RESUMO
A ansiedade em níveis patológicos tem crescido bastante em todo mundo, sendo assim, verificar sua correlaçlo com a resiliencia humana (que é uma característica inata da personalidade) durante a quarentena decorrente da pandemia de covid-19 foi o alvo desse estudo. Para isso, foi utilizada uma escala de Resiliencia Humana e uma escala de Ansiedade (IDATE). Para fins metodológicos, essa pesquisa possui uma abordagem quantitativa descritiva do tipo Survey. Essa pesquisa foi realizada no estado do Rio Grande do Norte com individuos em quarentena há pelo menos 8 dias. Acerca da coleta de dados, a investigaçlo ocorreu de modo virtual, através do Google Docs. Essa Os dados foram analisados com o auxilio do software SPSS·, Verslo 20 para Windows·. Os testes realizados consistiram na Análise Fatorial Exploratória (AFE) e na Regressio Linear Múltipla. Os resultados apontam que o nivel de resiliencia humana nlo implicou em menor nivel de ansiedade nos individuos durante a pandemia da COVID-19, de forma que os achados se contrapoem aos existentes na literatura. Em conclusio, a pandemia da COVID -19 e os acontecimentos dela decorrentes foram capazes de despertar elevados indices de ansiedade até mesmo nos individuos mais resilientes.
PALAVRAS-CHAVE: Resiliencia, ansiedade, Coronavirus.
ABSTRACT
Anxiety at pathological levels has grown a lot around the world, so verifying its correlation with human resilience (which is an innate personality trait) during the quarantine due to the covid-19 pandemic was the target of this study. For this, a Human Resilience scale and an Anxiety scale (STAI) were used. For methodological purposes, this research has a descriptive quantitative approach of the Survey type. This research was carried out in the state of Rio Grande do Norte with individuals in quarantine for at least 8 days. Regarding data collection, the investigation took place in a virtual way, through the Google Docs. This data was analyzed using SPSS· software, Version 20 for Windows·. The tests performed consisted of Exploratory Factor Analysis (EFA) and Multiple Linear Regression. The results show that the level of human resilience did not imply a lower level of anxiety in individuals during the COVID-19 pandemic, so that the findings are in opposition to those existing in the literature. In conclusion, the COVID -19 pandemic and the resulting events were able to raise high levels of anxiety in even the most resilient individuals.
KEYWORDS: Resilience, anxiety, Coronavirus.
1INTRODUÇAO
No final de 2019 foi noticiada uma nova doença respiratória viral, a COVID-19, cuja origem provável sao mercados úmidos de Wuhan, provincia de Hubei, China. Embora a maioria dos infectados nao apresente complicaçöes, a taxa de mortalidade é estimada entre 2 e 3% (Li, Yang, Liu, Zhao, Zhang, Zhang & Xiang, 2020; Mielim&acedil;ka Rutkowski; Cyranka; Sobański; Dembińska, & Müldner-Nieckowski, 2017). Com o intenso fluxo de pessoas e mercadorias demandado pelo modelo de sociedade atual, o virus foi rapidamente disseminado e, em 11 de março de 2020, a Organizaçao Mundial da Saúde (OMS) classificou a doença como uma pandemia devido ao crescente e alarmante número de casos confirmados e mortes registradas por todo mundo (Kabir, Afzal, Khan & Ahmed, 2020; Yang, Li, Zhang, Zhang, Cheung & Xiang, 2020).
Assim como o vírus e o risco de morte a ele associado, também se espalhou pelo mundo um ambiente de pressao psicológica. Sabe-se que a disseminaçao continua da epidemia associada a medidas rigorosas de isolamento social sao capazes de influenciar a saúde mental das pessoas (Li et al., 2020; Mielim&acedil;ka et al., 2017 & Yang et al., 2020).
Segundo a OMS (2020), a prevalencia mundial do transtorno de ansiedade (TA) é de 3,6%, o que corresponde a cerca de 264 milhÐes de pessoas. No Brasil, esse transtorno alcança 9,3% da populaçao, o que faz do país um dos mais ansiosos do mundo. A ansiedade é um fenómeno emocional desagradável relacionado a antecipaçao de perigos cuja manifestaçao resulta em numerosos estímulos mentais e motores, comumente sendo expressa por sentimentos de medo, preocupaçao ou estresse (Mielim&acedil;ka et al., 2017).
