Abstract
This paper proposes that collaborative governance is at the heart of network development and influences results. Qualitative and quantitative research was carried out, analyzing the unique case of the local underwear cluster in Juruaia, Minas Gerais, Brazil. Indicators were constructed for the interviews and questionnaires. The data supported an influence of collaborative governance on both commercial and social results, mainly because of the strong ties of a sub-group of actors who decide the business direction in the city. The article supports and reinforces the importance of research into collaborative governance and provides a matrix of operational and reliable indicators.
Keywords: network, collaborative governance, results, cluster.
Resumo
Propóe-se que a governanca colaborativa é о centro do desenvolvimento das redes, influenciando nos resultados. Realizou-se pesquisa qualitativa e quantitativa, analisando-se o caso único do Arranjo Produtivo Local (APL) de moda íntima de Juruaia, no Estado de Minas Gerais, no Brasil. Construíram-se indicadores para as entrevistas e os questionários. Os dados sustentaram a associação de influência da governança colaborativa nos resultados comerciais e sociais, especialmente por causa dos lacos fortes de um subgrupo de atores que decidem os rumos do negócio na cidade. O artigo sustenta e reforca a importáncia de pesquisas sobre governança colaborativa e oferece uma matriz de indicadores operacionais e confiáveis.
Palavras-chave: rede, governança colaborativa, resultados, cluster.
Introducao
Redes podem ser definidas como а formação de grupos de atores que possuem recursos complementares num sistema de interdependéncia e de trocas para o alcance de objetivos convergentes sem perder sua autonomia (Thomson e Perry, 2006). Em funcáo do fenómeno crescente das redes, desde sua legitimação como área científica (Nohria e Eccles, 1990), autores afirmam a importáncia de se investigar as regras de acóes coletivas e suas consequéncias nos resultados comerciais, sociais e rearranjos da própria rede (Dicken et al., 2001). Entre as pequenas e médias empresas existe a possibilidade delas se estruturarem em clusters ou como redes de соорегасао.
О trabalho em grupo, num sistema de redes, apresenta conflitos de interesses, incertezas do comportamento dos atores, os jogos de poder e lideranca, entre outros, que exigem a presenca de mecanismos que resolvam os conflitos e criem coesáo no grupo. Esses mecanismos constituem a governanca, que pode se manifestar de maneira formal, contratual, ou colaborativa, ou relacional, que são as expressões mais correntes (Milagres et al, 2019).
As expressões colaborativa e relacional têm em comum a afirmativa que a governança é construída pelos atores diretamente envolvidos na tarefa que criam ou ajustam as regras de acóes coletivas. É este ponto comum que utilizamos neste trabalho e, apenas por questão de clareza no texto, vamos utilizar o termo governança colaborativa, nesse sentido de construção conjunta.
Parte da literatura sobre redes afirma que a governança é o principal fator de organização e desenvolvimento das redes (Grandori, 1997), em razáo de que direciona o comportamento dos atores e os modos de produção da tarefa. Os estudos sobre redes e governança geraram várias classificações de governança (Provan e Kenis, 2008), das quais valorizamos a governança construída pelos próprios atores que realizam a tarefa, com as expressões governança colaborativa ou relacional (Jones et al., 1997; Emerson et al, 2012).
Sobre essas duas expressões, a governança colaborativa é definida como os esforços do governo em captar atores para participarem da tarefa (Ansell e Gash, 2008; Jun e Bryer, 2017), mas as pesquisas não analisam com detalhes o processo de formação dos mecanismos da governança que deve ocorrer conforme os atores se reúnem. Por seu lado, a governanca relacional é a matriz de relacionamento entre os atores de uma rede que facilita a conversa e decisão sobre os mecanismos de ação coletiva (Milagres er al, 2019). Nesse conceito, o relacionamento é uma condição antecedente para a emergência da governança, mas os artigos sobre governança relacional não analisam o processo de construção dos mecanismos com alguns raros trabalhos (Liu e Zhang, 2013; Zaheer et al., 2010).
Outro ponto que se afirma ser importante, mas com poucos dados empíricos, é a associação da governanga colaborativa com os fatos da rede, tais como a estrutura de papéis e funcóes, os modos de produção da tarefa e os resultados alcançados. A evidência sobre essa carência de conhecimentos levou ao objetivo deste trabalho, que é contribuir com os conhecimentos sobre a associação entre governanca colaborativa e os resultados das redes.
Para investigar a proposição da associação entre esses dois fatores coletaram-se dados do Arranjo Produtivo Local (APL) de Juruaia, uma concentracáo geográfica de empresas do setor de moda íntima, localizada no sul do Estado de Minas Gerais, no Brasil. A rede de Juruaia apresenta sinais de ser um caso único porque: a) é a única reconhecida como APL do ramo téxtil no Estado, b) a concentração é tanto de lojistas quanto de fornecedores/fabricantes locais, o que é raro em Arranjo Produtivo Local.
Dados iniciais indicaram que há um grupo de empresários que conversa e decide os mecanismos de acóes coletivas, e as organizacóes do APL apresentam resultados comerciais acima da média do mercado brasileiro, que foi de retração em 2021. Além disso, o grupo realiza ações sociais de integração entre os empresários e também com a população, tais como feiras e encontros sociais beneficientes. Os dados indicam a presenca da governanca colaborativa e sua possível associação com os resultados. A pergunta problema que surge da revisão bibliográfica e dos sinais de Juruaia é: Quais são e como se manifestam os sinais de associação entre os indicadores da governanca colaborativa e os indicadores de resultados na rede selecionada?
1. Fundamentos teóricos
O tema de governança torna-se cada vez mais relevante na atualidade, por esse motivo existem revisões bibliográficas que buscam os fatores comuns na literatura (Popering-Verkerk et al, 2022). Esses estudos concluem que faltam pesquisas empíricas sobre governança.
Realizamos revisáo bibliográfica sobre governanca e resultados de redes, na base Scopus, com as expressóes governance, collaborative governance, relational governance, constructed governance e network results. As expressões isoladas aparecem com frequências que variam de centenas para milhares (network result = 47.920; collaborative governance = 1906), mas a conjuncáo de governanca com resultados mostra frequéncia de dezenas (network result + collaborative governance = 20 artigos selecionados). Essa seleção final considerou o conteúdo dos resumos e das conclusões.
A partir dessa seleção mais rigorosa sobre o conteúdo dos artigos encontrados, chegou-se nas seguintes convergéncias e distinções:
A) Afirma-se que a construção dos mecanismos de governança depende da existência de relações de confiança entre os atores. Este é o conceito de governança relacional.
B) Há concentracáo de estudos relacionados a políticas públicas e questóes ambientais, mas sem uma posição dominante. Aqui a governança colaborativa é predominantemente definida como esforço do governo па atração de atores na sociedade para realização de trabalho conjunto.
С) O modo dominante de construção de conhecimento ocorre por estudos de casos, com questionários e revisões bibliográficas, que indicam um estágio científico inicial, exploratório.
D) Sobre a possível associação entre governança e resultados, encontraram-se afirmativas, mas sem pesquisas de campo que as sustentem.
