RAI Revista de Administrao e Inovao ISSN: 1809-2039
DOI:
Organizao: Comit Cientfico Interinstitucional Editor Cientfico: Milton de Abreu Campanario Avaliao: Double Blind Review pelo SEER/OJS Reviso: Gramatical, normativa e de Formatao
MEDINDO A CAPACITAO TECNOLGICA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE TRANSFERNCIAS DE TECNOLOGIA EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE IMUNOBIOLGICOS
Irene Maria Testoni Alonso
Doutoranda em Engenharia Qumica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ
mailto:[email protected]
Web End [email protected] (Brasil)
Jos Vitor Bomtempo Martins
Doutor em Economia Industrial pelo Ecole Nationale Suprieure des Mines de Paris, Frana
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ
mailto:[email protected]
Web End [email protected] (Brasil)
Flvia Chaves Alves
Doutora em Tecnologia de Processos Qumicos e Bioqumicos pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro UFRJ
Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ
mailto:[email protected]
Web End [email protected] (Brasil)
RESUMO
Empresas que atuam em economias emergentes utilizam transferncias de tecnologia como mecanismo
de desenvolvimento de sua capacitao tecnolgica, o que pode gerar inovaes e fazer com que sejam
inseridas em um mercado competitivo. Neste contexto, o objetivo deste artigo propor um sistema de
medio que, por meio de indicadores, seja capaz de mensurar a capacitao tecnolgica autctone em
empresas do setor farmacutico. Tomando como base o referencial terico, foram definidas duas
categorias consideradas capazes de mensurar a referida capacitao, a saber: capacitao em P&D /
inovao e capacitao em aprendizado / recursos humanos. Para verificar a adequao deste sistema
de medio proposta do artigo, foi realizado um estudo de caso em uma empresa farmacutica
produtora de imunobiolgicos, vinculada ao Ministrio da Sade. O resultado da pesquisa sugeriu que
os indicadores definidos para o sistema de medio so apropriados para medir este tipo de
capacitao tecnolgica. Alm disso, o fato da empresa estudada ter o seu crescimento fundamentado
em transferncias de tecnologia mostrou que as mesmas contriburam para a promoo da capacitao
tecnolgica autctone desta organizao. Revelou ainda que houve evoluo dos principais pontos
avaliados, porm, tambm sinalizou alguns pontos que necessitam uma maior ateno para que a
empresa usufrua com mais intensidade de tais transferncias de tecnologia.
Palavras Chave: Capacitao Tecnolgica; Transferncia de Tecnologia; Inovao; Sistema de
Medio; Indicadores.
Medindo a capacitao tecnolgica: um estudo de caso sobre transferncias de tecnologia em uma empresa
produtora de imunobiolgicos
1. INTRODUO
A capacitao tecnolgica para a gerao de inovaes de produtos e / ou servios reconhecida como fundamental para a competitividade de empresas e pases, conforme argumentam Cassiolato e Lastres (2005).
A inovao tecnolgica j faz parte do mundo globalizado, sendo a sua utilizao vista como um procedimento estratgico de competio entre empresas (Jacoski, Dallacorte & Bieger, 2014).
A capacitao tecnolgica, na concepo de Kim (1993), a habilidade de aplicar os conhecimentos tecnolgicos em atividades de produo, investimentos futuros e inovaes, de forma a se adaptar ao contexto onde se vive. Esta capacitao pode se apresentar de diversas formas, desde a capacidade em assimilar e utilizar uma tecnologia, caminhando pela adaptao e modificao, at a gerao de novas tecnologias. Portanto, em um mercado altamente dinmico e competitivo, as empresas buscam continuamente a capacitao tecnolgica para sobreviver.
Nos pases em desenvolvimento, observa-se um hiato tecnolgico em relao aos pases desenvolvidos, os quais, segundo Negri (2006), esto na fronteira tecnolgica. Assim sendo, um mecanismo efetivo de reduo deste hiato tecnolgico, por meio da aquisio e da acumulao de capacitao tecnolgica, seriam as transferncias de tecnologia.
Complementando com o ponto de vista de Lin (2003), transferncias de tecnologia bem sucedidas so aquelas que inserem a tecnologia transferida na base de conhecimento existente na empresa e inovam na etapa subsequente de aprendizado tecnolgico.
Esse processo inclui, necessariamente, a aprendizagem interna dos conhecimentos tecnolgicos que, na maioria das vezes, no esto prontamente acessveis, nem nitidamente definidos. Este conhecimento tem carter estratgico, por este motivo dificilmente partilhado, transferido ou imitado entre as organizaes (Gonzalez & Cunha, 2013).
Conforme o pensamento de Kumar, Kumar e Dutta (2007), em projetos de transferncia de tecnologia de grande porte em um contexto de pases em desenvolvimento, um dos principais objetivos o desenvolvimento de capacitao tecnolgica autctone das empresas.
Adler (1989) afirma que, por ter um carter intangvel, no possvel mensurar diretamente a capacitao tecnolgica. Corroborando com esse pensamento, Coombs e Bierly (2006) destacam que a capacitao tecnolgica principalmente uma construo intangvel e no observvel, com um grande componente tcito. Assim, preciso analisar diferentes indicadores que demonstrem como se deu a construo da capacitao, porm, sem medi-la diretamente.
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Dada a importncia da capacitao tecnolgica no processo de inovao das empresas para sua sobrevivncia, torna-se relevante desenvolver indicadores capazes de mensurar esta capacitao.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi estabelecer um sistema de medio, cujos indicadores permitissem mensurar a capacitao tecnolgica autctone de empresas do setor farmacutico.
Para verificar a adequao do sistema de medio proposta do artigo foi realizado um estudo de caso em uma empresa farmacutica produtora de imunobiolgicos, vinculada ao Ministrio da Sade.
A companhia estudada utiliza acordos de transferncia de tecnologia no somente para inserir novos produtos ao seu portflio, incrementando assim sua parte operacional, mas tambm para adquirir o conhecimento tcito envolvido nos vrios projetos, isto , um aprendizado passvel de ser difundido para atividades de inovao da empresa e, assim, desenvolver a sua capacitao tecnolgica autctone.
Portanto, especificamente nesta pesquisa, uma vez que a empresa estudada buscou promover a sua capacitao tecnolgica por meio de transferncias de tecnologia, tal sistema de medio foi utilizado para avaliar o impacto que tais transferncias de tecnologia exerceram na capacitao tecnolgica da referida organizao.
Desse modo, possvel afirmar, aps a concluso do estudo, que havendo evoluo de tal capacitao, existe um forte indicativo que a mesma pode ser atribuda, direta ou indiretamente, s diversas transferncias de tecnologia realizadas ao longo de sua histria.
