Submissao: 27-05-2016 Aprovaçao: 28-09-2016
RESUMO
Objetivo: identificar os aspectos epidemiológicos dos óbitos fetais e neonatais precoces em filhos de pacientes classificadas com near miss e os fatores associados a este desfecho. Método: estudo transversal realizado com 79 mulheres identificadas com near miss e seus recém-nascidos. As variáveis foram analisadas utilizando-se o teste Exato de Fisher. Os fatores de risco foram estimados com base nas razöes de chances nao ajustadas e ajustadas, e por meio de análise de correspondência múltipla, com significancia para p < 0,05. Resultados: as desordens hipertensivas totalizaram 40,5%; destas, 58,3% tiveram desfecho fetal e neonatal adverso. Mostraram-se significantes para o desfecho os recém-nascidos admitidos na Unidade Terapia Intensiva Neonatal (70,8%), idade gestacional < 32 semanas (41,6%), peso ao nascer < 2500 (66,7%), asfixia neonatal (50%) e desconforto respiratório precoce (72,2%). Conclusao: prematuridade, asfixia neonatal e desconforto respiratório precoce constituíram características significantes para o desfecho entre os recém-nascidos.
Descritores: Complicates na Gravidez; Near Miss; Morte Fetal; Morte Perinatal; Epidemiologia.
ABSTRACT
Objective: identify the epidemiological aspects of early fetal and neonatal deaths in children of patients classified with near miss and the factors associated with this outcome. Method: a cross-sectional study of 79 women identified with near miss and their newborns. The variables were analyzed using Fisher's exact test. Risk factors were estimated based on unadjusted and adjusted odds ratios, and by means of multiple correspondence analysis, with significance for p <0.05. Results: hypertensive disorders totaled 40.5%; Of these, 58.3% had adverse fetal and neonatal outcome. The newborns admitted to the Neonatal Intensive Care Unit proved to be significant for the outcome (70.8%), gestational age <32 weeks (41.6%), birth weight <2500 (66.7%), neonatal asphyxia (50%) and early respiratory discomfort (72.2%). Conclusion: prematurity, neonatal asphyxia, and early respiratory distress were significant characteristics for the outcome among newborns.
Descriptors: Pregnancy Complications; Near Miss; Fetal Death; Perinatal Death; Epidemiology.
RESUMEN
Objetivo: identificar los aspectos epidemiológicos de los óbitos fetales y neonatales precoces en hijos de pacientes clasificados con near miss y los factores asociados a este desenlace. Método: estudio transversal realizado con 79 mujeres identificadas con near miss y sus recién nacidos. Las variables fueron analizadas utilizando la prueba Exacta de Fisher. Los factores de riesgo fueron estimados con base en las razones de posibilidades no ajustadas y ajustadas, y por intermedio de análisis de correspondencia múltiple, con significación para p < 0,05. Resultados: los desórdenes hipertensivos totalizaron el 40,5%; de los cuales el 58,3% tuvieron desenlace fetal y neonatal adverso. Se han mostrado significativos para el desenlace los recién nacidos admitidos en la Unidad de Terapia Intensiva Neonatal (70,8%), edad gestacional < 32 semanas (41,6%), peso al nacer < 2500 (66,7%), asfixia neonatal (50%) y dificultad respiratoria de inicio precoz (72,2%). Conclusión: prematuridad, asfixia neonatal y dificultad respiratoria de inicio precoz constituyeron características significativas para el desenlace entre los recién nacidos.
Descriptores: Complicaciones en el Embarazo; Near Miss; Muerte Fetal; Muerte Perinatal; Epidemiología.
INTRODUÇÂO
A reduçao do número absoluto de mortes maternas motivou o estudo dos níveis e das causas da morbidade materna grave, bem como dos casos de near miss maternos (NMM), ou seja, "a mulher que quase morreu, mas sobreviveu a uma complicaçao que ocorreu na gravidez, parto ou até 42 dias após a gestaçao"(1). Trata-se de uma condiçao mais frequente que a morte materna e permite que a própria paciente seja a fonte de informaçôes sobre o agravo, sendo útil, atualmente, para avaliar também a qualidade da atençao obstétrica(2-3).
Condiçôes maternas durante a gestaçao e parto podem influenciar nas condiçôes fetais e neonatais, de tal modo que o NMM pode contribuir para o aumento da morbimortalidade perinatal. A literatura, inclusive, descreve uma associaçao extremamente forte com eventos perinatais adversos capazes de levar a óbitos fetais e neonatais(3-4).
