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1. Introdução
Este texto aborda, em perspectiva comparada, a dimensão econômica dos processos contemporâneos de desenvolvimento urbano de três cidades médias do interior do estado de São Paulo (Piracicaba, Bauru e Rio Claro), no contexto da reestruturação produtiva e da liberalização a partir da década de 1990 até 2011.
A escolha desses três municípios se justifica por serem cidades de porte médio, conforme os critérios do IBGE, com “população urbana entre 100 mil e 500 mil habitantes” (Braga, 2005, p. 2245), bem como pelas “funções e, principalmente, o papel que desempenham na rede urbana regional, nacional e internacional” (Castello Branco, 2006, p. 246). São municípios que polarizam as microrregiões das quais são sede e que comportam variáveis comparáveis: de um lado, pelas escalas demográficas e pelos perfis locacionais e espaciais relativamente similares e, de outro, em virtude das especificidades de suas formações socioeconômicas que marcam sua singularidade. Piracicaba se distingue pelo polo metalomecânico que ainda a projeta. Bauru e Rio Claro, outrora importantes entroncamentos ferroviários, tiveram diferentes evoluções após o desmonte deste modal de transporte: Bauru se consolidou como polo regional e centro de prestação de serviços, enquanto Rio Claro voltou-se para o setor industrial.
No plano teórico-metodológico, o trabalho compreendeu levantamento, classificação e análise de dados secundários sobre as dinâmicas do desenvolvimento urbano e regional e das finanças públicas das cidades selecionadas a partir de diversas fontes (IPEADATA, IBGE, SEADE, Prefeituras Municipais), além de revisão da literatura sobre a interiorização do desenvolvimento, a reestruturação produtiva e os impactos do movimento de liberalização. Assim, adotou-se a hipótese de que, em um contexto de mudança da dinâmica econômica com progressiva liberalização a partir do colapso do padrão desenvolvimentista e de esvaziamento da liderança do Estado e de suas agências e políticas de desenvolvimento urbano e regional, os municípios e governos locais assumiram o desafio de readequar suas estruturas produtivas visando a atrair os empreendimentos privados, adotando o modelo do empresariamento urbano.
O texto está estruturado sequencialmente da seguinte forma: análise dos termos em que transcorreram tais mudanças da economia nacional, as políticas de liberalização econômica e a mudança de papel das cidades; a interiorização do desenvolvimento e o papel das cidades médias; a emergência do empresariamento urbano e sua influência no...