O presente artigo está em linha com a afirmativa da importância da governança sobre os fatos das redes, incluindo os resultados, e vai um passo além, dado que oferece evidéncias empíricas dessa associação através do caso selecionado. Para a realização da tarefa selecionaram-se os seguintes pontos de partida teóricos:
I. Conceito e características de rede
A convergéncia sobre o que define uma rede coloca os seguintes pontos: a) complexidade de tarefas, b) interdependéncia, c) consciéncia de acáo coletiva, d) presenca de problemas comuns e objetivos coletivos, e) presenca de governanca.
Complexidade de tarefas significa a exigéncia de conhecimentos específicos, que se unem para о modo de realização da tarefa (Santos et al., 2011). A complexidade cria a situação de interdependéncia entre os atores, já que cada ator precisa do recurso que o outro detém. Essa interação resulta em trocas constantes (Rusbult e Van Lange, 2003), mediadas por uma consciência da ação coletiva, que é a disposição para a realização de parcerias na obtenção de resultados que não aconteceriam na acáo individual. De acordo com Whitaker (2017), a consciéncia da necessidade de ação coletiva facilita a obtenção de resultados. Para que as trocas e ações coletivas se realizem é necessário que exista uma governança, ou seja, um conjunto de regras, práticas, normas, valores e ética compartilhados pelo grupo (Grandori e Soda, 1995).
Desse conceito de rede deriva a primeira afirmativa do artigo.
Al. Negócios relativos a cadeia téxtil, tais como a moda íntima, podem ser alavancados quando se realizam no formato de rede. Afirma-se que em Juruaia existem os sinais de formato de rede.
As características do formato de redes evidenciam a necessidade de relacionamento para resolver a interdependência, decidir a governança e trabalhar de modo coletivo, o que leva a segunda base teórica.
II. Abordagem social de redes
Os fatos das redes, tais como sua estrutura de ligacóes e a forma de realizar as tarefas, dependem basicamente dos relacionamentos entre os atores (Dyer et al., 2018; Barcelar Abbud e Tonelli, 2018). Deste princípio desenvolveu-se um campo de estudo sobre a influéncia do relacionamento na construção da governança, representada na expressão governança relacional e nos resultados das redes. Da abordagem social de redes deriva a segunda afirmativa do artigo.
A2. A domináncia de relacóes de confianca e de comprometimento catalisa a formacáo da governanca, a qual diminui os conflitos no grupo e auxilia na obtencáo de resultados. Afirma-se que em Juruaia existem relações de confiança e de comprometimento que facilitam a emergência da governança e a obtenção de resultados.
Ш. Conceito de governanca
Governanga € um conjunto de mecanismos que orienta as acóes coletivas, as decisoes, os modos de realizar as tarefas e o controle do comportamento oportunista (Roth et al, 2012; Monteiro et al., 2014). A governança constrói a estrutura de papéis e funções (Prentice et al., 2019); desenvolve a coesão do grupo, diminui os conflitos de interesses e indica o modo de realização das tarefas. Obtendo essa situação de um grupo com poucos conflitos, a governança auxilia na obtenção dos resultados (Wegner e Verschoore, 2022; Wegner et al., 2017).
A governança pode se manifestar formalmente, o que se refere a mecanismos explícitos, por exemplo num contrato que estabelece as normas de relacionamento e os modos de produção.
Autores convergem na afirmativa que a governança formal não é capaz de solucionar todos os problemas de um grupo, porque surgem situações imprevistas, que geram a necessidade de se fazer ajustes e acordos (Williamson, 2019). Esses ajustes são o que aqui denominamos de governança colaborativa.
Do conceito de governanca deriva a terceira afirmativa do artigo.
A3. A governanca está no centro do desenvolvimento de uma rede oferecendo a diretriz de comportamento e modos de operacóes na realizacáo das tarefas. Parte da governanca de uma rede pode ser caracterizada como formal e parte colaborativa. Afirma-se que em Juruaia encontram-se os dois formatos de governanca e a presenca da governanca colaborativa ajusta os modos de producáo da tarefa da moda íntima e facilita a obtencáo de resultados.
IV. Conceito de governanca colaborativa
А governança colaborativa é o processo coletivo de decisão sobre os ajustes ou criação de regras e a necessidade de novas regras por causa dos limites da governanca formal (Zaheer e Venkatraman, 1995). Para que essas decisões ocorram é necessário que haja predominância de relações de confiança e de comprometimento entre os atores (A2). As decisões de ajustes da governança referem-se às regras de contratos, aos processos de produção e aos modos de relacionamento nas tarefas (Milagres et al., 2019). A suposição é que com esses ajustes o grupo funciona com poucos ou nenhum conflito e com foco na tarefa, o que ocasiona a melhoria dos resultados. Essa é a lógica que associa a governança colaborativa com os resultados.
Do conceito de governança colaborativa criamos a quarta afirmativa do artigo.
A4. A governança colaborativa é o conjunto de mecanismos criados pelos próprios atores que executam as tarefas para facilitar e direcionar as ações coletivas a partir de um ambiente de relacionamento com predomínio da confiança e do comprometimento. Existindo essas condições, surgem os resultados.
Sobre os resultados, é possível agrupar a produção acadêmica em três grandes grupos: resultados comerciais, sociais e rearranjos da rede.
As variáveis relativas aos resultados comerciais de redes são as mesmas utilizadas para organizações isoladas, tais como indicadores financeiros, satisfação dos usuários, volume de bens/serviços ofertados e adquiridos, entre outros. No presente trabalho utilizam-se alguns desses critérios, apresentados na tabela 2, adiante.
As variáveis relativas aos resultados sociais, que são fundamentais em políticas públicas, se referem a qualidade de vida dos que participam da producáo da rede. No caso de Juruaia seriam os lojistas, os funcionários, os donos de fábricas, por exemplo. A qualidade de vida se manifesta na saúde física, no estado psicológico, nos relacionamentos sociais e nas relações com o meio ambiente, o que inclui participação social e politica na rede. Também se consideram os indicadores de responsabilidade social das empresas que sáo aumento de empregados, melhoria nas condicóes de trabalho e na qualidade de vida dos colaboradores (Pereira et al., 2012)
As variáveis de rearranjo da rede se referem as mudancas que se realizam no grupo, tais como evolução da curva de aprendizagem de ações coletivas ou incremento da qualidade do servico, de acordo com os resultados obtidos (Kim e Sullivan, 2023). Uma tarefa importante foi construir os indicadores derivados das variáveis.
1.1. Quadro dos indicadores
O termo indicador se refere à evidência coletada sobre a presença e as relações entre variáveis selecionadas pelo pesquisador (Minayo, 2008). Os indicadores qualitativos referem-se as evidéncias coletadas em discursos, análises e percepções de diferentes atores sobre os aspectos da realidade (Jannuzzi, 2014).
O primeiro passo na construção de uma matriz de indicadores é selecionar as variáveis importantes, em consonáncia com o objetivo da investigacáo. A tabela 1, adiante, lista as variáveis e o descritivo dos indicadores da governança colaborativa. Eles se encontram nos artigos da revisão realizada e também em alguns artigos clássicos frequentemente citados, indicados na última coluna.