Embora estudos sobre near miss (NM) venham sendo desenvolvidos com frequência nos últimos anos, poucas sao as pesquisas sobre as complicaçôes perinatais entre essas pacientes, assim como estudos que relacionem o NMM, a morte fetal e neonatal precoce. Investigaçôes recentes realizadas no Brasil e na China sobre tal relaçao revelam que as maes que tiveram complicaçôes obstétricas têm risco aumentado para óbito fetal e neonatal, bem como para a prematuridade e asfixia neonatal(3-5).
Neste contexto, o desfecho fetal e neonatal adverso (DFNA) entre pacientes com NM ainda precisa ser explorado. Os recém-nascidos (RN) que estiveram próximos da morte por prematuridade extrema ou asfixia neonatal, cujas maes foram NMM, também necessitam de atençao especial(3).
A denominaçao near miss neonatal (NMN) para esses RN baseou-se no conceito de NMM e refere-se a um recém-nascido que apresenta uma complicaçao grave durante os primeiros dias de vida, quase foi a óbito, mas sobreviveu durante o período neonatal. Apesar dos critérios ainda nao serem um consenso, os mais utilizados sao aqueles que apresentam qualquer uma das condiçôes de risco ao nascimento (Apgar menor que 7 no 5o minuto, idade gestacional inferior a 30 semanas, peso menor que 1.500g) e nao ocorrência de óbito até o sexto dia de vida(4).
Este estudo teve como objetivo identificar os aspectos epidemiológicos dos óbitos fetais e neonatais precoces em pacientes com NMM e os fatores associados a este desfecho.
MÉTODO
Aspectos éticos
Este estudo foi aprovado pelo Comité de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, em 11 de agosto de 2014.
Desenho, local do estudo e período
A pesquisa caracteriza-se por ser de corte transversal, cuja populaçao foi composta por puérperas que atenderam a pelo menos um dos critérios de NM e seus recém-nascidos (RN). Foi realizada em maternidades do município de Aracaju, capital do estado de Sergipe, Brasil, no período de setembro de 2014 a setembro de 2015.
Populaçao ou amostra; critérios de inclusâo e exclusao
Compuseram a populaçao do estudo 79 puérperas e seus recém-nascidos, sendo estes nascidos vivos ou que vieram a óbitos, fetais e neonatais precoces, ou seja, com até 22 semanas de gestaçao ou 7 dias após o nascimento. Já as maes, obrigatoriamente, apresentavam pelo menos um dos seguintes critérios preconizados pela OMS(1): critérios clínicos (cianose aguda, "gasping", frequência respiratória > 40 ou < 6/ipm, choque, oligúria nao responsiva a fluidos ou diuréticos, distúrbios da coagulaçao, perda da consciência por 12 horas ou mais, perda da consciência e ausência de pulso ou batimento cardíaco, acidente vascular cerebral, convulsao nao controlada, icterícia na presença de pré-eclâmpsia); laboratoriais [SO2 < 90% por 60 minutos ou mais, PaO2/FiO2 < 200mmHg, creatinina > 3,5mg/dL, bilirrubinas > 6,0mg/dL, pH < 7,1, lactato > 5, trombocitopenia aguda (< 50.000), perda da consciência e presença de glicose e cetona na urina]; e de manejo (uso de drogas vasoativas, histerectomia por infecçao ou hemorragia, transfusao > 5 unidades de concentrado de hemácias, intubaçao e ventilaçao por > 60 minutos nao relacionada à anestesia, diálise para insuficiência renal aguda, parada cardiorrespiratória).
Foram excluídas mulheres procedentes de outros estados da federaçao, ou casos de morte materna (maes que vieram a óbito decorridos até 42 dias do parto), assim como fetos com idade gestacional inferior a 20 semanas, considerados nao viáveis.
Protocolo do estudo
Uma pesquisadora realizou a coleta de dados diariamente nos turnos da manha e tarde, nos sete dias da semana, por meio de uma escala preestabelecida e com a ajuda de bolsistas da graduaçao previamente treinados. Inicialmente, fez-se uma análise de todos os prontuários das mulheres admitidas nos locais de estudo em busca de casos caracterizados como near miss e, quanto atendidos os critérios de inclusâo, analisou-se também o prontuário do RN e realizou-se entrevista para complementar as informaçôes. Foram considerados como desfecho fetal e neonatal adverso (DFNA) tanto os casos de óbitos fetais e neonatais precoces quanto aqueles de NMN.
