A FALA DA CRIANÇA COMO RESISTÊNCIA AO SABER DO INVESTIGADOR: SOBRE A INCIDÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA NA INVESTIGAÇÃO DA AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM

Abstract

Neste artigo, pretende-se colocar em discussão a incidência da teoria psicanalítica na investigação da aquisição de linguagem. Trata-se, portanto, de um trabalho de natureza teórico-metodológica, na medida em que focaliza o lugar ocupado pela teoria na investigação científica. Destaca-se que o termo incidência exclui a aplicação de um corpo teórico – qualquer que ele seja – à fala infantil. Nessa proposta, a teoria é focalizada, então, do ponto de vista de um dispositivo que permite ao investigador escutar a resistência que a fala da criança opõe a seus objetivos de natureza teórico-empírico-metodológica. Como exemplo dessa escuta para a resistência, são transcritos fragmentos de um caso da clínica fonoaudiológica. A análise desses fragmentos apontou para a teoria psicanalítica como dispositivo que permitiu ao investigador escutar a fala da criança como resistência ao modelo teórico-metodológico por ele assumido, colocando em questão a aplicação, a essa fala, de seus conceitos e proposições.

Alternate abstract:

In this article, we intend to discuss the incidence of psychoanalytic theory in the investigation of language acquisition. It is, therefore, a work of a theoretical-methodological nature, insofar as it focuses on the place occupied by theory in scientific investigation. It is noteworthy that the term incidence excludes the application of a theoretical body – whatever it may be – to children's speech. In this proposal, the theory is focused, then, from the point of view of a device that allows the investigator to listen to the resistance that the child's speech opposes to their objectives of a theoretical-empirical-methodological nature. As an example of this listening for resistance, fragments of a speech therapy clinical case are transcribed. The analysis of these fragments pointed to the psychoanalytic theory as a device that allowed the researcher to listen to the child's speech as resistance to the theoretical-methodological model assumed by him, calling into question the application, to this speech, of his concepts and propositions.