Resumo
Propomo-nos refletir sobre a simbiose entre as relaçoes convocadas para o ato educativo que concomitantemente concorrem para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da sociedade. Partindo do pressuposto que a educaçao é uma atividade intencional, evidenciamo-la como uma condiçao para a açao do cidadao no contexto da polis, bem como para o desenvolvimento sustentável dos povos. O discurso da educaçao também propoe que o bem-estar humano possa consolidar as açoes individuais com a capacidade de percepçao da realidade de cada um, para melhor interaçao com o meio social e cultural em que vivemos. Neste sentido, a pluralidade social permitirá que o desempenho individual se estabeleça com dignidade para a construçao da cidadania, uma vez que, é fundamental o pensamento coletivo no que diz respeito ao desenvolvimento e o progresso da naçao. Urge refletir sobre os seus pressupostos teóricos e firmar um pacto cultural cuja atividade criadora do individuo se materialize na construçao de ideias inovadoras que valorizem o processo de construçao da cidadania. Este ensaio pretende: mostrar que a essencia da educaçao está presente, desde a primeira hora, na literatura crista; demostrar que a pedagogia crista prolonga, aprofunda e aprimora este aperfeiçoamento intencional do ser humano.
Palavras-chave: Pedagogia crista. Cidadania. Pluralidade social. Educaçao. Cultura.
Abstract
We propose to reflect on the symbiosis between the relations called for the educational action that concomitantly contributes to the integral development of the human person and society. Based on the assumption that education is an intentional activity, we highlight it as a condition for the affirmation of the citizen in the context of the polis, as well as for the sustainable development of peoples. The discourse of education also proposes that human well-being can consolidate individual actions with the ability to perceive the reality of each one, to better interact with the social and cultural environment in which we live. In this sense, a social plurality will allow individual performance to establish itself with dignity for the construction of citizenship once collective thinking is fundamental for the development and progress of the nation. It is urgent to reflect on its theoretical assumptions and establish a cultural pact whose creative activity of the individual materializes in the construction of innovative ideas that enhance the process of building citizenship. This essay aims to: show that the essence of education is present, from the first hour, in Christian literature; demonstrate that Christian pedagogy prolongs, deepens, and improves this intentional improvement of the human being.
Keywords: Christian pedagogy. Citizenship. Social plurality. Education. Culture.
Introduçao
É consabida a sugestao, com origem em Wittgenstein (1963), de que o significado de uma palavra pode ser apreendido observando os modos como ela é usada no seu contexto social, ou seja, que o significado de uma palavra é o papel que ela desempenha na linguagem: "Para uma ampla classe de casos - embora nao para todos - em que empregamos a palavra «significado» este pode ser definido assim: o significado de uma palavra é o seu uso na linguagem. " (WITTGENSTEIN, 1963, Secçao 43). Este modo de ver, que identifica significado e uso, nao deve obscurecer o facto de que cada uso atual de uma palavra, precisamente porque se inscreve numa linguagem, é um facto moldado por uma tradiçao, isto é, que nas possibilidades de significaçao ou uso adequado de uma palavra se reflete a história dos seus usos. Para demarcar o que pode ser dito através de uma palavra tao antiga e corrente como "educaçao", justificar-seá que comecemos por olhar para o seu passado.
Este modo de ver, que identifica significado e uso, nao deve obscurecer o facto de que cada uso atual de uma palavra, precisamente porque se inscreve numa linguagem, é um facto moldado por uma tradiçao, isto é, que nas possibilidades de significaçao ou uso adequado de uma palavra se reflete a história dos seus usos. Para demarcar o que pode ser dito através de uma palavra tao antiga e corrente como "educaçao", justificar-se-á que comecemos por olhar para o seu passado.
É sobejamente conhecida a importancia da etimologia para a compreensao dos conceitos. Socorrendo-nos da preciosa ajuda de Sanvisens, este lembra-nos que o vocábulo de "educaçao" radica no étimo latino "educare", o qual se reveste de significados próximos de "cultivar", "produzir" e "alimentar". O mesmo autor, recorda-nos que existe na língua latina outro verbo com o mesmo radical (educere), de cujos seguintes significados que se aproxima: "fazer sair", "tirar para fora", "conduzir" e "guiar" (SANVISENS, 1984).
Lídia Cardoso, comentando a simbiose de possibilidades que o referido étimo oferece pela via dos dois verbos, que partem do mesmo radical, refere que "enquanto o primeiro alude a importância dos fatores extrínsecos do desenvolvimento individual, o segundo aponta para a importancia da ampliaçao das capacidades intrínsecas de cada individuo." (CARDOSO, 2006, p. 35). O conceito atual de "educaçao" herda esse conjunto de aceçöes que concorrem para o estabelecimento de uma simbiose sui generis entre educare e educere, conforme bem anota Gil e Martínez (1987), evidenciando, desde logo, a amplidao e a complexidade do seu significado.
