Resumo
Este trabalho compreende uma revisâo integrativa que tem como objetivo identificar metodologias e ferramentas utilizadas para acompanhar, mensurar e avaliar o impacto social de empreendimentos sociais e discutir suas características e potenciais de contribuiçâo. A revisâo foi realizada a partir da literatura nacional e internacional, e possibilitou constatar que na maioria dos estudos o foco encontra-se na identificaçâo de indicadores de resultado. Conclui-se que é necessário discutir a mensuraçâo de impacto em uma perspectiva de processo e de envolvimento das partes interessadas. Para tanto, deve-se ter o conhecimento do contexto e das necessidades presentes, tendo como foco a comunidade e a sua participaçâo.
Palavras-chave: Empreendedorismo social. Mensuraçâo de impacto social. Avaliaçâo de impacto social. Indicadores de resultado.
Abstract
This paper comprises an integrative review that aims to identify methodologies and tools used to follow, measure, and evaluate the social impact of social enterprises and discuss their characteristics and contribution potentials. The review was carried out from the national and international literature and made it possible to note that in most studies the focus is on the identification of result indicators. Concludes that it is necessary to discuss impact measurement from a process and stakeholder involvement perspective. To do so, one must have knowledge of the context and present needs, focusing on the community and its participation.
Keywords: Social entrepreneurship. Social impact measurement. Social impact assessment. Outcome indicators.
Introduçâo
Diante dos problemas sočiais existentes que afetam o desenvolvimento da sociedade, surgem empreendimentos direcionados a essas questoes, tendo como objetivo principal a geraçao de valor social (Austin, Stevenson & Wei-Skillern, 2006; Corner & Ho, 2010; Dacin, Dacin & Tracey, 2011; Defourny & Nyssens, 2010), que seriam os beneficios oferecidos a populaçao, incluindo saúde, educaçao, qualidade de vida e melhorias ecológicas (Clark & Brennan, 2016). Estes se apresentam como uma forma de gerar mudança social (Mair & Marti, 2006), ao atender as necessidades básicas da populaçao, as quais nao sao atendidas pelo mercado ou instituiçoes públicas (Santos, 2012; Seelos & Mair, 2005).
Neste contexto, o foco do empreendimento é a geraçao de valor social enquanto o valor económico é condiçao necessária para garantir a viabilidade financeira do mesmo (Mair & Marti, 2006; Saebi, Foss & Linder, 2018), percebida como subproduto que permite que a organizaçao tenha sustentabilidade e autossuficiencia, nao sendo dependente de doaçoes de recursos (Seelos & Mair, 2005).
Essa breve descriçao refere-se ao Empreendedorismo Social (ES), o qual proporciona impacto positivo na sociedade, aproveitando oportunidades, detectando falhas de mercado, e criando soluçoes inovadoras para as demandas sociais (Dees, 1998). Neste artigo, a definiçao de ES está fundamentada em Oliveira (2004), o qual define ES como açoes inovadoras direcionadas para questoes sociais, que partem da observaçao de um contexto e de um problema local, de forma que se busca elaborar uma alternativa de enfrentamento. A iniciativa deve ser inovadora, realizável, autossustentável, envolver várias pessoas e segmentos da sociedade (principalmente a populaçao atendida), provocar impacto social e fazer com que os resultados possam ser avaliados.
Quanto as transformaçoes e impactos sociais gerados, é importante destacar que o termo aqui empregado se refere as mudanças que ocorrem na sociedade a partir do momento que se desenvolve um projeto (Brandao et al, 2014). Para o relatório The Code of Good Impact Practice (2013), impactos sociais sao efeitos de longo prazo gerados pelo trabalho de uma organizaçao, podendo ser referido como a diferença que se realiza em um determinado contexto. A questao de impacto social de um projeto é vista como um ponto que merece atençao, pois o foco de empreendimentos sociais é o retorno social que será obtido (Ashoka & McKinsey, 2001).
Nesse contexto, desenvolver mensuraçao de impacto social torna-se imperativo, pois organizaçoes sociais estao sendo, de certa forma, pressionadas a explicitar o seu valor social, e assim, para evidenciar os resultados é necessário mensurar (Clifford, Markey & Malpani, 2013). Mair e Marti (2006) discutem que avaliar o impacto social é um dos maiores desafios para profissionais e pesquisadores do campo, onde o problema pode nao ser a mensuraçao em si, mas como as medidas podem ser usadas para "quantificar" e qualificar o impacto, transformando em dados os impactos socioeconómicos, ambientais, efeitos mentais e sociais obtidos.
Embora seja difícil avaliar o desempenho de um empreendimento social, existem mecanismos que ajudam nessa questao (Certo & Miller, 2008), por meio de ferramentas e metodologias de mensuraçao e avaliaçao de impacto social, e diante disso, pesquisas sobre relatórios de impacto social precisam ser desenvolvidas com maior profundidade (Nicholls, 2009). Portanto, tendo em vista a importancia dessa questao, o presente trabalho busca responder a seguinte pergunta: Quais sao e como se caracterizam as metodologias e ferramentas de mensuraçao e avaliaçao de impacto social de empreendimentos sociais, abordadas na literatura nacional e internacional?
Para responder a essa pergunta, realizou-se uma revisao integrativa sobre o tema de mensuraçao e avaliaçao de impacto social, a partir de periódicos nacionais e internacionais com o objetivo de identificar metodologias e ferramentas utilizadas para acompanhar, mensurar e avaliar o impacto social de ES e discutir suas características e potenciais de contribuiçao para esses empreendimentos.
Esta pesquisa justifica-se por almejar contribuir com os estudos científicos ao apresentar e discutir ferramentas e metodologias de mensuraçao de impacto social, com enfase no processo e na participaçao das partes interessadas, que sao questöes que precisam ganhar destaque, tendo em vista as lacunas percebidas. Assim, é importante, como defendido por Mair e Marti (2006), estabelecer legitimidade do conceito como área de investigaçao academica. Nao apenas na área academica, mas empíricamente ve-se a necessidade de estudos para apoiar as organizaçoes sociais que estao sendo, de certa forma, pressionadas a tornarem evidente o valor social que tem proporcionado. Com isso, é possível gerar mecanismos para melhorar o desempenho das açoes, atrair e adquirir recursos e construir legitimidade organizacional (Barman, 2007; Nicholls, 2009), os quais possibilitarao resultados comprometidos com o objetivo dessas organizaçoes.
