A Confirmaçâo da Hegemonía ? o rie- America na?
Objetivo deste artigo é utilizar perspectivas pós-positivistas nas relaçoes internacionais, em conjunto com alguns outros temas e questoes, para ampliar o debate atual sobre segurança em urna ordern mundial em transformacäo. Deve ser dito a priori que qualquer tentativa desse tipo é, por natu reza, mais heurística que presentiva. Os temas referem-se à internacionalizaçâo e socîalizaçâo de práticas coletivas políticas e económicas e às formas de pensar a efas associadas - especialmente sob a influencia da política externa recente dos Estados Unidos; as questöes sao as que têm conexäo com preocupaçôes sobre formas de poder e igualdade, principalmente no que diz respeito às disparidades tanto no interior dos países como entre eles, parte do que foi chamado de "cultura do capitalismo pobre".1
Durante 45 anos, a teoría sobre relaçoes internacionais esteve dominada pela linha "realista" de pensamento, essencialmente conservadora, altamente influente e, principalmente, produzida por académicos anglo-americanos cujo principal interesse se voltava à ameaça de urna guerra nuclear e ao confuto soma zero entre as duas superpotêneias e suas ideologías.2
Apesar do colapso do sistema internacional bipolar, a corrente mais importante de policy-makers nos Estados Unidos, a maîoria dos quais adotou o realismo como profissäo de fé nos últimos anos, ainda näo sentiu a necessidade de fazer reajustes teóricos ou conceituats significativos em sua forma de pensar.3 Na área académica, no entanto, as reiaçôes internacionais vêm sendo submetidas à urna certa revoluçâo.4
De fato, urna característica curiosa das Ciencias Sociais neste começo de década é a clara divergencia entre, por um lado, o consenso crescente no. discurso público de política internacional sobre idéias básicas como soberanía territorial, liberdade individual, democracia eteitoral e livre mercado e, por outro, o múltiplo dissenso na teoria sobre reiaçôes internacionais quanto a conceitos básicos como nacáo, soberanía, anarquía e segurança.
Enquanto "o socialismo realmente existente" saia humiihantemente de cena e, ñas palavras de Samuel Huntington, "urna terceira onda" de países envolvia-se em novas experiencias democráticas - inspirando especulaçôes impetuosas sobre um 'lim da historia" pos-ideológico -, a teoría das reiaçôes internacionais foi sendo transformada por um grupo de intelectual que insistía em criar um novo debate entre paradigmas opostos, advogando a "ceiebraçâo da diferença", e, em alguns casos, chegando ao cúmulo de se proclamar "dissidentes em exilio".5
Urna forma de explicar esse paradoxe é afirmar a irrelevância de ginásticas intelectuais para o mundo "real", e seguir adiante. Pode-se argumentar, no entanto, que, dadas as circunstancias atuais, a teoría das reiaçôes internacionais esta se tornando cada vez mais relevante, e que dentro de certos limites sua nova diversidade é um recurso para a análise crítica de verdades acabadas e do saber convencional daquîlo que tem sido chamado de "neolîberalismo disciplinar", um fenòmeno que já demonstrou a forte influencia do sistema internacional e da economia mundial sobre o desenvoivimento do policy-making nacional ñas áreas económica, política e social.6
A necessidade de urna crítica tem como causa principal a incrível limitaçâo dos termos do debate que cerca as discussöes sobre as mudanças no sistema internacional pós-Gu erra Fria. Podemos aquí selecionar duas manîfestaçôes principáis dos anos 80 que explicariam urna aparente convergencia de pontos de vista, que pode ser encontrada especialmente - mas näo somente - em Washington..