O referencial terico empregado na elaborao do artigo mostrou vrias abordagens sobre capacitao tecnolgica, transferncia de tecnologia, medio e indicadores em diferentes indstrias, nas quais os diversos pesquisadores propem modelos e sugerem formas, categorias, componentes e dimenses capazes de medir a capacitao tecnolgica de uma empresa. Estes modelos fornecem ainda informaes sobre variveis crticas teis para avaliar quando os acordos de transferncia de tecnologia so bem sucedidos, isto , qual deveria ser a abrangncia dos indicadores.
Tomando por base estes conceitos, foram definidas duas categorias de capacitao tecnolgica que esto diretamente ligadas capacitao tecnolgica autctone da empresa: capacitao em P&D / inovao e capacitao em aprendizado / recursos humanos. Posteriormente, ainda fundamentado na integrao destes conceitos e nas particularidades da indstria farmacutica, foram criados indicadores que representassem tais categorias de capacitao.
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Alm desta introduo, o artigo apresenta o referencial terico utilizado na pesquisa e uma contextualizao do setor em estudo. Em seguida, abordada a metodologia que orientou a pesquisa e, finalmente, tm-se os resultados e a discusso do estudo de caso, seguidos das consideraes finais.
2. REFERENCIAL TERICO
2.1 Capacitao tecnolgica e transferncia de tecnologia
A capacitao tecnolgica comeou a ser abordada no final da dcada de 1970, quando o interesse e a ateno com a natureza da mudana tcnica nos pases em desenvolvimento passaram a orientar diversos estudos empricos (Gallina, 2009).
Para Gomel e Sbragia (2011), a capacitao tecnolgica adquirida por uma empresa a fora propulsora de sua competitividade. ela que vai conduzir o desempenho da empresa ao longo de sua histria.
Lall (1982, 1987), por exemplo, tem uma viso semelhante de Kim (1993) apresentada na introduo do trabalho, definindo capacitao tecnolgica como um esforo tecnolgico interno para dominar novas tecnologias, adaptando-as s condies locais, aperfeioando-as e at mesmo exportando-as.
Bell e Pavitt (1993, 1995) formularam uma definio complementar, segundo a qual a capacitao tecnolgica incorpora os recursos necessrios para gerar e gerir mudanas tecnolgicas. Tais recursos se acumulam e se incorporam aos indivduos (aptides, conhecimentos e experincia) e aos sistemas organizacionais.
Os estudos realizados por Figueiredo (2000, 2002), adicionalmente aos conceitos de Bell e Pavitt, utilizam a definio de capacitao tecnolgica como sendo os recursos necessrios para gerar e gerir aperfeioamentos incrementais em processos, produtos, equipamentos, projetos de engenharia e organizao da produo; ou mesmo o desenvolvimento de novos produtos, processos e mesmo novas tecnologias que permitam a empresa melhor explorar os mercados existentes ou os novos mercados.
Outros autores como Rush, Bessant e Hobday (2007) relacionam o conceito de capacitao tecnolgica com capacidade de absoro da empresa, a qual, segundo Cohen e Levinthal (1990), no somente a capacidade de adquirir e assimilar o valor do conhecimento novo e externo, mas tambm aplic-lo para fins comerciais. Para eles, a capacitao tecnolgica seria baseada no conhecimento e na experincia prvia. Coombs e Bierly (2006) acreditam que as empresas com nveis mais elevados de
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capacidade de absoro so capazes de reconhecer e assimilar melhor o conhecimento externo, desenvolver as suas capacidades internas e possuir desempenho superior ao das empresas com menor nvel de capacidade de absoro.
Souza e Figueiredo (2013), por sua vez, acreditam que a capacitao tecnolgica das empresas em pases emergentes se desenvolve por meio de processos de aprendizado adaptativo e contnuo, sendo obtida por meio de esforos tecnolgicos para adquirir conhecimentos, aptides e experincias, os quais se acumulam ao longo do tempo.
Por sua vez, transferncia de tecnologia, conforme definio de Takahashi (2005), um processo entre duas entidades sociais, no qual o conhecimento tecnolgico adquirido, desenvolvido, utilizado e melhorado por meio da transferncia de componentes de tecnologia, podendo ser parte do processo ou o processo completo.
Transferncia de tecnologia pode ser definida ainda como um movimento por meio de algum canal a partir de um indivduo ou organizao a outro. um tipo particularmente difcil de comunicao, porque necessita frequentemente de colaborao entre dois ou mais indivduos ou unidades funcionais que so separadas por limites estruturais, culturais e organizacionais (Sung, 2009).
Na opinio de Ahmaed, Ternbach e Ives (2011), um programa completo de transferncia de tecnologia, partindo da perspectiva gerencial, oferece um equilbrio entre oramento, tempo e gerenciamento de riscos, onde qualquer ineficincia resulta em atraso, aumento de custos e algumas vezes, inclusive, em novo desenvolvimento de parte do processo produtivo.
Ainda segundo os autores, partindo da perspectiva tcnica, o sucesso de uma transferncia de tecnologia depende primeiramente da adaptabilidade do processo de produo bem como da comunicao entre as partes. O desenvolvimento do processo deve ser exequvel na escala desejvel e adaptvel ao local receptor. Qualquer falta de clareza ou sigilo acerca de informaes tcnicas perigoso para o sucesso e para o cronograma da transferncia de tecnologia.
Entretanto, os processos de assimilao de uma tecnologia externa e de desenvolvimento de uma capacitao tecnolgica no podem ser avaliados separadamente. necessrio um objetivo de longo prazo, nico e integrado. Caso contrrio, as empresas provavelmente continuaro sendo dependentes de fontes externas de tecnologias, as quais podem ser limitadas em disponibilidade e sofisticao (Cusumano & Elenkov, 1994).
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2.2 Medindo a capacitao tecnolgica
Em virtude do carter intangvel das capacitaes tecnolgicas, os autores citados a seguir propem formas, categorias, componentes e dimenses que possibilitam mensurar, de modo indireto, o nvel de capacitao tecnolgica de uma organizao que busca aprimorar o seu conhecimento tecnolgico.
Furtado (1994), por exemplo, busca categorizar a capacitao tecnolgica em determinadas atividades que so executadas para aprimorar o conhecimento tecnolgico da empresa. As categorias que o autor prope analisar so as seguintes: capacitao em produo, capacitao em projeto, capacitao em P&D e capacitao em recursos humanos.
Kumar, Kumar e Persuad (1999) postulam trs formas de capacitao tecnolgica que podem ser obtidas em acordos de transferncia de tecnologia: capacitao em investimento, capacitao operacional e capacitao de aprendizagem dinmica.
Viotti (2001) por sua vez reuniu uma grande variedade de capacitaes tecnolgicas especficas em trs categorias bsicas: capacitao em produo, capacitao em aprimoramento e capacitao em inovao.