A coleta da evidéncia dos indicadores pode ocorrer de várias formas, tais como documentos, acompanhamento, entrevista e questionários. Os dois últimos foram utilizados neste trabalho.
Para a seleção, ajuste e construção dos indicadores utilizaram-se os critérios de validade encontrados na literatura (Bossel, 2001; Webster e Sanderson, 2013), que sáo 1) acessibilidade dos dados, 2) padronização do indicador, 3) relevância para o objetivo da pesquisa, 4) clareza no texto explicativo do indicador, 5) facilidade para definir metas a serem alcancadas, 6) consisténcia científica no sentido de padrão de coleta, 7) coerência com a realidade local, 8) capacidade de síntese do indicador.
A tabela 1 apresenta os indicadores de governanca colaborativa selecionados. Os itens 1, 2, 3 e 7 se referem a mecanismos sobre direitos e deveres; os itens 4 e 5 se referem a mecanismos de operações e os itens 6 e 8 sobre o relacionamento e um ambiente seguro.
Sobre os indicadores de resultados, aplicaram-se os mesmos critérios de legitimidade já citados e foram selecionados indicadores encontrados na busca bibliográfica, considerando os de natureza geral, por exemplo como a rede possibilita novos negócios (Emerson et al., 2012), bem como os específicos do negócio têxtil de Juruaia. A tabela 2 expôe a seleção dos indicadores que se consideram adequados e operacionais para a presente pesquisa.
2. Metodologia
A pesquisa se caracteriza por ser um estudo de caso único, com estratégia descritiva e exploratória, de caráter qualitativo e quantitativo, com análise de conteúdo e análises estatísticas descritivas. Sobre o caso selecionado, a cidade de Juruaia foi a primeira a ser legalmente reconhecida pelo governo do Estado de Minas Gerais como um APL. Além disso, os números crescentes do negócio e o poder de atrair compradores de várias partes do Brasil a colocam numa posição de destaque entre os clusters de moda. Um fator que facilita o desenvolvimento do APL é que a maioria dos fabricantes e fornecedores de insumos estão presentes no local. Em Juruaia encontram-se os fatores que determinam um APL: concentração geográfica, presença de fornecedores locais, especialização das empresas, cooperação entre empresas, cultura da comunidade adaptada ao APL e estratégia de resultado orientada para o APL (Aguiar et al., 2017).
Outro fator de distinção e de qualificação do caso para este trabalho é que os próprios lojistas se organizaram para desenvolver o APL, saindo na frente das ações da prefeitura, para inverter uma ordem que costuma ser a dominante em clusters de negócios no Brasil.
Para investigar o APL utilizam-se estratégias descritivas e analíticas (Yin, 2009), que buscam associar os resultados comerciais e sociais da rede de Juruaia com os indicadores de governança colaborativa. O primeiro passo de investigação foi levantar a bibliografia pertinente sobre a associação entre governança colaborativa e os resultados de redes. Os dados indicaram um campo em construção do conhecimento com ausência de modelos e teorias testadas.
O segundo passo foi a construção de indicadores das categorias de governança colaborativa e de resultados. As tabelas 1 e 2, na seção anterior, mostram a conclusão desse esforço. A partir deles foi possivel construir o roteiro de entrevista e o questionário com escala Likert de cinco pontos.
As perguntas e as questões estão orientadas para a investigação da associação entre as duas categorias. Um exemplo de pergunta do roteiro foi: "4.4 Quando tem um assunto que envolve todos os empresários e que precisa ser resolvido, como as decisões são tomadas? Como essa forma de decisão foi combinada? Que efeitos essa regra de decisão causa nos resultados? ".
Esse mesmo tema de processo decisório ficou assim no questionário:
4.4. Quando é para resolver algum assunto que envolve a todos, a nossa forma de decisão é reunir todo mundo para discutir e decidir.
a( )concordo totalmente b( )concordo c( )nem concordo, nem discordo d( )discordo el )discordo totalmente
4.4. A. Fomos nós mesmos que combinamos que seria assim.
a( )concordo totalmente b()concordo c( )nem concordo, nem discordo dí )discordo el )discordo totalmente
Para as entrevistas foram selecionados quatro respondentes que, por suas funcóes, ou posições na rede, foram capazes de responder as questões da pesquisa: 1) representante da diretoria da associação comercial, 2) empresário local, que faz parte do grupo mais antigo e que participou do nascimento da associação, 3) empresário local, que não faz parte desse grupo mais antigo e fundador da associacáo, 4) comprador habitual do APL. Apesar da amostra heterogénea, em quatro entrevistas já se atingiu a saturação (Barcellos Fontanella et al, 2011).
Os questionários foram aplicados em 22 lojistas locais, selecionados pelo sistema de bola de neve (Sedgwick, 2013).
Além dos dados de fontes primárias, coletaram-se dados de fontes secundárias: as publicações da associação comercial de Juruaia em seu site oficial (Aciju, 2023), onde são divulgados eventos e notícias sobre a cidade e seus associados; atas das reunióes da associacáo, relatórios de resultados divulgados pela associação, contratos de parceiras de fornecimento, informação do banco de dados da prefeitura e da associação local, informações de mídia (Lina, 2023; Juruaia, 2023).
Para a análise de dados qualitativos de entrevistas e documentos, seguem-se as regras da análise de conteúdo, com a técnica de análise temática (Bardin, 2016). As respostas sáo organizadas num quadro, mostrando-se as inferências das associações entre elas. Para os dados dos questionários realizaram-se análises não paramétricas (Linebach et al., 2014), para encontrar os clusters e organizar as porcentagens de respostas de concordáncia e de discordáncia em blocos. Os dados das fontes foram triangulados conforme orientações de autores de metodologia (Creswell, 2021; Flick et al, 2004).
3. O caso da rede de Juruaia
Juruaia € um municipio do sudoeste de Minas Gerais, com uma extensão de 219,512 km? e populacáo é estimada em 10,563 habitantes segundo o IBGE (2020), conhecida como a Capital da Lingerie. O município é o terceiro maior polo fabricante de moda íntima do país, devido a que gera cerca de 5000 empregos, com mais de 200 confecções que fabricam em torno de 1.5 milhão de pecas por més.
A ACIJU (Associação de Comércio e Indústria de Juruaia) promove anualmente dois grandes eventos na cidade: a Felinju, criada em 1998 e a FestLingerie, criada em 2005, ambas conhecidas no Brasil pelos empresários do setor. Além dos negócios, essas feiras fomentam eventos culturais com a apresentação de bandas, teatros, danças e grupos de seresta, o que indica a integração entre práticas comerciais e sociais. A ACIJU está no centro dos eventos e do funcionamento do negócio na cidade. Ela foi criada em 1997 e no ano seguinte já realizou a primeira feira Felinju. A criação desse evento é um exemplo de governança colaborativa na rede (as regras construídas para a realização do evento) com resultados sociais e comerciais (uma feira que é atração comercial e também um evento social).