A primeira é urna interpretaçâo ampiamente aceita do porqué do firn da Guerra Fria, algo assim como: se o sistema deles perdeu, entäo o nosso ganhou. Tal afîrmaçâo só näo seria questionável se feita em termos puramente competitivos, ou seja: o fracasso tota! do socialismo - vinculado à impossibilidade de administrar milhares de preços relativos e ao fenómeno da repressäo política a ele relacionado - deixa o campo livre para o capitalismo democrático. No entanto, como lógica proposícional o argumento triunfalista toma a forma da declaraçao: "se nao é p, entäo é q", forma essa que, segundo a literatura, pode - ou näo - ser verídica. Deixando de lado, por enquanto, o fato às vezes ignorado de que há muitos "capitalismos" - incluindo as chamadas variantes comunitarias de alguns países da Europa, Japäo e Canadá -, fica claro que o "triunfo" deste surgiu como resultado da presente exaustäo de possibilidades socio-económicas concretas, e näo da "descoberta" de urna lei científica ou histórica. O objetivo aquí näo é argumentar contra a economia baseada no mercado- afinal, a falta de alternativas imediatas é tanto aparente como constrangedora -, mas sim enfatizar a natureza provisoria do período que se segue à Guerra Fría.
A segunda manîfestaçâo, que alias é anterior à primeira, também vem sendo considerada um triunfo: o "triunfo" da economía neoclàssica, mais comumente conhecida como neoliberalismo. Descreve-se esse fenómeno como sendo a transformaçâo radical da política económica na América Latina, África e Asia, medíante o abandono de principios estafetas voltados para o pròprio país, para adotar aqueles considerados necessários à racional izacáo do mercado, à estabilidade da macroeconomia e ao crescimento. A convergencia, neste caso, administrada peio Fundo Monetario Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial, torna-se clara quando o termo "feceita" é utilizado para descrever um conjunto de medidas de estabilîzaçâo e ajustamento que, típicamente, incluí desvalorizaçâo e taxas de cambio baseadas no mercado, reformas fiscais, controle de liquidez, arrocho salaria!, elimînaçao de subsidios, desíndexaçâo, liberalîzaçâo comercial, incentivo aos investimentos estrangeiros, prívatizacao e a criaçao de incentivos para o desenvolvimento do setor privado.7
Diversas explîcaçôes podem ser dadas de antemäo para a onîpresença das políticas económicas neoliberais. Talvez a mais importante esteja relacionada ao fato de que o sentimento generalizado de fracasso da îndustrializaçao por substituiçao de importaçôes foi logo acompanhado pela recessäo global do inicio da década de 80 e pela explosäo da crise da divida externa. Além disso, a internacîonalizaçao da produçâo e das áreas financera e cambiai, e o aumento da competitividade tomaram mais premente um novo modelo de crescimento. Este fato propiciou urna abertura para os tecnocratas adeptos da teoria econòmica neoliberal, vinculados ao Estado, cujos pontos de vista coincidiam oportunamente com os das instituiçôes financeîras multilateral, do setor industrial e dos bancos comerciáis.8 Em outras palavras, é mais fácil explicar a reestruturaçâo económica neoliberal como urna consequência - históricamente contingente - de fatores sócio-económicos em grande escala, do que como resultado de urna ínspíracao súbita baseada em urna leitura retrospectiva de Adam Smith.
O pano de fundo político quase-contemporâneo para esses acontecimentos é a expansäo da democracia pelo mundo. Entre 1 970 e 1 990 - levando-se em conta apenas as naçôes com mais de um milhäo de habitantes -, cerca de 32 países fízeram suatransîçâo para a democracia.9 Há, sem dúvida, ínúmeras causas para esse fenómeno mas, segundo urna exausttva e erudita pesquisa recente,10 o faíor mais importante foi, provavelmente, o crescimento numérico da classe trabalhadora e a conséquente reducá o da classe latífundiária. Em todo caso, pelo fato de muitos acreditarem que mercados livres conduzem à liberaiizaçâo política e vice-versa, a coincidencia de democracias eleitorais com reformas orientadas para o mercado ficou parecendo peça de quebra-cabeça que se encaixa em seu respectivo lugar. Esse tipo de pensamento contribuiu para o constrangimento que cercou o relativo silencio da administraçâo Bush sobre as deficiencias no processo de democratizaçâo do México - embora houvesse, sem dúvida, motivos tangíveis e prementes ligados à aprovaçâo no Congresso norte-americano do Acordo Norte-Americano de Livre Comercio (NAFTA). Em outras palavras, o NAFTA foi considerado, quase que por defîniçâo, como urna contribuiçâo para a democracia.