No entanto, algumas características pessoais como motivaçao, autoconfiança e resiliencia podem auxiliar no controle da ansiedade. A resiliencia pode ser entendida como a capacidade do indivíduo de se adaptar a situaçÐes de estresse ou trauma, mantendo a saúde e a estabilidade emocional (Güleç, 2018 & Sivri, Ünal), inserida num contexto de cinco dimensÐes: autossuficiencia, sentido da vida, equanimidade, perseverança e singularidade existencial. Trata-se ainda de uma característica da personalidade humana que modera os efeitos negativos das mais diversas circunstâncias (Ercan, 2017; Wagnild & Young, 1993;).
Diante o cenário de pandemia, isolamento social e incerteza, a resiliencia surge como alternativa para o enfrentamento dessa crise no ámbito psicológico, uma vez que o nível de resiliencia é uma das variáveis que influenciam a maneira como os indivíduos lidam com as adversidades que surgem, como já investigado em outros estudos (Jones-Bitton, Best, MacTavish, Fleming & Hoy, 2020; Souza, Pinto & Araújo, 2017;). Segundo a Pan American Health Organization (2020), quanto menos resilientes, mais as pessoas serao afetadas pelas adversidades, aumentando a propensao ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade, depressao, raiva, impulsividade e baixa autoestima.
No entanto, com pesquisas realizadas na base de dados Web of science e Scopus constatouse a ausencia de estudos teóricos e empíricos que abordem a resiliencia e a ansiedade no contexto temporal do surto da COVID-19, sobretudo por se tratar de cenário novo. Diante deste gap de pesquisa, o objetivo geral deste artigo consiste em mensurar a correlaçao existente entre a resilienda humana e a ansiedade em indivíduos que estao vivenciando a quarentena decorrente da pandemia da COVID-19.
2REVISÂO BIBLIOGRÁFICA
2.1Quarentena e seus impactos na saúde mental
Dada a pandemia da COVID-19 que atualmente assola o mundo, tem-se que pessoas infectadas pelo vírus podem desenvolver doenças respiratórias graves ou permanecerem assintomáticas. Os altos índices de transmissio da doença, assim como a elevada taxa de mortalidade associada a ela e falta de tratamentos medicamentos específicos para seu tratamento fizeram com a principal medida de controle do vírus seja a quarentena, mesmo para pessoas nao infectas (Huang, Wang, Li, Ren, Zhao, Hu, & Cheng, , 2020; Sivri, Ünal & Güleç, 2018).
Um estudo realizado na China fez um levantamento do impacto psicológico da COVID-19 em sua fase inicial na populaçao geral do país e os resultados demonstraram que cerca de um terço dos participantes experimentavam ansiedade em níveis moderados a grave (Wang et al., 2020). Entretanto, é necessário considerar que há características individuais, crenças e percepçöes individuais acerca da doença e do distanciamento imposto pela quarentena que influenciam nas repostas emocionais e no possível surgimento de sintomas como: estresse, humor deprimido, ansiedade, dentre outros (Holmes et al., 2020).
Para além do medo pela possibilidade de contágio e a privaçao de liberdade, surtos de doenças infecciosas podem gerar impactos psicológicos como sentimentos de ansiedade, humor deprimido, frustraçao, raiva, tédio e incertezas (Brooks, Webster, Smith, Woodland, Wessely, Greenberg & Rubin, G. J. (2020)., 2020; Rubin & Wessely, 2020). Estudos anteriores (Barbisch, Koening & Shih, 2015), relatam medo e ansiedade como sendo os impactos psicológicos mais frequentes em situaçöes em que foi necessário recorrer a quarentena como forma de evitar a proliferaçao de doenças contagiosas.