Um dado notável é que as empresas e a própria associação seguem um principio de independéncia do governo local, conforme se verifica nos documentos e discursos. Além dessas duas grandes feiras, existem outros eventos criados pelos lojistas, nos quais se verifica a presenca de a) empreendedorismo dos empresários locais e b) a existéncia de subgrupos de negócios na cidade, como a Toque Brasil e Cámara da Mulher. São subgrupos que decidem ações e que evidenciam a existência da governança colaborativa com vários acordos, arranjos e inovações criados em cada um deles.
A Toque Brasil é um exemplo de sub-rede que cria seus mecanismos e obtém resultados. É um grupo que negocia a compra coletiva de matéria-prima. Um aviamento que custava em média US$2.00 através do grupo é comprado por US$1.00 dólar, exemplo de resultado alcancado pela governanca colaborativa.
Além dos empresários, a rede de Juruaia inclui a Prefeitura, com as Secretarias, o governo do Estado, o Sebrae, que é uma organização que apoia empresários, fornecedores e empresas de apoio. Todos contribuíram para a capacitação dos empresários e seus colaboradores ofertando cursos de costura, modelagem, desenvolvimento de colecáo e ajudando as empresas a se aprimorarem cada vez mais. São ações de qualificação que se associam a melhoria no desempenho nos negócios. A ACIJU aparece regularmente como o ator central dessas ações.
Entrevista técnica realizada com um ator que é uma lideranca feminina local mostrou que os empresários conhecem e seguem alguns princípios do cooperativismo e associativismo, sendo a empresária incentivadora e mentora do empreendedorismo local. A empresária idealizou a formacáo da ACIJU, foi seu primeiro presidente e criou a maior feira de lingerie da cidade. Ela é líder e incentivadora do trabalho em parceria na cidade.
A difusão dos princípios cooperativos e associativos dessa empresária impulsionou o progresso do APL, com o principio básico que a união dos empresários é o fator de sucesso do comércio local. Além da importáncia dessa lideranca, os dados indicam que o APL de Juruaia foi desenvolvido a partir do trabalho de outras lideranças que se uniram alternando-se na presidência da associação e buscando ajustes constantes nos modos de negócio na cidade. São movimentos que indicam o desenvolvimento de governanca colaborativa.
3.1. Mapa de ligacoes da rede de Juruaia
Os dados coletados permitiram construir o desenho das ligacóes dos atores, a partir do software UCINET (figura 1). As ligações indicam a liderança de duas industrias de confecções na rede e três associações, sendo os atores centrais da rede.
Essas confecções líderes foram as pioneiras da rede e partiu de iniciativa delas a criação da ACIJU. Outros desdobramentos da ação dos líderes foi a criação da Toque Brasil que é um grupo organizado para compras coletivas de materiais e suprimentos e a CME (Câmara da Mulher Empreendedora), que trata da participação e colaboração social do grupo no município.
O nome Cámara da Mulher Empreendedora deve-se ao fato de a grande maioria dos empreendimentos da cidade serem liderados por mulheres. Esse grupo organiza ações sociais, eventos de promoção à saúde, capacitações, entre outros eventos de promoção social local. A história dessas ações, movimentos e criação de associações é uma evidência da presença da governança colaborativa, pois tudo era criado e ajustado entre os atores.
3.2. Análise das entrevistas
Foram realizadas quatro entrevistas com atores importantes da rede. Sujeito 1:
O sujeito 1 faz parte da diretoria da associação dos lojistas locais e seu discurso foi voltado para a união e trabalho de uma parte dos empresários, que são mais unidos e comprometidos. Ele atribui a organização e o desenvolvimento do comercio local a esse grupo: "temos um grupo pequeno ainda, na casa de dezenas de empresários locais, que se organizaram e trabalham para o crescimento do comercio local".
Em seu discurso relaciona mecanismos de governanga colaborativa com os resultados: "a partir do momento que nos unimos е nos organizamos, foi possivel conseguirmos maior competitividade e melhores resultados frente aos que não quiseram participar do grupo". Explica que vários empresários estão no local agindo pela lógica de mercado e não querem se unir, nem fazer parte da associação.
Entre as acóes coletivas realizadas por esse grupo com lacos fortes, destaca-se a compra coletiva de matéria prima para a produção têxtil. Para realização dessa compra este grupo legalizouse com о nome LC Brasil. Esse grupo é constituído pelos empresários mais antigos e são eles que organizam os eventos e ações sociais ligadas ao comercio local: "nós somos os pioneiros, organizamos todo o comercio local, a associação comercial e criamos diversos eventos para divulgar a cidade".
A tabela 3 registra os indicadores de governança e de resultados mais valorizados no discurso do sujeito e que foram associados tanto no discurso do sujeito quanto nas inferéncias resultantes da análise de conteúdo.
A análise sustenta a proposição da associação entre os dois grupos de indicadores.
Sujeito 2:
É empresário local que faz parte do grupo com laços mais fortes. A linha geral de discurso confirma a ação desse grupo nos resultados alcançados: "nós conseguimos nos unir e montar um grupo que se tornou bastante forte, nós conseguimos comprar juntos e fazer marketing e as nossas decisões são tomadas em conjunto".
No seu discurso associou o ambiente seguro com resultados valorizando os de natureza social. Seu discurso sobre ambiente seguro é sobre baixa incidência de conflitos e competição acirrada, transparência e cooperação. A tabela 4 mostra as associações encontradas na análise de conteúdo.
Tal como na entrevista anterior, existem evidencias de associações entre indicadores das duas categorias.
Sujeito 3:
O sujeito 3 é empresário da rede e não faz parte do subgrupo com laços mais fortes. Seu discurso é de estar excluído do grupo dominante sem as vantagens só acessíveis a esse subgrupo: "alguns empresários aqui tem uma panela e acabam tendo vantagem em relação à nós que estamos fora, em geral eles são daqui mesmo e acabam decidindo quase tudo porque eles tem o apoio da prefeitura e da associação comercial".
O entrevistado discursa sobre as diferenças comerciais quando se está dentro ou fora desse subgrupo: "nós que viemos de fora, temos algumas desvantagens como por exemplo o valor dos alugueis dos imóveis comerciais que são muito caros enquanto os mais antigos são donos do seu ponto e isso faz com que eles possam ter preços mais atraentes".
Esse discurso de oposição ao subgrupo dominante reforça a evidência de uma governança localmente construída ("eles decidem tudo") em associação com resultados comerciais (por exemplo, os custos de aluguel) e sociais (relações sociais fortes e antigas facilitando negociações). As associações encontradas são apresentadas na tabela 5.
Sujeito 4:
О sujeito é comprador habitual na cidade e conhece as rotinas, regras e relacionamento entre os atores. Sua linha geral de discurso converge com o do entrevistado 1 ao afirmar que sempre procura os lojistas que fazem parte do grupo organizado: "eu e os demais compradores sempre buscamos fazer nossas compras com os mesmos lojistas x, y, z (lojistas mais antigos e/ou que fazem parte do subgrupo LC Brasil) porque eles oferecem os melhores produtos e preços". O sujeito comentou sobre a relação de confiança com os lojistas selecionados, a qualidade do produto e facilidades de entregas. Os exemplos indicam que a força dos lacos se estende para além do subgrupo até chegar aos seus compradores.
