RESUMO
Este artigo se insere no contexto da atualizaçâo da temática das redes de empresas presente na Academia nestes tempos. Seu objetivo é propor uma tipología para a classificaçâo das redes de empresas. Esta tipologia deriva da literatura consultada e dos casos estudados, vinculando-a a quatro indicadores: direcionalidade, localizaçâo, formalizaçâo e poder. Para a ilustraçâo da aplicaçâo desta tipologia foram consideradas três redes dentro da industria de cerámica de revestimento, duas no Brasil e uma na Espanha. A partir dos dados levantados com distintos instrumentos, como questionários, entrevistas nâo dirigidas e pesquisa bibliográfica, pôde-se aplicar a tipologia e inferir sobre a especificidade de cada rede e seu grau de aproximaçâo com aquela considerada mais ajustada à tipologia proposta. Este exercício mostrou as diferenças entre essas redes, como, por exemplo, o fato de em uma mesma industria, e até dentro de um mesmo país, as redes podem ser estruturas singulares e similares ao mesmo tempo. Mostrou também que, utilizando uma rede como referência, pode-se analisar a aproximaçâo de outras redes de empresas a essa referência. A proposta ampliou a leitura de classificaçâo que vinha sendo aplicada para além dos eixos de direcionalidade e formalizaçâo.
Palavras-chave: redes de empresas; tipologia de redes de empresas; industria de cerámica de revestimento.
ABSTRACT
This article searches a contribution to actualize on firms networking theme existing on Academy nowadays. Its objective is to propose a classification typology to firm network. This typology comes from bibliographical research and from three clusters studied of ceramic tile industry, two on Brazil and one in Spain. The proposition links the clusters to four indicators: directionality; localization; formalization and power. Methodological proceedings were survey to CEOs; and supporting institutions; and bibliographical research. Results have shown each network specificity and its distance to more appropriate cluster according to typology. This work showed differences among networks such, in the same industry and country, two networks can be similar and singular at the same time. Also, using a network as reference, it was possible analyzing other networks to this one according to its characteristics. This proposition makes a contribution to network classification beyond directionality and formalization axis.
Key words: firm-networks; firm-networking typology; ceramic tile industry.
INTRODUÇÂO
A julgar pelas palavras de Jarillo (1988, p. 31), que, na década de oitenta, considerava o tema das redes de empresas como assunto que estava em moda, poder-se-ia pensar que, passados mais de quinze anos daquela afirmaçao, a temática já seria menos interessante para a Academia. Contudo o que se vê é uma crescente retomada do assunto, talvez até permanente, visto que ele se incorporou como área em congressos nacionais e internacionais de expressao vinculados à estratégia.
O interesse despertado suscitou a busca de novas explicaçôes e estudos para o gerenciamento de redes, sua utilidade e sua relaçao com o desempenho das empresas. Dentre os estudiosos que se ocupam do assunto destaca-se Oliveira Jr., Sommer, Colombini e Ikebe (2001) que avaliam a relaçao entre a competitividade das empresas e a estrutura de redes. Paiva Jr. e Barbosa (2001), por sua vez, indicam que as redes de empresas sao cenários favoráveis para a exploraçao de oportunidades por parte das pequenas empresas, argumento corroborado posteriormente por Balestrin e Vargas (2003). Oliveira e Batista (2001), ao estudarem a indústria calçadista de Fortaleza, chegaram à conclusao de que as empresas trabalham com alianças, o que configura uma estrutura de redes, cujo escopo é a reduçao dos custos. Em trabalho que versou sobre a indústria têxtil de Santa Catarina, Ferreira e Wilhelm (2001) pesquisaram a percepçao do empresariado em relaçao ao desenvolvimento de redes de base local como estratégia competitiva, e também açôes que seriam necessárias para este fim. Pereira e Pedrozo (2003), ainda versando sobre o mesmo assunto, procuraram desenvolver um modelo analítico do desenvolvimento de redes interorganizacionais. No que se refere à temática, nao se pode deixar de citar Bauer (2003) quando, de sua parte, tratou de salientar que as redes permitem que as práticas locais sejam incorporadas, aumentando o comprometimento dos participantes, com o objetivo de toda a rede.
Este artigo se insere nesse contexto de atualizaçao temática. Seu objetivo é propor uma tipología para a classificaçao das redes de empresas. Ele começa com uma discussao sobre o marco teórico existente sobre as redes de empresas, com seus conceitos e suas características. Posteriormente, faz a proposiçao de uma tipologia para a classificaçao das redes. Na seqüéncia, apresenta uma ilustraçao com a aplicaçao desta tipologia para a classificaçao de três redes de uma mesma indústria, que se encontram aglomeradas territorialmente.
MARCO TEÓRICO
Jarillo (1988) fez referência à existência dos primeiros trabalhos sobre redes, ainda na década de sessenta, ligados às organizaçôes sem fins lucrativos. A Academia, naquele período, nao associava a temática da estratégia e da competiçao entre empresas com a constituiçao de redes. A predominância do modelo de explicaçao da competiçao, através da microeconomia, a partir de Porter (1980), pode ter contribuido para essa dissociaçao, e é o que afirma Jarillo (1988).
Porter (1980) entendía que a competiçao era um jogo de forças entre as partes, e que o êxito de uma empresa se baseava na escolha da melhor estratégia genérica (diferenciaçao, custo ou enfoque), e no poder de mercado que a empresa tinha. Esse poder poderia ser avaliado em funçao dos consumidores, dos fornecedores, da própria competiçao na indústria, da capacidade de substituiçao dos produtos e na possível entrada de novos atores. A partir dessa visao, era complexo imaginar que a vantagem competitiva da empresa poderia nao estar, necessariamente, em sua força de mercado. Deve-se levar em consideraçao, no entanto, o fato de o texto de Porter (1980) ter sido elaborado na segunda metade dos anos setenta, quando o mundo atravessava forte retraçao da atividade económica e, assim, parecia lógico explicar a sobrevivência das empresas através de relaçôes puramente competitivas.