O firn da Guerra Fria, a implementaçâo da reestruturacäo neoliberal e a expansáo da democracia deram à administraçâo Bush pouca motivaçao para reavaliar seus principios básicos de política exterior. Embora o discurso do presidente americano ao Congresso, em setembro de 1 990, intitulado "Em Dîreçao a urna Nova Ordern Mundial", tenha gerado urna industria doméstica de análises académicas e eruditas sobre urna nova ordern mundial, urna leitura mais detalhada do mesmo deixa claro que o conceìto subjacente de seguran ça nada mais é que a idéia de inîegridade territorial, facilitada pela cooperaçao nas Naçoes Unidas, de urna Uniäo Soviética enfraquecîda, e fundamentada na afirmativa de que "[...] nao há substituto para a liderança americana"»11
Até abril de 1992, nem o Conselho de Segu ranca Nacional nem a equipe responsável pelo pianejamento político do Departamento de Estado tinham realizado urna revisäo sistemática da política externa como resposta ao firn da Guerra Fria.12 Logo em seguida, o secretario de Estado, James Baker, conclamou a urna política externa baseada no "compromîsso coletivo" e nos "idénticos pilares da liberdade política e económica", acentuando que "o mundo nos confia o poder".13 Também isso pareceu sersimplesmente urna extrapoiaçâo do tipo de consulta hegemônica praticada durante a Guerra do Golfo.
Outra provada continua adesäo de Washington ao paradigma do realismo político surgiu na primavera de 1 992, durante a polémica sobre a revisäo "sob pressäo", feita pelo Pentágono, de seu "Guia de Pianejamento de Defesa para os Anos Fiscais de 1994-1999", o quai, originalmente, demandava políticas cujo objetivo era impedir que, nao somente as naçoes renegadas do Sul, mas também outras naçoes industrializadas "procurassero subverter a ordern econòmica e política estabelecida", ameaçando, assîm, a hegemonía norte-americana.14
A Desigualdade e a Hegemonía em Gramsci; Perspectivas a partir da Teoria Crítica
A ordern político-económica estabelecída é o ponto de partida para o debate das abordagens pós-positívistas das relaçôes internacionais por ser este o tema que mais as preocupa. Antes de mais nada, porém, algo deve ser dito a respeto do sentido exato do termo "pos-positivismo".
O positivismo aplicado ao método científico considera a ciencia como a única forma válida de apreensäo e os fatos enquanto únicos objetos passíveis de conhecimento. Tal método sustenta a ruptura radical entre a observaçao empírica e as asserçoes teóricas. Deste modo, consîderaçôes filosóficas nao teriam relevancia para as disciplinas empíricas e a teoría só poderia ser avaliada com base nos dados empíricos, e o desenvolvimento científico seria linear, progressivo e cumulativo.
O pós-positivismo, por sua vez, enfatiza que os dados empíricos nunca sao fatos "brutos", mas sao "polidos" pela teoria, ou seja, os fatos nunca podem ser separados dos valores; que os progressos da teoría nao se däo de maneira cumulativa e sim desordenadamente, à medida que mudam as formas de pensamento; e que as ciencias - principalmente as humanas, como as ciencias económicas e políticas - sao inevitavelmente construçôes sociais da realidade.15 Dessa forma, da perspectiva pós-positivista» a crença triunfalista na disseminaçâo mundial de urna forma de política e de economia "pós-ideológicas" nao é e näo pode ser justificada. Ou, como diría o crítico inglés Terry Eagleton, nos finalmente chegamos à "ideologia do firn da ideologia".16 È precisamente a reduçâo desnecessária do campo do pensar, representada por essa idéia, que, de alguma forma, incentivou os escritos pos-positivistas sobre relaçoes internacîonaîs.