Independentemente das arduidades intrínsecas a duplicidade denunciada pela etimologia da palavra que a representa, a delimitaçao do conceito de educaçao confronta-se com dificuldades de muito maior custo, porque, sendo sempre muito mais do que um simples "facto empírico" (BIANCHI, 2001, p. 18) que pudesse ser satisfatoriamente encerrado nas balizas de uma definiçao descritiva, nela convergem e se cruzam, invariavelmente, muitas das mais controversas questÐes axiológicas, relativas ao que é, e ao que deve ser o homem, enquanto ser único e individual e o coletivo, ou seja, o homem todo e todo o homem. Apesar disso, as tentativas de compreensao do conceito de educaçao, embora espartilhadas pelos constrangimentos vários das conjunturas históricas que a polis conheceu, permitem, talvez, fazer emergir significativos traços indeléveis que possam ser tomados como elementos ou dimensÐes características diferenciais: melhoria ou aperfeiçoamento; intencionalidade; multidimensionalidade; unidade e cumulatividade; humanizaçao; intersubjetividade; desenvolvimento da pessoa humana.
O apuramento dos matizes de que se reveste a educaçao, concomitantemente com as dimensÐes que a assistem, rastreiam e possibilitam novos caminhos para a cidadania e promovem uma nova prática assente na pluralidade social, com particular destaque para a mundividencia que emerge da educaçao crista.
Importa, antes de mais, levantar duas questÐes e precisar os seus contornos: Quem é, afinal, o homem? E que cidade buscamos para ela habitar?
Se o homem era para os gregos "a medida de todas as coisas", esse atributo e definiçao conferia-lhe uma relaçao direta com a polis, onde a noçao de cidadania emergia como uma realidade
ligada a comunidade de cidadãos e ao corpo de leis que os regia. O cidadão de Atenas era um homem livre, maior, igual aos seus pares, que participava sem hierarquia, no governo democrático da cidade, falando e agindo na agora, onde as decisÐes eram tomadas por maioria simples dos presentes. Constituindo 10% da populagão da cidade, os cidadãos diferenciavam-se dos não cidadãos - as mulheres, os escravos, os metecos e os estrangeiros. (PAIXÄO, 2000, p. 4).
Com a decadencia do imperio romano, a Igreja torna-se naturalmente a herdeira e substituta da comunidade política: torna-se a consciencia e bastião de uma nova moralidade, promovendo e aprofundando mais as relaçoes pessoais com a cidade de Deus do que com a cidade dos homens, particularmente com a pregagão que leva por título Sermao da devastagao de Roma (LAUAND, 1998, p. 5). Neste famosissimo sermão, condensam-se as linhas mestras que serão apresentadas ao longo dos 22 livros que compÐem da Cidade de Deus (SAN AGUSTIN, 1964, p. 16). As graves ameaças tratadas nesta peça oratória são as mesmas que mais tarde hão-de ecoar no fórum da História, tendo sido pregado no ano de 410, por Santo Agostinho, no ano em que Alarico conquistou Roma. A Antiguidade encaminhava-se para o seu terminus, e o Sermao da devastagao de Roma constituiu-se como um novo paradigma que apontava ao mundo a cidade de Deus como a nova polis. Este novo paradigma que aproxima o homem da cidade de Deus irá ter não só implicagÐes pedagógicas, mas um novo modelo de organizagão social emirgirá.
Importa estabecer os objetivos que almejamos alcançar com a presente investigagão: mostrar que a essencia da educagão (atividade humana profundamente intencional que visa o aperfeiçoamento do ser humano) está presente, desde a primeira hora, na literatura cristã: referimo-nos concretamete ao Novo Testamento e a literatura patrística; pretendemos também demostrar que para além desta convergencia, a pedagogia cristã prolonga, aprofunda e aprimora este aperfeigoamento intencional do ser humano: neste esforgo de aperfeiçoamento, o cristão conta com o favorecimento divino, que S.Paulo designa de graga e cujo aperfeigoamento conduz o cristão a santidade.
Em termos metodológicos, tomamos como ponto de partida deste ensaio a concegão que entende a educagão como uma atividade intencional que visa o aperfeigoamento do ser humano. A formagão, ou seja, o dar forma, ou dar nova forma - e essa forma tem que ser necessariamente melhor do que a anterior - situa-se neste esforço de aperfeiçoamento do ser humano e consequentemente reconhece a educaçao como bem que realiza o fim do ser humano. Procuraremos ver como esta conceçao percorre tranversalmente um conjunto significativo de pedadagogos e concomitantemente evidenciaremos como nos fundamentos do cristianismo nao só acolhem essa conceçao, como a aprofundam: cada afirmaçao será explicitada com uma referencia do Novo Testamento ou da Patrística.