Os trabalhos de Miles e Snow (1986), Thorelli (1986), Jarillo (1988) e posteriormente Powell (1990) levaram à construçao de terminologia própria. Nas palavras de Miles e Snow (1986), uma rede de empresas é a combinaçao única de estratégia, estrutura e processo de gestao a que se refere. Já no conceito de Thorelli (1986), uma rede de empresas é o que há de intermediário entre uma simples empresa e o mercado, isto é, duas ou mais empresas que, através da intensidade de sua interaçao, constituem um subconjunto de um ou vários mercados. Generalizando, uma rede pode ser vista como posiçôes ocupadas por empresas, familias, ou unidades estratégicas de negócio, inseridas em contextos diversificados, associaçôes comerciais e outros tipos de organizaçôes. Jarillo (1988) descreve as redes como acordos de longo prazo, com propósitos claros, entre empresas distintas, mas relacionadas, que permitem àquelas empresas estabelecerem ou sustentarem uma vantagem competitiva em face das empresas presentes fora da rede. Powell (1990) escreve que as redes sao o caminho intermediário entre as estruturas competitivas de mercado, a posiçao individual ocupada pela empresa e as hierarquias presentes nas relaçôes entre as partes. Neste trabalho, emprega-se a definiçao de Jarillo (1988), na medida em que este considera as redes como acordos de longo prazo entre empresas e instituiçôes de suporte industrial.
Dessa forma, se as redes sâo estruturas, sâo acordos, com escopo relacionado à vantagem competitiva, as circunstâncias que podem ensejar sua formaçâo estariam ligadas à necessidade dessa vantagem competitiva que, no contexto atual, se dá praticamente em todos os mercados. Dentro dessa lógica, ao que tudo indica, as empresas deveriam formar redes para permanecer no mercado. Mas, a partir daí, surge uma questäo: por que algumas empresas formam redes e outras nao?
As motivaçôes para a formaçao de rede podem ser diversas: complexidade de produtos; troca de conhecimento, aprendizagem organizacional e disseminaçao da informaçao; demanda por rapidez de resposta; confiança e cooperaçao; e defesa contra a incerteza. Elas podem ser formatadas em funçao da complexidade de produtos e serviços e seu desenho, sua produçao e sua distribuiçao. É raro o produto que nao contenha componentes oriundos de distintas tecnologías, e o serviço que nao reúna distintas capacidades especializadas. Igualmente é rara a empresa que nao estabeleça suas atividades de aquisiçao de matéria-prima, marketing ou distribuiçao a partir de pessoas com capacidades específicas do mercado determinado (Hâkansson & Snehota, 1989).
A troca de distintas competências - conhecimentos e capacidades - é mais provável de ocorrer nas redes, e esta é também uma justificativa para sua criaçao. Por se constituírem em formato de organizaçao, cuja ênfase na forma lateral de comunicaçao e obrigaçao mútua é bem compreendida pela mao-de-obra, faz-se necessário que os individuos tenham um conjunto de capacidades aplicáveis a um grande leque de atividades (Dyer, 1996).
As redes também criam incentivos para aprendizagem e disseminaçao da informaçao, permitindo que idéias se transformem em açôes rapidamente. Em trabalho realizado por Uzzi (1996), foi mostrado que os agentes estao mais dispostos a trocar informaçôes de caráter estratégico com aquelas empresas que estao mais próximas e que fazem parte de sua rede.
Um dos desafíos encontrados pelas empresas, hoje, concerne à busca pelo equilibrio de forças com as variaçôes que o mercado apresenta. Dentro deste aspecto, a questao da rapidez de resposta torna-se item fundamental; uma das vantagens das redes é a velocidade com que as informaçôes sao transmitidas. As redes sao baseadas em complexos canais de comunicaçao, que permitem que as demandas existentes no mercado sejam alcançadas com maior rapidez (Powell, 1990).
As redes de empresas apresentam certas características que lhes sao particulares, em relaçao às empresas: relatividade nos papéis dos atores organizacionais; interaçao; interdependência; especializaçao; complementaridade; e competitividade entre redes. Apesar da proposta deste artigo centrar-se em tipologia relacionada indiretamente com essas características, a título de ampliaçao da discussao teórica, apresentam-se essas características com maior detalhamento, na seqûência.
A relatividade nos papéis dos atores organizacionais explica-se pelo fato de as redes de empresas constituírem um entorno limitado pelo conjunto das relaçôes que estabelecem entre si e entre seu ambiente. Neste entorno limitado, pode- se pensar que o papel de cada parte nao é definido tao claramente, como determina, por exemplo, o modelo de Porter (1980), Esser, Hillebrand, Messner e Meyer-Stamer (1994). A visao de redes de empresas enfatiza que os atores económicos jogam diferentes papéis nao só em relaçao a diferentes contrapartes (uma empresa é fornecedora de um cliente e consumidora de um fornecedor), mas também é uma contraparte isolada. Ramírez (1999) escreve que em uma rede de empresas, um ator económico A pode ser simultaneamente fornecedor de uma empresa B; pode ser seu parceiro; pode ser seu competidor e pode ser, ainda, seu consumidor.
Quanto à interaçao, nao se encontraram estudos que explicitem que em uma rede pode haver passividade entre as partes e que essa passividade seja benéfica para elas. A interaçao das partes é muito maior que uma adaptaçao passiva. Quando interagem, seus problemas sao confrontados com soluçôes, suas habilidades com necessidades etc. Conhecimento recíproco e capacidades sao revelados e desenvolvidos juntamente e em uma dependência mútua pelas partes. Veja-se, por exemplo, o caso abordado por Martinez-Fernández (2001), em seu estudo sobre as redes existentes na indústria espanhola de cerámica de revestimento.
Com relaçao à interdependência das partes, Hâkansson e Snehota (1989) esclarecem que, como instrumento dessas relaçôes interorganizacionais, um conjunto complexo de interdependências se desenvolve gradualmente. Dadas as naturezas distintas das partes, as interdependências no relacionamento se tornam mais fortes. Através desse relacionamento, cada parte ganha acesso aos recursos dos demais. Os atores poderao, em certo grau, mobilizar e usar recursos controlados por outros atores nas redes. Os limites das empresas sao mais permeáveis, superáveis e mutáveis. Thorelli (1986) escreve que, provavelmente, a parte mais saliente do ambiente da empresa sejam as outras empresas. À luz do Paradigma de Redes, talvez o que se pode sugerir é que a porçao mais saliente de uma empresa que faz parte de uma rede sao as outras empresas pertencentes à rede.