Este trabalho apresenta primeiro a introduçao, a qual contempla o problema e objetivo de pesquisa. Em um segundo momento, tem-se o referencial teórico distribuido em duas seçoes: a primeira aborda o tema de empreendedorismo social e a segunda apresenta o conceito de avaliaçao e mensuraçao de impacto social. Em seguida apresenta-se a metodologia adotada, e após este tópico, tem-se a apresentaçao e discussao dos resultados. Por fim, sao apresentadas as consideraçoes finais e as referencias bibliográficas do trabalho.
Empreendedorismo social
O conceito de empreendedorismo social (ES) emergiu na década de 90 e desde entao passou a receber atençao pela academia, assim como também começou a ser tratado como um componente-chave da agenda de desenvolvimento do século XXI (Abdo & Paris, 2017). O termo está ligado as iniciativas que tem como objetivo principal a geraçao de valor social (Austin, Stevenson & Wei-Skillern, 2006; Corner & Ho, 2010; Dacin, Dacin & Tracey, 2011; Defourny & Nyssens, 2010), buscando gerar mudança social (Mair & Marti, 2006), ao atender as necessidades básicas da populaçao, as quais nao sao atendidas pelo mercado ou instituiçoes públicas (Santos, 2012; Seelos & Mair, 2005).
Este é um conceito contestado, de forma que existem muitas definiçoes, mas nao existe um quadro conceitual unificado (Choi & Majumdar, 2014). Bacq e Janssen (2013) identificaram tres principais escolas de pensamento sobre a temática, duas delas originadas dos EUA: The Social Innovation School enfatiza as características do individuo empreendedor social, focada na perspectiva do individuo; a segunda, The Social Enterprise School., afirma que o empreendimento sobrevive realizando atividades que geram lucros para dar sustento a geraçao de valor; a terceira está relacionada com a abordagem europeia, mais ligada as empresas sociais, e nessa perspectiva o foco está voltado em modelos coletivos, ao invés do individuo empreendedor.
A missao social é tratada como objetivo principal do empreendimento, permeando tanto as abordagens norte-americanas quanto a europeia, e as diferenças existentes entre os modelos está ligada a fatores contextuais, pois mesmo nos EUA existem diferentes noçoes (Bacq & Janssen, 2013). Assim, as concepçoes de ES estao enraizadas nos contextos sociais, económicos, políticos e culturais onde as organizaçoes emergem, portanto, para a compreensao do fenómeno, devem-se levar em conta as especificidades dos locais que moldam essas iniciativas de diferentes formas (Defourny & Nyssens, 2010). Diante disso, é importante entender que o desenvolvimento de um empreendimento nao pode ser apenas analisado na perspectiva de exportaçao de abordagens dos Estados Unidos e da Europa, devendo deslocar essas discussoes que geralmente sao direcionadas nessas duas localidades (Defourny & Nyssens, 2010).
Ao tratar de ES, faz-se também necessário destacar algumas diferenças em relaçao a determinados termos. Este tipo de empreendimento se difere de filantropia e caridade, bem como de responsabilidade social empresarial, sendo que nesta última sao encontradas açoes que estao de acordo com a missao e atividade da empresa, acima das necessidades da comunidade (Oliveira, 2004). O ES também se difere do empreendedorismo tradicional, o qual possui como prioridade gerar valor económico, ou seja, lucrar, enquanto o social tem como foco principal gerar impacto social, procurando soluçoes para os problemas que afetam a sociedade (Azevedo, 2015; Barki et al., 2015; Oliveira, 2004; Saebi, Foss & Linder, 2018; Yunus, Moingeon & Lehmann-Ortega, 2010).
Para Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2006) o termo, embora muito associado as iniciativas realizadas por organizaçoes sem fins lucrativos, também permite um entendimento que envolve empresas e organizaçoes públicas. Nesse contexto, o surgimento de oportunidades é resultante das redes de atores interconectados que combinam seus recursos e habilidades para alcançar uma açao social efetiva (Corner & Ho, 2010).
O foco principal do empreendimento se encontra na geraçao de valor social enquanto o valor económico é visto como condiçao necessária para garantir a viabilidade financeira (Mair & Marti, 2006). Para Mair e Marti (2006) o empreendedorismo social nao pode ser entendido exclusivamente pelo sentido económico, e deve ser examinado a luz do contexto social e ambiental. Para ser efetivo é preciso envolver a comunidade, compreender a cultura local e o contexto, para assim gerar soluçoes para os mesmos (Azevedo, 2015).
Diante do exposto, é necessário entender que nao se deve querer sanar apenas problemas imediatos, mas sim modificar o sistema com medidas que realizam importantes transformaçoes, trazendo melhorias a determinada comunidade. Essas transformaçoes incluem a mobilizaçao de recursos e os impactos, que trazem mudanças ao contexto social em que emerge o problema (Alvord, Brown & Letts, 2004).
Para acompanhar e verificar se essas mudanças estao de fato ocorrendo, é necessário haver avaliaçao de impacto, questao esta que é tratada como um dos maiores desafios para profissionais e pesquisadores do campo (Mair & Marti, 2006). Os empreendedores usam os relatórios de impacto social na perspectiva de estratégia para melhorar o desempenho de suas açoes, adquirir recursos e construir legitimidade organizacional, e assim, deve-se buscar nao apenas melhorar o desempenho interno, mas também manter a responsabilizaçao pelo externo, diante das organizaçoes sociais, comerciais e do setor público (Nicholls, 2009).
Nesse cenário, o argumentar de que nao há mecanismos para mensurar o resultado social é visto como um discurso que reforça a incapacidade de gestao da organizaçao (Azevedo, 2015), tendo em vista que existem materiais, ferramentas e metodologias para apoiar as organizaçoes nessas atividades, questao essa que será tratada no próximo tópico.