A entrevista adicionou uma variável não listada anteriormente, que é a relação com o consumidor. Nesse caso, o indicador 4 de governanca colaborativa "Mecanismos de operação" apareceu associado aos indicadores "A.2 Melhorias de processos", "A.3 Oferta de novos produtos" e "A.4 Oferta de servicos".
A análise do conjunto das entrevistas revelou evidéncias que quando um grupo desenvolve a governanca colaborativa, como o caso do subgrupo LC Brasil, surgem melhorias sociais e comerciais, quando se compara com o outro grupo com atuacáo comercial tradicional. Dessa forma a existéncia desse subgrupo sustenta a proposição deste trabalho.
3.3. Apresentação e análise dos questionários
Foram obtidas 22 respostas: 19 proprietários de lojas, 1 da associação local, 1 do governo e 1 prestador de servico. A sequéncia de itens do questionário coloca uma questáo sobre a existéncia da governança e logo em seguida a afirmativa sobre os próprios atores terem construído essa governanca.
As respostas foram tabuladas numa planilha Excel. A partir dessa matriz construiu-se outra planilha com as somas das frequéncias das respostas para cada ponto da escala: Concordo totalmente- código cd_tot; Concordo-código cd; Nem concordo, nem discordo código nem/nem; Discordo- código dc; Discordo totalmente código dc_tot. Os dados foram organizados em três planilhas, uma sobre a presenca da governanca, outra sobre a governanga colaborativa e uma terceira sobre os resultados comerciais, sociais e rearranjos da rede.
Para facilidade de visualização, construiram-se os gráficos dessas três planilhas, apresentados a seguir. O primeiro conjunto de gráficos mostra a presença da governança (gráfico 1).
O conjunto de dados revela a dispersão nas respostas de concordância e de discordância. Os indicadores 2 (coordenação), 4.2.1 (agenda de reuniões), 4.3 (compartilhamento de informações), 4.4 (modo de decisão), 4.5 (transparência), 5.1 (acesso à informação) e 7 (equidade) apresentam dominância de concordância. Já os indicadores 1 (critérios de inclusão e exclusão), 3 (controles), 4.2.2 (desenvolvimento de novas tecnologias) e 4.7 (regras de participação) apresentam dominância de discordância. Os indicadores 6 (incentivos e recompensas) e 8 (ambiente seguro) não tem dominância estabelecida.
Sobre os indicadores com resultados de discordância 1 e 3 é possível inferir sua proximidade. Na visão dos respondentes não existem controles claros (item 3), incluindo os critérios de inclusão e exclusão (item 1). Com o mesmo raciocínio pode-se aproximar os indicadores 5.1 e 7 no sentido de transparéncia e acesso as informacóes. Os resultados dos indicadores 4.2.2 e 4.7 mostram que náo há acordo sobre formas de se trabalhar em conjunto, por exemplo sobre preços dos produtos. Esta linha de discordáncia é coerente com a discordância dos indicadores 1 e 3.
O conjunto dos indicadores aponta para auséncia de alguns mecanismos de controles e incentivos que poderiam facilitar as ações coletivas, tais como о 8.1 (cumprimento das regras) e 8.2 (uniáo do grupo).
Em seguida, no gráfico 2 apresentam-se os resultados sobre as respostas de criação dos mecanismos feita pelo próprio grupo. A resposta "concordo totalmente", por exemplo, significa que aquele indicador foi criado ou ajustado pelo próprio grupo.
Tal como no caso anterior, os dados apresentam variação de dominância de concordância e discordáncia. Coerente com as respostas do bloco anterior, os indicadores 1 e 3 apresentam domináncia de discordáncia. Considerando os indicadores com domináncia de concordáncia, tais como 2.1a, 2.2, 4.2.1a, 4.4a, 5.1a, 6.2a e 7, pode-se afirmar que os atores estáo participando das decisões de ações coletivas. Por outro lado, os indicadores com dominância de discordância tais como 3, 4.2.2, 4.7a e 6.1a mostram os limites de participação dos atores.
Analisando-se os dois conjuntos de gráficos pode-se afirmar que existem esforcos de formação de um grupo unido e coeso, que decide as regras, mas também existem atores que pouco participam, ou pouco se comprometem com as decisoes do grupo mais atuante. A análise é coerente quando se lembra que existem grupos distintos na cidade, um mais coeso e ativo e outro mais disperso.
Analisando-se os dois conjuntos de gráficos pode-se afirmar que existem esforços de formao de um grupo unido e coeso, que decide as regras, mas também existem atores que pouco participam, ou pouco se comprometem com as decisões do grupo mais atuante. A anlise é coerente quando se lembra que existem grupos distintos na cidade, um mais coeso e ativo e outro mais disperso.
O gráfico 3 apresenta os resultados dos indicadores de resultados.
O gráfico dos resultados comerciais assinala dominância de concordância. Independentemente de criarem ou não regras, os respondentes afirmam melhorias nos resultados de negócios. A mesma domináncia se observa no gráfico sobre resultados de rearranjos. Os respondentes declaram que o grupo de lojistas se adapta ás mudanças, troca informações e se capacita no uso de recursos.
O gráfico dos resultados sociais evidencia que quando se trata de responsabilidade social, sustentabilidade e capacitação os respondentes concordam que a situação vem melhorando (indicadores b2, b.3.1, b.3.2 e b.4), mas quando se trata de relacóes sociais a resposta é que ela náo ocorre e nao se desenvolve no grupo (indicadores b1 e b5). Utilizando a abordagem social como base para a emergência da governanca colaborativa, pode-se afirmar que o grupo encontra dificuldades em desenvolver a rede de relacionamentos que possibilita a discussão de regras e obtenção de resultados.
A coesão social é mais restrita ao grupo mais antigo e fundador da associação. Como os dados foram obtidos em questionário online, sem identificação, não foi possível realizar a análise de cluster, mas pode-se supor que os respondentes do grupo mais ativo provavelmente são os responsáveis pela frequência de concordância nos itens bl e b5. Em outras palavras, a possível existência de um cluster "grupo mais unido" versus "grupo mais amplo e não muito unido" poderia explicar a variação de frequéncias nesses indicadores sociais e também nas respostas sobre governanca colaborativa.
3.4. Resposta da pesquisa
Triangulando-se os dados obtidos e o gráfico gerado pelo Ucinet, verifica-se que a rede de Juruaia apresenta um subgrupo no centro, com lacos fortes, com evidencias de governanca colaborativa e sua influéncia nas trés categorias de resultados.
Existe outro grupo na rede, cujos atores agem em funcáo de uma visáo de mercado, mais do que de propósitos coletivos, mas gostariam de participar do grupo mais fechado. Há um terceiro grupo de empresários com menos tempo no negócio, de trés a quatro anos na cidade, que agem essencialmente numa lógica de mercado, não fazem parte da associação e se instalaram na cidade buscando a oportunidade de negócio.
