplo da importância da coluna de Vila Real e da composição heterogénea dos seus intervenientes. Mercê da atenção conferida a esta geografia, procede-se à clarificação da forma como o núcleo central do Reviralho desaproveitou um conjunto distinto de iniciativas oposicionistas que nessa região se manifestaram e vieram a apoiar movimentos militares posteriores, como a revolta da Madeira, aspeto até ao momento escassamente tratado pela bibliografia existente. Indo ao encontro da tendência da historiografia em privilegiar uma abordagem transnacional, a investigação utiliza fontes espanholas para discutir as consequências da implantação da República nesse país e a forma como a Ditadura se robusteceu, desmontando alguma da argumentação oposicionista. Discute-se também a formação e liderança da Frente Popular Portuguesa e desenvolve o argumento de que foram os republicanos que tiveram a supremacia nessa organização sincrética, tanto a partir dos ativos militares que se mantinham conotados com o reviralhismo, como na própria doutrina defendida. Esta dissertação lança ainda pistas para compreender o papel da Guerra Civil de Espanha no contexto da resistência, demonstrando que foi um evento que levou alguns setores reviralhistas a descurar as potencialidades oferecidas no território nacional.