A divisäo Norte-Sul é obvia (apesar de que, em virîude das recentes mudanças na geografia politica, eia pode ser vista como a divisäo entre as culturas dos capitalismos pobre e próspero). As assimetrias estatísticas do bem-esíar humano nos sao familiares, porém aínda nos surpreendem. Por exemplo: a distribuiçâo mundial da renda é de tal ordern que 77% da populaçâo mundial recebe só 1 5% da renda global; o PNB mèdio per capita no Norte é 1 8 vezes superior ao do Sul; e, com base em algumas projeçoes, a distribuiçâo da populaçâo no ano 2000 será da ordern de 4,9 bilhôes de habitantes nos países em desenvolvimento contra apenas 1,3 bilhäo ñas naçôes industrializadas.17
Bastante significativa, também, é a divisäo entre os capitalismos pobre e próspero dentro dos próprios países, e isto ocorre näo apenas no Sul, onde a "década perdida" da América Latina, nos anos 80, registrou quedas absolutas no PNB, acompanhadas de maior desígualdade e polarizaçâo social.18 E tampouco foi somente nos Estados Unidos que se deram mudanças na distribuiçâo da renda (como a ampiamente divulgada entre 1977 e 1987, período no quai a renda de 1 0% da populaçâo mais pobre caîu 1 0,5%, ao passo que a da classe alta subiu 74,25%). Também na Inglaterra e no Japäo foram verificadas tendencias semelhantes.19
As desigualdades observadas no sistema internacional e na economía mundial constítuem a problemática básica de urna das duas principáis abordagens pos-positivistas no que se refere à análise das relaçôes intemacíonais, ou seja, a teoría crítica.20 Esta teoria considera, como raison a" être, a necessidade de se alterar a ordern político-económica estabelecida. A teoría crítica utiliza-se das análises marxista e weberiana da sociedade moderna, porém, ao contràrio de Marx, considera que a democracia politica é um fenomeno positivo e näo meramente ideológico e, discordando de Weber, vê a lógica da democracia potencialmente autonoma da iron cage ("jaula de ferro") da racionaiizaçâo.21 Examina também as contradiçoes e os confutes entre Estados-naçâo, no interior dos Estados-nacáo e nas relaçôes sociais. Mais específicamente, a teoría crítica usa très categorías analíticas principáis que interagem reciprocamente: o grau de hegemonía na ordern mundial, as formas predominantes de governo e as forças sociais relacionadas à produçâo.22 Examinam-se mudanças nessas categorías para averiguar se as forças contra-hegemônicas estâo aumentando ou diminuindo.
A partir dessa perspectiva, estäo em jogo consíderáveis tensöes no sistema internacional surgidas por ocasiäo da crise económica mundial de 1973. Vista de urna forma bastante esquemática, a situaçao pode ser assim explicada.23 As pressöes inflacionarias tiveram inicio em 1973 em conseqüencia do dramático aumento do preço do petróleo pela Organîzaçao dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP); do crescimento de mercados näo-regulados de eurodólares, nao sujeitos a tetos de taxas de juros; e do colapso do sistema de taxas de cambio fixas, baseadas no ouro, iniciado em Bretton Woods. A înflaçao instituiu salarios mais altos nos países industrializados, onde os sindicatos aínda permaneciam relativamente fortes. Ao mesmo tempo, as economías emergentes do Japäo e da Alemanna Ocidental tornavam-se mais competitivas, forcando a queda das margens de lucro de outras países. A partir dai, os empresarios viram-se diante de trabalhadores com salarios elevados, por um lado, e da concurrencia estrangeira, por outro.
Os governos também ficaram sob pressäo, na medida em que a criaçâo de diversos subsidios sociais ajudou a produzir crises fiscais no mesmo. O Estado de Bem-Estar, que tinha sido visto como a grande soluçâo para os conflitos sociais, passou a ser criticado como "a doença daquilo que ele pretendía curar", desestimulando o trabalho e o investimento.24 Na América Latina e em outros continentes, a necessidade de manter o frágil crescimento levou a empréstîmos maciços de petrodólares reciclados. Empréstimos necessários para cobrir o déficit orcamentário dos Estados Unidos elevaram as taxas de juros, agravando a crise da divida externa. A economia mundial foi desacelerada pela estagflaçâo e pela recessäo.
