RESUMO
Os estrogênios säo micropoluentes capazes de causar alteraçôes no sistema endocrino de organismos aquáticos. Uma das principais fontes da sua introduçâo no meio hídrico é através do lançamento de esgotos domésticos. Este artigo apresenta uma revisäo sobre a ocorrência dos estrogênios estrona, estradiol, estriol e etinilestradiol em esgotos brutos e tratados e em águas superficiais, bem como sobre sua remoçâo por diferentes processos de tratamento biológico de esgoto. Os poucos trabalhos realizados no Brasil mostram que a concentraçâo desses compostos nestas matrizes é expressiva. Além disso, foi observado um decaimento nas concentraçôes desses estrogênios do esgoto bruto ao tratado. Os sistemas aeróbios, como lodos ativados, mostraram melhor desempenho na remoçâo de estrogênios, sobretudo por meio da sorçâo ao lodo. No entanto, pouco se sabe sobre os mecanismos de degradaçâo de tais compostos nestes processos e sobre o comportamento de seus conjugados. Portanto, os processos de tratamento biológico de esgoto representam uma barreira à introduçâo de estrogênios nos corpos hídricos.
Palavras-chave: estrogênios em esgoto, remoçâo, tratamento biológico.
Occurrence of estrogens and their removal by biological processes of sewage treatment
ABSTRACT
Estrogens are micropollutants that may harm aquatic organisms endocrine system. They enter water bodies mainly through domestic sewage. This paper aims to review the estrone, estradiol, estriol and ethinyl estradiol occurrence in untreated and treated sewage and surface water, as well as their removal efficiency through employment of different sewage biological treatment methods. The few studies carried out in Brazil show a significant concentration of these compounds in the reviewed sources, with a downward trend from raw to treated sewage. Aerobic systems, such as activated sludge, showed better results at removing the estrogens, mainly through adsorption by sludge. However, little is known about the degradation mechanisms of such compounds and the behavior of their conjugates. Therefore, biological processes of sewage treatment represent a barrier to the introduction of estrogens to the water bodies.
Keywords: biological treatment, estrogens in the sewage, removal.
1.INTRODUÇÂO
Com o avanço da ciência e do conhecimento sobre os efeitos decorrentes da poluiçâo dos corpos hídricos, alguns países da Uniäo Europeia e os Estados Unidos vêm buscando ampliar a regulamentaçâo e o monitoramento de novos compostos, como os desreguladores endocrinos, que antes näo eram objeto de atençâo por parte dos dispositivos legais (Cunha et al., 2016).
Estudos mostram que essas substâncias, mesmo em concentraçôes extremamente baixas (ng L"1), podem promover alteraçôes no sistema endocrino dos organismos aquáticos. Esses compostos säo capazes de desencadear efeitos adversos como interferir no crescimento, desenvolvimento e/ou reproduçâo desses organismos (Barceló e Petrovic, 2008; Bila e Dezotti, 2007). Em face disto, a comunidade científica busca compreender melhor as vias de introduçâo e dispersäo desses compostos no meio ambiente e os possíveis mecanismos de sua remoçâo. O maior entendimento da dinâmica destes compostos no meio ambiente permitirá o aperfeiçoamento das tecnologías de remoçâo através dos processos de tratamento de efluentes.
Dentre este grupo de substâncias, os estrogênios merecem especial atençâo, uma vez que a sua presença em efluentes urbanos tem sido diretamente correlacionada a impactos à biota aquática. Estudos ecotoxicológicos apontam que a exposiçâo contínua aos estrogênios está associada a alteraçôes bioquímicas e histopatológicas, reduçâo significativa na taxa de fertilizaçâo, diminuiçâo na eclosäo de ovos e modificaçôes comportamentais no acasalamento em espécies de peixes, anfibios, crustáceos e gastropodes (Silva et al., 2012; Bergman et al., 2012; Giusti et al., 2014; Luna et al., 2015; Garmshausen et al., 2015). O efeito mais alarmante é o processo de feminizaçâo (desenvolvimento de características sexuais femininas em machos, incluindo anatomia reprodutiva feminina), uma vez que compromete o ciclo reprodutivo de toda uma populaçâo, podendo assim desencadear um desequilíbrio ecossistêmico (Gilbert, 2012).