As variáveis estudadas foram: critérios de NMM (critérios clínicos, laboratoriais e de manejo), características das desordens obstétricas dos NMM (doença preexistente, desordens hemorrágicas, desordens hipertensivas, outras desordens sistêmicas ou associadas, uso de medicamento para a doença identificada), variáveis sociodemográficas (idade da NMM, cor/raça, situaçao conjugal, escolaridade, renda familiar), variáveis relativas à gestaçao e parto (pré-natal, número de consultas, tipo de parto, paridade, natimortos anteriores, local de admissao do RN) e características do RN (idade gestacional em semanas, sexo do RN, peso ao nascer, Apgar de 5 min, tamanho RN, asfixia neonatal, desconforto respiratório precoce).
Análise dos resultados e estatística
Optou-se por analisar os dados no Programa Estatístico R Core Team 2015. Foram calculadas as medidas centrais para as variáveis contínuas e medidas de frequências para as variáveis categóricas. Para verificar a associaçao das variáveis, utilizou-se o teste exato de Fisher, e, na avaliaçao das intensidades dos fatores de risco, foram estimadas as razöes de chances nao ajustadas e ajustadas com seus respectivos intervalos de confiança. Foram considerados significantes os valores com p < 0,05. Para a construçao do mapa percentual, utilizou-se a análise de correspondência múltipla entre as variáveis, cujo nivel de significancia associado ao DFNA foi inferior a 20%. Essa margem foi escolhida para melhor visualizaçao de possíveis associaçôes.
RESULTADOS
No período do estudo, contabilizou-se um total de 16.549 partos no município de Aracaju, todos provenientes de mulheres residentes no estado de Sergipe. Foram identificados 79 casos de NMM, com 17 óbitos maternos registrados nesse período. As taxas encontradas foram: mortalidade materna, 102,7 casos/100.000 nascidos vivos (NV); prevalência de NMM, 4,7 casos/1.000 NV; razao de NMM: MM de 4,5:1 - indicando que o número de casos de NMM foi 4,5 vezes maior que o de MM. Foram identificados 24 DFNA, sendo sete óbitos fetais, um óbito neonatal precoce e 16 NMN.
Na Tabela 1, está apresentada a distribuiçao dos casos de NMM, conforme os critérios preconizados pela OMS, bem como a relaçao com os DFNA. Entre os critérios de NMM, os clínicos tiveram maior prevalência, com 62 casos (78,5%); os DFNA dessas maes foram 19 (31%). Maes que apresentaram critérios de manejo somaram 46 (58,2%); os DFNA, 15 casos (33%). Os critérios laboratoriais estiveram presentes em 18 casos (22,8%) e, destes, sete (39%) foram DFNA.
No que se refere às desordens obstétricas dos casos de NM (Tabela 2), verificou-se que 20 mulheres (25,3%) apresentaram doenças preexistentes, sendo que nove (37,5%) tiveram DFNA. As desordens hemorrágicas (deslocamento prematuro de placenta, ruptura uterina, distúrbio da coagulaçao) estiveram presentes em 29 (36,7%) mulheres e, destas, sete (29,2%) com DFNA. As desordens hipertensivas (pré-eclâmpsia grave, eclampsia, hipertensao) totalizaram 32 casos (40,5%) e, destes, 14 (58,3%) foram DFNA, com significancia p-valor =0,046. Outras desordens sistêmicas ou associadas (anemia falciforme, sífilis, diabetes, cardiopatia, aplasia de medula, lúpus, infecçao do trato urinário) perfizeram 27 mulheres, (34,2%) e, destas, cinco (10,8%) apresentaram filhos com DFNA.
Os aspectos sociodemográficos e relativos à gestaçao e parto estao apresentados na Tabela 3. Dos casos de near miss materno identificados, 49 (62,0%) estavam na faixa etária de 20 a 35 anos, porém 18 (22,8%) ocorreram em maes adolescentes. Verificou-se que 12 (50,0%) casos de DFNA encontravam-se entre mulheres de 20 a 35 anos de idade. A maior frequência de DFNA foi identificada nas mulheres nao brancas (19, 79,2%); em situaçao conjugal com companheiro (22, 91,7%); escolaridade > 8 anos (12, 52,2%); e portadoras de renda familiar < 3 salários mínimos (22, 91,7%).