É comum a utilizaçao da palavra ansiedade para se referir a um estado emocional desconfortável diante de um estresse percebido ou a um transtorno mental (Besharat; Khadem, Zarei & Momtaz, 2020; Zanon, 2017). Porém, esta também se refere a características individuais que influenciam na reaçao frente a situaçöes adversas e estressoras (Dias, Saraiva & Faísca, 2017). A ansiedade-traço é a tendencia individual e duradoura de uma pessoa para perceber situaçöes comuns como ameaçadoras e assim experimentar uma reaçao exagerada de medo e uma intensificaçao no estado de ansiedade (Cho; White, Yang & Soto, 2019). Já a ansiedade-estado é um estado emocional agudo e transitório, caracterizado por sentimentos subjetivos de preocupaçao e nervosismo, que surge diante da percepçao de uma possível ameaça (Liu & Li, 2019).
Altos níveis de ansiedade sao associados a crises de pánico, o que, no atual contexto, pode provocar aumento de pessoas nao infectadas pela doença em hospitais, já que a tendencia a catastrofizaçao é comum em episodios de ansiedade elevada (Rubin & Wessely, 2020). Tais reaçöes podem acarretar também em prejuízos a longo prazo, como o desenvolvimento de transtornos como o do pánico e do estresse pós-traumático, depressao, dentre outros (Ornell, Ornell, Schuch, Sordi & Kessler, 2020).
Pesquisas tem evidenciado o impacto psicossocial de medidas como quarentena e isolamento social (Brooks et al., 2020; Ornell et al., 2020; Hossain, Sultana & Purohit, 2020), sendo necessário considerar aspectos individuais influenciam significativamente na percepçao e nas respostas a situaçöes que desencadeiam emoçöes desagradáveis. A resiliencia é apontada como uma das características individuais que influenciam na reduçao de respostas emocionais desagradáveis, como é o caso da ansiedade-estado, frente a eventos estressantes, pessoas com essa característica tendem a enfrentar as situaçöes com maior equilibrio mental (Anyan, Worsley & Hjemdal, 2017; Cho et al., 2019; Eberth, Sdlmeier & Schafer, 2019).
2.2Resiliencia
Pessoas submetidas a situaçöes estressantes possuem comumente maior tendencia a desenvolver transtornos mentais, dentre eles, destaca-se o processo ansioso que vem ganhando destaque dado o cenário atual (Wang et al., 2020). Diante disso, é possível perceber que alguns indivíduos sao menos afetados devido algumas características intrínsecas, como a resiliencia humana (Castro; Romero, Solís & Andrade, 2019; Dutton & Greene, 2010).
Do ponto de vista lingüístico, a palavra resiliencia vem do latim "residió" cuja traduçao significa retornar ao seu estado de origem ao passar por situaçöes adversas (Rees et al., 2015). No ámbito psicológico, entende-se resiliencia como a capacidade de adaptaçao e fortalecimento do indivíduo após vivenciar um sofrimento psíquico, contribuindo positivamente na superaçao de adversidade, apresentando-se como um construto psicológico sobre o qual se discorrem muitos processos de perquisiçao (Castro et al., 2019; Sivri, Ünal & Güleç, 2018; Vieira, Melo, Machado & Gabriel 2017; Wagnild & Young, 1993). Pesquisas empíricas evidenciaram que a resiliencia possibilitou minoraçao do impacto psicológico de situaçöes adversas (Dray; Bowman, Campbell, Freund, Wolfenden, Hodder, & Small, 2017; Liu et al.; 2018; Thompson et al., 2018).
Essa temática também é abordada por Wagnild e Young (1993) e Perim; Dias; Corte-Real; Andrade & Fonseca, 2015), conforme esses autores a resiliencia humana pode ser compreendida a partir de cinco dimensöes, a saber: a autossuficiencia, sentido de vida, equanimidade, perseverança e singularidade existencial.
A autossuficiencia, também chamada de autoconfiança, pode ser compreendida como a crença que o sujeito tem em si próprio, nas suas potencialidades pessoais e no reconhecimento dos seus limites (Perim et al., 2015; Spoel & Derkatch, 2020). Tal dimensao está associada a confiança do indivíduo nas suas próprias habilidades pessoais, a partir do qual essa convicçao pode apoiar e orientar decisöes, levando em consideraçao experiencias bem-sucedidas do passado (Lee, Yu & Kim, 2020).