A existência desses três grupos distintos nas suas conexões e participação na rede, cuja representação gráfica está clara na figura 1, pode explicar a variação nas respostas sobre a existência de mecanismos e sobre o próprio grupo ter criado esses mecanismos, conforme se verifica nos gráficos 1 a 3. Segundo o objetivo deste artigo, o ponto importante é que o subgrupo mais ativo, que apresenta mais exemplos de governanca colaborativa, é o que obtém melhores resultados comerciais e o que mais gera atividades sociais, o que sustenta a proposição do artigo.
Considerando o conjunto de dados, especialmente as tabelas de associações, criou-se a figura 2, com os indicadores mais frequentes e mais valorizados pelos sujeitos. As linhas pontilhadas mostram as relações que foram verbalizadas nos discursos e as relações inferidas nas entrevistas e nos questionários.
Além desses indicadores mais freguentes, ressalta-se a presença de indicadores novos, tais como o relacionamento com o consumidor, associado aos resultados comerciais. Significa que mesmo náo estando presente na figura 2, algumas associacóes ensejam novos estudos. Artigos sobre o tema de governança coletiva ressaltam essa necessidade de entendermos como mais atores participam das redes de negócios e das políticas públicas (Meijer et al., 2019).
Os resultados sugerem mais estudos sobre redes em clusters onde existem e onde não existem subgrupos dominantes e sua associação com os resultados obtidos. Secundariamente, sugere-se estudos sobre a influência de associacóes comerciais em clusters. No caso de Juruaia, a associação foi fundada por esses atores do subgrupo dominante e € quem centraliza as ações de marketing, de feiras, de eventos sociais reunindo os lojistas da cidade.
Conclusoes
Considerando a raridade de dados empíricos que sustentem a associacáo entre a governanca colaborativa e os resultados das redes, realizou-se uma pesquisa descritiva e exploratória, com dados coletados no caso do APL de Juruaia, no Estado de Minas Gerais, no Brasil. O APL tem características, tais como proximidade geográfica da cadeia de fornecedores, que o credencia como um estudo de caso único.
A partir de análises trianguladas de dados de entrevistas, questionários e documentação, a resposta da pesquisa é que existem evidências da associação entre a governança colaborativa e os resultados comerciais, sociais e de rearranjos da rede. Essa associação aparece mais claramente num subgrupo constituído de empresários que agiram na formação e organização do grupo, o que resulta numa associação. Existe um segundo subgrupo constituído de empresários que legitima o grupo dominante e náo criam problemas e resisténcias, mas também náo participam das decisóes.
Os empresários desse subgrupo mais atuante, com laços mais fortes, obtêm melhores resultados comerciais do que os atores nao associados, porque são mais conhecidos e mais procurados pelos compradores por oferecerem melhores condições. Além disso, são os que organizam os eventos sociais da cidade, as feiras, cursos, campanhas, entre outras acóes. As evidências sustentam a proposição da associação entre a governança construída pelo grupo e os resultados alcancados.
Conforme se verifica na figura 2, algumas associacóes foram mais firmemente estabelecidas pelos dados, em particular os indicadores 2 (coordenação) e 4 (operações influenciando os resultados comerciais e sociais). A matriz de associações na figura 2 constitui uma contribuição teórica relevante e inovadora, visto que abre o caminho para novas pesquisas.
O artigo oferece um benefício metodológico valioso - a matriz de indicadores - que se mostrou operacional e confiável, isto é, as questóes foram entendidas e discriminaram subgrupos. A matriz está pronta para ser replicada em novas pesquisas.
A pesquisa mostrou que alguns indicadores náo privilegiados na matriz original apareceram como significativos e poderiam ser adicionados em trabalhos futuros. Por exemplo, o género do empreendedor é importante, lembrando que é um negócio de moda íntima mais atrativo para mulheres. Existem movimentos, tais como a Cámara da Mulher Empreendedora, que destacam a releváncia do género na rede.
Tendo em conta os possíveis impactos sociais e económicos, о trabalho é fundamental e se justifica por assinalar um caminho de análise sobre os fatores de sucesso de clusters. O Brasil apresenta muitas iniciativas dessa natureza, mas os dados oficiais, como das Secretarias de Desenvolvimento e do Sebrae e pesquisas (Wegner e Padula, 2012), indicam pouco conhecimento sobre como trabalhar em cooperação.
Na nossa América Latina precisamos conhecer com profundidade como desenvolver regiões e clusters, mesmo que tenhamos que construir nossos próprios modelos. A literatura americana e europeia sobre cluster investiga outras realidades como clusters de tecnologia, de equipamentos, de biomedicina. Aqui nós precisamos olhar para o agronegócio, o turismo, o artesanato, os produtos especiais, que constituem nossa realidade.
Os resultados abrem perspectivas de avanço no conhecimento do tema da governança colaborativa, especialmente em arranjos produtivos locais, com ou sem associações.
Recebimento: 4 de marco de 2021 / Aceitação: 22 de junho de 2023 / Publicação: 19 de dezembro de 2024
COMO CITAR: Giglio, Ernesto; Cruz, Lidia y Deroldo, Andréia (2024). Associação entre governança colaborativa e os resultados nas redes: o caso de Juruaia/Brasil. Economía, Sociedad y Territorio, 24(76): el846. http://dx.doi.org/10.22136/est20241846
Resumos curriculares
Ernesto Giglio. Doutor em Administração pela Universidade de Sao Paulo, Brasil. Atualmente é professor-pesquisador do Programa de Pós-Graduação ет Administração da Universidade Paulista (UNIP). Membro do Red Pilares e Ciriec. Sua linha de pesquisa atual é o estudo da governanca na formação, desenvolvimento e permanência de redes de negócios e de políticas públicas. Suas últimas publicações incluem, em coautoria: Mapping the problems and challenges of intertwines between recycling and technology. Environmental Development, 51, 101035 (2024), An opinion on adaptive governance and management in water resources restoration projects. Restoration Ecology, 32(8), el4281 (2024) e The governance of e-waste recycling networks: Insights from Sáo Paulo City. Waste Management, 161, 10-16 (2023). Correio eletrónico: [email protected]
Lidia Cruz. Doutora em Administração pela Universidade Paulista (UNIP). Especialista em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Ciéncia e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Brasil. Atualmente é Gestora de Planejamento do Ministério de Planejamento do Brasil. Sua linha de pesquisa é o estudo da governança na formação e permanência de redes de negócios e de políticas públicas. Uma de suas últimas publicações sobre o tema, em coautoria, é Governanca colaborativa na gestáo de redes pública. Revista de Administração Faces, 21(2), 47-67 (2022). Correio eletrônico: [email protected]
Andréia Deroldo. Mestre em Administração pela Universidade Paulista (UNIP). Especialista em relações sociais em grupos; professora de gestão de pessoas em administração da UNIP. Sua linha de pesquisa é o estudo das relações sociais em redes de negócios e de políticas públicas. Uma de suas últimas publicacóes sobre o tema, em coautoria, é A governanca construída localmente como base conceitual para a gestão de projetos de desenvolvimento sustentável, em Daniel L. S. Braga. (Org.), Ш Sustentare & VI WIPIS. Anais do Terceiro Sustentare e Sexto Wipis (pp. 1-15). Even3 (2022). Correio eletrônico: andreiaderoldo1 @gmail.com
Referências
Abreu, Ana Cláudia Donner; Helou, Angela Regina Heinzen Amin e Fialho, Francisco Antônio Pereira (2013). Possibilidades epistemológicas para a ampliação da teoria da administração pública: uma análise a partir do conceito do novo serviço público. Cadernos EBAPE. BR, 11(4), 608-620. https://doi.org/ 10.1590/s1679-39512013000400009
Aciju (Associação Comercial e Industrial de Juruaia) (2023). Site. https://www.aciju.com.br/
Adam, Carla Regina; Oliveira, João Righi e Schmidt, Serje (2008). Proposição de indicadores para avaliação de desempenho de redes de cooperação gaúchas. REDES: Revista do Desenvolvimento, 13(3), 218-240.