Observou-se que 22 (91,7%) casos de DFNA foram oriundos de mulheres que tiveram assistência pré-natal, com número de consultas < 6 (13, 54,2%). A maior prevalência de DFNA foi proveniente de parto cesáreo 20 (83,3%), de mulheres com dois a très filhos (11,45,8%) e sem natimortos anteriores (17, 70,8%), tendo sido constatada significancia estatística para esta última variável p 0,038, RP 0,43 (0,23-0,82). Os RN admitidos com DFNA na UTIN foram 17 (70,8%) e tiveram significancia p <0,001 RP 0,51 (0,36-0,72).
Na Tabela 4, observa-se que 30 (38,0%) das mulheres classificadas com NM tiveram parto prematuro; RN do sexo feminino contabilizaram 41 (51,9%); filhos com peso ao nascer < 2500 gramas somaram 29 (36,7%); APGAR < 7 no quinto minuto, nove (12,5%); e RN PIG e GIG, seis (7,6%) e nove (11,4%), respectivamente. Observou-se que 28 (38,4%) dos filhos dessas mulheres apresentaram desconforto respiratório precoce.
Na análise dos DFNA, identificou-se significancia estatística para crianças provenientes de idade gestacional < 32 semanas (10, 41,6%), p <0,001, RP, 7,00 (3,52-13,9); peso ao nascer < 2500 (16, 66,7%), p 0,001, RP 3,45 (1,69-7,05); APGAR de 5 minutos, < 7 (9, 52,9%), p <0,001, RP (7,87 (4,12-15,0); asfixia neonatal p <0,001, RP 5,08 (2,56 -10.1) e desconforto respiratório precoce p =0,002, RP 4,18 (1,67-10,5).
Na análise de correspondência múltipla, utilizaram-se as variáveis selecionadas pela significancia p < 0,2 contida nas tabelas 1, 2, 3 e 4. As variáveis que se agruparam em quatro eixos distintos (Figura 1) e os resultados correspondentes que tiveram maior associaçao entre as categorias foram divididos nos conjuntos para melhor visualizaçao.
Encontrou-se relaçao entre as gestantes que apresentaram desordens hipertensivas e doenças preexistentes, como parto por cesariana e uso de medicamentos durante a gestaçao. O DFNA teve maior associaçao com os RN pré-termo e com peso baixo ao nascer <2500. Mulheres diagnosticadas com outras desordens sistêmicas realizaram mais que seis consultas de pré-natal.
DISCUSSAO
Neste estudo, a taxa de mortalidade materna, a taxa de incidência de NMM e a razao de NMM: MM foram semelhantes às identificadas em estudo realizado há dois anos em Sergipe(6), o que indica que a reduçao do número de óbitos maternos e NM é um processo lento, que requer políticas públicas condizentes e atuantes, aliadas a uma constante vigilancia de qualidade. No entanto, ainda que os resultados estejam aquém do preconizado pela OMS, sao melhores se comparados aos de alguns países como Palestina, Líbano, Egito e Síria, nos quais um estudo observou maior prevalência de NMM e MM(7).
Entre os DFNA, a proporçao dos óbitos fetais, neonatais precoces e casos de NMN foi similar a encontrada em estudo realizado em Recife, no Brasil, com prevalência dos óbitos fetais em relaçao aos neonatais(3). Pesquisa realizada na França concluiu que a mortalidade perinatal ocorre principalmente no útero, o que pode estar relacionado a complicaçôes obstétricas®.
Entre os critérios de NMM, os clínicos tiveram maior prevalência; resultados idénticos foram evidenciados em uma pesquisa multicêntrica no Brasil(9). Os critérios laboratoriais ocorreram em menor número de casos (18 mulheres, 22,8%), mas foram responsáveis pela maior porcentagem dos DFNA (39%). Em outros dois estudos desenvolvidos na Regiao Nordeste do Brasil, os critérios laboratoriais também se destacaram, pois apresentaram associaçao positiva com os óbitos registrados(3,10).
Das maes que apresentaram doenças preexistentes, 37,5% tiveram DFNA (anemia falciforme, sífilis, diabetes, cardiopatia, aplasia de medula, lúpus). Em estudo realizado em 29 países, verificou-se mortalidade perinatal significativamente maior quando a paciente apresentava anemia grave(11).
As desordens hemorrágicas (deslocamento prematuro de placenta, ruptura uterina, distúrbio da coagulaçao) estiveram presentes em 36,7% das mulheres e, destas, 29,2% com DFNA. Complicaçôes relacionadas à hemorragia foram as condiçôes mais frequentes entre os casos near miss materno em outros estudos(7-12). Em pesquisa desenvolvida no Brasil, a hemorragia intraparto ocorreu em apenas 8% das mulheres, porém foi responsável por 18,2% de NMM e 10% dos casos de morte materna. Isso indica que as situaçôes mais graves de NM estao relacionadas aos distúrbios hemorrágicos(13).