Sentido de vida ou significancia, associa-se a ideia de que a vida possui uma razao, um sentido existencial, no qual o sujeito percebe um propósito de vida. Este influencia a adaptaçao social e a percepçao do bem-estar dos individuos (Hallford, Mellor, Cummins, & McCabe, 2018; Patrao, Alves & Neiva, 2019; Perim et al., 2015; Ribeiro, Monteiro & Bartolo, 2016; Sakuma & Vitalle, 2020).
A equanimidade reflete a habilidade do individuo encarar os acontecimentos adversos da vida com flexibilidade, aceitando-os com naturalidade, sempre em busca do equilibrio. Pessoas com essa característica comumente mantém o senso de humor mesmo em um contexto hostil (Maher & Cordova, 2019; Tedrus, Limongi & Zuntini, 2020).
Já a perseverança refere-se a capacidade do sujeito de nao desistir, desanimar e prosseguir a vida diante de frustraçöes e processos infortuneis (Lee & Kim, 2020; Wagnild & Young, 1993;).
3METODOLOGIA
Essa pesquisa possui uma abordagem de cunho quantitativo, valendo-se de uma tipologia descritiva do tipo Survey (Mathers, Fox & Hunn, 2009). Diante disso, ressalta-se que tal pesquisa envolveu construtos integrados, a medida que envolverá a Ansiedade e a Resiliéncia Humana.
A pesquisa ocorreu em um estado do Nordeste do Brasil e o crivo de coleta envolveu individuos que estao no periodo de Quarentena há, pelo menos, 30 dias. Deste modo, a amostra foi enquadrada como nao probabilistica a medida que os respondentes foram abordados dada conveniencia. Além disso, destaca-se que o projeto foi aprovado em Comité de Ética (CAAE n° 34454620.2.0000.5294), parecer n° 4.141.415, na data de 08 de julho de 2020, sob o titulo de "A correlaçao entre resiliéncia humana e ansiedade no recorte temporal da pandemia da covid 19".
A escala de Resiliéncia Humana validada por Pesce, Assis, Avanci, Santos, Malaquias, & Carvalhaes (2005) é composta por cinco fatores, a saber: autossuficiéncia; sentido de vida; equanimidade; perseverança; e singularidade existencial. Ademais, vale destacar que a escala de resiliéncia é do tipo Likert 5 pontos. Além disso, houve questóes de cunho sociodemográfico.
Acerca da escala de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) foi validada por Biaggio (1990). Ademais, tem-se que o instrumento também faz uso da escala Likert, porém, de 4 pontos.
A partir de entao, gerou-se as seguintes hipóteses, conforme ilustra a Tabela 1.
Para fins de coleta de dados, a investigaçao ocorreu de modo virtual, através do Google Docs e a distribuiçao foi por intermédio das redes sočiais. Vale ressaltar que a coleta fez o uso do método Bola de Neve (Snowball). Além disso, destaca-se que o formulario eletrônico nao permitiu a existencia de missing (nao respostas). Assim sendo, obteve-se o total de 351 respostas válidas.
Os dados foram analisados com o auxilio do software SPSS®, Versao 20 para Windows®. Os testes a serem realizados consistirao na Análise Fatorial Exploratoria (AFE). Em seguida, foi realizada a Regressao Linear Múltipla, que segundo Hair Jr.; Black; Bardin & Anderson (2014), é um método que analisa relaçöes entre variáveis dependentes e independentes.
4RESULTADOS E DISCUSSOES
4.1 Caracterizaçao dos respondentes
Os respondentes foram classificados com base em suas características socio demográficas. A partir de entao, tem-se que 73,5% sao do sexo feminino. Quanto a idade, a maioria dos respondentes (47%) possuem faixa etária entre 25 e 35 anos, em segundo lugar tem-se pessoas com menos que 25 anos (24,5%). O estado civil predominante foi solteiro (55,8%), seguido daqueles que estao casados ou em uniao estável (40,2%).
Sobre o quantitativo de filhos, 65% nao possuem filhos e 18,8% tem apenas um. Quanto ao nivel de escolaridade 43,9% da amostra possui pos-graduaçao e 36,8% ensino superior (36,8%). No que tange a renda dos respondentes, 32,2% ganham até 1 salário-minimo e 31,9% ganham entre 2 e 3 salários-minimos.