Aguiar, Helder de Souza; Pereira, Cristina Espinheira Costa; Donaire, Denis e Tromboni de Souza Nascimento, Paulo (2017). Análise da competitividade de clusters de negócios de varejo: ajuste de métricas através de uma aplicação no cluster varejista de moda do Bom Retiro. REGE - Revista de Gestáo, 24(2), 122-133. https://doi.org/10.1016/j.rege.2017.03.003
Ansell, Chris e Gash, Allison (2008). Collaborative governance in theory and practice. Journal of Public Administration Research and Theory, 18(4), 543-571. https://doi.org/10.1093/jopart/mum032
Barcelar Abbud, Elenice e Tonelli, Danny Flávio (2018). Governança colaborativa: implantação de parques tecnológicos pelo governo de MG. Base - Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, 15(2), 95-110. https://doi.org/10.4013/base.2018.152.02
Barcellos Fontanella, Bruno Jose; Moretti Luchesi, Bruna; Borges Saidel, Maria Giovana; Ricas, Janete; Ribeiro Turato, Egberto e Gusmáo Melo, Débora (2011). Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimentos para constatar saturação teórica. Cadernos de Saúde Pública, 27(2), 389-394.
Bardin, Laurence (2016). Análise de Conteúdo. Ediççs 70.
Bertoli, Nilson César; Giglio, Ernesto; Beltrami, Gabriela e Ravanello, Felipe (2017). Conceptual proposal of trust and commitment as axes computers network states. Espacios, 38(6), 1-16.
Borgatti, Steve; Everett, Martin e Freeman, Lee (2002). Ucinet for Windows Software for Social Network Analysis (ver. 6). https://acortar.link/pOAEIO
Bossel, Hartmut (2001). Indicators for sustainable development: theory, method, applications. International Institute for Sustainable Development. International Institute for Sustainable Development. https://cutt.1y/USVCj7f
Castro, Marcos e Gongalves, Sandro (2014). Contexto institucional de referéncia e governanca de redes: Estudo em arranjos produtivos locais do estado do Paraná. Revista de Administracäo Pública, 48(5), 1281-1304. https://doi.org/10.1590/0034-76121764
Creswell, John (2021). Projeto de pesquisa: métodos quantitativo, qualitativo e misto (5.2 ed.). Penso.
Dicken, Peter; Kelly, Philip; Olds, Kris e Yeung, Henry Wai-Chung (2001). Chains and networks, territories and scales: towards a relational framework for analysing the global economy. Global Networks, 1(2). 89-112. https://doi.org/10.1111/1471-0374.00007
Dyer, Jeffrey; Singh, Harbir e Hesterly, William (2018). The relational view revisited: A dynamic perspective on value creation and value capture. Strategic Management Journal, 3912), 3140-3162. https://doi.org/10.1002/smj.2785
Emerson, Kirk; Nabatchi, Tina e Balogh, Stephen (2012). An integrative framework for collaborative governance. Journal of Public Administration Research and Theory, 22(1), 129. https://doi.org/10.1093/jopart/mur011
Flanagan, John Clemans (1982). Measurement of quality of life: Current state of the art. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, 63(2), 56-59.
Flick, Uwe; Von Kardoff, Ernst e Ines Steinke, Ines (2004). A Companion to Qualitative Research. Sage.
Grandori, Anna (1997). Governance structures, coordination mechanisms and cognitive models. Journal of Management and Governance, 1, 29-47. https://doi.org/10.1023/A:1009977627870
Grandori, Anna e Soda, Giuseppe (1995). Inter-firm Networks: antecedents, mechanisms and forms. Organization Studies, 16(2), 183-214. https://doi.org/10.1177/017084069501600201
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica) (2020, 26 de maio). Caracteristicas gerais dos domicílios e dos moradores: 2019. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua. IBGE. https://cutt.ly/PSVV9pr
Jannuzzi, Paulo de Martino (2014). Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas "sociais no Brasil. Revista do Servico Público, 56(2), 137-160. https://doi.org/10.21874/rsp.v56i2.222
Jones, Candance; Hesterly, William e Borgatti, Stephen (1997). A General Theory of Network Governance: Exchange Conditions and Social Mechanisms. Academy of Management Review, 22(4), 911-945. https://doi.org/10.2307/259249
Jun, Kyu-Nahm e Bryer, Thomas (2017). Facilitating public participation in local governments in hard times. American Review of Public Administration, 47(7), 840-856. https://doi.org/10.1177/0275074016643587
Juruaia (2023). Site. https://encurtador.com.br/3W3In
Keast, Robyn; Mandell, Myrna; Brown, Kerry e Woolcock, Geoffrey (2004). Network structures: Working differently and changing expectations. Public Administration Review, 64(3), 363371. https://doi.org/10.1 111/j.1 540-6210.2004.00380.x
Kim, Saerim e Sullivan, Andrew (2023). Connecting the composition of collaborative governance structure to community-level performance in homeless services. Public Administration Review. 83(4), 734-749. https://doi.org/10.1111/puar.13632
Lina, Carolina (2023, 29 de mayo). Felinju 2023 tem crescimento de 20% en negócios em relação ао ano passado, aponta Aciju. Sul de Minas. https://encurtador.com.br/5X3Fz
Linebach, Jared; Tesch, Brian e Kovacsiss, Lea (2014). Nonparametric Statistics for Applied Research. Springer. https://doi.org/10.1007/978-1-4614-9041-8
Liu, Zhenyu e Zhang, Qunhong (2013). The effects of interorganizational systems on relational governance in the manufacturer-supplier relationship. Contemporary Logistics, 11, 55-62.
Meijer, Albert Jacob; Lips, Miriam e Chen, Kaiping (2019). Open governance: a new paradim for understanding urban governance in an information age. Frontiers in Sustainable Cities, 1, 3. https://doi.org/10.3389/frsc.2019.00003
Milagres, Rosileia das Mercés; Silva, Samuel e Rezende, Otávio (2019). Collaborative governance: the coordenation of governance networks. Revista de Administração FACES, 18(3), 103-120. https://doi.org/10.21714/1984-6975faces2019v18n3art6846
Miles, Raymond e Snow, Charles (1992). Causes of failure in network organizations. California Management Review, 34(4), 53-72. https://doi.org/10.2307/41166703
Minayo, Maria Cecilia (2008). Projeto de investigação. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saÛde. Hucitec Abrasco.