A especializaçao das atividades das empresas se dá em funçao das vantagens da escala. As empresas geralmente se situam no ámbito do componente e nao do sistema como um todo. Focando assim, elas farâo melhor e poderâo estabelecer alianças para administrar a interdependência do ámbito do sistema. Desta forma, as redes oferecem vantagens óbvias para seus membros (Gomes-Cásseres, 1994). Entâo, as redes podem ser consideradas
como alternativas à integraçâo vertical e a diversificaçâo e como um instrumento de se conseguir novos clientes e/ou países adicionais [...]. Fazer parte de uma rede pode reduzir os riscos relativos tanto da participaçâo individual em um mercado como também à integraçâo total (Thorelli, 1986, p. 46).
Os atores podem utilizar a existência de complementaridade ou competitividade em suas relaçôes em diferentes caminhos, assim como eles interagem uns com os outros. Em funçâo da interdependência da empresa com as outras entidades, fica difícil desconectar a empresa de sua rede, já que desta forma ela perde sua identidade (Hâkansson & Snehota, 1989). A efetividade de uma empresa nâo está tanto em sua capacidade de adaptaçâo ao ambiente, quanto em sua relatividade ao contexto. Essa relatividade inclui as atividades de quase- integraçâo, relativas ao compartilhamento de tecnologia para o desenvolvimento de produtos, p.ex.; a conexâo com seus recursos e os da propria rede e a influência de sua percepçâo e das demais partes nas dimensöes importantes do contexto.
A competitividade entre redes ocorre principalmente pela eficiência da especializaçâo, ainda que, como escreve Hansen (1992), a empresa só nâo vai verticalizar-se, caso seja mais eficiente fazer fora que dentro. A questâo que transcende a busca do modelo ideal do dilema comprar/fazer está relacionada à maneira como determinados arranjos organizacionais podem tornar-se mais eficientes. O que se pode pensar é que, de fato, como afirma Drucker (1994), nâo sâo os maiores que superam os menores, e sim os mais rápidos que ultrapassam os mais lentos. Nâo se trata mais de tamanho e sim de capacidade de competiçâo e de velocidade de resposta ao mercado. Pode-se entender que, para as pequenas empresas, a instituiçâo de redes seria mecanismo viável pelo qual atingiriam determinado volume de escala que lhes permitiria competir com empresas de maior porte. Isso leva a pensar que redes maiores seriam mais eficientes que menores. Contudo, como assinala Gomes-Cásseres (1994), para atrair novos membros à rede tem de ser capaz de mostrar potencial para juntar beneficios. A constituiçâo de redes maiores leva, conseqüentemente, a maiores custos de sua manutençâo, já que é necessário mais tempo de dedicaçâo de reuniâo e trocas de informaçôes. Os beneficios, no entanto, podem se ver diluidos ante essa realidade.
TIPOLOGIA
Pensar em tipologia em termos de redes é um risco, pois existem várias classificaçôes e conceitos que se equivalem, como cadeia dinámica (Miles & Snow, 1986); rede focal (Thorelli, 1986); redes estratégicas (Jarillo, 1988); redes (Lorenzoni & Baden-Fuller, 1995; Powell, 1990; Uzzi, 1996); sistema de produçao (Storper & Harrison, 1991); distritos industriais(2) (Hansen, 1992). aliança de grupos (Gomes-Cásseres, 1994); e co-produçao de valor (Ramírez, 1999). Com vistas a unificar os conceitos e a terminologia empregada, optou-se por utilizar uma expressao mais objetiva: redes de empresa.
O desenvolvimento dessa tipologia decorre de uma pesquisa bibliográfica realizada com autores que vêm trabalhando esse tema no exterior e no Brasil. No exterior, alguns desses autores, como Miles e Snow (1986); Thorelli (1986); Jarillo (1988); Powell (1990), encontram-se entre as primeiras referências a discutir a temática das redes no contexto acadêmico, a partir de um ponto de vista socioeconómico. Posteriormente, pode-se incluir as contribuiçôes de Grandori e Soda (1995) e Castells (1999). No Brasil, as contribuiçôes começaram a surgir principalmente a partir do ano 2000; por exemplo, com as obras de Amato Neto (2000); Casarotto Fo. e Pires (2001); Teixeira e Guerra (2002,); Pitassi e Macedo- Soares (2003); Carrao (2004); e mais recentemente por um livro organizado por Amato Neto (2005).
As classificaçôes que têm sido freqüentemente apresentadas na literatura pautam-se em dois eixos: direcionalidade e formalizaçao. Este é o caso, por exemplo, do trabalho de Castells (1999) e Carrao (2004). Com referência à formalizaçao, Siqueira (2000), ao discutir as redes no contexto dos serviços públicos, assume que elas se caracterizam por serem acordos de base contratual. Teixeira e Guerra (2002, p. 95), ao falar das redes de aprendizagem, ressaltam que "as redes podem ser de dois tipos: verticais e horizontais". À direcionalidade vertical os autores incorporam elementos que podem ser classificados como poder, indicando que nas redes verticais a empresa coordenadora assegura o controle da cadeia de produçao. Tratando de redes estratégicas, Pitassi e Macedo-Soares (2003), em outras palavras, relacionam as possibilidades de formalizaçao, direcionalidade e poder, dentro de redes virtuais. Os autores acrescentam a idéia de característica das relaçôes, utilizando aspectos relacionados à densidade. Sobre formalizaçao, em obra anterior, Grandori e Soda (1995) apresentam tipologia de redes de empresas de base contratual e nao contratual; também ressaltam a existência de poder entre as unidades, usando a idéia de simetria.
Além disso, a essa pesquisa bibliográfica, aliaram-se os resultados de dois trabalhos empíricos realizados por estes autores, cuja fonte é omitida para avaliaçao deste texto. Aqui, exploram-se quatro dessas características, resumidas no Quadro 1 e discutidas na seqüéncia.
a) O primeiro dos indicadores das redes de empresas é a direcionalidade. Essa característica descreve a direçao das relaçôes entre as partes e enfatiza que há dois tipos predominantes: as redes verticais e as redes horizontais. As redes verticais sao aquelas em que cada processo é realizado por empresas especializadas, e nao concorrentes, e que nao atuam no mesmo mercado. Essas empresas adotam a estratégia de especializaçao, determinando sua competência essencial, em alusao clara aos escritos de Prahalad e Hamel (1994), terceirizando aqueles processos que nao agregam valor para seu produto/serviço. Isso permite às empresas a aquisiçao dos benefícios da especializaçao, que sao o foco no negócio, ao mesmo tempo que adquirem flexibilidade por nao estarem presas a atividades nao essenciais (Jarillo, 1988).