Neste contexto de risco à biota aquática, o lançamento de esgoto "in natura" ou tratado tem sido indicado como principal contribuinte para a introduçâo de estrogênios no meio hídrico. Dessa forma, os processos de tratamento podem representar uma barreira para seu lançamento nos corpos hídricos. Porém, para que a depuraçâo seja efetiva, é necessário implementar sistemas que possam realmente remover e/ou degradar tais compostos. No entanto, observa-se que os processos convencionais de tratamento de esgotos podem näo remover integralmente esses compostos e, desta forma, conduzir a sua introduçâo contínua no meio hídrico (Brandt et al., 2013; Aquino et al., 2013).
Diante da crescente preocupaçâo com a qualidade da água e a fim de minimizar os riscos causados pela poluiçâo hídrica, países têm investido em estudos para o aprimoramento das tecnologias de tratamento de águas residuais. Portanto, este trabalho tem como objetivo apresentar uma revisäo sobre a ocorrência dos estrogênios estrona, estriol, estradiol e etinilestradiol nas águas residuais e superficiais. Além disso, este artigo mostra a eficiência encontrada por alguns autores em relaçâo à remoçâo desses compostos por processos biológicos para o tratamento de esgoto.
2.CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E METABÓLICAS
Os estrogênios, bem como todos os hormônios esteroidais, possuem uma mesma estrutura química básica de 17 átomos de carbono dispostos em quatro anéis (A, B, C e D) ligados entre si. Configuraçôes estruturais no anel D dâo origem a diferentes estrogênios (Tabela 1). Na posiçâo do carbono 17 (C17) a estrona possui uma carbonila enquanto o estradiol possui uma hidroxila, já o estriol possui duas hidroxilas, uma no C16 e a outra no C17.
O etinilestradiol difere-se do estradiol através de um único radical, o etinil, também no carbono 17. Esta diferença faz com que o etinilestradiol possua maior potencial estrogênico e também se torne mais resistente à degradaçâo com relaçâo ao estradiol (Combalbert e Hernandez-Raquet, 2010; WHO e IARC, 2007).
Com relaçâo as propriedades físico-químicas, um parámetro importante e frequentemente usado na descriçâo do comportamento de um contaminante no ambiente é o coeficiente de distribuiçâo (Kd). Este por sua vez está diretamente associado ao coeficiente de partiçâo octanol/água (Kow).
O Kd é determinado pela razâo entre a massa do composto na fase sólida e na fase líquida. Este parámetro é muito útil para estimar o potencial de sorçâo do contaminante dissolvido em contato com o solo. Quanto maior o Kd, maior a tendência do contaminante ficar adsorvido ao solo ou sedimento (CETESB, 2001).
Ainda com relaçao à mobilidade dos estrogênios, o Kow, definido pela a relaçâo entre concentraçao do contaminante orgânico na fase octanol e a concentraçao deste na fase aquosa, se apresenta como importante coeficiente para compreender a hidroafinidade destes compostos. Valores de log Kow para os estrogênios variam entre 2,45 e 4. Este resultado mostra que os mesmos sao moderadamente hidrofóbicos, tendo a tendência de se associarem à fase sólida.
No que diz respeito às características metabólicas, a maioria dos estrogênios produzidos pelo corpo humano, ou mesmo aqueles que sao ingeridos através de anticoncepcionais e/ou de medicamentos utilizados na terapia de reposiçao hormonal, sao excretados pelas fezes e urina em sua forma conjugada (sulfato e/ou glicuronídeos) (Cano et al., 1997). Tais conjugados polares sao biologicamente menos ativos e mais solúveis em água quando comparados aos estrogênios livres, nao conjugados (D'ascenzo et al., 2003).
Vale observar que, mesmo com estes mecanismos de degradaçao, estudos constataram a ocorrência de estrogênios em sua forma livre em diferentes compartimentos ambientais, principalmente em afluentes e efluentes de ETE. Isso ocorre devido ao um processo natural, no qual as bactérias presentes no meio, principalmente a Escherichia coli, sao capazes de desconjugar os estrogênios, tornando-os novamente a sua forma livre (Fent et al., 2006; D'ascenzo et al., 2003).
Este processo ocorre, pois, a E. coli é capaz de sintetizar uma grande quantidade da enzima β-glucuronisidase, responsável por essa transformaçao. A natureza recalcitrante dos conjugados sulfatos ao longo das ETEs pode ser explicada por uma atividade mais fraca da arilsulfatase da E. coli comparada com a β-galogsidade (Hamid e Eskicioglu 2012).