Monteiro, Mario; Oliveira, Marcelle; Marcon, Rosilene e Alencar, Roberta Carvalho (2014). External corporate governance mechanisms: mergers and acquisitions on the Brazilian market. Revista de Gestão Finanças e Contabilidade, 42), 4-19. https://encurtador.com.br/gLat1
Nohria, Nitin e Eccles, Robert (1990). Networks and Organizations: Structure, Form and Action. Harvard Business School.
Pereira, Érico Felden; Teixeira, Clarissa e Pereira, Anderlei dos Santos (2012). Qualidade de vida: abordagens, conceitos e avaliação. Revista Brasileira de Educação Fisica e Esporte, 26(2), 241250. https://doi.org/10.1590/s1807-55092012000200007
Popering-Verkerk, Jitske van; Molenveld, Astrid; Duijn, Michael; van Leeuwen, Corniel e Van Buuren, Arwin (2022). A framework for governance capacity: a broad perspective on steering efforts in society. Administration & Society, 54(9), 1767-1794. https://doi.org/gr5tvv
Prentice, Christopher; Imperial, Mark е Brudney, Jeffrey (2019). Conceptualizing the collaborative toolbox: a dimensional approach to collaboration. American Review of Public Administration, 49(7), 792-809. https://doi.org/10.1177/0275074019849123
Provan, Keith e Kenis, Patrick (2008). Modes of network governance: Structure, management, and effectiveness. Journal of Public Administration Research and Theory, 18(2), 229-252. https://doi.org/10.1093/jopart/mum015
Roth, Ana Lúcia; Wegner, Douglas; Antunes, José António e Padula, Domingos (2012). Diferencas e inter-relacóes dos conceitos de governanca e gestáo de redes horizontais de empresas: contribuições para o campo de estudos. Revista de Administração, 47(1), 112-123.
Rousseau, Denise (1989). Psychological and implied contracts in organizations. Employee Responsibilities and Rights Journal, 2(2), 121-139. https://doi.org/10.1007/BF01384942
Rusbult, Caryl e Van Lange, Paul (2003). Interdependence, Interaction, and Relationships. Annual Review of Psychology, 54, 351-375. https://doi.org/10.1146/annurev.psych.54.101601.145059
Santos, Adriana; Fazion, Cintia e Meroe, Giuliano (2011). Inovação: um estudo sobre a evolução do conceito de Schumpeter. Caderno de Administração, 5(1), 1-15.
Saz-Carranza, Angel e Vernis, Alfred (2006). The dynamics of public networks: A critique of linear process models. International Journal of Public Sector Management, 195), 416-427. https://doi.org/10.1108/09513550610677753
Sedgwick, Philip (2013). Snowball sampling. BMJ British Medical Journal, 347, 1-15. https://doi.org/10.1136/bmj.f7511
Span, Kees; Luijkx, Katrien; Schols, Jos e Schalk, René (2012). The relationship between governance roles and performance in local public interorganizational networks: a conceptual analysis. American Review of Public Administration, 422), 186-201. https://doi.org/10.1177/0275074011402193
Thomson, Ann Marie e Perry, James (2006). Collaboration processes: inside the black box. Public Administration Review, 66(1), 20-32. https://doi.org/10.1111/j.1540-6210.2006.00663.x
Webster, Premila e Sanderson, Denise (2013). Healthy cities indicators-a suitable instrument to measure health? Journal of Urban Health, 90, 52-61. https://doi.org/10.1007/s11524-011-9643-9
Wegner, Douglas; Durayski, Juliana e Verschoore Filho, Jorge (2017). Соуегпапса e eficácia de redes interorganizacionais: comparação entre iniciativas brasileiras de redes de cooperação. Desenvolvimento em Questão, 15(41), 275-302. https://doi.org/10.21527/22376453.2017.41.275-302
Wegner, Douglas e Padula, António D. (2012). Quando a COOPERAçãO falha: um estudo de caso sobre o fracasso de uma rede interorganizacional. RAM. Revista de Administração do Mackenzie, 13(1), 145-171. https://doi.org/10.1590/S1678-69712012000100007
Wegner, Douglas e Verschoore, Jorge (2022). Network Governance in Action: Functions and Practices to Foster Collaborative Environments. Administration & Society, 54(3), 479-499. https://doi.org/10.1177/00953997211024580
Whitaker, Elizabeth (2017). A Macat Analysis of Marcel Mauss's The gift: The form and reason for exchange in archaic societies. Routeledge. https://doi.org/10.4324/9781912281008
Williamson, Oliver (2019). Transaction-cost economics: The governance of contractual relations. The Journal of Law and Economics, 22(2), 233-261. https://doi.org/10.1086/466942
Yin, Robert (2009). Case study research: design and methods, essential guide to qualitative methods in organizational research. Sage Publications. https://doi.org/10.1097/FCH.0b013e31822dda9e
Zaheer, Akbar; Gozubuyuki, Remzi e Milanov, Напа (2010). It's the connections: the networks perspective in interorganizational research. Academy of management perspectives, 24 (1), 6277. https://doi.org/10.5465/amp.24.1.62
Zaheer, Akbar e Venkatraman, Noa (1995). Relational governance as an interorganizational strategy: An empirical test of the role of trust in economic exchange. Strategic Management Journal, 16(5), 373-392. https://doi.org/10.1002/smj.4250160504
You have requested "on-the-fly" machine translation of selected content from our databases. This functionality is provided solely for your convenience and is in no way intended to replace human translation. Show full disclaimer
Neither ProQuest nor its licensors make any representations or warranties with respect to the translations. The translations are automatically generated "AS IS" and "AS AVAILABLE" and are not retained in our systems. PROQUEST AND ITS LICENSORS SPECIFICALLY DISCLAIM ANY AND ALL EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES, INCLUDING WITHOUT LIMITATION, ANY WARRANTIES FOR AVAILABILITY, ACCURACY, TIMELINESS, COMPLETENESS, NON-INFRINGMENT, MERCHANTABILITY OR FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. Your use of the translations is subject to all use restrictions contained in your Electronic Products License Agreement and by using the translation functionality you agree to forgo any and all claims against ProQuest or its licensors for your use of the translation functionality and any output derived there from. Hide full disclaimer
© 2024. This work is published under https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ (the “License”). Notwithstanding the ProQuest Terms and Conditions, you may use this content in accordance with the terms of the License.
Abstract
This paper proposes that collaborative governance is at the heart of network development and influences results. Qualitative and quantitative research was carried out, analyzing the unique case of the local underwear cluster in Juruaia, Minas Gerais, Brazil. Indicators were constructed for the interviews and questionnaires. The data supported an influence of collaborative governance on both commercial and social results, mainly because of the strong ties of a sub-group of actors who decide the business direction in the city. The article supports and reinforces the importance of research into collaborative governance and provides a matrix of operational and reliable indicators.