Esse é o caso da indústria de automóveis, como referenciou Dyer (1996). Em seu estudo, o autor mostrou que as empresas formam redes com fornecedores capazes de gerar suprimentos de forma rápida, com altos graus de avanço tecnológico. Embora seu estudo tenha contemplado empresas japonesas e americanas, mesmo no Brasil, como é de conhecimento comum, pode-se verificar esse tipo de estrutura industrial. O propósito desse tipo de rede é o de se alcançar a eficiência coletiva nos processos. No caso estudado por Henry, Oinch e Russel (1996), ficou demonstrado que em redes especializadas os ganhos podem advir igualmente da rapidez de resposta das partes. Para chegar a tal conclusao, os autores estudaram uma rede verticalizada da indústria de carros de competiçao esportiva, onde os avanços tecnológicos nao podem ser ocultados por um período de tempo muito longo. Assim, a velocidade de imitaçao e assimilaçao da tecnologia gerada pelos concorrentes é um ponto de relevância para a manutençao das empresas.
As redes horizontais sao aquelas estabelecidas entre empresas que competem em termos de produtos e/ou mercados. Nesse caso, o objetivo da rede deve sempre estar dirigido aos ganhos que se podem obter pela uniao entre as partes. No trabalho de Kristensen (1993), sobre redes na Dinamarca, ficou evidenciado que as empresas empregam relaçôes horizontais até mesmo em funçao dos objetivos em termos de desenvolvimento de projeto de produto e processos. Essa idéia foi corroborada posteriormente por Casarotto Filho e Pires (2001), que acrescentaram ainda que as redes horizontais podem ser constituídas para se implementar a exportaçao.
Ressalta-se, ainda, que uma empresa pode estar presente tanto em redes verticais como horizontais. Um caso estudado desse tipo de rede é apresentado por Vet e Scott (1992). Os autores mostraram que na regiao sul da Califórnia, nos Estados Unidos, a indústria de equipamentos odontológicos cresceu em vinte anos cerca de 110% e está caracterizada tanto por possuir vínculos verticais com fornecedores e clientes, como por possuir vínculos horizontais entre as empresas.
b) Em termos de localizaçao, as redes podem ser dispersas ou aglomeradas. Redes dispersas sao aquelas que se relacionam e intercambiam bens e serviços através de processo avançado de logística, que permite superar as distâncias. Tipicamente sao redes verticais, com escopo na produçao de bens e serviços. Esse tipo de rede é mais ressaltado nos trabalhos de Thorelli (1986) e Powell (1990). Esses dois autores evidenciam aspectos de relaçôes que parecem indicar dispersao, embora nao tratem o tema de maneira especifica. No trabalho de Dyer (1996), a indústria automobilística estudada em dois países distintos pode ser classificada como rede dispersa geograficamente. Também as franquias podem ser classificadas dessa maneira, visto que a dispersao passa a ser um escopo da rede, visto que, como estudadas por Cavalcante e Arruda (2003), elas se estabelecem com o propósito de ampliar a presença de mercado. As redes aglomeradas territorialmente se caracterizam pelo fato de manterem relaçôes que, muitas vezes, se estendem além daquelas puramente comerciais. Como em comunidade de pessoas (Molina-Morales, 2001a), nas redes cria-se uma atmosfera de confiança, que facilita as relaçôes nao contratuais (Uzzi, 1996). Além das empresas, nesse tipo de rede é possível encontrar também instituiçôes de suporte empresarial, como universidades, centros de tecnologia, e instituiçôes governamentais. Schmitz (1993) relata que em Baden-Würtemberg, Alemanha, as relaçôes de rede se dao de forma vertical entre empresas de diferentes tamanhos, e de forma horizontal entre empresas menores e instituiçôes. Molina-Morales, Lopez-Navarro e Guia-Julve (2001) destacam o papel das instituiçôes universitárias como preparadoras de mao-de-obra especializada em distintos níveis, e também como centros de pesquisas, voltados à atividade principal da regiao.
c) Segundo Gomes-Cásseres (1994), as redes podem estar constituídas por vários tipos de alianças, que vao desde as mais formais, como joint venture, até as mais simples, como a colaboraçao informal. Em termos de formalizaçao, as redes podem ser estruturas formalizadas, de base contratual, ou ser informais, de base nao contratual. Esses distintos tipos de configuraçao sao formatados pelo escopo que a rede pode ter. Isso significa que nao há um tipo ideal de rede, mas diferentes tipos de situaçôes podem levar a diferentes acordos e interaçôes das empresas. Como exemplo, pode-se citar que, em contexto de aglomeraçao territorial, as pesquisas desses autores têm encontrado mais comumente a constituiçao de redes horizontais e de base nao contratual. Ainda, quando a motivaçao para a formaçao da rede seja a ampliaçao da cobertura de mercado, comumente podem-se encontrar redes verticalizadas, de base contratual, como as franquias.
As redes de base contratual sao estabelecidas com o fim de se prevenir o que Williamson (1975, 1991) chama de comportamentos oportunistas. Como esses comportamentos oportunistas podem lesar uma das partes, geram-se custos nas transaçôes, através do estabelecimento de contratos; ao mesmo tempo esses contratos vao servir para que a empresa possa ter mais garantias acerca do comportamento de sua contraparte. Exemplos desse tipo de rede foram descritos por Wittmann, Negrini e Venturini (2003). No caso estudado, tem-se o exemplo do Governo do Rio Grande do Sul, que vem implementando redes de empresas, com base contratual, estabelecendo regras de conduta, direitos e deveres para as empresas interessadas. No estudo de Wittmann et al. (2003), os benefícios se relacionam à intençao dos integrantes em participar de outras redes, bem como aqueles oriundos de maior poder de negociaçao.
