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19 de Agosto de 2005 - Falar de cinema é falar de política. Mesmo que se pense em um filme como "Cantando na Chuva", o belíssimo musical com Gene Kelly, qualquer leitor mais atento sabe que o mundo fechado do estúdio e do amor puro e descompromissado é o mundo que se quer como mundo e não a realidade de mundo. Trata-se, evidentemente, de ideologia, em sentido mais amplo. Já em sentido mais estrito, o cinema político é aquele preocupado com política e marcado pela idéia de esquerda. Nos anos 60 e 70, a alcunha "cinema político" estava em voga e vários filmes, como "Z", de Constantin Costa-Gravas, ou "Queimada" de Gilles Pontecorvo foram vistos como importantes discussões políticas. Filmes com claros conteúdos de esquerda, apresentavam o modelo daquilo que não se deveria fazer e daquilo que se deveria ser, entendido como ser contrário ao governo vigente. Muito se denunciou e se discutiu sobre ditaduras e colonialismos. Esgotada essa perspectiva, outras versões começaram a ser desenvolvidas no cinema, como a troca de lugares e exploração dos motivos da direita ou a tendência a humanizar o lado mau dos filmes anteriores.
Todas partem da mesma lógica, pois suas narrativas trazem a espantosa certeza sobre a verdade do mundo. Em suma, são filmes...