Foi investigada também a frequencia de uso das redes sociais, tendo 32,2% dos respondentes como uso de mais de 6h por dia, seguido de 25,4% que usam de 2 a 4h diárias. Além disso, investigou-se a frequencia na prática de atividades físicas, e 45,3% abordaram que nao praticam atividades físicas e 24,2% que inferem praticar atividades de 3 a 4 vezes por semana.
Os respondentes sao vinculados a várias áreas, a saber: estudantes (27,4%), saúde (26,8%) e educaçao (13,4%). Além dessas áreas os individuos investigados também se associavam a áreas diversas, como: comércio, serviço público, segurança, dentre outros.
4.2 Niveis de Ansiedade e Resiliencia Humana
No que tange aos niveis de ansiedade e resiliencia humana, os dados revelaram que, quanto a ansiedade, a média das respostas obtidas foram 2,47 (variando de 1 a 5), o que significa que os niveis de ansiedade do público investigado tendem a ser moderados.
Quanto ao nivel de resiliencia humana, os resultados revelaram uma média de 3,71, demonstrando que o público investigado possui uma propensao a niveis moderados de resiliencia.
4.3Análise Fatorial
Para que seja realizada a análise fatorial deve-se ter um quantitativo mínimo de 100 respondentes (Hair Jr. et al, 2014). Desta forma, a amostra obtida nessa pesquisa é satisfatória, na medida que obteve-se 351 respondentes.
A partir de entao, procedeu-se a Análise Fatorial Exploratória (AFE) e utilizou-se das seguintes métricas para análise de normalidade e consistencia dos dados: 1) comunalidade (>0,5); 2) Alpha de Cronbach (>0,7); 3) esfericidade de Bartlett (p>0,001); e 4) KMO (>0,5); 5) cargas fatoriais (>0,5).
No que diz respeito ao Alfa de Cronbach do questionário como um todo, o resultado foi 0,781. Quanto a análise do Alfa de Cronbach dos dados isolados, a escala de ansiedade apresentou um valor de 0,929 e a de resiliencia humana de 0,887, valores considerados satisfatórios (Hair Jr., 2014).
Ademais, quanto ao teste de Esfericidade de Bartlett, as escalas apresentaram valores inferiores a 0,05, conforme recomendam Hair Jr et al., (2014), O KMO da escala de resiliencia humana apresentou um valor de 0,892, já o de ansiedade apresentou um valor de 0,939, evidenciando a normalidade dos dados.
Vale mencionar que na dimensao "sentimentos inversos" os valores foram invertidos dado o seu sentido oposto a temática (Baggio, 1990). Além disso, a fim de melhorar o modelo, foi adotado como crivo comunalidades inferiores a 0,50, excluiu-se as seguintes variáveis: sinto-me calmo, estou arrependido, preocupe-me com infortunios, sinto-me descansado e sinto-me em casa.
Destaca-se que todos os valores das cargas fatoriais e comunalidades foram superiores a 0,50, conforme recomenda Hair Jr et al., com exceçao da variável "estou preocupado" que foi mantido no modelo dada sua importancia de descriçao no construto. O total de variância explicada foi de 61,1%.
Fazendo-se uma análise individual por construtos, tem-se que na dimensao tensao física e mental, a variável que apresentou a maior carga fatorial foi "sinto-me nervoso", apresentando o valor de 0,843, seguida da variável "estou agitado" (0,837) e "sinto-me uma pilha de nervos" (0,813). Acerca disso, tem-se que a ansiedade é um fenómeno multifatorial que consiste em sentimentos de apreensao, inquietaçao e tensao, assim como excitaçao fisiológica, sensaçöes corporais desagradáveis, pensamentos e emoçöes angustiantes associadas a perigos e a possíveis formas de se defender, esses sintomas que rementem a uma sensaçao de nervosismo e agitaçao subjetiva e psicomotora pelos individuos que vivencia estados de ansiedade (Brooks et al., 2020; ; Mielim&acedil;ka et al., 2017; Özdin & Özdin, 2020).