As redes de base nao contratual sao aquelas estabelecidas em funçao da confiança gerada. Granovetter (1985) resume dizendo que as relaçôes económicas estao misturadas com as sociais. E essas relaçôes nao se dao apenas no ámbito gerencial, mas também no ámbito onde as transaçôes se realizam. Um exemplo disso sao as relaçôes entre comprador e vendedor. Essas relaçôes podem ser longas (entre 5 e 25 anos). Assim sendo, existe um custo de substituiçao que as empresas nao estao dispostas a ter. Com o passar do tempo, a empresa cria relaçôes e acumula conhecimento com respeito a elas, que se tornam um ativo, permitindo-lhe agir sem temer comportamentos oportunistas, a posteriori, pelo custo que a outra empresa teria, se perdesse a confiança nela depositada. No caso das redes de base nao contratual, o dispositivo encontrado para que nao haja fraude nas relaçôes está dirigido pelas sançôes que podem surgir, que vâo desde rumores até o ostracismo: exclusâo por períodos curtos ou até definitiva (Jones, Hersterley, & Borgatti, 1997).
d) No indicador que avalia poder, o que parece estar claro é que nas redes, pelo menos naquelas formadas entre empresa e fornecedores, existe hierarquia. Ao se analisar o estudo de Dyer (1996), fica elucidado que todas as montadoras de automóveis possuem maior poder de decisâo em relaçâo aos destinos que a sua rede vai tomar do que as demais empresas-membro. No caso da Toyota, que é a rede mais desintegrada, com intensidade maior de especializaçâo por parte dos fornecedores, o poder pode estar sendo exercido pelas visitas constantes de engenheiros e pelas horas aplicadas a acompanhar o fornecedor no desenvolvimento de novos produtos, bem como na troca de informaçôes confidenciais. No caso da grande empresa que é mais integrada, as relaçôes sâo tipicamente de queda de braço (arm-length ties) e o poder é estabelecido na base da barganha. Essa é a rede que se pode classificar como orbital, na medida em que possui um centro de poder, ao redor do qual as demais empresas circulam. Nos dois casos, a rede foi montada a partir de uma empresa central, ou como chamam Lorenzoni e Baden-Fuller (1995), um centro estratégico. Na visâo de Jarillo (1988), essa configuraçâo orbital é vantajosa para a empresa, pois a empresa central de uma rede, quando comparada a uma empresa verticalizada, será mais eficiente, pois captura economias de escala de suas associadas, que seus competidores nâo podem obter, visto que seus custos de transaçâo os forçam à integraçâo.
A rede nâo orbital é aquela onde cada parte tem a mesma capacidade de tomada de decisâo. O estudo que se está realizando sobre a indústria do vestuário em Santa Catarina vem mostrando claramente que as empresas trabalham de maneira cooperada, sem a existência de um centro de poder (Hoffmann, 2004). Nesse caso, as instituiçôes sâo formadas pelas empresas, e as diretorias sâo estabelecidas a partir do voto direto das empresas. Qualquer empresário associado pode propor uma chapa e concorrer ao pleito.
U MA ILUSTRAÇÂO EMPÍRICA
Para poder testar a proposiçâo dessa tipologia, decidiu-se verificar sua aplicaçâo em três redes de empresas. Assim, foi desenvolvida uma pesquisa na industria brasileira e espanhola de cerámica de revestimento, que procurou avaliar seus fatores competitivos (Hoffmann, 2002), e parte dos resultados daquele trabalho serve para ilustrar este artigo.
Metodologia Empregada
As informaçôes sobre as redes no Brasil e na Espanha foram obtidas de três maneiras. Foi aplicado um questionário a dirigentes de 39% das plantas industriais brasileiras e 65% de empresas espanholas. No Brasil, foram pesquisadas as concentraçôes de Criciúma (SC) e Santa Gertrudes (SP), visto que, além da aglomeraçao, também possuem infra-estrutura de suporte empresarial, conforme Coelho, Suslick e Souza (2000); Caridade e Torkomian (2001); Goularti Filho (2001); Meyer-Stamer, Maggi e Siebel (2001). Foram contatadas oitenta e uma empresas, de um total de cento e trinta e uma existentes no período. Quarenta e nove aceitaram participar do trabalho, o que configurou uma amostragem por conveniência. Na Espanha, assumiu-se a representatividade da amostra indicada pelos criadores da base de dados (Molina-Morales, 2001b).
Para a avaliaçao dos indicadores presentes na tipologia proposta, foram utilizadas as questöes presentes no Quadro 2, a partir de uma escala contínua de 1 (para a intensidade mais baixa) e 5 (para a intensidade mais alta). Essas questöes derivam da pesquisa realizada para avaliar os fatores competitivos da indústria cerámica de revestimento, e tiveram como fundamentaçao teórica os textos de Hall (1992, 1993); Foss e Koch (1996); Jones, Hersterley e Borgatti (1997); Enright (1998); Pinch e Henry (1999), entre outros, e que haviam sido aplicados anteriormente por Martínez-Fernández (2001).
O tratamento dos dados utilizou a estatística descritiva. As médias foram comparadas com Castellón que, para efeito desta análise, foi considerada a rede que atingiu a parte superior da escala (5) em todos os indicadores. A ponderaçao se deu em funçao da distáncia entre o resultado obtido em Casetllón (5) e aquele obtido nas outras redes. Essa simplificaçao foi utilizada neste trabalho em funçao da ilustraçao da tipologia que se pretendia fazer. O tratamento mais completo dessas informaçôes encontra-se naquele trabalho que focou os fatores competitivos e que está sendo omitido nesta avaliaçao.
Também foram realizadas entrevistas nao dirigidas, como recomendam Richardson (1999), com dirigentes e executivos institucionais do setor. Essas informaçôes auxiliaram na interpretaçao dos dados e para a compreensao da realidade de cada rede, principalmente nos indicadores formalizaçao e poder. O teor das entrevistas versou igualmente a informaçao sintetizada no Quadro 2. Por fim, utilizou-se a pesquisa bibliográfica. Os resultados desse trabalho culminaram no estabelecimento de uma discussao individual de cada rede.
Caracterizaçâo das Redes Estudadas
A indústria cerámica de revestimento está presente no Brasil desde os anos vinte do século passado e, atualmente, possui quatro concentraçôes (Goularti Filho, 2001), mas em apenas duas há instituiçôes de suporte industrial e que foram objeto deste estudo: uma na regiao de Criciúma (SC) - 9% das plantas industriais brasileiras - e outro na regiao de Santa Gertrudes (SP) - 31% das plantas industriais brasileiras - sendo responsáveis, juntas, por 65% da produçao nacional de cerâmica. O restante da produçao e das plantas industriais está espalhado por todo o país, com menor presença na regiao norte.