Garca-Muia e Navas-Lpez (2007) escreveram um artigo sobre a relao entre capacitao tecnolgica e o sucesso da firma, no qual propem uma abordagem qualitativa e de resultados. Os autores apresentam dimenses de capacitao tecnolgica, a saber: utilizao exclusiva da tecnologia, utilizao no exclusiva da tecnologia e explorao da tecnologia e dimenses de criao de valor, capacitao de atrair investidores e parceiros, medidas de desempenho, como por exemplo, retorno sobre ativos (ROA) e vendas, entre outras.
Lau, Yam e Tang (2010) realizaram um trabalho sobre capacitao tecnolgica e inovao, no qual a capacitao tecnolgica medida em sete dimenses: capacitao em aprendizado, capacitao em P&D, capacitao em alocao de recursos, capacitao em produo, capacitao em comercializao, capacitao organizacional e capacitao em planejamento estratgico.
Mais recentemente, Omar, Takim e Nawawi (2012) propuseram um modelo baseado no trabalho de Smook e Egmond (2001) para medir o nvel de capacitao tecnolgica em projetos de transferncia de tecnologia da construo civil. Em ambos os trabalhos, o modelo proposto engloba trs componentes: desempenho de produo, utilizao da tecnologia e capacitao da empresa.
possvel perceber nos modelos apresentados anteriormente que as diferentes formas, categorias, componentes e dimenses citadas pelos pesquisadores contemplam temas recorrentes, tais
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como a parte operacional da tecnologia, o aprendizado dos colaboradores, o desenvolvimento interno
da tecnologia, alm do desempenho econmico-financeiro.
Tomando por base esses conceitos, foram definidas quatro categorias de capacitao tecnolgica capazes de contemplar os pontos mais representativos da literatura: capacitao em produo / operao; capacitao em investimento / projeto; capacitao em P&D / inovao; capacitao em recursos humanos / aprendizagem. Para este artigo foram estabelecidas categorias relacionadas diretamente com a capacitao tecnolgica autctone da empresa. So elas: capacitao em P&D / inovao e capacitao em recursos humanos / aprendizagem, visto que tais categorias esto intimamente relacionadas com a capacidade de absoro da empresa.
A partir da definio das categorias de capacitao tecnolgica foram criados indicadores que pudessem represent-las. Pode ser observado que, em relao abrangncia de tais indicadores, a literatura existente compartilha muitos pontos em comum. No entanto, existe uma unanimidade em no serem adotadas somente medidas financeiras.
Neste trabalho foi criado um sistema de medio integrado, constitudo por medidas financeiras e no financeiras, mas que concomitantemente atendesse o que ficou definido para capacitao em P&D / inovao e capacitao em recursos humanos / aprendizagem.
Os fundamentos extrados do referencial terico que serviram de inspirao para a criao dos indicadores do sistema de medio esto resumidamente descritos no Quadro 1.
Quadro 1: Fundamentao terica para criao dos indicadores do sistema de medio.
Referncia Abordagem Indicadores
Cohen e Levinthal (1990).
Capacidade de absoro de uma empresa.
Investimento em P&D, nmero de mestres e doutores, parcerias, patentes.
Mangematin e Nesta (1999).
Capacidade de absoro de uma empresa.
Investimentos em P&D, qualificao do pessoal e infraestrutura.
Operao da tecnologia, manuteno da qualidade do produto, investimento em P&D, qualificao do pessoal treinamento de pessoal.
Kumar, Kumar e Persuad (1999).
Capacitao tecnolgica em empresas de vestimenta, txtil, eletrnica e de calados.
Smook e Egmond (2001) e Omar, Takim e Nawawi (2012).
Capacitao tecnolgica na indstria da construo civil.
Margem de lucro, percentagem do custo estimado pelo custo real, percentual de reclamaes, nmero de equipamentos, nmero de projetos.
Schoenecker e Swanson (2002).
Capacitao tecnolgica nos segmentos: farmacutico, qumico e eletrnico e suas implicaes no desempenho.
Patentes, oramento em P&D, contagem da citao de patentes, novos produtos e desempenho financeiro.
Archibugi e Coco Capacitao tecnolgica em nvel Patentes, recursos de P&D,
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(2004). de pas. infraestrutura, recursos humanos, indicadores econmicos.
Dutta, Narasimhan e Rajiv (2005).
Capacitao tecnolgica em empresas de semicondutores e equipamentos de computador.
Produo tecnolgica, entrada de recursos, intensidade de P&D, intensidade em marketing.
Coombs e Bierly (2006).
Capacitao tecnolgica em empresas manufatureiras (relao entre capacitao tecnolgica e o desempenho da empresa).
Investimento em P&D, percentual do faturamento investido em P&D, quantitativo de novos produtos, quantitativo de projetos, patentes e retorno sobre as vendas (ROS), retorno sobre ativos (ROA), e retorno sobre o patrimnio (ROE), valor de mercado.
Garca-Muia e Navas-Lpez (2007)
Capacitao tecnolgica em uma empresa de biotecnologia e o seu efeito nos resultados da empresa.
Tempo mdio para desenvolver inovaes incrementais, nmero de produtos em desenvolvimento, durao mdia da inovao substituio / mdia tempo obsolescncia, nmero de propostas de parcerias para colaborar em projetos, aumento mdio de vendas.
Fonte: Elaborao prpria a partir do referencial terico.
A pesquisa literria concluiu que os diversos trabalhos apresentavam muitas similaridades. Na verdade, os mesmos indicadores so abordados em vrios trabalhos, mostrando a existncia de certo consenso entre os estudiosos sobre quais so os componentes mais importantes na avaliao da capacitao tecnolgica.
Uma anlise detalhada mostrou que a maioria dos indicadores que emergem destes trabalhos aplicvel indstria farmacutica e alguns deles, inclusive, podem representar as categorias de capacitao tecnolgica estabelecidas para esta pesquisa. Complementarmente, durante a construo do sistema de medio buscou-se contemplar as caractersticas peculiares a esta indstria, que tm forte nfase em aprendizado e P&D, com vistas a que fossem criados indicadores adequados realidade do segmento e que atendessem proposta da pesquisa.
3. CONTEXTUALIZAO DO SETOR EM ESTUDO
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A indstria farmacutica possui caractersticas especficas e diferenciadas dos demais setores industriais. A P&D tem um peso especfico na lucratividade do setor e so os medicamentos inovadores que trazem, de fato, novos mercados e lucros extraordinrios. Assim, inovar constitui o principal fator de sobrevivncia para as empresas que operam no mercado. Os vencedores no mercado global tm sido as firmas que tm demonstrado ter uma resposta imediata, rpida e flexvel em inovao de produtos, junto com a capacitao gerencial para efetivamente coordenar e reposicionar suas competncias internas e externas (Vieira & Ohayon, 2006).