Já no construto sentimentos inversos, as variáveis de destaque quanto a carga fatorial foram: "sinto-me alegre", "sinto-me bem" e "sinto-me satisfeito" que ao considerarmos os valores inversos das questôes, estas associam-se a sentimentos de infelicidade, mal-estar e insatisfaçao. Nesse interim, a ruminaçao é um sintoma comum a ansiedade o que acaba por produzir preocupaçöes antecipatórias e afetos negativos como tristeza, mal-estar, infelicidade e insatisfaçao (Besharat et al., 2020; Brooks et al., 2020; Zanon, 2017). A partir de entao, conforme os achados da pesquisa, o poder de explicaçao dos fatores foi de 61% (total de variância explicada).
A principio, faz-se importante destacar que 7 variáveis foram excluidas do modelo, dado seu baixo índice de comunalidade (Hair Jr et al., 2014). Porém, observa-se que algumas variáveis com comunalidades inferiores a 0,5 foram mantidas no modelo ao julgar sua importância para representar tais dimensôes.
Os dados revelam que, ao comparar-se com a subdivisao de fatores elencados por Perim et al., (2015), há alteraçöes, a saber: "Eu geralmente posso examinar uma situaçao por vários ángulos" passando a pertencer do fator equanimidade para autossuficiencia; "Mantenho interesse nas coisas" atrelado a perseverança e nao a sentido de vida; "Eu costumo alcançar meus objetivos, de uma forma ou de outra" associado a perseverança e nao a autossuficiencia; "Eu sou amigo de mim mesmo" e "A minha confiança em mim mesmo me ajuda a passar por momentos difíceis" passando a pertencer a sentido de vida e nao a singularidade existencial; e por fim, a variável "Encontro motivo parar rir" associado a sentido de vida e nao equanimidade.
Destaca-se que, apensar dos dados se alocarem em diferentes construtos, os achados da pesquisa retratam que a dinámica dos dados traz a realidade do público investigado. Assim, observa-se que, ser amigo de si mesmo e ter confiança em si próprio para enfrentar momentos desafiadores, podem ser responsáveis por aspectos que ilustram e induzem o significado da vida para os individuos, a medida que eles conseguem enxergar em si, fontes de amparo e proteçao. Além disso, achar motivos parar sorrir é outro fator determinante do sentido de vida, conforme denomina uma razao existencial, algo que induz a felicidade e incita a vida (Hallford, 2018).
Ser amigo de si mesmo e ter confiança em si próprio para enfrentar momentos desafiadores remetem a autoeficácia, ou seja, as crenças positivas acerca de si próprias para lidar com situaçöes adversas da vida, transformando-as em uma realizaçao ou adaptando-se a elas quando nao forem passiveis de mudanças e para alcançarem seus objetivos (Patrao, Alves & Neiva, 2019; Pesce et al., 2005). Conforme Ribeiro, Monteiro e Bártolo (2016) afirmam, autoeficácia está associada a um maior sentido de vida ao promover motivaçao direcionada aos objetivos de vida, bem-estar psicológico e auxiliar na adaptaçao psicossocial das pessoas.
Outrossim, no que tange as demais dimensôes, afirma-se que as variáveis continuam tendo sentidos alinhados, apesar de ter-se alterados suas dimensôes, conforme preconizado por Perim et al. (2015).
A variável mais forte quanto a dimensao sentido de vida, é "Minha vida tem sentido" (0,758), o que nao demonstra surpresa no achado, tendo em vista que essa variável é a questaosintese da dimensao. No que diz respeito a dimensao perseverança, a variável de destaque é "Quando faço planos, eu os sigo até o final" (0,746) e "Eu costumo alcançar meus objetivos, de uma forma ou de outra" (0,704), o que revela que tais questóes caracterizam fortemente o fenómeno perseverar.
A dimensao equanimidade possui como variável de destaque "Eu nao me ocupo com coisas sobre as quais eu nao posso fazer nada" (0,790), evocando o sentimento de equilibrio mental, tendo em vista que nao se deve absorver demandas de terceiros. Pessoas com essa característica tendem a ter menor nivel de reatividade emocional diante de situaçöes que Ihe gerem emoçöes desagradáveis (Eberth, Sedlmeier & Schäfer, 2019).