As desordens hipertensivas (pré-eclâmpsia grave, eclampsia, hipertensao) totalizaram 40,5% e, destas, 58,3% tiveram DFNA, com significancia estatística. Os distúrbios hipertensivos foram prevalentes nos casos de NMM em outras pesquisas realizadas no país(3-14_15), apresentando forte relaçao com a prematuridade. O mesmo ocorreu neste estudo, uma vez que a hipertensao apresentou significancia estatística para o DFNA. Resultado idéntico foi encontrado por Oliveira e Costa, os quais assinalaram que a sobreposiçao do NMM e pré-eclâmpsia grave traduziu-se em forte associaçao com DFNA, sendo trés vezes maior se comparada às maes sem pré-eclâmpsia(3).
Essa maior frequéncia dos distúrbios hipertensivos entre os casos de NMM e sua associaçao com DFNA sugere a necessidade de melhorias na assisténcia pré-natal, visando à identificaçao precoce e à adoçao de medidas que evitem a progressao para complicaçôes e minimizem as repercussôes sobre o feto. Considera-se isso factível, visto já ter sido observada, em países desenvolvidos, uma reduçao dos casos de distúrbios hipertensivos (e nao sao eles que aparecem como principal condiçao materna associada ao NM, mas sim as desordens hemorrágicas)(16).
Dos casos de NMM identificados, a maioria estava na faixa etária de 20 a 35 anos, bem como os DFNA - o que difere de outros estudos realizados no Brasil e nos países nórdicos, nos quais o NMM esteve associado à idade materna de 35 anos ou mais(9-17). Neste estudo, houve prevaléncia de casos de NM relacionados à paridade de primigestas, o que pode estar relacionado ao fato das desordens hipertensivas serem mais frequentes na primeira gestaçao ou a divergéncias em relaçao à paridade em diferentes países. Em estudo realizado em Recife, 44,7% dos casos ocorreram em primíparas e as desordens hipertensivas foram prevalentes(10); já nos países nórdicos, a taxa de paridade foi mais elevada e houve maior frequéncia de distúrbios hemorrágicos(17).
A maior prevaléncia de DFNA foi proveniente de parto cesáreo, tal como relatado em outros estudos sobre NM(3-18), fato que pode ter relaçao com as complicaçôes na gravidez e intervençôes necessárias para evitar os óbitos. Pesquisa realizada na Holanda contestou a premissa que a cesariana aumenta em cinco vezes a chance de uma mulher tornar-se um caso de near miss, já que, naquele país, essa associaçao pode sofrer influéncia de fatores de confusao, sendo questionável se a cesariana constitui, de fato, um fator de risco para near miss, ou se é, na verdade, uma consequéncia dessa condiçao(19), tornando-se, em alguns casos, fator de proteçao ao DFNA.
Verificou-se que a maior parte dos DFNA era proveniente de mulheres que tiveram assisténcia pré-natal, com número de consultas < 6. Esse resultado pode ser justificado pela prematuridade, pois pode nao haver tempo suficiente para que a mae realize mais consultas. Pesquisa desenvolvida na América Latina e no Caribe com mulheres em assisténcia pré-natal e número de consulta inferior a seis em virtude de complicaçôes na gestaçao e interrupçao da mesma encontrou taxas de mortalidade mais elevadas e maior frequéncia de casos NM e óbitos fetais e neonatais(15). Em outros estudos, na China e no Brasil, foi evidenciado que as complicaçôes na gravidez resultam em índices mais elevados de morte fetal e neonatal, prematuridade e morte no parto(5-20).
Neste estudo, o histórico de natimortos anteriores foi fator de risco para o DFNA, com resultado significante estatisticamente. Em estudo na Nigéria, também foi encontrado esse fator de risco(21), o que pode permite inferir que a ocorréncia prévia de caso de natimorto no histórico reprodutivo da mulher aumente em duas vezes a chance de DFNA em uma próxima gestaçao.