Mensuraçâo e avaliaçâo de impacto social
Embora seja difícil avaliar o desempenho de um empreendimento social existem mecanismos que auxiliam nessa questao (Certo & Miller, 2008), e, como apresentado por Mair e Marti (2006), é importante estabelecer legitimidade do conceito como área de investigaçao académica. Assim, os empreendimentos sociais, com fins lucrativos ou nao, devem identificar métricas de impacto social baseadas em sua missao e no impacto realizado (Neck, Brush & Allen, 2009).
Nota-se que as organizaçoes sociais estao sendo, de certa forma, pressionadas a tornar evidente o seu valor social (Clifford, Markey & Malpani, 2013). Essa pressao ocorre tendo em vista que é necessária a mensuraçâo das atividades da organizaçao para poder demonstrar sua competencia, adquirir legitimidade e obter fundos (Barman, 2007). Barki et al. (2012) apresentam que a capacidade de uma organizaçao mensurar seus impactos gera para ela um diferencial, pois é um atrativo para investimentos de impacto. Para esses autores, a mensuraçao de impacto social nao é algo simples, pois deve permitir analisar impactos de longo prazo e nao apenas os imediatos.
Nao há uma visao consensual e abrangente sobre como a atividade de mensuraçao de resultados sociais deve ser realizada, ou seja, quais os métodos que devem ser utilizados (Azevedo, 2015). Notam-se pesquisas surgindo nos últimos anos sobre mensuraçao, contudo esse campo ainda nao está bem estmturado (So & Staskevicius, 2015).
Ogain (2015) apresenta algumas questoes que facilitam o desenvolvimento de estrategias de impacto para o empreendimento social, sao elas: i) identificar qual problema social a organizaçao visa atender, quais sao as causas raízes e as formas de combater; ii) identificar a inovaçao e mostrar evidencias de que a mesma trará impacto; iii) mapear a teoria da mudança para entender o impacto que irá gerar; iv) traçar estrategias para que o empreendimento tenha escala e sustentabilidade; v) pensar em métricas e tipos de avaliaçao que terá que criar.
Carol Weiss propôs uma alternativa de avaliaçao, conhecida por "Theories of Changó", para auxiliar as iniciativas, a qual virou referencia. De acordo com Weiss (1995) essas iniciativas tem o potencial nao apenas para fazer o bem, mas para entender como, quando e porque o bem está sendo realizado, devendo assim compreender que com os processos de mudança será possível obter sucessos e trazer beneficios para o público-alvo.
Nota-se que há casos de avaliaçoes que apresentam as atividades e os resultados alcançados, mas nao especificam os mecanismos causais, ou seja, a relaçao entre os elementos que levarao a mudança social pretendida (Rogers & Weiss, 2007). Nesta situaçao apresentada, foca-se em uma estrategia de mensuraçao que trata o processo de forma linear, representado por um modelo lógico, onde estao indicados os elementos envolvidos para gerar o impacto, mas nao há discussao sobre a relaçao entre eles e as premissas envolvidas (Roger & Weiss, 2007). Diante disso, faz-se necessário amadurecer a teoria para o impacto ser gerado.
Outra questao que ocorre, é quando a lógica por trás do projeto é baseada em suposiçoes ou raciocinio lógico de quem pratica, sem haver imersao em um contexto específico. Portanto, neste caso, ao ser elaborada a metodologia de mensuraçao, deve-se apresentar uma série de micro etapas (recursos, atividades, produtos e serviços, resultados e impacto), atribuindo relaçoes causais entre os elementos presentes nas etapas, entendendo o processo desde os insumos até o resultado, de acordo com os propósitos da intervençao (Rogers & Weiss, 2007).
Para Rogers e Weiss (2007), uma avaliaçao tem que envolver um trabalho que possibilite definir e medir processos psicossociais, fisiológicos, económicos, sociológicos, organizacionais, dentre outros, formando projetos que tem bases em premissas melhor concebidas. Para tanto, os avaliadores precisam ter conhecimento a respeito de questoes sociológicas em busca de pistas para formulaçoes válidas, desenvolvendo assim intervençoes sociais que resultarao em um impacto positivo.
Para avaliar o impacto é necessário se pautar em determinados indicadores, os quais contem informaçoes que apresentam as mudanças derivadas de uma intervençao, e assim sao utilizadas para monitoramento e avaliaçao (Church & Rogers, 2006). Parkinson e Wadia (2008) apresentam que com uso de indicadores é possível verificar se a organizaçao está alcançando seus objetivos e metas, sendo possível assessorar o progresso do projeto. Indicadores sao como fator de motivaçao, ao ser possível reconhecer a mudança que está realizando. Eles possibilitam: i) apresentar se o objetivo foi alcançado; ii) analisar como os usuários tem se beneficiado com a intervençao; iii) identificar lacunas; iv) realizar melhorias.
Na prática, nota-se o reconhecimento da importancia da mensuraçao de impacto social, mas também se encontram desafios quanto ao desenvolvimento de indicadores para medir os resultados obtidos pela organizaçao (Tyszler, 2007), e a formalizaçao de um instrumento para medir impacto que seja conhecido e compreendido pelos envolvidos nos projetos (Kuyumjian, Souza & Sant'anna, 2014).
Portanto, tendo em vista a importancia da mensuraçao de impacto social, a dificuldade de ser realizada na prática e a escassez de estudos voltados a essa temática, é possível notar a necessidade de discutir esse conceito para que se desenvolvam estrategias adaptadas a realidade do contexto, de forma que atendam as demandas dos empreendimentos e da sociedade.
Procedimentos metodológicos
Este trabalho contempla uma revisâo integrativa da literatura sobre o tema de mensuraçâo e avaliaçâo de impacto social. Botelho, Cunha e Macedo (2011) apresentam que o processo de revisao de literatura possibilita a compreensâo sobre o conhecimento gerado e oferece base para a construçâo do conhecimento científico, dando possibilidade ao surgimento de novas teorias. Para esses autores, a revisao integrativa é um método que permite o desenvolvimento de uma revisao de literatura e possibilita a síntese e análise do conhecimento científico produzido a respeito de um tema investigado. Favorece assim, a aproximaçâo do pesquisador a uma problemática e a visualizaçâo de possíveis oportunidades de pesquisa.