Colocam-se entao duas questÐes: 1. Que relaçöes podemos estabelecer entre a educaçao e o desenvolvimento humano? 2. Qual a especificidade da pedagogia crista?
1 A ideia de perfeiçao
A educaçao é uma modificaçao do homem. Pois bem, nao teria sentido falarmos de modificaçao do homem se esta transformaçao nao significasse, de algum modo, uma melhoria, um desenvolvimento das possibilidades do ser ou uma aproximaçao do homem ao que constitui a sua própria finalidade. Isto é, esta modificaçao nao teria sentido se nao houvesse um aperfeiçoamento, um caminho até a perfeiçao. Vamos ver como esta perfeiçao é o conceito genérico no qual se apoia ou se deve apoiar a definiçao do processo educativo.
A educaçao é açao e é efeito. Mas os efeitos de toda a açao manifestam-se na apariçao de novos seres ou de novas formas. A educaçao nao cria novos seres; atua sobre um ser que já existe anteriormente ao processo educativo; atua sobre o homem. Por conseguinte, os efeitos do processo educativo nao estao no aparecimento de novos seres, mas no de novas formas, de modos de ser do homem. Mas se o homem é suscetível de adquirir novas formas é porque é um ser finito, uma realidade incompleta; as novas formas que adquire em virtude da educaçao vao colmatando o vazio da sua limitaçao, vao completando as suas faculdades de ser, isto é, vao-no aperfeiçoando. Vemos assim que toda a educaçao é definitivamente um aperfeiçoamento.
Encontramo-nos já perante uma noçao da mais pura cepa metafísica, miolo de toda uma filosofia da educaçao e que é a ideia frequentemente expressa pelos pedagogos.
Entre as cento e oitenta definiçöes autorizadas da palavra «educaçao» que Rufino Blanco reuniu na sua Enciclopedia Pedagógica (1930, p. 94-116), correspondentes a autores de todos os tempos e lugares da civilizaçao ocidental, falam explícitamente de perfeiçao Platao, Kant, Pestalozzi, Fröbel, Schwarz, James Mill Baldwin, Rollin, Compte, Mrg. Dupanloup, Didon, Compayré; Hermanos de Ias Escuelas Cristianas, Alcántara Garcia, Manjón e Vinette. Nao pensemos que só estes autores que mencionam explícitamente a perfeiçao concebem a educaçao como obra perfectiva. Nesta mesma ordem de ideias alinham aqueles que, sem nomear explicitamente a perfeiçao, empregam termos cujo significado está incluso naquele conceito.
Temos assim, em primeiro lugar, todas aquelas definiçöes de educaçao que fazem referencia ao alcance da plenitude do ser humano, ou a tarefa de complemento que a educaçao realiza relativamente as forças e aos agentes naturais na evoluçao do homem (BLANCO, 1930). Na realidade, plenitude e complemento ou complementar sao termos análogos a perfeiçao e aperfeiçoar.
Outra ideia subjacente no conceito de perfeiçao é a formaçao. Formaçao nao é mais do que dar forma ao informe ou uma nova forma ao já formado; no primeiro caso está-se em face de uma açao perfectiva e no outro nao tem sentido que uma transformaçao seja realizada conscientemente se a nova forma adquirida pelo ser nao for mais perfeita que a anterior. Ao falar de educaçao como formaçao concebe-se a educaçao "como meio de dar formas mais perfeitas ao educando, ou seja, ao dizer da educaçao que é uma formaçao, diz-se implicitamente que comunica perfeiçao." (BLANCO, 1930, pp. 99-100).
Estreitamente ligada com a noçao de perfeiçao está a de bem, já que ambas fazem referencia ao que convém a natureza de um ser. Há em muitos pedagogos uma referencia explícita ao bem do homem quando definem a educaçao, pelo que podemos considerar estes autores, entre os que relacionam estreitamente a educaçao com a "perfeiçao, quer considerem a educaçao como meio de alcançar o bem" (OVERBERG, 1874, p. 45) segundo Overberg entre outros, quer como o próprio facto de o alcançar, como Ardigó e Bunge, para só citar os mais conhecidos. Destas conceçöes surge uma relaçao análoga entre a educaçao e a perfeiçao.