Na indstria farmacutica, alm dos gastos e prazos com P&D necessrios para empreender uma inovao, como ocorre em outras indstrias, so exigidos ainda testes rigorosos, caros e demorados antes de um medicamento, uma vacina ou um tratamento ser introduzido no mercado. Esses testes so de natureza pr-clnica, com animais em laboratrio e, posteriormente, so requeridas trs fases de testes clnicos com seres humanos, de modo a garantir a segurana e a efetividade do produto. H tambm uma quarta fase, posterior ao lanamento do produto, destinada a identificar, entre outros, efeitos colaterais e reaes adversas no previstas (Bastos, 2005).
O desenvolvimento de um medicamento envolve vrias etapas e muitos atores de diferentes especialidades. um processo longo, variando de 10 a 15 anos, demandando um investimento muito alto (Homma et al, 2005).
A indstria de imunobiolgicos figura entre os segmentos da indstria farmacutica, tal qual a indstria de medicamentos. Este segmento industrial inclui as vacinas, reativos para diagnstico laboratorial e biofrmacos.
Muitas vezes o mercado de imunobiolgicos comparado ao mercado de medicamentos, pois ambos apresentam custos de desenvolvimento elevado e so fortemente regulados. No entanto, apresentam tambm algumas diferenas, visto que o tamanho do mercado e a rentabilidade so menores para o setor de imunobiolgicos (Baetas, 2004).
No caso da produo de vacinas, uma das caractersticas ter o setor pblico como o principal comprador, por estar ligada a demandas de sade pblica. No Brasil, o Programa Nacional de Imunizaes (PNI) vem sistematicamente introduzindo vacinas tecnologicamente mais modernas e de alto valor agregado. Se por um lado essa medida tem um impacto positivo no quadro sanitrio, por outro lado pressiona os gastos do Ministrio da Sade (Homma e Moreira, 2008).
Por esse motivo, h um esforo entre os produtores nacionais visando a nacionalizar a produo de novas vacinas, no menor prazo e ao menor preo, de sorte a possibilitar sua introduo no calendrio vacinal. Para isso, o Ministrio da Sade vem apoiando acordos de transferncia de
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tecnologia para a produo local de novas vacinas. Tais acordos so facilitados devido ao fato do Brasil possuir um dos maiores mercados mundiais, o que o faz extremamente atraente.
4. METODOLOGIA
O objetivo desse trabalho estabelecer um sistema de medio cujos indicadores permitam mensurar a capacitao tecnolgica autctone de empresas do setor farmacutico. Para verificar a adequao do sistema de medio proposta do artigo, foi realizado um estudo de caso em uma empresa farmacutica produtora de imunobiolgicos vinculada ao Ministrio da Sade.
A construo do sistema de medio foi realizada a partir de uma pesquisa literria. Aps a leitura e interpretao dos trabalhos que apresentaram maior relevncia para o estudo, os quais se encontram citados no referencial terico, buscou-se incorporar as diferentes abordagens acadmicas, ou seja, foi realizada a integrao dos diferentes conceitos, os quais forneceram uma viso global do que os indicadores deveriam abranger no sistema de medio.
Para construo do sistema de medio, houve duas etapas: 1. Estabelecimento das categorias de capacitao tecnolgica; e 2. Definio dos indicadores.
A primeira etapa teve por objetivo pesquisar no referencial terico formas, categorias, componentes e dimenses que melhor pudessem representar o desenvolvimento da capacitao tecnolgica autctone na indstria de farmacutica.
A partir deste estudo foram definidas duas categorias de capacitao tecnolgica:
Capacitao em P&D / inovao Consiste nas habilidades desenvolvidas pela empresa visando produo de novas tecnologias e melhoria das existentes. So habilidades desenvolvidas pela empresa visando gerao de um novo conhecimento cientfico e tecnolgico. Situam-se principalmente, nas atividades de pesquisa com pessoal especializado;
Capacitao em recursos humanos / aprendizagem Representa o esforo de contratar e qualificar os colaboradores no s para absorver novas tecnologias, mas tambm para promover melhorias conforme a necessidade e caminhar para atividades de inovao.
Vale ressaltar que estas categorias esto profundamente relacionadas com a capacidade de absoro da empresa (Cohen & Levinthal, 1990). Os autores argumentam que ela , em grande parte, consequncia do nvel de conhecimento prvio da empresa, incluindo conhecimentos bsicos e
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conhecimentos mais recentes em desenvolvimentos cientficos e tcnicos no seu campo de atuao. Sugerem ainda que o investimento em P&D determina a capacidade de absoro da empresa.
A segunda etapa consistiu em examinar criteriosamente os diversos trabalhos citados no referencial terico e avaliar quais indicadores foram utilizados para mensurar a capacitao tecnolgica nos diferentes segmentos industriais.
A seguir foram identificados os pontos mais representativos da literatura, compatveis com os aspectos especficos da indstria farmacutica e que concomitantemente fossem capazes de mensurar as duas categorias de capacitao tecnolgica.
Assim sendo, uma dada categoria de capacitao foi mensurada por meio da avaliao do comportamento do conjunto dos indicadores que a compe.
As Tabelas 1 e 2 apresentam os indicadores criados para avaliar cada categoria de capacitao tecnolgica, bem como seus objetivos.
Tabela 1: Indicadores relacionados Capacitao em P&D / Inovao
Indicador Objetivo
Investimentos em P&D (R$ milhes/ano).
Fomentar o lanamento contnuo de novos produtos e aperfeioar os existentes.
Percentual do faturamento investido em P&D (%/ano). Fomentar a inovao.
Percentual de pessoal em P&D em relao ao total de funcionrios (%/ ano).
Promover o fortalecimento na rea de P&D.
Quantitativo de pessoal em P&D Promover o fortalecimento na rea de
P&D.
Percentual de mestres e doutores em relao ao total de pessoal de nvel superior em P&D (%/ ano).
Fomentar e fortalecer alianas tecnolgicas.
Mensurar o desenvolvimento de base tecnolgica nativa.
Lanar continuamente novos produtos e aperfeioar os existentes em atendimento demanda.
Fonte: Elaborao prpria
Tabela 2: Indicadores relacionados Capacitao em Aprendizagem / Recursos Humanos
Indicador Objetivo
Quantitativo de funcionrios (n). Avaliar o crescimento da empresa
atravs do nmero de funcionrios
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Fortalecimento das competncias
Quantitativo de patentes depositadas (n/ ano). Mensurar atividades de inovao.
Quantitativo das parcerias tecnolgicas formalizadas (n/ ano).
Nmero de projetos de desenvolvimento interno (n/ ano).
Quantitativo de novos produtos lanados (n/ ano).
Medindo a capacitao tecnolgica: um estudo de caso sobre transferncias de tecnologia em uma empresa
produtora de imunobiolgicos
Percentual de doutores, mestres e especialistasem relao ao total de funcionrios (%). Desenvolver competncias estratgicas.