Para Botelho, Cunha e Macedo (2011), a realizaçâo de uma pesquisa integrativa envolve os seguintes passos: i) etapa da identificaçâo do tema e seleçâo da questâo de pesquisa; ii) etapa de estabelecimento de criterios de inclusâo e exclusâo; iii) etapa de identificaçâo dos estudos pré-selecionados e selecionados; iv) etapa de categorizaçâo dos estudos selecionados; v) etapa de análise e interpretaçâo dos resultados; vi) etapa de apresentaçâo da revisâo/smtese do conhecimento.
Portanto, partindo da problemática de pesquisa, como etapa inicial foram realizadas buscas de artigos nas bases Scopus, SciELO e Google Scholar, sem delimitaçâo de período, envolvendo pesquisa em título, resumo e palavras-chaves, selecionando documentos do tipo "Artigo", publicados em revistas científicas, em todas as áreas. Para a busca de artigos nacionais, utilizaram-se as bases SciELO e Google Scholar, contudo ocorreu uma flexibilizaçâo quanto aos termos, devido a dificuldade de encontrar artigos envolvendo as temáticas de empreendedorismo social e mensuraçâo de impacto social. A escolha das bases se deu por abrangerem uma diversidade de produçöes bibliográficas, mostrando-se úteis nas buscas de artigos para a temática estudada.
Os criterios utilizados para seleçâo dos artigos foram: i) artigos que tratam a temática de empreendedorismo social; ii) artigos que abordam mensuraçâo de impacto social por empreendimentos sociais; iii) artigos que apresentam metodologias e/ou ferramentas de avaliaçâo de impacto social. Quanto aos criterios de exclusâo, foram adotados: i) artigos que tratam de empreendedorismo tradicional ou gestâo pública; ii) mensuraçâo em outras perspectivas, como por exemplo: impacto negativo, capital social, inovaçâo etc; iii) artigos que nâo tratam de mensuraçâo de impacto e/ou empreendedorismo social.
A pesquisa realizada na base Scopus utilizou os termos: i) "Measuring Social Impact" AND "Social Entrepreneurship"; ii) "Impact Measurement" AND "Social Entrepreneurship'". Para busca na base SciELO, utilizaram-se os termos "Projetos Sociais" AND "Avaliaçâo", e no Google Scholar. "Avaliaçâo de Projetos Sociais" E "Empreendedorismo Social".
Os estudos identificados por meio da pesquisa nas bases foram: 62 pela Scopus (28 artigos na 1a busca e 34 artigos na 2a busca), 88 pela SciELO e 82 Google Scholar, totalizando 232 trabalhos. Desse total, 207 foram excluídos: 20 tratam de empreendedorismo tradicional, 15 de mensuraçâo em outra perspectiva, 7 artigos duplicados, 9 nâo abordam mensuraçâo de impacto, 123 nâo tratam de mensuraçâo de impacto e de empreendedorismo social, e 33 nâo sâo artigos.
Portanto, a partir da leitura do resumo, das palavras-chave e dos títulos dos trabalhos foram préselecionados 25 artigos, a partir dos quais se realizou leitura integral dos textos e foram selecionados 12 para a pesquisa e excluídos 13. Desses 13, cinco nâo tratam de mensuraçâo de impacto, seis nâo abordam metodologia de mensuraçâo de impacto, e dois tratam do contexto público.
Com a seleçao dos artigos concluida, foi realizada uma análise dos dados coletados a partir da análise de conteúdo, que de acordo com Bardin (2009) envolve tres momentos: primeiro, a descriçao analítica dos dados coletados; segundo, contempla a sustentaçao da análise descritiva por meio do referencial teórico; terceiro, sao desenvolvidas as categorias de análise que permitem a corroboraçao das perguntas levantadas na pesquisa.
No caso, as categorias de análise surgiram pela busca de resposta ao objetivo da pesquisa. Contemplaramse as seguintes categorias: i) metodologias e ferramentas de avaliaçao e mensuraçao de impacto social, e ii) foco dos artigos (processo, indicadores de resultado ou ambos). Portanto, houve o tratamento das categorias estabelecidas a partir da base conceitual sobre mensuraçao e avaliaçao de impacto e da leitura dos textos, alinhado com o objetivo proposto do trabalho.
Apresentaçao e análise dos resultados
Mensuraçao e avaliaçao de impacto: a discussāo central em artigos nacionais e internacionais
A partir do objetivo de pesquisa, analisaram-se os textos selecionados considerando metodologias e/ou ferramentas tratadas sobre mensuraçao de impacto social. Com isso, possibilitou conhecer as formas utilizadas nos diferentes trabalhos para desenvolver uma estrategia de impacto e de mensuraçao, que esteja alinhada com os interesses da comunidade e com a missao social da organizaçao.
Foram analisados 12 trabalhos, oito internacionais e quatro nacionais. A seguir, na Figura 1, estao apresentados os artigos que participam da análise, seguindo ordem alfabética, contemplando a indicaçao dos autores, titulo, ano, periódico, número de citaçoes, tipo de estudo e base de dados.
Notou-se dentre os artigos nacionais, que apenas um tratava os termos de empreendedorismo social e mensuraçâo de impacto social, demonstrando assim que a articulaçâo dos termos está mais evidente em trabalhos internacionais. Manetti (2012) nos apresenta que a discussâo a respeito de avaliaçâo de impacto socioeconómico acompanha o crescimento da temática de empreendedorismo social, confirmando a relaçâo entre os termos.
Quanto aos trabalhos internacionais analisados pela revisâo, foi possível identificar diferentes perspectivas. André, Cho e Laine (2017), apresentaram uma análise sobre a elaboraçâo de avaliaçâo de impacto de um empreendimento social, o qual tinha como missâo melhorar a longo-prazo a saúde de uma comunidade oferecendo-lhes água nâo contaminada. O conhecimento das práticas locais proporcionou o refinamento das operaçoes da organizaçâo.