Como se póde constatar com o trabalho de campo, com as informaçôes fornecidas pelo sindicato da categoria (Sindicato, 1998) e também por Meyer- Stamer (1999), a concentraçao industrial de revestimento cerâmico em Criciúma é composta por duas grandes empresas e cerca de outras treze empresas médias. A distância média entre elas é de 55 km. A maioria das empresas tem entre 101 e 500 funcionários. Essa dimensao chama a atençao, já que está relacionada com o grau de verticalizaçao dos empreendimentos. A maioria das empresas possui todos os processos integralizados, desde a lavra da argila(3) até a cocçao.
Nessa regiao, o grau de formalizaçao nas relaçôes é alto. Todos os acordos sao de base formal, mesmo porque o próprio tamanho das empresas inibe a informalidade. Dessa maneira, essa formalizaçao está relacionada com o fato de que nessa rede se evidencia uma bipolarizaçao, criando-se o que alguns entrevistados chamaram de dois times rivais. Apesar de ter existido maior cooperaçao entre as empresas na década de noventa do século XX (Meyer- Stamer, 1998, 1999), as duas de grande porte, presentes na regiao, acabam por desenvolver acordos, essencialmente com fornecedores e menos intensamente com competidores (Meyer-Stamer, Maggi, & Siebel, 2001), quase sempre de maneira formal, motivadas pelo receio de comportamentos oportunistas por parte de sua rival, como elucidaram alguns entrevistados.
A aglomeraçao industrial cerámica de Santa Gertrudes se localiza em nove cidades dentro de um raio de 50 km em torno da cidade central, com a maioria das empresas empregando entre 51 e 200 funcionários e concentrando, já no ano 2000, 40% (181 milhôes de metros quadrados) da produçao de pisos e revestimentos brasileiros (Caridade & Torkomian, 2001).
Ainda que com empresas de menor porte, pequenas e médias em sua maioria, o grau de verticalizaçao é alto; a lavra é feita integralmente por cada cerámica, que também é proprietária de suas jazidas, na maioria dos casos. Em alguns casos, o transporte do produto é feito com frota própria.
A estrutura das empresas é mais informal, o que se reflete também em suas relaçôes. Essa informalidade atinge distintos ámbitos, e é possível notá-la igualmente nas relaçôes entre fornecedores e entre as empresas. Araújo, Romachelli e Martins (2001) destacam várias iniciativas relacionadas à cooperaçao horizontal entre as empresas, como a certificaçâo da qualificaçao dos produtos e a criaçao de um centro de tecnologia cerámica.
Nesse contexto, e também em funçao do tamanho das empresas e de seu relativo poder de mercado, a estrutura de poder na rede é bastante diluída, com alternância na direçao das associaçôes, o que permite que nao haja nenhum grupo hegemônico.
Já na Espanha, a indústria existe desde o século IX, mas foi nos anos sessenta e setenta do século XX que recebeu maior impulso governamental. A concentraçao é mais intensa que no caso brasileiro, com cerca de 144 empresas em um raio de 25 km na Província de Castellón (Martínez-Fernández, 2001): 75% delas com até 100 funcionários (Asociación Española de Fabricantes de Azulejos, Pavimentos y Baldosas Cerámicas [ASCER], 2002). Ela concentrava, já no ano 2000, 93% da produçao nacional e em 2001 o ramo ceramista atingiu o maior nível de produçao mundial, superando a Itália (ASCER, 2002).
A existência de grande número de fornecedores evidencia grau relativamente alto de especializaçao e a intensa cooperaçao entre empresas e seus fornecedores. Os trabalhos de Molina-Morales (1997) e, posteriormente, de Martínez-Fernández (2001) comprovaram a existência de alto grau de cooperaçao horizontal. A formalizaçao, nesse caso, é menor, dado que as empresas até mesmo subcontratam os serviços de seus competidores ante a necessidade de atender a um pedido de maior monta (Molina-Morales, 1997).
Aplicaçâo da Tipología
Para se efetuar a análise é necessário pensar nao em termos de país e sim em termos de redes como estruturas autónomas. Em outras palavras, o ámbito de análise nao é o país, mas as redes de empresas de uma mesma indústria localizadas no país. Levando-se em conta as características de complementaridade e a especializaçao das atividades mencionadas anteriormente, pode-se entender que a autonomia das redes pode ser grande, uma vez que têm a possibilidade de conseguir internamente todos os insumos de que necessita, em termos de produçao. Por outro lado, considerando-se a característica da competitividade entre redes, caso existam duas ou mais delas com características semelhantes, essa autonomia pode ter impacto menor, em termos de vantagem competitiva.
Para efeito deste trabalho, considera-se a existência de duas redes no Brasil, e de uma rede na Espanha, já descritas no item Caracterizaçao das Redes Estudadas. Esse tipo de comparaçao pode ser oportuno, uma vez que as redes em análise possuem características comuns: pertencem à mesma indústria, e produzem os mesmos produtos e, em alguns casos, até competem nos mesmos mercados. O cruzamento entre as informaçôes provenientes da descriçao das redes e da tipologia apresentada verifica-se no Quadro 3.
Os resultados da aplicaçâo da tipologia relacionam-se tanto ao conjunto das três redes como para cada rede, de modo individual. Com relaçao ao conjunto de redes analisadas, apesar de apresentarem similaridades estruturais, como sendo da mesma indústria, duas delas em um mesmo país, as três atuando com os mesmos produtos e, em alguns casos, nos mesmo mercados, possuem uma tipologia distinta. A aplicaçao dessa tipologia permitiu que se pudesse evidenciar com maior precisao onde se encontram essas diferenças. A literatura consultada e o trabalho de campo realizado já apontavam essas diferenças.
Iniciando-se entao pela própria referência, sobre a rede de Castellón, pode-se afirmar que, pelo predominio de pequenas empresas, e por haver maior cooperaçao tanto entre manufatureiras (competidores) como fornecedores, sua direcionalidade é tanto horizontal como vertical.