Investimento em treinamento e capacitao (%). Qualificar a fora de trabalho.
ndice de desenvolvimento de RH (homem-horatreinado/ total de horas disponveis) (%). Qualificar a fora de trabalho. Quantitativo de procedimentos produzidos (n/ano).
Compartilhar o conhecimento oriundo da TT.
Fonte: Elaborao prpria
Os indicadores foram ento aplicados em uma empresa produtora de imunobiolgicos, vinculada ao Ministrio da Sade, para verificar a adequao do sistema de medio proposta da pesquisa. Tal empresa buscou realizar transferncias de tecnologia ao longo do tempo, para atender s demandas de sade pblica e simultaneamente adquirir e acumular capacitao tecnolgica, isto , a organizao aumentar o seu domnio tecnolgico e o pas diminuir sua dependncia externa por imunobiolgicos.
A pesquisa emprica compreendeu o perodo entre 1999 e 2011, que para efeito comparativo foi dividido em dois perodos: 1999-2005 e 2006-2011. Para delimitao dos perodos foram considerados dois marcos, que tiveram grande relevncia para a organizao.
O primeiro marco aconteceu no ano de 1999, quando a empresa inicia o fornecimento de vacinas mais modernas e de maior valor agregado ao PNI. Foi o primeiro acordo de transferncia de tecnologia realizado por meio de licenciamento, com a participao da companhia em todas as fases do projeto.
O segundo marco aconteceu no ano de 2005. Delimitou o fim do primeiro perodo. Este ano foi caracterizado pelo incio do fornecimento de medicamentos biolgicos obtidos por meio de uma tecnologia inovadora para a produo de medicamentos biolgicos de ltima gerao, denominados biofrmacos. Em tal ano tambm teve incio o fornecimento do primeiro reativo para diagnstico laboratorial produzido por acordo de transferncia de tecnologia.
O ano seguinte, 2006, caracterizou o incio o segundo perodo. A coleta de dados para a avaliao deste perodo se estendeu at o ano 2011.
Vale ressaltar que ao longo dos dois perodos a empresa realizou diversos acordos de transferncias de tecnologia.
Os dados coletados para calcular os indicadores foram obtidos por meio de anlises documentais, tais como relatrios anuais, pesquisas em dissertaes e teses sobre a empresa, entre outras.
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Posteriormente os dados foram tabulados, segundo sua categoria de capacitao tecnolgica, e, aps, calculada a mdia dos indicadores em cada perodo definido na metodologia. Para alguns indicadores foi considerado apropriado examinar simultaneamente a taxa de crescimento mdio anual ponderado (CAGR). Os resultados encontrados na pesquisa foram dispostos em uma planilha, de modo a terem o seu comportamento comparado e estudado. Complementando o estudo, esses dados foram dispostos em forma de grfico e ento, examinado o desempenho dos indicadores ao longo do tempo.
Tambm se acreditou ser pertinente confrontar o resultado de determinados indicadores com benchmarks da indstria farmacutica, quando esta apreciao fosse reputada como extremamente relevante. Procurou-se contemplar no benchmark outras empresas farmacuticas brasileiras, empresas indianas pela similaridade de desenvolvimento dos pases a que pertencem e empresas situadas na fronteira tecnolgica.
5. DISCUSSO DOS RESULTADOS
Nesta seo apresentada a discusso dos indicadores criados para representar as duas categorias de capacitao tecnolgica que deveriam ser obtidas pela empresa como resultado de transferncias de tecnologia.
5.1 Indicadores da categoria capacitao em P&D / inovao
A Tabela 3 mostra comparativamente o resultado dos indicadores definidos para a categoria capacitao em P&D / inovao, nos dois perodos avaliados.
Tabela 3: Resultados dos indicadores para categoria capacitao em P&D / inovao Capacitao em P&D / inovao
Indicador 1 Perodo
(1999-2005)
Anlise de tendncia do grfico
2 Perodo (2006-2011)
Anlise de tendncia do grfico
Investimentos em P&D (R$ milhes)
4,2 (mdia/ano) e 35,10 CAGR
Crescimento contnuo com pequena variao, porm com um aumento acentuado no ano de 2005.
29,8 (mdia/ano) e 20,71 CAGR
Incio do perodo com um pequeno aumento em relao ao anterior. Porm, no ano de 2008 apresentou um aumento acentuado mantendo a mdia nos anos seguintes.
Percentual do faturamento investido em P&D (%)
2,4 (mdia/ano)
Pequena variao em torno da mdia, praticamente dobrando o valor em 2005.
4,3 (mdia/ano)
Aumento da mdia em relao ao perodo anterior, do ano de 2009 at 2011 apresentou um pequeno declnio.
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produtora de imunobiolgicos
Percentual de pessoal em P&D em relao ao total de funcionrios (%)
13 (mdia/ ano)
Pequena variao em torno da mdia do perodo.
12,7 (mdia/ no)
Pequena variao em torno da mdia do perodo.
Quantitativo de pessoal em P&D
(n)
71,9 (mdia/ ano) e 7,79 CAGR
Crescimento praticamente constante no incio do perodo, com um pico de crescimento em 2005.
138,9 (mdia/ ano) e 10,77 CAGR
O crescimento de 2005 se manteve ao longo do perodo com uma ligeira tendncia de alta.
Percentual de mestres e doutores em relao ao total de nvel superior em P&D (%)
51,3 (mdia/ ano) e 21,29 CAGR
Pequena variao nos primeiros anos, porm de 2003 a 2005 apresentou uma leve tendncia de alta.
69,0 (mdia/ no) e 5,87 CAGR
A tendncia de alta foi mantida e posteriormente estabilizada em um nvel mais elevado que o perodo anterior.
Quantitativo de patentes depositadas (n)
1,0 (mdia/ano)
Tendncia de alta em alguns anos, porm se mantendo em um nvel baixo quando se faz a mdia do perodo.
1,5 (mdia/ano)
Sem variao durante o perodo, a exceo do ano de 2006 que apresentou um crescimento mais acentuado, o que fez aumentar ligeiramente a mdia em relao ao perodo anterior.
Quantitativo de parcerias tecnolgicas (n)
7,7 (mdia/ano) e 32,5 CAGR
Nos primeiros anos permaneceu estvel.
Porm, em 2004 e 2005, apresentou dois saltos de crescimento.
15,7 (mdia/ano) e 0% CAGR
Permaneceu no nvel elevado alcanado no primeiro perodo e se manteve estvel em torno da mdia ao longo do perodo.
Quantitativo de projetos (n)
39,6 (mdia/ano) e 6,50 CAGR
Alta expressiva no ano 2000 que se manteve constante at 2004. Em
2005 apresentou um pequeno declnio em relao ao ano anterior
34 (mdia/ano) e 1,38 CAGR
O valor apresentado do ano de 2005 se manteve no perodo seguinte, com pouca variao em torno da mdia do perodo.