3.OCORRÊNCIA DE ESTROGÊNIOS NO ESGOTO BRUTO, TRATADO E NA ÁGUA SUPERFICIAL
Uma vez constatada a introduçao continua de estrogênios no meio hídrico e seus efeitos negativos à qualidade das águas e, consequentemente, à saúde dos ecossistemas, o monitoramento destas substâncias vem ganhando especial atençao. Assim, métodos têm sido desenvolvidos visando a determinaçao desses compostos nas mais variadas matrizes aquáticas.
A Figura 1 resume as concentraçôes de estrogênios relatadas por diversos estudos, que analisaram esgoto bruto, esgoto tratado e águas superficiais em diversos países, com exceçao do Brasil.
Para construçao do gráfico apresentado na Figura 1 foram consultados os dados obtidos de cerca de 15 artigos, conduzidos em diferentes países. Estes foram entao introduzidos e processados no programa estatístico SPSS versao 22.0, optando-se por gerar um gráfico em formato boxplot. Na Figura 1, sao apresentadas as barras principais, limitadas pelo primeiro e terceiro quartil; as medianas; e as hastes dos limites inferior e superior. Nesta representaçao, foram excluídos os pontos discrepantes (outliers).
No geral, as concentraçôes dos estrogênios no esgoto tratado foram menores do que as do esgoto bruto. Padrao este que pode ser visto mais claramente em relaçao aos estrogênios naturais (estrona, estradiol e estriol). Já com relaçao ao estrogênio sintético (etinilestradiol), este decaimento é menos evidente. Tal resultado reflete a açao de processos de tratamento de esgotos na remoçao destes compostos.
Observa-se ainda que a matriz esgoto tratado foi a que se mostrou com maior variabilidade para os diferentes estrogênios estudados. Tal constataçao pode ser explicada pela adoçao de diferentes tecnologías de tratamento de efluentes, bem como pela vazao de entrada e carga orgânica aplicada, o que, por consequência, acarreta em uma heterogeneidade das eficiências de degradaçao/remoçao de estrogênios.
Säo ainda apresentados na sequência (Tabela 2) dados nacionais de concentraçôes de estrogênios encontrados nestas mesmas matrizes.
Embora tenham sido encontrados poucos artigos brasileiros sobre a ocorrência de estrogênios nas matrizes aquáticas, eles mostram que as concentraçôes destes compostos, com exceçâo do estriol (sobre o qual näo foram encontrados estudos), foram bem superiores quando comparados aos dados relatados pelos estudos internacionais. Enquanto as concentraçôes destes estrogênios nos estudos internacionais näo ultrapassaram a ordem de 1.000 ng L"1, no Brasil chegaram a 5.000 ng L"1 em esgoto bruto, e até 4.000 ng L"1 em águas superficiais (Tabela 2).
Outro ponto que merece atençâo dentre os estudos de ámbito nacional, é ampla dispersäo das concentraçôes, nas três matrizes estudadas. Os diferentes autores detectaram concentraçôes em ordens de grandeza bem distintas entre si, o que dificulta o estabelecimento de concentraçôes médias desses compostos para cada uma das matrizes. Tais variaçôes podem ser explicadas por diversos fatores, como: condiçôes locais, diferenças sociais e de saúde pública, e, ainda, diferenças entre as metodologías aplicadas para a conduçâo de cada um dos estudos (Xu et al., 2012).
Mesmo com tal variabilidade entre os dados, é possível observar que ao analisar as concentraçôes obtidas por um mesmo autor, pode"se notar que há um significativo decaimento das concentraçôes desses estrogênios do esgoto bruto ao tratado (Pessoa et al., 2014; Queiroz et al., 2012; Froehner et al., 2011; Ternes et al., 1999), padräo este que confere com aquele observado nos estudos internacionais (Atkinson et al., 2012; Chimchirian et al., 2007; Duong et al., 2010; Manickum e John, 2014; Martin et al., 2012; Zhang et al., 2011; Zorita et al., 2009).
Após o processo de tratamento de esgoto e seu lançamento nos corpos hídricos, os estrogênios säo ainda submetidos a diferentes graus de atenuaçâo natural que podem minimizar o seu impacto ambiental, como por exemplo, a diluiçâo, a eventual adsorçâo em sólidos em suspensäo e em sedimentos, a fotólise e a biodegradaçâo aeróbia (Gómez et al., 2012; Pal et al., 2010). Mas há ainda que se considerar a possibilidade de ressuspensäo destes compostos para coluna d'água, o que pode torná-los novamente mais biodisponíveis.