O alto grau de concentraçao (144 empresas de produtos finais em um raio de 25 km) corrobora esta inferência. Além disso, tipifica a rede como intensamente aglomerada, quando comparada às duas anteriores. Para esta avaliaçâo, tem-se em conta também a existência de grande número de fornecedores locais, como já destacou ASCER (2000).
A base nâo contratual deriva de dois pontos principais: o tamanho típico das empresas e também a existência de relaçôes que vâo além daquelas puramente económicas (Molina-Morales et al., 2001). As pessoas nascem, crescem e abrem seus negocios no local, permitindo que as relaçôes entre elas sejam redundantes e se criem fortes vínculos, tal como acontece em outros casos similares estudados (Kristensen, 1993).
Tanto pelo tamanho, como pelo tipo de relaçôes e grau de formalizaçâo, nota- se a inexistência de um centro de poder, o que configura esta rede como nâo orbital. Ressalta-se também que o proprio associativismo intenso, existente localmente, permite que o poder de decisâo constantemente troque de mâos.
A análise dos resultados para a rede com sede em Criciúma mostra que há uma bi-direcionalidade. Isto é, as empresas estâo presentes em redes verticais, com fornecedores; contudo, por serem mais integradas, necessitam de menor interaçâo com fornecedores. Desde o ponto de vista da horizontalidade, a incidência de cooperaçâo é menor, e cada ator busca sua auto-suficiência individual.
Em termos de localizaçâo, o que se verifica é que a industria estudada é menos aglomerada. A aglomeraçâo reúne cerca de dezoito empresas, em um raio de 55 quilómetros. Também coexistem fornecedores localmente, que acabam por reforçar a estrutura industrial, mas em menor intensidade daquela verificada na Espanha.
As bases contratuais sâo formais. A maioria das empresas de Criciúma tem a administraçâo profissional e/ou mista, o que pressupôe a formalidade, até como mecanismo de controle por parte dos investidores. Fica difícil desenvolver relaçôes na base da confiança, quando o tomador de decisöes e o dono de capital sao sujeitos distintos. O primeiro está condicionado às necessidades do segundo; mas ainda nesse caso as relaçôes sao formais, com base contratual.
Como último indicador para esta rede, salienta-se o fato de que ela se constitui como orbital, com dois centros de poder. A maioria das empresas se relaciona com uma ou outra empresa, e essa escolha pressupôe a eliminaçâo da empresa oposta. Seria o mesmo que pensar que existem duas sub-redes dentro dessa rede aglomerada. Como possuem maior número de funcionários, maior volume de produçao, e maior valor faturado, essas duas grandes empresas acabam por influenciar mais nas decisôes conjuntas.
Em Santa Gertrudes, a verticalizaçao é menor e a horizontalizaçao mais intensa. A verticalizaçao menor se explica em parte pelo tamanho das empresas. Também se salienta que essas empresas têm no local a oferta de serviços especializados, ainda que de maneira apenas embrionária, quando comparados àqueles presentes em Castellón. A horizontalizaçao se dá em funçao de distintas necessidades comuns, que acabaram por forçar as inter-relaçôes das partes. Iniciativas como a constituiçao de um centro tecnológico, e outras relacionadas ao meio ambiente ecológico, contribuíram para isso.
Quanto à localizaçao, existe a concentraçao, mas nao com a mesma estrutura constatada em Castellón. Percebe-se que, em termos de número de plantas industriais, que é um indicador já utilizado para se verificar a concentraçao de uma indústria (Martínez-Fernandez, 2001; Molina-Morales, 1997), Santa Gertrudes apresenta um quadro de maior intensidade que aquela verificada em Criciúma. As empresas sao menores e isso também pode ter relaçao com o número de plantas instaladas.
As empresas de Santa Gertrudes sao empreendimentos com baixo grau de formalizaçao. Em parte, isso pode ser explicado pela presença dos detentores do capital no comando dos negócios, o que pode estar permitindo flexibilidade maior nos negócios. Além disso, os empresários se conhecem em funçao de que muitos apresentam graus de parentesco entre si, além de virem de uma indústria oleira anterior(4), que se caracteriza por este tipo de comportamento, em termos contratuais. Como já foi salientado, a informalidade foi uma das bases de sustentaçao do crescimento da própria indústria.
Por fim, em relaçao ao poder, as empresas, por terem tamanho muito semelhante, nao sao capazes de influenciar decisivamente suas competidoras, nem seus fornecedores. Além disso, com estratégia voltada à liderança em custos, cada empresa procura desenvolver produtos a partir daqueles já existentes, muitas vezes lançados por competidores locais, ou mesmo de outras regiôes.
C ONCLUSÁO
Este artigo teve por objetivo propor uma tipologia para a classificaçao das redes de empresas. Pode-se dizer, no final de nossos estudos, que as redes podem estar constituídas, segundo Gomes-Cásseres (1994), através de vários tipos de alianças, que vao das formais até as informais. Esses distintos tipos de configuraçao sao formatados pelo escopo que a rede pode ter. Isso significa que nao há um tipo ideal de rede; mas diferentes tipos de situaçôes de mercado podem levar a diferentes acordos e interaçôes das empresas.
Foram apresentadas várias definiçôes para o termo redes de empresas, e se optou por aquela relacionada ao texto de Jarillo (1988), que considera que sao acordos de longo prazo entre empresas distintas, ainda que se tenha considerado, para efeitos deste trabalho, também as instituiçôes de suporte industrial, como associaçôes, centro de tecnologia e universidades. O escopo das redes, segundo esse mesmo autor, é alcançar e/ou sustentar uma vantagem competitiva em face dos competidores.
A literatura consultada e os casos estudados permitiram o desenvolvimento de uma tipologia vinculada a quatro indicadores: direcionalidade, localizaçao, formalizaçao e poder. Para ilustraçao da aplicaçao dessa tipologia, foram consideradas três redes dentro da indústria de cerâmica de revestimento, duas no Brasil e uma na Espanha. A partir dos dados levantados com distintos instrumentos, póde-se aplicar a tipologia, e inferir a especificidade de cada rede e seu grau de aproximaçao com a rede considerada mais ajustada às tipologias.