Quantitativo de novos produtos lanados (n)
2,7 (mdia/ano)
Distribuio aleatria ao longo da mdia, exceo feita no ano 2000 que apresentou um crescimento mais acentuado.
2,5 (mdia/ano)
Manteve aproximadamente a mdia do perodo anterior, porm com picos em 2006 e 2011 e zero em 2010.
Fonte: Elaborao prpria a partir dos relatrios anuais de atividades da empresa.
Comparando o comportamento do indicador investimentos em P&D nos dois perodos, observa-se que a mdia anual de reais investidos no segundo perodo foi aproximadamente sete vezes maior que no primeiro perodo. A justificativa aparece quando se analisa o indicador percentual do faturamento investido em P&D, o qual apresentou um aumento de aproximadamente 80% no segundo perodo. Porm, uma investigao mais profunda mostrou que um crescimento to contundente se justificou principalmente pelo aumento do prprio aumento do faturamento da empresa, ocorrido devido insero de novos produtos ao seu portflio como resultado das transferncias de tecnologia.
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Verificando a anlise de tendncia, deduz-se que o investimento em P&D comeou com valores bastante baixos e praticamente dobrou em 2005, o que justifica o valor do CAGR neste perodo. Este incremento de investimento em P&D reflete o papel estratgico que estas atividades adquiriram para a empresa. Este papel se manteve durante todo o segundo perodo, conforme os resultados apresentados.
Na Tabela 4, possvel confrontar o resultado da empresa analisada com o de outras empresas do mesmo setor. A coluna investimento em milhes de R$, d ideia do montante destinado por essas empresas P&D. Nota-se que, enquanto nas empresas brasileiras e indianas, incluindo a a empresa estudada, o oramento anual de P&D se situa na casa das dezenas e centenas de milhes de reais, em uma das empresas lderes mundial, o valor atinge patamares de US$ bilhes. Neste caso, mesmo com o aumento significativo entre as mdias do primeiro e do segundo perodo, a empresa analisada ainda se encontra em um patamar inferior de investimento em P&D em relao s empresas lderes.
Entretanto, mais importante que examinar o investimento em milhes de R$ examinar o percentual do faturamento investido em P&D, tambm mostrado na Tabela 4. Conforme argumentam Schoencker e Swanson (2002), os gastos com P&D constituem um passo inicial crucial para o desenvolvimento de novos produtos e novas tecnologias, estando alinhados com a escala global de atividades tecnolgicas da empresa. Porm, consideram que o percentual do faturamento aplicado em P&D fornece informao sobre a nfase que a empresa est dando em P&D na sua estratgia competitiva. Isto , o quantitativo financeiro investido depende do porte da empresa, do seu faturamento, ao passo que o percentual investido depende do compromisso da organizao com as atividades de inovao.
Apesar do aumento significativo no percentual do faturamento investido em P&D, o mesmo ainda se encontra aqum do que investido por empresas que adotam como estratgia altos investimentos em P&D, como forma de garantir uma participao relevante no mercado.
Os gastos das grandes empresas multinacionais com P&D tm concentrado de 13% a 15% do seu faturamento (Palmeira, Pieroni, Antunes & Bomtempo, 2012).
Pde ser observado ainda que, alm do percentual do faturamento investido em P&D apresentar um vis de declnio no final do segundo perodo, este ainda inferior ao investimento feito por empresas brasileiras e indianas.
Comparativamente s empresas lderes de mercado, o investimento de aproximadamente um tero. Ou seja, para uma empresa que quer se tornar inovadora, o investimento em P&D ainda se encontra consideravelmente baixo, embora exista um esforo para o seu crescimento.
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Tabela 4: Investimento em P&D e percentual do faturamento investido em P&D em empresas
farmacuticas.
Empresa Ano Pas de origem Investimento
em R$ milhes
Percentual do faturamento investido em P&D
Ach 2011 Brasil 41 5 EMS 2011 Brasil 105 6 Dr Reddys 2011 ndia 192 7
Cipla 2011 ndia 107 5 GSK 2011 Inglaterra 14800 13 Fonte: Elaborao prpria a partir dos sites e relatrios anuais das empresas.
Analisando o percentual de pessoal em P&D em relao ao total de funcionrios, notou-se que o mesmo se manteve praticamente igual nos dois perodos analisados. Ou seja, o crescimento de pessoal em P&D acompanhou o crescimento da empresa.
Este percentual est perfeitamente harmonizado com o mostrado no relatrio anual da GlaxoSmithKline (GSK) que em 2011 apresentava um percentual de 13% (GSK, 2011). Ou seja, um indicador que no se alterou ao longo do tempo e est coerente com o apresentado por uma empresa que est na fronteira tecnolgica.
Quando se analisa a mdia de funcionrios em P&D, verifica-se que a mesma quase que dobrou no segundo perodo. Como o percentual de pessoal de P&D em relao ao total de funcionrios se manteve constante, este valor d uma percepo do crescimento da empresa. Portanto, as atividades de P&D continuaram fortalecidas, mesmo com o aumento das demais atividades.
Entretanto, quando avaliado o percentual de mestres e doutores em relao ao total de nvel superior em P&D, observa-se que houve um aumento de 34% no percentual de mestres e doutores em relao ao total de nvel superior em P&D no segundo perodo em relao ao primeiro. Isto um reflexo da incorporao de produtos mais complexos ao portflio da companhia, o que demandou a contratao de pessoal mais qualificado, ao mesmo tempo em que incentivou a qualificao dos colaboradores.
Completando esta avaliao com a CAGR e a anlise de tendncia, se percebe que houve uma procura por pessoal mais qualificado. No final do primeiro perodo houve um reconhecimento da necessidade por pessoal qualificado em P&D, da a CAGR ter sido consideravelmente superior no primeiro perodo e a tendncia de alta nos trs ltimos anos do perodo se manter na etapa seguinte.
Com relao ao indicador quantitativo de patentes depositadas, conforme afirmam Mangematin e Nesta (1999), o nmero de patentes de uma empresa, como resultado do esforo em P&D representa competncias cientficas que aumentam a base de conhecimento.
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Embora o patenteamento de produtos e processos no seja o principal direcionador das atividades de PD&I da organizao, a pesquisa mostrou que essa cultura vem sendo consolidada internamente. Porm, a anlise do resultado desse indicador mostrou que no houve um aumento significativo no segundo perodo em relao ao primeiro que justificasse a consolidao dessa cultura. A mdia do nmero de patentes depositadas nos dois perodos ficou praticamente a mesma.
Quanto ao indicador quantitativo de parcerias tecnolgicas, observa-se que a mdia do segundo perodo foi o dobro do perodo anterior. A razo desse acontecimento encontra respaldo na anlise de tendncia e da CAGR deste indicador. Nesta anlise, observou-se que no primeiro perodo houve picos de crescimento em 2004 e 2005. Este crescimento se manteve constante no perodo seguinte, ou seja, o quantitativo de parcerias alcanado no final do primeiro perodo permaneceu inalterado durante todo o segundo perodo. Tal fato justifica o aumento significativo da CAGR no primeiro perodo e o fato de no ter apresentado crescimento no segundo perodo.
