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1 Introdução
A articulação entre o Estado, o capital nacional e o capital estrangeiro, surgida no modelo de substituição de importações, resultou na política industrial que proporcionou uma modernização da estrutura produtiva brasileira no final da década de 1970 (Kupfer, 2005). Entretanto, o modelo de substituição de importações privilegiou a importação de tecnologia ao invés de estimular o desenvolvimento de uma tecnologia local (Lamonica et al., 2012). Segundo Fajnzylber (1983), quando se cria uma indústria desprovida de um “núcleo endógeno de dinamização tecnológica” não se poderia superar a vulnerabilidade externa pertinente às economias periféricas.
Diante da ausência de endogeneização do processo técnico da indústria brasileira, o modelo de substituição de importações não conseguiu construir uma base institucional capaz de impulsionar o progresso técnico, ou seja, o modelo de industrialização brasileira foi incapaz de articular um sistema nacional de inovação (SNI) eficiente e maduro. Nessa percepção, Lamonica et al. (2012) afirmam que a inexistência ou insuficiência de uma estrutura científica e tecnológica interligada ao sistema produtivo gera assimetrias tecnológicas. Sendo assim, um SNI incompleto aliado à estagnação econômica da década de 1980 fez com que a estrutura produtiva brasileira iniciasse a década de 1990 defasada tecnologicamente. Somente após a abertura comercial e a conquista da estabilidade econômica da década de 1990, foram criadas condições desejáveis para uma nova fase de modernização da indústria brasileira. De acordo com Ferraz et al.(1995), a partir desse momento intensificaram-se e generalizaram-se novas técnicas de organização da produção, além de profundas reestruturações no processo produtivo, o que propiciou ganhos significativos de produtividade em curto período de tempo, sem exigir a realização de grandes investimentos.
Dada esta nova perspectiva de modernização industrial, crescimento econômico interno e crescimento econômico mundial, a economia brasileira passou por um período de expansão econômica nos primeiros anos da década de 2000. Como resultado desse cenário favorável, ocorreu uma reversão nos fluxos de comércio exterior do país: em 2000, a balança comercial brasileira apresentou um déficit de US$ 697,7 milhões, tornando-se superavitária já no ano seguinte no montante de US$ 2.650,5 milhões. No período compreendido entre os anos de 2000 a 2005, as exportações brasileiras cresceram 115%, passando de US$ 55.085,6 milhões para US$ 118.308,4 milhões. O superávit da...