No que se associa a dimensao singularidade existencial, tem-se a dimensao "Se for preciso, eu posso contar só comigo mesmo" (0,858), considerada como a variável caracterizadora desse construto, assim, sentir-se singular reflete no sentimento de unicidade e pertencimento subjetivo.
Por fim, tem-se a dimensao autossuficiencia, apresentando como variável de destaque a questao: "Eu geralmente posso examinar uma situaçao por vários ángulos" (0,744), demonstrando dentre outros aspectos a questao da independencia de terceiros para passar por situaçöes, até mesmo aquelas de cunho desafiador.
4.4Regressao Linear Múltipla
Utilizou-se a técnica da Regressao Linear Múltipla para analisar a influencia da resiliencia humana na ansiedade. Destaca-se que, a principio, realizou-se a análise de Correlaçao de Pearson a fim de averiguar a multicolinearidade entre as variáveis e os achados revelaram correlaçöes inferiores a 0,7, ou seja, indicando a nao precisa de multicolinearidade (Hair Jr. et al, 2014).
A Tabela 2 evidencia a síntese dos resultados encontrados no teste de Regressao Linear Múltipla.
Os resultados evidenciám que ao realizar uma correlaçao entre as dimensÐes da Resiliencia Humana (Sentido de vida, Perseverança, Equanimidade, Singularidade Existencial e Autossuficiencia) sobre a média de Ansiedade, os valores de R2 revelam uma intensidade baixa de influencia entre os construtos, o que significa dizer que nao há associaçao, dependencia entre o nivel de resiliencia humana e os níveis de ansiedade desenvolvidos durante a pandemia do COVID19. Esse achado contrapÐe estudos que destacam que a resiliencia está associada a menores chances de desenvolver problemas de saúde mental, dada que a presença desse construto em situaçÐes estressantes possibilita, comumente, melhores prognósticos nos sujeitos (Dutton & Greene, 2010; Rees et al., 2015; Castro et al., 2018).
Como já exposto, o aumento dos níveis de ansiedade tem se destacado nesse periodo da pandemia do COVID-19, sendo um problema emergente e cada dia mais crescente. Porém, esse estudo vem demonstrar que a pandemia do COVID-19 influenciou fortemente na vida dos sujeitos, afetando até aqueles que apresentam características associadas a resiliencia humana.
Além disso, deve-se considerar que essa conjuntura pandémica afetou diversas áreas, envolvendo questÐes financeiras, sociais, afetivas, podendo gerar efeitos profundos no que tange a saúde física e mental dos individuos (Kabir et al., 2020; Holmes et al., 2020).
Outrossim, deve-se valer ainda das incertezas a serem provocadas pelo vírus, pois, além dos aspectos psicológicos, sabe-se também que o vírus que causa a COVID-19 pode infectar o cérebro ou desencadear respostas imunes que provoquem efeitos adversos adicionais na funçao cerebral de pacientes que contraíram essa doença (Holmes et al., 2020).
Acerca dos resultados das hipóteses da pesquisa, tem-se que todas as hipóteses foram refutadas, há medidas que nao foram encontradas corre^Ðes entre o construto da resiliencia humana e da ansiedade. Assim sendo, esse estudo provoca uma reflexao: até onde o atual cenário pandemico afeta a saúde mental dos sujeitos? A partir de entao, em inferencia, acredita-se que o cenário pandemico singular, desconhecido, tenha provocado a existencia de novos processos psíquicos de cunho negativo, podendo gerar combinaçao/resistencias insólitas. Tal feito, tem desconsiderado características correspondentes a resiliencia humana, antes capazes de mitigar demandas ansiosas. Esses pressupostos sao concluídos a partir dos achados fortuitos revelados por esta pesquisa.
Dentro de tal conjectura de imprevisibilidades, deve-se valer de opçÐes capazes de reduzir os impactos sobre a ansiedade, podendo-se considerar uma alimentaçao saudável associado a execuçao de exercícios diários, assim como evitar excesso de informaçÐes e buscar aprender novas habilidades, dentre outros aspectos (Araujo; Marquezin; Barbosa; Fonseca; Fegadolli & Castelo, 2016; Vieira et al., 2017).