Isto mostra que a empresa inicialmente dispunha de um quantitativo pequeno de parceiros, porm houve um esforo em estabelecer parcerias com organizaes externas para a nacionalizao de produtos de interesse para o pas e para o desenvolvimento do P&D interno.
De modo semelhante, tambm se nota que a CAGR para o indicador quantitativo de projetos no primeiro perodo maior que no segundo perodo.
A anlise de tendncia mostra que o crescimento atingido em 2005 se conservou praticamente constante no perodo seguinte.
Foi possvel constatar que, a partir de 1999, a empresa passou a priorizar a realizao de novos acordos de transferncia de tecnologia, desenvolvimento conjunto e outras formas de colaborao que permitiram desdobramentos tecnolgicos para aperfeioar e desenvolver novos projetos.
A justificativa evidenciada na pesquisa emprica foi que a empresa implantou em 2006 um processo de balanceamento da carteira de projetos de PD&I, isto , a empresa faz uma reviso anual da composio desta carteira para identificar as prioridades de investimento alinhadas ao plano estratgico e s demandas de sade pblica, de modo a investir intensivamente nos projetos de maior interesse. Com isso, o risco de projetos no serem finalizados menor.
A seleo criteriosa de projetos de PD&I fundamental para o fortalecimento da capacidade de absoro tecnolgica da companhia. O rigor da avaliao das propostas resulta na melhor aplicao do conhecimento disponvel e dos recursos financeiros e humanos. O resultado foi a aprovao de um nmero menor de propostas, mas com maior exequibilidade de concluso.
Quanto ao indicador quantitativo de produtos lanados, a mdia de lanamentos em cada perodo praticamente no se alterou. A anlise de tendncia mostra uma oscilao, principalmente no
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segundo perodo, em virtude do lanamento de novos produtos variarem conforme a demanda do Ministrio da Sade por imunobiolgicos.
Esse indicador revela a ampliao da linha de produtos, fruto das transferncias de tecnologia e parcerias realizadas, que propiciam alm do lanamento de um novo produto, a realizao de inovaes incrementais, tais como novas apresentaes e melhoria do processo.
5.2 Indicadores da categoria capacitao em aprendizagem / recursos humanos
A Tabela 5 apresenta o resultado dos indicadores criados para a categoria capacitao em recursos humanos / aprendizado, bem como a respectiva a anlise de tendncia.
Tabela 5: Resultados dos indicadores para categoria capacitao em recursos humanos /
aprendizado Indicador 1 Perodo
(1999-2005)
Anlise de tendncia do grfico
2 Perodo (2006-2011)
Anlise de tendncia do grfico
Quantitativo de funcionrios da empresa
551,9 (mdia/ ano) e 10,62 CAGR
Crescimento contnuo e consistente ao longo do perodo.
1110, 2 (mdia/ ano) e 10,65 CAGR
Crescimento contnuo e consistente ao longo do perodo.
Percentual de doutores, mestres e especialistas em relao ao total de funcionrios (%).
23,4 (mdia/ ano) e 13,44 CAGR
Pequena variao em torno da mdia nos primeiros anos, com leve tendncia de alta nos trs ltimos anos.
31,0 (mdia/ ano) e 14,84 CAGR
Manteve a tendncia de alta do final do perodo anterior, acentuando em 2011.
Investimento em treinamento e capacitao (milhares de R$)
488 (mdia/ ano) e
31,82 CAGR
Pequenas variaes em torno da mdia. Em 2005 apresentou uma alta significativa.
1155 (mdia/ ano) e -9,29 CAGR
O ano de 2006 apresentou uma alta acentuada que no se manteve ao longo do tempo. Mostrou declnio a partir de 2009.
ndice de desenvolvimento de RH (homemhora treinado / total de horas disponveis) (%).
1,67 (mdia/ ano)
Evoluo irregular em torno da mdia, com forte tendncia a alta no fim do perodo. Porm, apresentou um valor muito baixo no ano de 2001.
1,32 (mdia/ ano)
Comeou o perodo em alta no primeiro ano. Porm, apresentou um forte declnio a partir de 2007.
Quantitativo de procedimentos produzidos (n/ ano).
367 (mdia/ ano)
Pequena variao em torno da mdia do perodo
1891 (mdia/ ano)
Crescimento contnuo e bastante expressivo ao longo do perodo.
Fonte: Elaborao prpria a partir de relatrios de atividades da empresa.
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A anlise de tendncia do indicador quantitativo de funcionrios mostrou um crescimento consistente e constante nos dois perodos. Isto pode ser comprovado com base na CAGR ser igual nos dois perodos e tambm no nmero de funcionrios ter dobrado no segundo perodo.
A contratao de novos funcionrios importante para a empresa, pois conforme afirmao de Erden, Klang, Sydler, e Krogh, (2014), traz novas experincias e conhecimentos que se integram empresa proporcionando um impacto positivo, principalmente em empresas intensivas em conhecimento.
Este resultado semelhante ao apresentado na anlise do indicador quantitativo de pessoal em P&D da categoria capacitao em P&D / inovao. possvel, ento, deduzir que em virtude da introduo de novos produtos e processos e ao incentivo inovao, o crescimento se deu nas diversas atividades da empresa em ambos os perodos.
No indicador percentual de doutores, mestres e especialistas em relao ao total de funcionrios, observa-se significativo aumento do percentual de profissionais com ps-graduao no segundo perodo. Porm, o mais importante a constatao de que a CAGR para o percentual de doutores, mestres e especialistas em relao ao total de funcionrios, foi maior em ambos os perodos do que a CAGR para o quantitativo de funcionrios da empresa. Portanto, a evoluo do quadro de funcionrios, acompanhado de uma superior qualificao desses funcionrios um bom indicador de capacitao tecnolgica autctone de uma organizao.
A incorporao de novas tecnologias implica em conhecimento maior e mais complexo. Mangematin e Nesta (1999) alegam que uma maior qualificao dos funcionrios na execuo das tarefas rotineiras faz com que haja um aumento da reserva de conhecimento da empresa e facilite o intercmbio com outros pesquisadores e cientistas.
O indicador percentual do faturamento investido em treinamento e capacitao de grande valia para analisar a capacitao tecnolgica autctone de uma companhia, pois tais investimentos abrangem aes que visam o desenvolvimento e aprimoramento profissional, o desenvolvimento das lideranas gerenciais e a busca de novos talentos.