No inicio da década de 80, tanto nos Estados Unidos como em outros países foram adotadas medidas severas. Houve restriçôes de liquidez, bem como reduçâo de gastos govemam entais, pelo menos seleíivamente; reivindicaçoes trabaihistas íoram rejeitadas; o empresariado recebeu apoio para reestruturar a produçao, utilizando-se cada vez mais do trabalho temporario e sem estabilidade; varias formas de desregulamentaçâo entraram em açâo para estimular os empresarios; e o desemprego foi aceito como um sacrificio necessario para reativar o crescimento e a concorrência. À frente dessas tendencias se encontravam o thatcherismo e o reaganismo» que visavam ao liberalismo económico que, por sua vez, marcou o firn das fórmulas keynesiañas do pos-guerra, no que se refere ao incentivo e à redîstribuiçâo da demanda.
A contrapartida política desses esforços que tentavam conter a erosäo da hegemonía econòmica dos Estados Unidos foi um aumento das despesas no setor militar, da guerra por procuraçao na América Central e das investidas armadas contra Granada, Libia e, mais adiante, Panamá e Iraque. A competîçâo económica acirrada entre os países e o avanço tecnológico alcançado ñas décadas de 70 e 80 aceleraram a internacionalízacao dos sistemas de produçao, monetarios e cambiáis. O nivel dessas mudanças e o papel fundamental desempenhado pelas corporaçoes transnacîonaîs ficam claros quando se observa que enquanto a fraçao do comercio mundial oriunda dos países em desenvolvimento (excetuando-se o petróleo) era de aproximadamente 1 3% em 1 988, a quota resultante da comercîalizaçâo entre empresas, por parte das corporaçoes multînacionaîs, oscilava, nesse mesmo ano, entre 30% e 40%.25 Vinculada a essas tendencias estava a vantagem relativa, tanto das corporaçoes multinacionais como do capital move! internacional, sobre as empresas e os investidores nacionais. O poder efetivo do Estado foi corroído tanto por esta vantagem relativa como pela expansäo de práticas comerciáis neomercantilistas, que se ref leti ram ñas dtficuldades encontradas para se chegar a um acordo ñas negociaçôes do Acordo Gérai de Tarifas e Comercio (GATT).
O principal resultado desses acontecîmentos foi o surgîmento explícito de urna entîdade material e conceîtual, cada vez mais conhecîda como "economìa mundial", que passou a ser o centro de referencia para o Estado. Este passa, assîm, a assumir o papel de correia de iransmissäo para a economía mundial, sendo mediador da interaçâo desta com a economia nacional, além de atuar com estreita autonomia, buscando nichos produtivos no contexto do reduzido crescimento mundial, e coordenar um assustador processo de ordenaçâo de fatores relacionados com a estabilidade macroeconômîca.
Na America Latina, a crise econòmica da década de 80 e a passagem para o liberalismo econòmico reduziram ainda mais a autonomia do Estado. Urna pesquisa recente mostra, por exemplo, que enquanto Argentina, Brasil, Chile, México e Venezuela "enfrentaram condiçôes financeras semelhantes ñas décadas de 70 e 80", embora tenham adotado políticas económicas que "divergiam em aspectos importantes",25 a forma de reestruturaçao neoliberal observada na América Latina, na década de 90, foi muito mais uniforme.27\
Em meio às reformas neoliberais que resultaram em altos níveis de desemprego; no enfraquecimento sistemático do trabalho; em urna crescente divisäo hostil entre os trabajadores com vínculo empregatícío e aqueles sem vínculo ftrabalhadores informais"); em urna existencia precaria para funcionarios do setor público; em însegurança, causada pela desreguiamentaçâo; e em mudanças cada vez mais fréquentes de empregos, como consequência da concurrencia em larga escala, aumentaram, sem sombra de dúvida, as patologias sociais e as tensöes, e nao somente no Sul.28 Os disturbios ocorridos em Los Angeles, em abril de 1992, agravados por tensöes étnicas e raciais, sao emblemáticos do potencial explosivo de setores sociais estruturalmente marginalizados e alienados.