Clark e Brennan (2012) examinaram a questâo de como o valor social é criado e medido. Uma perspectiva multidisciplinar de mediçâo de desempenho é apresentada, apoiando-se no argumento de que é necessário estabelecer indicadores. Estes mesmos autores, em outro trabalho, realizaram uma comparaçâo entre casos de quatro organizaçoes, e foi testado um modelo para mediçâo do impacto a longo-prazo. Identificou-se que apenas 37% das organizaçoes demonstram capacidade de medir indicadores de impacto (Clark & Brennan, 2016).
Grieco, Michelini e Lasevoli (2014) desenvolveram uma análise hierárquica de clusters com base em uma amostra de 76 modelos de Avaliaçâo de Impacto Social, para agrupá-los em macro categorias e ajudar os empreendedores sociais a escolher o modelo mais adequado as necessidades da sua organizaçâo. Hadad e Gauca (2014) elaboraram tres principios que sustentam o modelo de mensuraçâo de impacto, os quais sâo: sustentabilidade, valor agregado e escalabilidade.
No trabalho de Manneti (2012) é analisado o papel da Blended Value Accounting (BVA) na avaliaçâo do impacto socioeconómico dos empreendimentos sociais, com especial referencia ao modelo de mensuraçâo denominado SROI (Retorno Social do Investimento). Moody, Littlepage e Paydar (2015) apresentam a ferramenta SROI, apontando os desafios organizacionais e as liçoes aprendidas oriundas da implementaçâo da técnica de mediçâo, buscando expandir o conhecimento sobre tais medidas para informar futuros pesquisadores, bem como organizaçoes e financiadores interessados na ferramenta.
Spencer, Brueckner, Wise e Marika (2016) apresentaram uma análise das atividades de uma organizaçâo social indígena, a partir de uma estrutura integrada para gerenciamento de desempenho de organizaçoes sem fins lucrativos. A avaliaçâo concentra-se na eficácia social da organizaçâo e na sua capacidade de ajudar a gerar renda e emprego aos assistidos.
A partir da revisâo realizada, também foram identificados quatro artigos nacionais. O trabalho de Silva e Gonçalves-Dias (2016) caracteriza os métodos empregados de mensuraçâo de impacto social, e também identifica as dificuldades encontradas no processo, as motivaçoes do empreendedor para a adoçao do método, e os beneficios da mensuraçao para as organizaçoes.
O artigo de Coelho (2004) apresenta uma metodologia de avaliaçao para projetos sociais, considerando a perspectiva dos diversos stakeholders envolvidos. Coelho e Gonçalves (2011) contribuem para o processo de avaliaçao de projetos sociais ao considerarem perspectivas quantitativas e qualitativas, sob o ponto de vista das comunidades envolvidas.
O trabalho de Cabral (2011) apresenta um referencial de avaliaçao do impacto, dos valores e da economicidade dos beneficios gerados pela gestao social de projetos e iniciativas de organizaçoes sociais locais. Para a autora, a avaliaçao e as técnicas de mensuraçao de impacto nao estao plenamente presentes no campo das organizaçoes sociais. Entre as razoes, encontram-se: falta de profissionalizaçao no setor e o pensamento de que as práticas de avaliaçao nao conferem a existencia de uma cultura sistemática e difundida; ausencia de uma metodologia especifica que apreenda o valor social; insistencia em importar técnicas e argumentos tanto da área pública como da área privada.
Essas foram as ideias centrais dos textos que compoe a pesquisa. No próximo tópico serao apresentadas as metodologias e ferramentas de avaliaçao e mensuraçao de impacto social, para que possam ser identificadas as metodologias existentes na literatura.
Metodologías e ferramentas de avaliaçao e mensuraçao de impacto social
Existem diferentes formas de avaliar o impacto, e essa diversidade está ligada ao fato de que os empreendimentos variam de tamanho, capacidade, atividades, foco e objetivos, assim, nao existe um modelo único adequado para todas as organizaçoes. Portanto, as iniciativas tem o desafio de encontrar uma metodologia apropriada para a sua realidade e para os diferentes interesses de impacto (Grieco, Michelini & Lasevoli, 2014). Considerando os trabalhos analisados, notam-se diferentes metodologias e ferramentas de mensuraçao e avaliaçao, as quais podem ser constatadas na Figura 2.
O trabalho de Andre, Cho e Laine (2017) adotou indicadores sociais de mensuraçao de cobertura, penetraçao e regularidade do consumo, os quais possuem metas maleáveis, em comparaçao aos indicadores de desempenho financeiro. Os indicadores foram desenvolvidos por meio de um projeto de pesquisa-açao e de colaboraçao ativa entre a organizaçao e os autores do artigo. Eles foram adotados para serem usados regularmente por gerentes e apresentados ao Conselho Administrativo, permitindo o acompanhamento dos resultados e comparaçoes.
Grieco, Michelini e Lasevoli (2014) identificaram e agruparam modelos de mensuraçao e avaliaçao de impacto social em quatro clusters: i) modelos baseados em indicadores quantitativos do impacto social (por exemplo: número de beneficiarios) e do impacto nos empregados (por exemplo: satisfaçao do empregado e clima organizacional). Esses modelos sao fáceis de aplicar (consistindo de nao mais de 15 indicadores), sao genéricos ou aplicáveis em qualquer setor; ii) modelos caracterizados por variáveis qualitativas e quantitativas. Possui alto grau de complexidade e sao aplicados a qualquer setor; iii) modelos que empregam variáveis qualitativas. Devido a sua natureza qualitativa, esses modelos tem um nivel de complexidade. Os modelos que pertencem a esse cluster podem ser aplicados a setores específicos e foram desenvolvidos por várias organizaçoes; iv) modelos que usam variáveis qualitativas ou quantitativas e objetivam medir diferentes tipos de impacto. Eles sao usados para gerenciamento ou certificaçao, sao aplicados durante o curso das atividades (periodo de tempo continuo), e empregados principalmente por empresas e instituiçoes de consultoria.