Falta-nos ainda considerar a conexão da perfeigão com o fim do ser do homem neste caso. Tudo "o que exige um ser para poder realizar o seu fim, para ocupar o seu lugar e desempenhar o seu oficio no cosmos chama-se perfeigão natural dum ser" (MERCIER, 1935, p. 137); portanto, tudo o que seja preparar o homem para o cumprimento do seu destino é aperfeiçoâ-lo; a educagão não faz outra coisa senão aproximar o homem desta perfeigão. Isto, segundo os autores que explícitamente dizem que a educagão serve para que o homem alcance o seu destino. Entre estes podemos incluir Lúlio, Dante, Niemeyer, Münsterberg, Spencer, Nicolay, Cellerier e Alcántaia Garcia (BLANCO, 1930).
Esta realizagão do fim ocorre quando o ser valorizou todas as suas aptidÐes naturais e ainda se reputa perfeiçao "o acréscimo progressivo da riqueza do ser pelo desdobramento ordenado das actividades" (BLANCO, 1930, p. 96); dai, identificarem a educagão com o conceito de perfeigão que acabo de expor aqueles pedagogos que a definem como um desenvolvimento, evolugão ou despertar de faculdades; este conceito, que é o mais expandido entre os que cultivam a Pedagogia (BLANCO, 1930), leva-nos também ao de perfeigão.
A educagão foi também considerada por alguns pedagogos como uma ordenagão ou organizagão. Esta definigão cai igualmente dentro da perfeigão, já que esta é a realizagão da ordem. Referindo a ordem ao homem, este pode ser considerado como um ser complexo dentro do qual se dá uma multidão de tendencias ou hábitos suscetiveis de ordenagão; o homem pode ainda considerar-se como um ser em relagão obrigatória com outros dentro da humanidade, e nesse caso cabe aplicar a ordenagão a multiplicidade de homens com o fim de que cada um ocupe o posto social adequado. Da educagão como "organizaçao de hábitos de conduta e de tendencias para se comportar" fala James (1924, p. 36); como "adaptaçao a vida", tem-na concebido muitos autores, uns sob o "ponto de vista biológico" (SPENCER, 1928, p. 10), outros sob o "ponto de vista social" (MIRGUET, 1910, p. 10).
O discurso da educagão também propÐe que o bem-estar humano possa consolidar as agÐes individuais com a capacidade de percegão da realidade de cada um, para melhor interagão com o meio social e cultural em que vivemos. Neste sentido, a pluralidade social permitirá que o desempenho individual se estabeleça com dignidade para a construçao da cidadania, uma vez que, é fundamental o pensamento coletivo no que diz respeito ao desenvolvimento e o progresso da naçao. A educaçao como suporte para a instruçao do individuo permitirá a força geradora do crescimento e da produtividade da sociedade para gerenciar as características cognitivas e afetivas do individuo, nao somente na escola, como também na familia, no trabalho e na sociedade. Dessa forma, a docencia e suas açöes ampliarao a visao educacional, em relaçao aos significados de valores e a organizaçao de cada espaço, para o longo processo de instruir, transmitir conhecimento e compreensao da dimensao da problemática social. No intuito da reflexao dos pressupostos teóricos sobre a educaçao, é necessário a realizaçao de um pacto cultural, em que a atividade criadora do individuo se materialize na construçao de ideias inovadoras, para adicionar informaçöes no processo de construçao da cidadania.
Observemos a inovaçao e originalidade de pedagogia do Evangelho e da patristica e anotemos como este denominador comum que perceciona a educaçao como atividade humana que visa o aperfeiçoamento humano é transversal a pedagogia crista.
Se nos focarmos nas páginas do Evangelho, facilmente percebemos que o cerne da mensagem evangélica - proposta por Jesus nos sinóticos - nos remete para a perfeiçao. Depois de Jesus reprovar a lei de Taliao e de proibir amaldiçoar os perseguidores (Lc 23, 34), manda amar os inimigos (Mt 5, 43-44) e propÐe aos seus seguidores uma verdadeira metanoia, nos seguintes termos:
Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Nao fazem já isso os cobradores de impostos? E, se saudais somente os vossos irmaos, que fazeis de extraordinário? Nao o fazem também os pagaos? Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste. (Mt 5, 45-48).
O Evangelho aparece imbuido de um ideal pedagógico, cujo ideário visa a formaçao do homem novo, do homem espiritual, do homem que se torna filho de Deus. Será essa marca distintiva do Evangelho que iremos encontrar em toda a mundividencia crista, onde o cristianismo se irá apresentar como um "renascimento do homem que morre para a vida da carne e revive no espirito, isto é, na verdade, na justiça e no amor." (ABAGNANO; VISALBERG, 1957, p. 158).