No que se refere à expressäo política da sociedade civil, verìfica-se urna crise à esquerda do espectro politico, näo so no Mexico e Estados Unidos, como também na América Latina e, até mesmo, na Europa.29 Substantivamente f alando, trata-se mais precisamente de urna crise dos reformadores sociais situados à esquerda do centro do que da esquerda tradicional Embora o firn da Guerra Fria e a extinçâo da Uniäo Soviética possam ter sido f atores importantes nessa crise, especialmente na Europa, os stalinistas e leninistas declarados eram só uns poucos em 1989. Quase tao significativo tem sido o processo condicionante de crise fiscal, aparentemente permanente, historias de corrupcáo govemamental, a culpabilizacáo de diversos setores "irresponsáveis" da sociedade e os imperativos da concurrencia mundial. Com o keynesianismo e as antigás formas de intervençâo estatal transformados em tabu tanto no plano nacional como na visäo das instituiçôes financeras multinacionais, a única saída para aqueles que desejavam um espaço na economía mundial foi buscar algum nivel de liberalizaçâo da sua economía, sendo totalmente descartado qualquer tipo de estrategia que dependesse predominantemente do desenvolvimento de um mercado interno.
Isso nos conduz a um aspecto da teoría crítica aínda näo mencionado, ou seja, ao uso do conceito gramsciano de hegemonía ideológica. Gramsci viu esta hegemonía näo como a imposiçâo de urna visäo de mundo "vinda de cima", mas sím como urna explicacáo bem-articulada e aparentemente justificável do significado do momento, of erecida por um estrato das classes dominantes e elites políticas. A hegemonía ideológica, quando realizada com sucesso, aparece como sendo parte da ordern natural das coisas, baseada em consentimento e näo na coerçâo.30
Observamos sua relevancia quando lembramos que a maîoria das experiencias de reestruturaçao da economia neoliberal veio com o voto. Podemos afirmar que, deixando de lado por um momento o caso do México, a democracia eieitoral é o suporte da ordern econòmica neoliberal, apesar de as tendencias desta ordern exacerbaren! as desigualdades. Este fato deixa, por vezes, os esquerdistas praticamente emudecidos, queixando-se do consumismo e do controle da mídia que, mesmo reais, acabam nao sendo levados em conta na arena pública. Por esta razáo, nao é difícil, por exemplo, imaginar um cenário para o México, que incluiría avanços na democracia eleitoral, crescimento econòmico e um aumento absoluto no número de pessoas vìvendo na miseria. Nao se trata, de forma alguma, de depreciar a democracia, mas de reafirmar o truismo que a democracia of er ece posibilidades, mas näo garantías, principalmente ñas circunstancias que acabamos de descrever.
Retornando as categorías da teoria crítica, é possível fazer um breve resumo. Em termos da ordern mundial, pode-se dizer que a hegemonía dos Estados Unidos foi reduzida tanto pela erosäo, pós-1 973, do poder económico norte-americano - usou-se a expressäo "depressáo silenciosa"31 -, como pelo fato de que o poder militar perdeu importancia na era pós-Guerra Fría. A isso se acrescem os efeitos enfraquecedores dos processus de internacionalizaçâo da economía mundial. Ácima de tudo, o poder está se tornando "menos fungível, menos coercitivo e menos tangívei".32
Por outro lado, entretanto, a hegemonía dos Estados Unidos parece ter crescido graças a recursos do "poder suave", tais como urna presença marcante na compîlaçâo e divulgaçâo de noticias e dîversoes, na producäo de bens de consumo, ñas inumeras formas de cultura popular33 e sua identificaçâo - apesar do ceticismo de muitos -com a liberdade política e de mercado. A queda dos velhos regimes na Europa Orientai e a desintegracâo da Uniäo Soviética reforçaram aínda mais esses valores e as formas de pensar a eles associadas. Atém do mais, nao há rivais internacionais em perspectiva no cenário contemporáneo. Podemos dizer, entäo, que a hegemonía dos Estados Unidos persiste, especialmente no sentido gramsciano, embora com menos influencia e iorça que no passado.