A metodologia apresentada por Coelho (2004) e Coelho e Gonçalves (2011), também baseada em indicadores, contam com aspectos qualitativos e quantitativos, considerando diferentes stakeholders envolvidos na criaçao dos indicadores de performance. A metodologia proposta procurou responder questoes ligadas a determinadas categorias de análise, as quais envolvem diferentes perspectivas de retorno. Os autores ressaltam que a proposta de avaliaçao nao tem pretensao de oferecer modelos genéricos, prontos para serem aplicados em qualquer realidade. O objetivo foi contribuir com diretrizes e referencias para a construçao de modelos próprios para cada organizaçao. Enfatiza-se que o avaliador de projetos sociais deve possuir competencia técnica e humana, fundamentais para o desenvolvimento de processos participativos.
Clark e Brennan (2012; 2016) apresentaram uma metodologia que é uma adaptaçao do Balanced Scorecard, de forma que incorporam as perspectivas de curto e longo prazo e o quadro resultante foi denominado de "Matriz de Valor Balanceada", que é uma matriz tridimensional. O modelo tradicional reflete as dimensoes do tempo (perspectivas a curto e longo prazo), partes interessadas (perspectivas internas e externas), envolvendo medidas financeiras, satisfaçao do cliente, processos internos e aprendizado e crescimento. Assim, como terceira dimensao, tem-se o valor social.
Quanto ao modelo lógico, citado por Hadad e Gauca (2014), Spencer, Brueckner, Wise e Marika (2016), Silva e Gonçalves-Dias (2015) e Cabral (2011), é baseado em uma estrutura lógica que apresenta os recursos (entradas), atividades, produtos e serviços (saidas), resultados e impacto social de um projeto. Para construir o modelo lógico, a organizaçao deve iniciar definindo o impacto social que deseja alcançar, para entao estabelecer os resultados para atingir o impacto. Depois se define os produtos e serviços a serem desenvolvidos para atingir os resultados, e os recursos a serem empregados.
Quanto ao trabalho de Hadad e Gauca (2014), foi concebido um modelo de mediçao de impacto social que compreende tres categorias de elementos que devem ajudar a medir o impacto social: sustentabilidade, valor agregado e escalabilidade. Em relaçao a sustentabilidade, a organizaçao deve identificar as fontes para financiar a entidade e suas atividades. Quanto ao valor agregado, deve enfatizar os efeitos psicológicos, sociais, económicos, ambientais e fatores políticos (caso a atividade principal da empresa se relacione com questoes políticas) que a organizaçao tem sobre seu público-alvo. A escalabilidade mede o potencial de expansao da organizaçao, os efeitos, a cobertura da midia (consciencia social) ou mesmo mudanças regulatórias. As autoras defendem que é importante identificar que mudanças precisam ser medidas, no qual os objetivos sao transformados em indicadores que devem ser descritos e registrados no inicio e no final do processo. Valores, visao, missao, metas e objetivos tem que ser definidos, pois as atividades serao guiadas por esses cinco elementos.
A abordagem apresentada por Spencer, Brueckner, Wise e Marika (2016) envolve determinadas dimensoes de análise, quais sejam: i) insumos, que sao os recursos necessários, ii) capacidade organizacional, que sao as características humanas e estruturais da organizaçao, iii) saidas, que sao os produtos e serviços desenvolvidos, iv) valor público, que é a criaçao de valor em termos de bem-estar e felicidade, capital social ou inclusao social, e v) rede e legitimidade institucional, que envolve a gestao de relacionamentos com as partes interessadas da organizaçao e sua capacidade de desenvolver e manter parcerias.
Silva e Gonçalves-Dias (2015) apresentam que na mensuraçao de desempenho socioambiental os elementos da cadeira de geraçao de valor social (modelo lógico) devem ser considerados. Para que as empresas possam comparar o seu desempenho social e ambiental e comunicá-lo aos diversos atores que compoem o campo dos negócios sociais, sao apresentadas alternativas que utilizam de uma linguagem comum (indicadores e sistemas para calcular impacto). Os empreendimentos estudados pelos autores utilizam um sistema de mensuraçao de desempenho socioambiental, o GIIRS (Global Impact Investing Rating System), que produz uma avaliaçao considerando como resultado uma pontuaçao do impacto positivo gerado pela organizaçao avaliada. Como é possível perceber, este trabalho encontra-se presente em duas categorias na Figura 2, por abordar o modelo lógico e o sistema GIIRS.
Cabral (2011) construiu um Mapa de Bens Públicos, que é um instrumento para verificar o cumprimento da missao da organizaçao, de forma que vincula valores e resultados como beneficios mensurados por indicadores. O Mapa pode ser tratado como um desenho do projeto, no qual sao apresentadas as conexoes entre os elementos: recursos, atividades, produtos, resultados e beneficios, de modo a garantir a articulaçao entre eles a fim de cumprir os objetivos almejados. Quanto a operacionalizaçao, é necessário que envolva um grupo de responsáveis de diferentes áreas organizacionais e os gestores do projeto reunidos em um ambiente dinámico e dialogado. Haverá o preenchimento das lacunas a serem respondidas, seguindo a ordem: beneficio, bens públicos, resultados, recursos e atividades. Ou seja, a primeira pergunta se refere aos beneficios pretendidos com o projeto, como os valores fundamentais assumidos pelo empreendimento, que envolve a questao social abordada.
Manetti (2012) e Woody, Littlepage e Paydar (2015), abordaram o uso do SROI (Retorno Social do Investimento), o qual tem como objetivo medir o valor económico e social gerado por uma organizaçao em uma comunidade local onde opera para obter uma quantificaçao do impacto social gerado. O resultado final do processo de implementaçao da análise SROI é um indicador que representa o retorno em termos socioeconómicos para cada unidade monetária gasta no projeto e/ou na organizaçao como um todo. O retorno social do investimento usa elementos de análise de custo-benefício, os quais sao quantificados e comparados para avaliar a conveniencia de uma intervençao expressa em unidades monetárias. A partir desta ferramenta, nota-se o risco da financeirizaçao dos instrumentos de mensuraçao do impacto das organizaçoes sociais.