Essa visao aparece já plasmada nas cartas de S. Paulo, onde este propÐe aos seguidores de Jesus que abandonem a vida segundo a carne (sarxe) e optem pela vida segundo o espirito:
[...] despir-vos do homem velho, corrompido por desejos enganadores; que vos deveis renovar pela transformaçao do Espirito que anima a vossa mente; e que deveis revestir-vos do homem novo, que foi criado em conformidade com Deus, na justiça e na santidade, próprias da verdade (Ef 4, 22-24).
A mesma linha de pensamento iremos encontra-lo mais adiante na patristica.
2 Influencia humana
A perfeiçao determina genericamente o que é a educaçao: nao a especifica. Por outras palavras: toda a educaçao é perfeiçao, mas nem toda a perfeiçao é educaçao.
Em primeiro lugar, encontramo-nos com a existencia de uma perfeiçao natural, isto é, uma perfeiçao que surge da evoluçao espontánea do ser, da evoluçao espontánea do homem. Este aperfeiçoamento natural nao é educaçao. Nem os mais entusiásticos representantes da Pedagogia naturalista, quando atribuem a Natureza o papel de grande educadora, desprezam a ideia de uma intervençao «nao natural» no processo educativo. Assim, Rousseau, o grande corifeu enamorado da Natureza e inimigo de toda a intervençao social na educaçao, contradiz-se a si próprio falando da felicidade de Sofia e Emilio como obra de um mestre, depois "de anteriormente ter afirmado que eles eram discípulos da Natureza." (ROUSSEAU, 1979, p. 217). E Spencer, que pode ser considerado o autor pedagógico mais sistemático do naturalismo, fala na "necessidade de orientar a inteligencia no sentido de preparar o homem para viver a vida na sua plenitude." (SPENCER, 1928, p. 10).
Quer isto dizer que mesmo aqueles que, por estarem radicados numa filosofia naturalista, consideram a Natureza como principio do ser e principio da educaçao e da evoluçao do homem, tem que admitir no processo evolutivo, ao qual chamam educaçao, a existencia de fatores estranhos ao desenvolvimento puramente natural do homem.
Se a educaçao nao é uma perfeiçao natural, terá de ser uma perfeiçao humana, isto é, uma perfeiçao com raízes na vontade do homem: a educaçao é aperfeiçoamento voluntário, intencional.
Porém, no que concerne a educaçao crista - sem deixar de ser intrínsecamente humana - ela exibe uma marca distinta: S. Paulo ao descrever a luta interior que o homem é chamado a travar no seu processo de aperfeiçoamento, reconhece a natureza humana a vontade de desejar o bem, mas nao a capacidade de realizá-lo: "... pois o querer o bem está ao meu alcance, nao porém o praticá-lo" (Rom 7, 18). Deste drama de S. Paulo - sem nos querermos imiscuir nas questÐes teológicas - parece-nos legitimo deduzir a marca distintiva e indelével da pedagogia crista: a educaçao crista é subsidiária nao só das faculdades humanas, mas também da graça, tal como S. Paulo a entende.
O Apóstolo dos gentios - sem desresponsabilizar o homem - reconhece a sua incapacidade humana para cumprir o imperativo jesuânico acima referido: "sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste." (Mt 5, 48). Por isso, o aperfeiçoamento humano conta com a conjugaçao da inteligencia e da vontade - faculdades humanas - bem como com o dom divino que S. Paulo designa de graça: "e nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam." (Rm 8, 28).
3 Intencionalidade
Ao falar de perfeiçao humana tem surgido certas ideias que também contribuem para delimitar o conceito de educaçao: as ideias de direçao, influencia, intençao, aludem a um fim preconcebido e operante em virtude do qual a educaçao toma um determinado rumo e acentuam que a educaçao, enquanto trabalho intelectual, é obra da vontade. Estas ideias podem resumir-se na nota de intencionalidade que também se há-de atribuir a educaçao.
Com a qualidade de intencional poderá pensar-se que se desliga da educaçao uma multidao de fatores que intervem no processo educativo de um modo inconsciente e difuso; é que, na realidade, sao isso mesmo: fatores, isto é, elementos que podem influir cegamente no processo evolutivo de um homem, mas que, para alcançarem efeito educativo, terao de ser conjugados por uma vontade e ter as suas forças submetidas a uma atividade consciente.
Por outro lado, se suprimirmos da educaçao esse carácter de intencional, vamos reduzir o processo educativo a uma evoluçao psíquica ou biológica, com o que a Pedagogia iria confundir-se com a Psicología ou com a Biologia evolutivas, quando é do domínio universal, mais ou menos consciente, a sua distinçao. Poucos tem falado, com tanta insistencia como Dewey, dos múltiplos laços que ligam a vida humana com circunstancias exteriores, principalmente sociais, que influem na formaçao do homem; pois bem, numa das suas últimas obras fala da educaçao como uma obra "deliberada e intencional" (DEWEY, 1957, p. 90). Por outro lado, J. Cohn, a partir da conceçao idealista da Pedagogia, define a educaçao como "influencia consciente sobre o homem dúctil e inculto, com o intuito de o formar." (COHN, 1944, p. 108).