A anlise deste indicador se insere na perspectiva de Cohen e Levinthal (1990) e de Mangematin e Nesta (1999), quando estes alegam que uma organizao necessita de conhecimentos anteriormente relacionados para que seja capaz de assimilar e utilizar os novos conhecimentos. Ainda segundo os autores, o desenvolvimento da capacidade de absoro de uma organizao vai depender do investimento prvio na capacidade de absoro individual de seus constituintes, e, consequentemente, a tendncia da capacidade de absoro organizacional se desenvolver cumulativamente.
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Na empresa estudada, a anlise de tendncia e da CAGR no primeiro perodo mostrou um resultado bastante promissor, que atendia a perspectiva dos pesquisadores citados anteriormente.
Porm, no perodo seguinte, ainda que o investimento em treinamento e capacitao tenha dobrado de valor, a CAGR foi negativa. Na anlise de tendncia se observou que o valor investido em 2006 no se manteve nos anos seguintes e que a partir de 2009 apresentou um vis de baixa, o que explica a CAGR negativa. Ou seja, o crescimento de pessoal no foi acompanhado por um aumento proporcional dos gastos com treinamento e capacitao dos colaboradores.
O resultado deste indicador confirmado na avaliao do indicador ndice de desenvolvimento de RH (IDRH), que o nmero homem-hora treinado pelo total de horas disponveis. Apesar da anlise de tendncia ter apresentado um resultado favorvel no primeiro perodo, exibiu um declnio acentuado no segundo perodo, inclusive com vis de baixa.
O processo de crescimento de uma empresa exige um grande investimento em horas de treinamento para a capacitao e desenvolvimento da fora de trabalho. Portanto, fica evidente a necessidade de uma poltica de treinamento mais agressiva, para retornar aos nveis anteriores.
A capacidade de absoro da empresa depende da disseminao do conhecimento atravs dela, isto , o conhecimento adquirido transcrito nos procedimentos e incorporado nas rotinas organizacionais (Cohen & Levintal, 1990). Complementando este pensamento, para Nonaka e Takeuchi (1997) o conhecimento organizacional envolve tambm rotinas e prticas que podem ser decodificadas, tambm atravs de procedimentos. Portanto, relevante a avaliao do indicador quantitativo de procedimentos produzidos para avaliar a capacidade de absoro da empresa que, por sua vez, est intimamente relacionada com as categorias de capacitao tecnolgica estabelecidas na metodologia desta pesquisa.
Comparando a mdia dos dois perodos, nota-se que houve um crescimento contundente no segundo perodo no quantitativo de procedimentos produzidos, mostrando o fortalecimento do conhecimento organizacional. A introduo de novos produtos e processos e o incremento das atividades de desenvolvimento tecnolgico influenciaram diretamente este indicador.
6. CONSIDERAES FINAIS
O objetivo deste artigo foi construir um sistema de medio cujos indicadores fossem capazes de mensurar a capacitao tecnolgica autctone em empresas do setor farmacutico.
A fundamentao terica mostrou que capacitao em P&D / inovao e capacitao em aprendizagem / recursos humanos so duas categorias adequadas para realizar esta medio e forneceu
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ainda subsdios para a criao dos indicadores que pudessem represent-las. Devido ao carter intangvel da capacitao tecnolgica, tais indicadores mediram indiretamente esta capacitao.
Para verificar a adequao do sistema de medio proposta do artigo foi realizado um estudo de caso em uma empresa farmacutica produtora de imunobiolgicos vinculada ao Ministrio da Sade.
Foi possvel concluir que o trabalho cumpriu o seu propsito, pois a anlise e a interpretao dos indicadores definidos no sistema de medio mostrou que os mesmos apresentavam a abrangncia necessria para mensurar a capacitao tecnolgica da empresa, isto , estavam aptos a medir vrios quesitos de cada categoria de capacitao.
Assim sendo, o conjunto dos indicadores designados para uma determinada categoria de capacitao tecnolgica foram suficientes para medi-la.
Como a empresa estudada teve o seu desenvolvimento fundamentado em transferncias de tecnologia, o sistema de medio proposto permitiu avaliar que tais transferncias de tecnologia promoveram a capacitao tecnolgica autctone desta organizao.
Adicionalmente, apontou quais os pontos fortes e os pontos fracos relacionados com cada categoria de capacitao e, deste modo, pde ajudar a identificar aqueles que precisavam de mais ateno, para que a empresa usufrusse com mais intensidade das transferncias de tecnologia.
A partir dos resultados aqui apresentados, importante que o sistema de medio proposto neste artigo seja aplicado em outras empresas farmacuticas, principalmente em organizaes de base biotecnolgica, para efeito comparativo.
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MEASURING THE TECHNOLOGYCAL CAPABILITY: A CASE STUDY ABOUT
TECNOLOGY TRANSFERS IN A IMMUNOBIOLOGICALS PRODUCER COMPANY
ABSTRACT
Companies operating in emerging economies use technology transfers as a development mechanism of
their indigenous technological capability. Thus, can generate innovations and insert itself in a
competitive market. In this context, the purpose of this paper is to construct a measurement system,
whose indicators allow measuring the indigenous technological capability in pharmaceutical
companies. Based on the theoretical reference, two categories of technological capability were
considered capable of measuring this capability. They are capability in R & D / innovation and
capability in knowledge / human resources. A case study to verify the suitability of this measuring
system to the proposal of this article was undertaken in a pharmaceutical immunobiologicals producer
company, linked to the Health Ministry. The findings suggested that indicators created to the
measurement system are appropriate to measure this kind of technological capability. Furthermore, due
to the fact the company studied has its growth based on technology transfers, it showed that such
technology transfers contributed to promote the companys indigenous technological capability. This
study still revealed that there was evolution of the main points assessed, however, also highlighted
some points that need further attention, in order to have a better use of these technology transfers to
improve the companys indigenous technology capability.
Key words: Technological Capability; Technology Transfer; Innovation; Measurement System:
Indicators.
___________________
Data do recebimento do artigo: 03/06/2014
Data do aceite de publicao: 22/05/2015
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Copyright Milton de Abreu Campanario 2015
Abstract
Companies operating in emerging economies use technology transfer as a development mechanism of its indigenous technological capacity. Thus may generate innovations and insert in a competitive market. In this context, the purpose of this article is to build a measurement system, whose indicators allow measuring the indigenous technological capacity of pharmaceutical companies in the sector. Based on the theoretical framework we were defined two technological training categories considered capable of measuring this training. They are: training in R & D / innovation and training in learning / human resources. To check the suitability of the measuring system to the article proposal, a case study was conducted in a pharmaceutical company producing biopharmaceuticals, under the Ministry of Health. The survey results suggested that the indicators created for the measurement system is suitable for measure this type of technological capability. Also, due to the fact that the company has studied its reasoned growth in technology transfers, showed the impact that such transfers had on the behavior of these indicators. Revealed that there was evolution of the main points assessed, however, also signaled some points that need a greater incentive, so be a better use of technology transfers to leveraging the native technology training company.
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