De acordo com Manetti (2012), o SROI é um instrumento projetado para monetizar o impacto em uma lógica quase comercial. Para o empreendimento o mais importante é compreender o processo de criaçao de valor socioeconómico, independentemente de sua monetizaçao. Deve-se, portanto, entender a mensuraçao de impacto além da elaboraçao de indicadores, mas compreendendo também a discussao a respeito das etapas a serem seguidas para que o impacto seja alcançado e as transformaçoes sociais sejam realizadas. Essa questao será discutida no próximo tópico.
Mensuraçao e avaliaçao de impacto social: delineando o processo
Dentre as metodologias e ferramentas identificadas nos artigos pesquisados, algumas tratavam de mensuraçao de impacto social envolvendo todo o processo na geraçao de valor social, destacando os elementos a serem trabalhados (recursos, atividades, resultados etc.), e as relaçoes causais entre eles, ou seja, as relaçoes entre os elementos. Outras tratavam apenas do desenvolvimento de indicadores para apresentar o resultado atingido, sem discutir as variáveis envolvidas no processo, desta forma focando apenas na mediçao.
Observou-se que 75% dos trabalhos teve foco apenas na mediçao, enquanto 25% tratavam do processo em conjunto com a mediçao. A partir disso, nota-se a importáncia de discutir a mensuraçao e avaliaçao de impacto social em uma perspectiva que envolva todos os mecanismos que levaräo as mudanças sočiais almejadas pelo projeto, como defendido por Rogers e Weiss (2007).
Para Hadad e Gauca (2014) os métodos presentes na literatura para medir impacto social tendem a quantificar tudo em dinheiro, além de negligenciar a importância do impacto psicológico que uma empresa pode ter sobre seu público-alvo. O impacto é medido na perspectiva das empresas e dos investidores, negligenciando a participaçâo dos beneficiarios, os quais säo alvo do projeto. Por fim, discute-se que näo há legislaçâo adequada para regular este campo de mensuraçâo de impacto, e nenhum órgäo de controle especializado para supervisionar a atividade com essas iniciativas.
Coelho (2004) defende a necessidade de estudos sobre avaliaçâo de projetos sociais, e relaciona a isso a curta duraçâo de vida de diversas açoes sociais. A autora apresenta que a falta de comprometimento com resultados, por questoes motivacionais altruistas, ou por questoes motivacionais institucionais através do marketing social (impacto social pouco significativo supervalorizado pela estratégia de comunicaçâo), säo exemplos práticos.
O processo de aval^äo de impacto social deve envolver näo apenas a utilizaçäo eficiente dos recursos, mas buscar identificar se as açoes contribuíram de fato para traduzir o impacto social para todos os envolvidos no processo (Coelho, 2004). Para Coelho (2004) nem sempre é possivel uma vincu^äo direta entre o programa e os resultados atingidos, porque podem existir outros fatores que exercem influencia sobre o contexto. Outra questäo que pode ocorrer, é que o empreendedor pode ser muito eficaz em prestar os serviços, mas os beneficiarios podem näo perceber o beneficio esperado, correndo o risco do impacto a longo-prazo näo ser alcançado (Clark & Brennan, 2012).
De acordo com Hadad e Gauca (2014), uma abordagem para medir impacto que näo inclua a transferencia de poder para as partes interessadas é apenas marketing. Para as autoras, os problemas sociais säo dificeis de definir, e para tanto, é preciso compreender as necessidades da sociedade, por meio de um trabalho que demanda interesse, ate^äo, tempo e empatia. Cada empreendimento e inovaçäo social visam objetivos diferentes, com base no contexto cultural, na compreensäo do problema social a ser abordado, no valor a ser criado, e nas questoes éticas envolvidas (Hadad & Gauca, 2014).
A aproximaçäo com a comunidade e o entendimento do contexto säo questoes que precisam ser discutidas na maioria dos textos, por isso há de ser destacado o trabalho de Andre, Cho e Laine (2017), no qual os autores relataram um caso de uma organizaçäo que percebeu que a melhoria do impacto social näo acontecería por meio de melhorias técnicas, o que demandou um estudo de abordagem antropológica para entender a cultura local e suas práticas relacionadas ao uso da água. Nesse trabalho a voz dos beneficiarios passou a ser ouvida e a estratégia da organizaçäo mudou, passando a ter um amplo conhecimento sociocultural do contexto. Destaca-se a necessidade de entender a realidade local, a partir do momento que identificou erro nos pressupostos da organizaçäo e a falta de conhecimento do seu público-alvo.
Portanto, säo questoes primordiais para se discutir ao apresentar abordagens para mensu^äo de impacto social, ou para desenvolver um projeto de impacto ou um empreendimento social. A partir da análise das diferentes metodologias, entende-se que o processo de mensu^äo e aval^äo de impacto social tem como base um modelo lógico, geralmente baseado nos seguintes elementos: recursos, atividades, produtos/serviços, resultados e impactos (Andre, Cho & Laine, 2017; Cabral, 2011; Silva & GonçalvesDias, 2015; Spencer et al., 2016), apresentando o vinculo entre a missäo e as açoes realizadas (Cabral, 2011).
Essa atividade envolve a participaçäo de diferentes atores, onde a comunidade, a qual contempla os beneficiários que seräo impactados pelo projeto, devem ser o centro da análise. A mensu^äo de impacto precisa envolver constantemente premissas por trás de todo o processo, de forma que näo mantenha o foco apenas no resultado final (Rogers & Weiss, 2007). É importante entender as relaçoes entre os elementos do modelo lógico, para que os mesmos nao sejam interpretados de forma linear (sem apresentar relaçoes). Sendo assim, os pressupostos precisam ser constantemente avaliados, conforme apresentado por André, Cho e Laine (2017).
Portanto, para desenvolver um projeto social, inicialmente deve-se identificar o impacto a ser alcançado. Para isso é necessário o contato com a realidade local a fim de buscar conhecimento sobre o contexto, a história e a cultura da comunidade, e dessa forma entender quais sao os problemas sociais que existem e quais sao as necessidades que devem ser atendidas. A partir disso é possível identificar soluçoes inovadoras para os problemas sociais e ambientais, e estabelecer os objetivos a serem atendidos, por meio de um trabalho em conjunto com as partes interessadas. Diante disso, o processo começa a ser estruturado, e a estratégia de impacto a ser trabalhada.
