Uma Mulher, Muitas Histórias Sob a Sua Força e Liderança: Trajetória e Memórias de Vida de uma Matriarca Singular na Comunidade Quilombola de Algodões no Município de Jussara-Ba (1970 a 2023)

Abstract

Esta dissertação investiga a trajetória e as memórias de vida de Dona Arabel Rainha, liderança da comunidade quilombola de Algodões, em Jussara-BA, entre 1970 e 2023. O estudo analisa como sua história se insere na memória coletiva da comunidade, destacando a oralidade como base da identidade quilombola e da luta por direitos. A pesquisa se fundamenta na micro-história, seguindo as abordagens de Carlo Ginzburg, Giovanni Levi, Jacques Revel, Sabina Loriga e Henrique Espada Lima, que ressaltam a importância das trajetórias individuais na compreensão dos processos históricos. A investigação mobiliza os estudos de Ecléa Bosi e Maurice Halbwachs sobre memória e oralidade, explorando o papel dos mais velhos como guardiões de saberes e o diálogo entre memória individual e coletiva. A metodologia combina história oral e micro-história, com entrevistas semiestruturadas realizadas com moradores de diferentes gerações. Os relatos foram registrados, transcritos e analisados com uma escuta atenta, respeitando as especificidades individuais e coletivas. Os resultados demonstram que a memória coletiva em Algodões se sustenta na oralidade e na ancestralidade, funcionando como um arquivo vivo onde histórias individuais e comunitárias se entrelaçam. A trajetória de Dona Arabel Rainha evidencia como as lideranças quilombolas enfrentam disputas políticas e desafios sociais, reafirmando a memória como um espaço de resistência. Ao focalizar o singular, a pesquisa ilumina aspectos ocultos das grandes narrativas históricas e reforça a importância de lembrar e contar histórias para a preservação da identidade quilombola de Algodões.

Alternate abstract:

This dissertation investigates the trajectory and life memories of Dona Arabel Rainha, a leader of the quilombola community of Algodões in Jussara-BA, between 1970 and 2023. The study analyzes how her story is embedded in the community's collective memory, highlighting orality as the foundation of quilombola identity and the struggle for rights. The research is based on microhistory, following the approaches of Carlo Ginzburg, Giovanni Levi, Jacques Revel, Sabina Loriga, and Henrique Espada Lima, who emphasize the importance of individual trajectories in understanding historical processes. The investigation draws on the studies of Ecléa Bosi and Maurice Halbwachs on memory and orality, exploring the role of elders as guardians of knowledge and the dialogue between individual and collective memory. The methodology combines oral history and microhistory, with semi-structured interviews conducted with residents from different generations. The accounts were recorded, transcribed, and analyzed with careful listening, respecting both individual and collective specificities. The results show that collective memory in Algodões is sustained by orality and ancestry, functioning as a living archive where individual and community stories intertwine. Dona Arabel Rainha's trajectory demonstrates how quilombola leaders face political disputes and social challenges, reaffirming memory as a space of resistance. By focusing on the singular, the research sheds light on hidden aspects of grand historical narratives and reinforces the importance of remembering and telling stories to preserve the quilombola identity of Algodões.