O Evangelho, enquanto obra educativa, reveste-se no inicio do cristianismo de um ideal pedagógico carregado de uma intencionalidade bem concreta: visa a formaçao do homem novo e espiritual, membro do povo de Deus. A educaçao crista dirigia-se, nesta fase inicial do cristianismo, aos adultos: eram escolhidos mestres (didascaloi) para formarem os catecúmenos. Esse período de instruçao (catecumenato) precedia o batismo. O batismo era a porta de entrada na comunidade crista, pela qual integravam a comunidade de fiéis e eram admitidos ao ágape eucarístico (ABAGNANO; VISALBERG, 1957, p. 159).
Na Igreja nascente (apostólica), educar é sinónimo de anunciar a Palavra de Deus (Heb 8, 4). Toda a educaçao se centra em torno da questao escutar ou nao escutar a Palavra proposta. Na continuidade da evangelizaçao levada a cabo pelos Apóstolos, os Padres da Igreja assumiram a herança do imperativo missionário, dado por Cristo: O catecumenato cristaliza como instituiçao eclesial na Igreja do séc. III (catecumenoi no oriente, e audiente no ocidente), mas recebe a herança de um processo de evangelizaçao cujas raizes se estendem nao só a missao levada a cabo pelos próprios Apóstolos, bem como a missao evangelizadora do próprio Jesus (Jo 20, 21; 17, 18; LÓPEZ, 1983). Por tudo isso, nos primeiros séculos, nao podemos dissociar os conceitos de pregaçao e educaçao - e essa é uma marca indelével da educaçao crista.
4 Referencia as funçöes específicamente humanas
Temos falado implícitamente naquilo em que a educaçao se refere ao homem. Podemos fazer esta interrogaçao: refere-se a todos os aspetos do ser humano?
É evidente que a educaçao nao se refere ao homem como ser físico. Na educaçao nao interessam nem a formaçao externa, nem a extensao, nem as propriedades físicas e químicas do homem, nem sequer as estéticas, se bem que nelas, sobretudo nas últimas, se possa intervir intencionalmente com o objetivo de as aperfeiçoar; aliás, ninguém chama educaçao a cirurgia estética, por exemplo, nem se diz que uma mulher é bem-educada pelo facto de ter transformado o seu perfil nasal num instituto de beleza. Também está generalizada a ideia de que a educaçao nao se encontra relacionada com as funçöes biológicas do sistema vegetativo do homem; ninguém chama educaçao a intervençao mais ou menos feliz no organismo humano que tenha por objetivo aperfeiçoar o seu metabolismo. E se há quem fale de educaçao física quando se trata de aperfeiçoar a funçao respiratória, nao nos parece que alguém se tenha atrevido a fazer o mesmo quanto ao conceito de aperfeiçoamento da funçao digestiva, que é tao vital como a respiratória.
A questao complica-se se pensarmos na possibilidade de a educaçao ser referida as funçöes sensoriomotoras do homem, visto que uma grande parte dos estudos pedagógicos falam de educaçao física quando se querem referir ao aperfeiçoamento das faculdades psíquicas de ordem inferior.
Duas razöes principais justificam esta extensao da educaçao a vida sensitiva. Além da tao conhecida razao de estreita relaçao entre as funçöes sensitivas e as de ordem superior, existe, segundo o meu modo de ver, outra explicaçao, que, mais do que a realidade da vida humana, faz referencia a evoluçao científica da própria Pedagogia. Como ciencia positiva, esta foi constituída sob os auspícios da Psicologia, e todos os campos e problemas desta última ciencia tiveram repercussao na problemática da Pedagogia; como a Psicologia se ocupa tanto da vida sensitiva como da superior, automaticamente passaram para a Pedagogia (transformando-se em pedagógicos) todos os problemas evolutivos do psiquismo inferior e superior.