As formas assumidas pelo Estado no sistema internacional (ou ao menos seus parámetros) parecem estar se estreitando. Deixando-se de lado as singularidades de Cuba, Coréia do Norte e Burma, a gerontocracia da China e talvez, acîma de tudo, os Estados islámicos, a norma vem sendo cada vez mais urna combinaçâo incipiente de liberalismo econòmico e politico. É muìto difícil näo fazer a opçâo por urna economia de mercado aberta, assim como nao ser democrático, pelo menos em termos processuats. Tendo em vista os modelos de redes de comunîcaçâo instantánea em ámbito mundial, as normas, por si mesmas, têm mais poder que no passado. Näo é por acaso que o termo mais recente utilizado por Immanuel Waìlerstein para o sistema mundial seja "geocultura".34
No entanto, no que se refere às forças sociaìs, îdentîfîca-se profunda tensäo e desordem. Parte disso tem a ver com fatores já mencionados-, relacionados com a reduçâo do poder de barganha dos trabalhadores e sua perda de segurança; parte corn a desarticulaçâo das identidades sociaîs, familiares e cognitivas, resultado da combinaçâo de austerîdade e modernizaçâo; parte corn a manîfestaçâo de patologías sociaîs derivadas- o relatório sobre "desenvolvimiento humano" do PNUD, de 1991, contém um gráfico dos países industrializados intitulado "Estrutura Social em Decadencia", no qual os Estados Unidos encabeçam a lista de divorcios, estupros, homicidios e populaçâo encarcerada per capita,35 e, finalmente, parte tem a ver com o que James Rosenau chamou de "o aumento das aptidöes analíticas dos individuos",36 cujos parámetros de referencia sao menos paroquiais e menos estáticos.
Todos esses säo certamente assuntos de preocupaçâo nacional. Daí que nos perguntamos: seráo questöes de seguran ça nacional?, ou até mesmo, urna vez que estamos na era do Estado transnacionaiizado e da economía mundial, de segurança internacional?37 Nao há dúvida de que alguns deles säo demasiado individuáis, psicológicos, subdividídos e abertos para serem considerados como de segurança nacional, mesmo na acepçâo mais generalizada do termo. Voltando um pouco atrás, contudo, fica claro que muitas dessas preocupares se referem a questöes subjacentes sobre igualdade e sobre algum tipo de macro/micro divisäo entre as forças políticas e económicas de grande porte, e o destino dos cidadáos. Igualdade e participaçao, portante, seriam os elementos fundamentáis da segurança de urna naçâo.
Discurso Engañador e Dicotomías: Pós-Estruturalismo/Pós-Modernismo
A segunda principal abordagem pós-positivista das relaçoes iníernacionais no final do sáculo XX deriva do conjunto de temas que fazem parte do pós-estruturalismo e do pos-modernismo. Urna vez mais, estes termos necessitam de urna definiçao sucinta, melhor elaborada se usarmos contrastes negativos. Ambos em prega m urna batería de palavras sonoras e jargöes que säo interligados para criar um tipo de vocabulario auto-erótico, que nao é de grande ajuda e poderia ser perfectamente evitado. Na pràtica, os dois termos unem-se em um fenómeno.
O pós-estruturalismo é urna reaçâo à busca tnexorável de modelos e padrees gérais, característica da prèvia vog a cientif icista do estruturalismo. Sua relevancia mais imediata na teoría das relaçoes internacionais é a sua rejeîçâo à suposta înevitabilidade da anarquía no sistema internacional, resultante da ausencia de um poder imposto.38 Particularmente, os autores com visäo pós-estrutural vêem os teóricos anglo-americanos da Guerra Fría como tendo sido envolvidos no enigma de que a ünguagem nao apenas reflete a realidade, como também a constrói. Além do mais, na medida em que a ünguagem traz em si formas partilhadas de "conhecimento", o qual pode ser transformado em fonte de poder contra outros, o discurso sobre segurança nacional das superpotêncîas ajudou a produztr a Guerra Fría, com todos os desastres déla decorrentes para os povos do Sul, lado a lado com os bilhöes de dólares gastos em armamentos.