Com relaçao às águas superficiais, no geral, a estrona é o estrogênio mais abundante e frequentemente detectado (Manickum e John, 2014; Jin et al., 2013; Wang et al., 2012; Duong et al., 2010; Kim et al., 2007). A maior ocorrência desse estrogênio nos corpos hídricos devese principalmente ao fato da estrona ser o principal produto da biodegradaçao do estradiol (Figura 2), durante os processos de tratamento de esgoto (Zorita et al., 2009). Segundo Sodré et al. (2007), dentre os estrogênios naturais, o estradiol é o mais potente, sendo estrogenicamente doze vezes mais ativo que a estrona. No que diz respeito ao etinilestradiol, por se tratar de um estrogênio sintético, sua ocorrência no meio hídrico pode ser diretamente relacionada ao consumo do mesmo, através de contraceptivos orais.
Caracterizar o comportamento dos estrogênios nas diferentes matrizes aquáticas apresenta-se como uma atividade complexa devido suas características físico-químicas, das propriedades do meio receptor e das inúmeras variáveis que atuam em conjunto no ambiente, como temperatura, turbidez, pH, alcalinidade, oxigênio dissolvido, radiaçao, relaçôes de sinergismo, atividade microbiana e concentraçao de outras substâncias. No entanto, o conhecimento desses compostos, seus níveis de ocorrência em matrizes ambientais, bem como a avaliaçao dos seus efeitos, configuram-se como atividades extremamente importantes (Bila e Dezotti, 2007).
4.REMOÇÂO DE ESTROGÊNIOS POR PROCESSOS BIOLÓGICOS DE TRATAMENTO DE ESGOTO
Os processos biológicos de tratamento sao amplamente empregados no Brasil e no mundo. Dentre os processos de tratamento classificados como biológicos, o processo aeróbio por lodos ativados é o mais utilizado, seguido pelos sistemas anaeróbios, como o RAFA (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente) - também conhecido como UASB "Upflow Anaerobic Sludge Blanket" - e as lagoas de estabilizaçao.
Atualmente, variantes destes diferentes processes foram e estâo sendo desenvolvidos para melhorar a remoçâo de matéria orgánica e nutrientes (nitrogênio e fósforo). Por outro lado, os estudos envolvendo a remoçâo dos micropoluentes emergentes, como os estrogênios, partem da análise do potencial de aplicaçâo destas variantes com tal finalidade.
Para comparar a eficiência da remoçâo de estrogênios, além das variaçôes dos parámetros de controle de processo de lodo ativado, como: tempo de retençâo dos sólidos (TRS), tempo de detençâo hidráulica (TDH), índice volumétrico do lodo, taxa de aeraçâo, remoçâo de matéria orgánica (DBO/DQO), remoçâo de nitrogênio e fósforo; também sâo simuladas variaçôes nos tipos de processos por lodos ativados, tais como: valos de oxidaçâo, reator em batelada sequencial, processo anóxico/aeróbio, lodo ativado utilizando clarificador no final do processo, lodos ativados com posterior tratamento terciário e bactérias anaeróbias facultativas redutoras de ferro (Petrie et al., 2014; Shi et al., 2013; Kumar et al., 2011; Ivanov et., 2010; Hashimoto e Murakami, 2009).
Hashimoto e Murakami (2009) compararam as eficiências de remoçâo de estrogênios por lodos ativados convencional e por lodos ativados com valos de oxidaçâo com variaçâo do TRS. Esses autores observaram que o processo por lodos ativados convencional foi capaz de degradar praticamente todo o estradiol (mais de 95%) à estrona com apenas cinco minutos de processo, em escala laboratorial; e a estrona, por sua vez, permaneceu posteriormente sorvida ao lodo após 24 horas de detençâo hidráulica e pôde ser removida por sedimentaçâo. Por outro lado, nos ensaios em que foi utilizado o lodo dos valos de oxidaçâo, somente houve remoçâo pela sorçâo após uma hora de processo. No estágio anóxico do valo de oxidaçâo, a remoçâo tanto da estrona quanto do estradiol foi menor (cerca de 20%). Em ambos os processos, o etinilestradiol teve alta taxa de remoçâo (da ordem de 85%), mas somente após oito horas de processo. Este estrogênio sintético nâo sofreu biodegradaçâo, porém também foi removido pela sorçâo no lodo sedimentado. No geral, praticamente todas as variantes ensaiadas apresentaram maior eficiência na degradaçâo/sorçâo dos estrogênios quando se adotou maiores TRS.