5CONCLUSAO
Com vistas a atender ao objetivo proposto neste estudo, ao analisar os constructos de resiliencia humana e ansiedade, foi possível verificar que nao há correlaçao significativa ou dependencia entre ambos. Em outras palavras, o nível de resiliencia humana nao implicou em menor nivel de ansiedade nos individuos. Entretanto, é imprescindível atentar-se ao fato de que esta pesquisa foi realizada no contexto da pandemia de COVID-19, acontecimento sem precedentes para a atual geraçao, podendo ser esta uma variável determinante nos resultados, uma vez que outros estudos apontam que a resiliencia está associada a menores índices de doenças e transtornos mentais, incluindo a ansiedade. Portanto, conclui-se que a pandemia da COVID-19 e os acontecimentos dela decorrentes foram capazes de despertar processos cerebrais desconhecidos.
Acerca da relevancia da pesquisa, os achados desta contribuem para o avanço da discussao sobre as temáticas, dada a importancia do tema e pertinencia do estudo proposto. Além disto, corrobora na busca por estratégias no ámbito da saúde para o enfrentamento de questóes relacionados a transtornos mentais frente as adversidades inseridas no contexto de pandemia, incentivando a inserçao de políticas públicas que envolvam terapias gratuitas e online, disponibilizaçao de cursos de capacitaçao em áreas diversas, sem custos, para efeitos de distraçao dos sujeitos enquanto perdura o periodo de quarentena.
Como limitaçao, tem-se o recorte transversal da pesquisa, dado que os individuos investigados sao residentes no estado do Rio Grande do Norte (RN), o que impossibilita a generalizaçao dos dados a nivel nacional.
Ademais, sugere-se que sejam realizados novas pesquisas com profissionais da saúde que estao na linha de frente no combate a doença, e também com idosos, os quais compôe um dos grupos de risco da COVID-19. Ademais, recomenda-se ainda que sejam realizados estudos após o surto da COVID-19 para que se possa confrontar os resultados dessa pesquisa.
Submetido 23/08/2020 - Aceito 15/12/2020
COMO CITAR ESTE ARTIGO:
Sousa, J. C. de, Rabelo, L. N., Porto, A. P., Vale, A. F. N. do (2021). A relaçao entre a resiliéncia humana e a ansiedade em tempos de pandemia da covid-19. Holos - III Dossie COVID-19 e o mundo em tempos de pandemia. 37(3), 1-16.
SOBRE OS AUTORES
J. C. DE SOUSA
Doutora em Administraçâo. Departamento de Ciencias Sočiais Aplicadas/Administraçâo. E-mail: ¡[email protected]
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-0388-3959
L. N. RABELO
Mestranda em Administraçâo. Departamento de Ciencias Humanas/Psicologia. E-mail: lih [email protected]
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0001-9291-7569
A. P. PORTO
Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental. Departamento de Ciencias Humanas/Psicologia. E-mail: andressapaiva @hotmail.com
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0003-4907-9533
A. F. N. DO VALE
Mestranda em Administraçâo. Departamento de Ciencias Sociais Aplicadas/Administraçâo. E-mail: [email protected]
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0001-9891-5775
Editor(a) Responsável: Francinaide de Lima Silva Nascimento
Pareceristas Ad Hoc: ICARO RODRIGUES E AHIRAM CASTRO
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Abstract
ABSTRACT Anxiety at pathological levels has grown a lot around the world, so verifying its correlation with human resilience (which is an innate personality trait) during the quarantine due to the covid-19 pandemic was the target of this study. Regarding data collection, the investigation took place in a virtual way, through the Google Docs. The tests performed consisted of Exploratory Factor Analysis (EFA) and Multiple Linear Regression. [...]the COVID -19 pandemic and the resulting events were able to raise high levels of anxiety in even the most resilient individuals.
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1 Universidade Potiguar
2 Instituto internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra
3 Universidade Católica do Rio Grande do Norte
4 Universidade Federal Rural do Semi-Árido