Para se atingir os objetivos de impacto social, deve-se estabelecer quais resultados, produtos/serviços, atividades e recursos serao necessários. Por fim, é fundamental desenvolver indicadores para acompanhar esses elementos, e assim avaliar os resultados atingidos. Caso sejam identificados erros, ou caso a soluçao desenvolvida nao faça sentido para os beneficiários, os pressupostos por trás das atividades deverao ser revistos e um novo planejamento deverá ser elaborado.
Nota-se assim, como defendido por Coelho e Gonçalves (2011), que o avaliador de projetos sociais deve primar pela capacidade de unir competencia técnica e humana, para uma melhor gestao de processos participativos. André, Cho e Laine (2017) também destacam a importancia de trabalhar aspectos técnicos e sociais, para envolver toda a complexidade do processo. E por ser complexo, pode contar com o apoio de consultorias (Andre, Cho & Laine, 2017; Moody, Littlepage & Paydar, 2015; Silva & Gonçalves-Dias, 2015), ou até mesmo de universidades, as quais podem ser estratégicas nesse processo, por meio da geraçao de conhecimento científico para subsidiar a mensuraçao e ao mesmo tempo possibilitar integraçao e diálogo com a sociedade (Silva & Gonçalves-Dias, 2016). Envolver pessoas capacitadas para estruturar uma metodologia que envolva a participaçao de todas as partes interessadas e que atenda ao objetivo de impacto social é sempre algo a ser considerado.
Consideraçöes finais
O objetivo do trabalho foi identificar e discutir as metodologias e ferramentas para acompanhar, mensurar e avaliar o impacto social por empreendimentos sociais. Assim, foram analisados 12 artigos, a partir de duas categorias, as quais sao: "Metodologias e ferramentas de avaliaçao e mensuraçao de impacto social" e "Foco do artigo (processo, indicadores de resultado ou ambos)". Após a análise foi compreendido o processo de geraçao, de acompanhamento e de mensuraçao do impacto social proporcionado pelas organizaçoes sociais, a fim de contribuir para a discussao da temática.
Foram encontrados poucos trabalhos internacionais e nacionais que tratam deste assunto, confirmando o que foi apresentado por Nicholls (2009) e So e Staskevicius (2015), de que esse campo ainda nao está bem estruturado, faltando mais estudos e pesquisas a respeito da temática de mensuraçao e avaliaçao de impacto de empreendimentos sociais.
Foi possível identificar que existem diferentes formas de avaliar o impacto social, e a escolha de metodologias e ferramentas específicas está relacionada a realidade da organizaçâo. Diante dessa variedade se destaca a elaboraçâo de dimensöes de análise e indicadores de desempenho, e a escolha de metodologias e ferramentas reconhecidas, como o Retorno Social do Investimento (SROI), o Global Impact Investing Rating System (GIIRS) e o modelo lógico, os quais, de modo geral, buscam apresentar os resultados de impacto obtidos pela organizaçâo e auxiliam na identificaçâo de formas de melhorar o desempenho e evidenciar o valor social alcançado.
Assim, o trabalho contribui em oferecer um novo olhar a respeito da mensuraçâo de impacto, devido ao fato de que é predominante o uso de metodologias com o foco voltado apenas na elaboraçâo de indicadores, sem discutir o processo por trás da estratégia de gerar impacto social. Identificaram-se também casos onde a mensuraçâo é gerada apenas para atender aos interesses externos de investimento, sendo que deveria partir da estratégia da organizaçâo ao definir sua missâo social, para atingir um impacto significativo para a comunidade, pois é a partir dela que desenvolve o projeto.
Nota-se que há a discussâo da avaliaçâo e mensuraçâo de impacto social na perspectiva de uma estrutura lógica, onde se apresentam estabelecidos de forma linear os recursos, as atividades, os produtos e os resultados que serâo alcançados, mas detectou-se uma carencia de uma discussâo que envolva os processos de cada uma das etapas para alcançar um resultado efetivo e gerar as mudanças sociais pretendidas. Além disso, notou-se também a falta de abordagens que destaquem a participaçâo dos beneficiários e da comunidade nesse processo, a fim de enfatizar a importancia de uma aproximaçâo entre os envolvidos para o desenvolvimento de um projeto social.
O trabalho evidencia a necessidade de ao se desenvolver um projeto que almeja gerar impacto social, na perspectiva de um impacto positivo, que primeiramente haja um planejamento que pressuponha uma imersâo na realidade da comunidade que se pretende atuar, para entender suas necessidades e as especificidades locais. Para que a partir desse momento, de forma dialógica, seja desenvolvido um projeto com foco em mudanças necessárias. O impacto social irá ocorrer na medida em que estiver alinhado com as necessidades locais, nâo se pautando apenas em análises objetivas e quantitativas, mas também considerando aspectos subjetivos, os quais devem estar apoiados em indicadores qualitativos, a fim de apresentar os problemas existentes e os pressupostos a serem alterados para atingir o impacto almejado.
Como sugestoes de pesquisas futuras, sugere-se realizar um mapeamento a respeito do uso por empreendimentos sociais de metodologias de mensuraçâo e avaliaçâo de impacto social, para analisar como elas se caracterizam e em que contribuem para a melhoria dos processos a fim de gerar impacto positivo para as comunidades.
Recebido em 16.08.2020 Aprovado em 22.09.2020
Avaliado pelo sistema double blind review
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Abstract
Este trabalho compreende uma revisâo integrativa que tem como objetivo identificar metodologias e ferramentas utilizadas para acompanhar, mensurar e avaliar o impacto social de empreendimentos sociais e discutir suas características e potenciais de contribuiçâo. A revisâo foi realizada a partir da literatura nacional e internacional, e possibilitou constatar que na maioria dos estudos o foco encontra-se na identificaçâo de indicadores de resultado. Conclui-se que é necessário discutir a mensuraçâo de impacto em uma perspectiva de processo e de envolvimento das partes interessadas. Para tanto, deve-se ter o conhecimento do contexto e das necessidades presentes, tendo como foco a comunidade e a sua participaçâo.