Shi et al. (2013) também relataram a degradaçâo do estradiol à estrona em um reator independente da fase do processo (anóxica ou aeróbia). Porém, a transformaçâo destes estrogênios na fase aeróbia foi mais intensificada. Pessoa et al. (2014) também encontraram maiores concentraçôes de estrona do que estradiol no efluente tratado por lodos ativados, devido à sua biodegradaçâo aeróbia. O estudo de Shi et al. (2013) mostrou também que os estrogênios podem ser transferidos da fase líquida para o lodo, mostrando que os fenômenos de sorçâo podem ser os predominantes no processo de remoçâo desses compostos.
Kumar et al. (2011) obtiveram altas taxas de remoçâo dos estrogênios com valores acima de 80% em um processo por lodos ativados convencional adotando altos valores do TRS. Esses autores constataram que quanto menor a idade do lodo, menor é a taxa de remoçâo de estrogênios, o que corrobora com os resultados encontrados por Hashimoto e Murakami (2009). Entretanto, Petrie et al. (2014) obtiveram remoçâo de até 70% de estrogênios com o TRS de três a dez dias. Isso mostra que ainda nâo existe um consenso quanto as variaçôes dos parámetros de controle dos processos de lodos ativados para uma melhor taxa de remoçâo e/ou degradaçâo desses estrogênios.
No que diz respeito à eficiência de remoçâo de estrogênios em relaçâo à operaçâo em ambientes aeróbio, anóxico ou anaeróbio, estudos relataram que os sistemas aeróbios foram os mais eficazes. Ivanov et al. (2010) realizaram um estudo utilizando bactérias anaeróbias e facultativas com capacidade de reduçâo de ferro para verificar a biodegradaçâo dos estrogênios. Neste processo, tanto estrona quanto estriol foram reduzidos em 60% e 27%, respectivamente. Com 15 dias de processo foi observada a remoçâo completa da estrona. Por outro lado, somente 9% do etinilestradiol foi removido, provavelmente pelo mecanismo de sorçâo. Este estudo indica que nos processos anaerobios existem mecanismos de degradaçâo diferentes do aeróbio, mas que a remoçâo pela sorçao no lodo também pode ocorrer.
Com o propósito de avaliar o potencial de remoçâo e/ou degradaçâo de estrogênios utilizando fontes alternativas de carbono orgánico, Racz et al. (2012) utilizaram dois reatores em bateladas sequenciais (RBS) em escala laboratorial utilizando esgoto sintético, onde em um foi adicionada peptona e, no outro, glicose como fonte de carbono. Os autores observaram uma maior eficiência de sorçâo pelo lodo no reator com peptona, o que foi explicado pela alta taxa de nitrificaçâo. Este estudo sugere ainda que, sistemas aerobios nitrificantes podem ter uma eficiência maior na remoçâo principalmente do estrogênio sintético etinilestradiol.
Além dos sistemas por lodos ativados e os anaerobios, outros processos têm sido testados quanto a remoçâo de estrogênios como os sistemas de alagados (wetland) e lagoas (estabilizaçâo, maturaçâo e suas diversas variantes). Pessoa et al. (2014) avaliaram a eficiência de remoçâo da estrona, estradiol, e etinilestradiol em quatro tipos de processos distintos em escala real: uma lagoa facultativa seguida por uma lagoa de maturaçâo, uma lagoa facultativa, um sistema de lodos ativados e um reator UASB. As taxas de remoçâo desses estrogênios pelas lagoas foram abaixo de 70%, enquanto que os processos de lodos ativados e reator UASB tiveram uma eficiência acima de 90%.
Song et al. (2009) estudaram a remoçâo da estrona, estradiol e etinilestradiol em diferentes profundidades de um sistema de alagados (wetland) em escala piloto como pós-tratamento de lodos ativados. Os autores observaram uma maior eficiência (da ordem de 75%), na remoçâo de estrogênios nas camadas mais superficiais do alagado, onde provavelmente prevalece o metabolismo aerobio. Este estudo relatou que a biodegradaçâo e a sorçâo foram os mecanismos predominantes nas zonas da rizosfera, onde prevalecem as raízes secundárias das plantas (raízes mais finas). Logo, micro-organismos presentes nas raízes das plantas podem estar atuando nos mecanismos de remoçâo e/ou degradaçâo desses compostos.