Os RN admitidos com DFNA na UTIN tiveram resultados estatisticamente significantes. Os estudos existentes sobre admissao em UTI identificaram os principais motivos para a admissao(22'23), porém aqueles que avaliaram o local de admissao dos RN de maes com NM sao insuficientes. Em Joinville, Santa Catarina, foram evidenciados como fatores de risco para a admissao na UTIN: baixo peso ao nascer, Apgar com 5 minutos < 7 e prematuridade(22). No Paraná, o diagnóstico mais frequente foi a prematuridade (49,5%)(23). Todas essas características estao relacionadas ao DFNA e tiveram resultados significantes para esta pesquisa.
Verifica-se que 38,0% das mulheres com NM tiveram parto prematuro; os DFNA dessas maes apresentaram resultados significantes estatisticamente para crianças de idade gestacional < 32 semanas (41,6%) e peso ao nascer < 2500 (66,7%). A relaçao entre essas variáveis é referida como extremamente forte, já que um RN prematuro também terá baixo peso. A prematuridade é citada como a principal característica nos estudos que relacionam o NMM com os RN(3,23).
Entre os filhos das mulheres com NMM, também houve frequéncia considerável de recém-nascidos com hipóxia grave (Apgar no quinto min. < 7) e asfixia neonatal(3). Na Nigéria, os óbitos neonatais precoces tiveram principal relaçao com a asfixia durante o parto(21). Na Finlândia, estudo verificou que o principal resultado neonatal em decorréncia de complicaçôes maternas foi o número elevado de óbitos , sendo 80% ligados à ruptura uterina, que resulta no aumento do risco de asfixia perinatal grave(24). Neste estudo, a asfixia neonatal também apresentou significância para o DFNA.
Observou-se que o desconforto respiratório precoce apresentou resultados significantes para o DFNA. Em pesquisa desenvolvida no Chile, foi relatada a síndrome da angústia respiratória como principal causa de morte. O uso de corticoides e surfactante resultou na reduçao da mortalidade(25). Já estudo realizado em Belo Horizonte identificou que as taxas de morte decorrentes da asfixia/hipóxia e a morte fetal nao especificada foram crescentes com o aumento da área de risco, isto é, constatou-se que as mortes perinatais se distribuíam de forma diferenciada em relaçao ao espaço e às vulnerabilidades sociais e que, por conseguinte, o enfrentamento desse complexo problema requer o estabelecimento de parcerias intersetoriais(26).
Limitaçôes do estudo
Consideram-se limitaçôes deste estudo o registro, algumas vezes, incompleto dos prontuários das pacientes e a nao realizaçao de exames em casos de complicaçôes obstétricas, o que poderia dificultar a identificaçao dos critérios de NM. Porém, como a coleta de dados foi realizada diariamente e em todos os turnos, observavam-se, in loco, critérios que contemplavam a inclusao da puérpera no estudo, mesmo que essas informaçôes nao estivessem relatadas no prontuário.
Contribuiçôes para a área da enfermagem, saúde ou política pública
Como contribuiçao, a pesquisa suscita reflexao sobre a assistência prestada às gestantes com near miss, o que pode subsidiar a implementaçao de estratégias para reduçao do número de óbitos fetais e neonatais. Vale ressaltar que esta pesquisa é inédita no estado de Sergipe, uma vez que nao existe outro estudo que aborde essa temática.
CONCLUSÄO
As características dos óbitos fetais e neonatais precoces em pacientes com NMM tiveram associaçao forte com o desfecho fetal e neonatal adverso. Nas maes com desordens hipertensivas, as características significantes para o desfecho entre os recém-nascidos foram a prematuridade, asfixia neonatal e desconforto respiratório precoce.
Como citar este artigo:
Nardello DM, Guimaraes AMDN, Barreto IDC, Gurgel RQ, Ribeiro ERO, Gois CFL. Fetal and neonatal deaths of children of patients classified as near miss. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017;70(1):98-105. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0405
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Daniele Marin Nardello1, Alzira Maria D'Avila Nery Guimaraes', Ikaro Daniel de Carvalho Barreto11,
Ricardo Queiroz Gurgel'1', Eleonora Ramos de Oliveira Ribeiro'1', Cristiane Franca Lisboa Gois'
I Universidade Federal de Sergipe, Programa de Pôs-Graduaçâo em Enfermagem. Aracaju-SE, Brasil.
II Universidade Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pôs-Graduaçâo em Biometria e Estatística Aplicada. Recife-PE, Brasil.
III Universidade Federal de Sergipe, Centro de Ciencias Biológicas e da Saúde, Departamento de Medicina. Aracaju-SE, Brasil.
AUTOR CORRESPONDENTE Daniele Marin Nardello E-mail: [email protected]
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