Esse exercício mostrou as diferenças entre essas redes. Algumas dessas diferenças evidenciam que, dentro de uma mesma indústria, e até dentro de um mesmo país, as redes podem ser estruturas singulares e similares ao mesmo tempo. Isso parece mostrar que, para a aplicaçao da tipologia proposta, é necessário utilizar como ámbito de análise a rede e nao o país, visto que, como se encontra na ilustraçao, pode haver mais redes de uma mesma indústria em um mesmo país.
Nosso estudo também mostrou que, dependendo da referência que se utilize, pode-se analisar a aproximaçao de cada rede à referência dada. Para tanto é necessário estudar as redes, desde sua constituiçao. Assim, uma abordagem de pesquisa que inclua aspectos qualitativos pode ser necessária. Caso contrário, a tarefa de explicar cada ponderaçao na tipologia pode tornar-se complexa. Ainda sobre os modelos de referência, sua aplicaçao parece que tornou a tipologia empregada mais elucidativa. Contudo pode-se empregar a tipologia sem uma referência, no sentido de descrever as redes e entender seu funcionamento, mais que compará-las. Levanta-se, entao, a possibilidade de estudos focados mais na classificaçao que na comparaçao propriamente dita.
Ressalta-se que na tipologia proposta nao foi assinalada a tipologia dispersa na característica localizaçao, uma vez que as três redes estudadas se configuram como aglomeradas. Porém dispersao e aglomeraçao parecem representar um contínuo, que deve ser levado em conta, quando as redes em análise apresentam ambas as características.
Outra reflexâo que se pode fazer é que a tipologia proposta avança para além dos dois eixos tradicionais de caracterizaçao ou tipologia de redes, que sao a direcionalidade e a formalizaçao. A incorporaçao de indicadores para poder e localizaçao permite que, em uma mesma tipologia, distintos tipos de redes possam ser classificados, além de possibilitar uma releitura dos eixos tradicionais.
Pode-se pensar também que outras tipologias têm permitido a classificaçao de diversos tipos de redes. A proposta apresentada vem contribuir com essa linha. Apesar de a ilustraçao empírica aplicada ser especificamente de empresas aglomeradas, outros trabalhos podem avançar no sentido de entender melhor as redes dispersas, refletindo se a localizaçao se relaciona com outros indicadores, como poder, por exemplo.
Os limites deste trabalho sao relativos à aplicaçao da escala, o que se tentou amenizar com o uso de uma rede como referência. Outro limite é que, apesar de se ter de conhecer a formaçao da rede, essa tipologia retrata, sobretudo, o presente de cada uma delas. É possível que, com o passar do tempo, e pelo próprio processo de dinamicidade das redes, essa tipologia, quando aplicada, retrate outra realidade.
A aplicaçao de tal tipologia parece pertinente, em termos de classificaçao e pode ser desenvolvida como contribuiçao para o estudo das redes de empresas. Alguns caminhos para esse desenvolvimento seriam a aplicaçao dessa tipologia em outras indústrias e mesmo a aplicaçao desse modelo na rede aglomerada da indústria de cerâmica de revestimento da Itália e da Turquia que, como o Brasil e a Espanha, estao entre os maiores produtores e exportadores mundiais. Outra fronteira para novos estudos, a partir deste trabalho, está na possibilidade do aprimoramento da tipologia proposta, visto que as redes, como fenómenos socioeconômicos, igualmente estao sujeitas à dinamicidade e novas configuraçôes existentes podem demandar mudanças na tipologia proposta.
Artigo recebido em 31.05.2005. Aprovado em 16.12.2005.
NOTAS
1 Os autores agradecem aos revisores anônimos da Revista de Administraçâo Contemporánea por suas críticas, sugestôes e contribuiçôes. Igualmente, agradecem o apoio material à parte dessa pesquisa pela FAPESC - Fundaçâo da Amparo à Pesquisa de Santa Catarina, com o projeto FCTP1531/034.
2 Se bem que, neste caso, o conceito envolve também um componente de regionalizaçâo. Mesmo assim, os DI sâo citados como exemplo de redes também por Miles e Snow (1986), quando falam de subcontrataçâo.
3 Pelo tipo de matéria-prima utilizada na regiâo, deve-se destacar que parte das argilas utilizada vem da regiâo do Vale do Rio Tijucas, em Santa Catarina.
4 Antes de se tornar uma aglomeraçâo de cerámica de revestimento existia no local grande concentraçâo de fabricantes de cerámica estrutural.
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F. XAViER MOLiNA-MORALES
Doutor em Administraçao pela Facultat de Ciencias Jurídicas y Económicas da Universitat Jaume I de Castelló. Professor Titular da Universitat Jaume I. Suas áreas de interesse em pesquisa sao distritos industriais, inovaçâo, capital social.
Endereço: Calle Zarauz, n. 12, Grao de Castellón, Castellón, España, 12100.
E-mail: [email protected]
M. TERESA MARTÍNEZ-FERNÁNDEZ
Doutora em Administraçâo pela Facultat de Ciencias Jurídicas y Económicas da Universitat Jaume I de Castelló. Professora Assistente da Universitat Jaume I. Suas áreas de interesse em pesquisa sâo relaçôes inter-organizacionais e configuraçôes organizacionais na indústria cerámica e no turismo.
Endereço: Calle Jaume I, n° 17 Esc. Izq. Pta. 11, 46200, Paiporta, Valencia, Espanha.
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VALMiR EMiL HoFFMANN
Doutor em Administraçâo pela Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales da Universidad de Zaragoza, Espanha. Professor permanente da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Suas áreas de interesse em pesquisa sâo redes de empresas, relaçôes inter-organizacionais, competitividade e estratégia.
Endereço: Rua 1931, 47/702, Balneário Camboriú/SC, 88330-828.
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Abstract
This article searches a contribution to actualize firms networking theme. The objective of this paper is to propose a classification typology to firm network. This typology comes from a bibliographical research and from three clusters studied of ceramic tile industry, two on Brazil and one in Spain. The proposition links the clusters to four indicators: directionality; localization; formalization and power. Methodological proceedings were survey to CEOs, supporting institutions and bibliographical research. Results have shown specificity of each network and its distance to more appropriate cluster according to typology. This work showed differences among networks such, in the same industry and country, two networks can be similar and singular at the same time. Also, using a network as reference, it was possible analyzing other networks to this one according to its characteristics. This proposition makes a contribution to network classification beyond directionality and formalization axis.
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