Portanto, com base nos estudos consultados é possível observar que os processos aerobios por lodos ativados parecem ser os mais promissores na remoçâo de estrogênios, sobretudo por serem os sistemas mais citados na literatura sobre este assunto. No entanto, para que seja consolidado este conhecimento é necessário associar alguns dos parámetros operacionais adotados nesses sistemas como idade do lodo, TDH e taxa de aeraçâo, por exemplo, com a eficiência de remoçâo e/ou degradaçâo desses compostos. Além disso, faz-se pertinente analisar como a adoçâo de processos anoxicos e/ou anaerobios podem influenciar nas condiçôes metabolicas, e por consequência na remoçâo e/ou degradaçâo destes compostos.
Um ponto ainda pouco estudado e que merece atençâo é o fato de, ao se desencadear o processo de biodegradaçâo dos estrogênios, haver a produçâo de metabolitos. Desta forma, é importante que mais estudos investiguem tais mecanismos de biodegradaçâo ao longo dos sistemas e, sobretudo, identifiquem quais subprodutos podem ser formados e seus respectivos potenciais de desregulaçâo endocrina.
5.CONCLUSÄO
Os estrogênios apresentam-se como importantes contaminantes emergentes que podem afetar a saúde ambiental e humana. Estes têm no lançamento de esgotos domésticos sua principal via de introduçâo no meio ambiente. Estudos realizados em diversos países relataram concentraçôes significativas desses compostos em esgoto bruto e tratado, bem como nas águas superficiais que recebem esgoto doméstico. Apesar de existirem poucos artigos sobre este assunto, os níveis desses contaminantes no Brasil sâo maiores do que os encontrados nos demais países. Os sistemas de tratamento de esgotos podem representar uma importante barreira neste processo de contaminaçâo do meio hídrico. Entretanto, no Brasil, em decorrência dos baixos índices de coleta e tratamento de esgotos, ainda se observa que boa parte dos estrogênios excretados acaba tendo como destino final os corpos hídricos (SNIS, 2013).
Os processos aeróbios, sobretudo os por lodos ativados, mostraram melhor desempenho na biodegradaçao desses compostos. A sorçao pelo lodo biológico parece ser o principal mecanismo na remoçao de estrogênios; no entanto, ainda é necessário conhecer melhor os mecanismos de sua biodegradaçao. Há uma vasta gama de possibilidades tecnológicas que podem remover e/ou degradar esses compostos. Porém ainda sao necessários mais estudos sobre a utilizaçao destas tecnologías de tratamento no Brasil. Esta área de conhecimento merece maior atençao, uma vez que as ETEs podem atuar como importantes barreiras, tanto à introduçao de estrogênios, quanto de outros micropoluentes emergentes.
6. AGRADECIMIENTOS
Os autores agradecem ao estatístico Felipe Pinto pelo apoio na análise e apresentaçao gráfica dos dados, à Capes pela concessao de bolsa de doutorado, à Faperj (Processos E26/110.102/2014 e E-26/201.479/2014) e ao CNPq (Processo 45533/2014-7) pelo apoio a pesquisa.
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Received: 24 Aug. 2016; Accepted: 20 Dec. 2016
Danieli Lima da Cunha 1>2*; Lícia Murito de Paula1; Samuel Muylaert Camargo da Silva3; Daniele Maia Bila4; Estefan Monteiro da Fonseca2; Jaime Lopes da Mota Oliveira1
1Fundaçâo Oswalde Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental
2Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil
Departamento de Geologia
3Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Programa de Pôs-Graduaçâo em Gestäo e Regulaçâo de Recursos Hídricos
4Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente
* Autor correspondente: e-mail: [email protected],
[email protected], [email protected],
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Copyright Instituto de Pesquisas Ambientais em Bacias Hidrográficas Mar/Apr 2017
Abstract
Estrogens are micropollutants that may harm aquatic organisms endocrine system. They enter water bodies mainly through domestic sewage. This paper aims to review the estrone, estradiol, estriol and ethinyl estradiol occurrence in untreated and treated sewage and surface water, as well as their removal efficiency through employment of different sewage biological treatment methods. The few studies carried out in Brazil show a significant concentration of these compounds in the reviewed sources, with a downward trend from raw to treated sewage. Aerobic systems, such as activated sludge, showed better results at removing the estrogens, mainly through adsorption by sludge. However, little is known about the degradation mechanisms of such compounds and the behavior of their conjugates. Therefore, biological processes of sewage treatment represent a barrier to the introduction of estrogens to the water bodies.
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