É certo que a passagem total do psíquico para o pedagógico deu lugar a confusao entre o adestramento e a educaçao, o que é uma razao contraditória. Além disso, há na extensao conceptual (da educaçao ao psiquismo inferior uma negaçao implícita desta mesma extensao; os pedagogos, ao referirem-se a educaçao física, nao aludem a todas as manifestaçöes da vida sensitiva, mas) unicamente aquelas que estao mais intimamente ligadas ao desenvolvimento espiritual do homem. Assim, por exemplo, o desenvolvimento do sentido da vista e o desenvolvimento do sentido do ouvido como questÐes educativas. Se estas tiverem em si próprias a razao de serem tratadas como processo educativo, porque nao estender este mesmo conceito ao desenvolvimento dos outros sentidos, tais como o gosto e o olfato? Mas o gosto e o olfato nao estao incluídos na categoria pedagógica. Porque? Como neles nao se ve a relaçao estreita que tem com a inteligencia, nao há razao para lhes ligar importancia na tarefa educativa. Implícitamente, diz-se que se falamos da educaçao física nao é pelas faculdades do homem enquanto tais, mas como meios ou fundamentos da atividade espiritual do ser humano.
Em última instancia, "a educaçao é o aperfeiçoamento das funçöes superiores do homem, do que este tem de especificamente humano." (CASOTTI, 1924, p. 52).
No que concerne a pedagogia evangélica e ao carater especificamente humano da educaçao, este aparece disseminado em todo o Evangelho. Porém, é nas parábolas onde mais flagrantemente emerge uma pedagogia arrancada do quotidiano dos ouvintes de Jesus:
O universo de imagens usadas nos relatos parabólicos, salvo raras excegoes, encontra a sua origem no quotidiano dos seus destinatarios: a imagem do semeador que langa a semente, que ve parte dessa semente ser comida pelas aves, outra pisada pelos transeuntes e uma terceira que germina, cresce e produz com abundancia, é familiar aos ouvintes de Jesus (Lc 8, 4-8). O mesmo pode ser afirmado acerca da imagem do fermento que leveda a massa e da do joio que nasce no meio da boa semente, sem ser semeada (Mt 13, 24-33), sao imagens, entre outras, que fazem parte da mundividencia dos ouvintes de Jesus (LEONIDO; RODRIGUES; MORGADO, 2018, p. 1420).
Por isso, podemos afirmar que a vida, com todas a ssuas vicissitudes, nos aparece como ponto de partida do método pedagógico das parábolas. Wielder é contundente ao sublinhar que o "carácter profundamente humano das parábolas se afasta da linguagem de iniciados, caracterizando-se esta pela secularidade, em oposiçao a uma linguagem esotérica e até religiosa." (Wielder, 1971, p. 73).
Consideraçoes finais
Se regressarmos agora as primeiras noçöes que extraímos do conhecimento vulgar e também da etimologia da palavra, chegamos a conclusao de que, enquanto o aperfeiçoamento do homem é um fenómeno individual e também um fenómeno interior, já que a espiritual parte justamente do íntimo, da interioridade do homem, o aperfeiçoamento social, aquele que primeiro sobressai no conceito vulgar da educaçao, nao é mais do que um acréscimo, ainda que dele nao possamos prescindir. A educaçao é um fenómeno primariamente individual, mas logo após, como acréscimo, vem a transcendencia ou a manifestaçao social de educaçao.
A educaçao pode ser considerada como um processo, isto é, como uma mudança que se realiza ao longo do tempo. O processo educativo pode ser estimulado (e nas formas de educaçao institucional, é-o sempre) por pessoas alheias ao sujeito que se educa. Considerado o processo educativo como algo que se realiza numa pessoa e que é estimulado por outras, a educaçao pode ser encarada como um processo de assimilaçao cultural e moral e ao mesmo tempo como um processo de separaçao pessoal.
Pode chamar-se processo de assimilaçao porque, em virtude da educaçao, as geraçöes adultas atuam sobre as geraçöes jovens, os educadores atuam sobre os educandos e, ao atuar desta forma, aspiram a que o sei humano em evoluçao se incorpore plenamente no mundo dos adultos e chegue a identificar-se com eles e a participar nos seus bens culturáis, assim como a adaptar-se as formas sočiais predominantes numa comunidade. No contexto cristao, processo designou-se desde a antiguidade como evangelizaçao, tornando-se o conceito sinónimo de educaçao.
Em virtude desta influencia, o sujeito que se educa adquire a linguagem, os criterios de valorizaçao, as ideias científicas, as normas de comportamento, os usos e formas sociais que predominam na comunidade dentro da qual vive. O educando vai-se fazendo paulatinamente semelhante aos que o educam. Mas ao mesmo tempo a educaçao é um processo de separaçao pessoal, porque por meio dela se procura que o sujeito vá alcançando gradualmente a capacidade para dirigir a própria vida, isto é, para decidir por conta própria quais os atos que há-de realizar e como estes hao-de ser realizados. Na educaçao crista, há um processo similar: o educador, o pregador, o evangelizador anuncia, evangeliza, educa...; ao educando, ao catecúmeno compete-lhe escutar e acolher a palavra de Deus mediatizada pelos mestres:
Assim o mestre realiza-se a si mesmo no amor com que se adapta ao educando, com que desce ao nivel da sua compreensao. E na verdade, fazendo assim, educa-se e aperfeiçoa-se também a si próprio, porque as velhas noçoes tornam-se novas para aqueles que as ensinam, com real interesse, com sincera dedicaçao. (ABAGNANO; VISALBERG; 1957, p. 176).
O enriquecimento cultural torna o sujeito semelhante aqueles que vivem no mesmo ámbito, mas ao mesmo tempo dá-lhe possibilidades de decidir, em cada situaçao, aquilo que deve fazer. Esta capacidade implica independencia quanto aos outros e a possibilidade de uma liberdade pessoal efetiva, isto é, a possibilidade de atuar de acordo com a própria razao e nao com a razao dos outros. Desta forma, o indivíduo vive a sua própria vida separada dos demais. Em definitivo a assimilaçao cultural e moral e a separaçao pessoal nao sao mais que manifestaçöes dos dois objetivos fundamentais da educaçao: socializaçao e personalizaçao.
Em virtude da socializaçao uma pessoa torna-se capaz de ocupar eficazmente o seu posto na sociedade. O processo de socializaçao implica, de certo modo, um caminho que vai da coexistencia a convivencia. A coexistencia é um facto resultante da natureza; a convivencia é um modo de viver com os outros, quer dizer, de participar na vida dos demais, participando eles por sua vez na nossa.
Um individuo nasce com potencialidades de conduta de enorme amplitude; mediante a socializagão estas possibilidades orientam-se até um modo de conduta determinada que se limita a uma extensão menor - precisamente a extensão a que se acostuma e que é aceitável para ele de acordo com as normas de conduta do grupo em que vive. (CRONBACH, 1965, p. 35).
A socializagão implica não só a adaptagão ao grupo, mas ainda a participagão eficaz na vida dos outros, ou seja, a colaboragão, a amizade, a vida de familia, a ajuda e também a competencia. Podemos compreender a socializagão como um processo em virtude do qual o sujeito desdobra as suas próprias possibilidades, se capacita para o uso correto da liberdade e se enriquece espiritualmente para tornar fecunda a sua vida em servigo próprio e dos outros. Na comunidade cristã, a socializagão atinge a sua plena realizagão no ágape cristão: os cristãos sentem-se membros de um mesmo corpo, cuja cabega é o próprio Cristo.
Personalizagão e socializagão não são processos contrapostos nem sequer independentes. Um está implícito no outro. Exercem uma causalidade mútua, já que o desenvolvimento pessoal de um individuo o torna cada vez mais capaz de comunicagão com os outros, isto é, de socializagão; e, por sua vez, o processo de socializagão contribui para o enriquecimento da pessoa. A personalizagão, no contexto de uma pedagogia cristã, supÐe não só a conhecimento de si, mas do aperfeiçoamento que leva o cristão a identificaçao com o "Pai celeste" (Mt 5, 48). Urge portanto, refletir sobre os seus pressupostos teóricos e firmar um pacto cultural cuja atividade criadora do individuo se materialize na construgão de ideias inovadoras que valorizem o processo de construgão da cidadania.
Artigo submetido em 27 de fevereiro de 2021 e aprovado em 23 de maio de 2021.
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© 2021. This work is published under https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/ (the “License”). Notwithstanding the ProQuest Terms and Conditions, you may use this content in accordance with the terms of the License.
Abstract
Propomo-nos refletir sobre a simbiose entre as relaçoes convocadas para o ato educativo que concomitantemente concorrem para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da sociedade. Partindo do pressuposto que a educaçao é uma atividade intencional, evidenciamo-la como uma condiçao para a açao do cidadao no contexto da polis, bem como para o desenvolvimento sustentável dos povos. O discurso da educaçao também propoe que o bem-estar humano possa consolidar as açoes individuais com a capacidade de percepçao da realidade de cada um, para melhor interaçao com o meio social e cultural em que vivemos. Neste sentido, a pluralidade social permitirá que o desempenho individual se estabeleça com dignidade para a construçao da cidadania, uma vez que, é fundamental o pensamento coletivo no que diz respeito ao desenvolvimento e o progresso da naçao. Urge refletir sobre os seus pressupostos teóricos e firmar um pacto cultural cuja atividade criadora do individuo se materialize na construçao de ideias inovadoras que valorizem o processo de construçao da cidadania. Este ensaio pretende: mostrar que a essencia da educaçao está presente, desde a primeira hora, na literatura crista; demostrar que a pedagogia crista prolonga, aprofunda e aprimora este aperfeiçoamento intencional do ser humano.