O pós-modernismo é talvez melhor descrito como um acontecimento cultural do firn do secuto, indo além das Ciencias Sociaís, alcançando as Humanidades. Ele compreende urna rejeiçâo ao conjunto das magníficas narrativas do desenvolví mento linear, incluindo aquetas sobre emaneipaçâo política, transformaçâo marxista e progresso hegeliano,39 e o ..ayanco da ciencia. Opós-modernismo éhipersensível às rápidas mudancas no tempo, no espaco, em contextos e identidades característicos das sociedades e da política no final do século XX. Do ponto de vista pós-moderno, o individuo que pensa e é autocontido é um mito conforiável, o que obscurece o fato de que as pessoas e os povos, bem como suas naçôes e seu senso de supremacía, säo produtos maieáveis dos discursos e îdéias, aos quais estäo sujeitos. Em suma, o efeito positivo - e o valor mesmo - do pós-estruturalismo e do pós-moder^ nismo reside na capactdade de ambos de f ornecer o distanciamento necessario para que se possa refletir a respeito do condicionamento presente em nossas prátícas políticas e socio-económicas contemporáneas.
Com vistas a desenvolver um pouco mais essa idéia, pode-se escolher para discussäo alguns temas pós-estruturais ou pós-rnodemos, O primero deles é a assim denominada "crise de representaçâo", implícita na diferenciacao estrutural entre urna sociedade nacional, pretensamente soberana, bemdeiimitada e ordenada, por um lado, e urna sociedade internacional, anárquica, ambigua e violenta por naturerà, por outro. O interesse em urna diferencîaçâo desse tipo é politico, ou seja, o senso comum e as manifestares públicas de pensamento devem ser forjadas de tal forma que sejam silenciadas as tensöes e formas de resistencia da sociedade nacional, ao passo que, ao mesmo tempo, o Estado assume o papel de um filtro protetor contra indesejáveis intrusos e, com isso, fortalece seu poder perante a sociedade civil. A razäo pela qual essa atitude acaba provocando urna "crise" é que, nos días de hoje, se tornou praticamente impossível realizar tal tarefa. Segundo Richard Ashley, "[....] as diferenças entre 'dentro' e lora' ecoam em 'entre'".40 Desta forma, nao é possível, por exemplo, internacionalizar a economia e, ao mesmo tempo, regular por completo a internacionalîzaçâo da política.
No México, o discurso do presidente Salinas, comemorativo do 63^ aniversario do Partido Revolucionario Institucional (PRI), foi um exemplo de crise de representaçâo por excelencia. Adotando urna estável postura intermediaría, valendo-se da voz da soberanía da raison d'état, o presidente rechaçou, por um lado, os chamados "neoiiberais", que abririam a intrusos internacionais os portöes da naçâo à depredaçâo, e, por outro, rejeitou os "novos reacionários" desestabilîzadores, que levariam a naçâo de volta à insularìdade estatista do passado e, como o avestruz, esconder-se-iam das realidades materials globais.41
Torna-se desnecessário dizer que discursos calculados como o que citamos acima também säo proferidos nos Estados Unidos, ainda que sem tanto floreamento e finesse. Por ser urna superpotência, de certa forma insegura, cuja popuiaçâo de baixa renda está acostumada à adminîstraçâo hegemônîca de seu governo e está subjugada ao sistema internacional desreguiado, o problema do governo é reconstruir imagens de dominio e poder. O rápido desaparecimento do capital político resultante da Guerra do Golfo é urna indicacáo de quäo efémeras sao as Vitorias militares à luz dos imensos problemas estruturais da economia norte-americana e das lembranças do dia-a-dia dos cidadáos a respeito da perda de sua segurança pessoal. O principal problema para a auto-îmagem dos Estados Unidos é estar privado de seu mais importante ponto de referencia, representado pela atualmente extinta Uniäo Soviética.
O segundo tema que nos interessa está relacionado a ùm dos hábitos de pensamento mais comuns na sociedade moderna.- o uso constante de dicotomías no processo de análise. Os debates sobre segurança frequentemente mostram isso ao mencionarem questöes, tais corno: ameaça/segurança, eles/nós, ínimigo/amigo, racional/irracional, ordem/terror. No pensamento pósestruturalista, estes pares säo significativos pelos efeitos "disciplinares" que têm sobre nossas percepçoes do mundo.
Urn bom exemplo pode ser dado a partir da assim chamada dicotomía México-santo/México-pecador ñas relaçoes entre os Estados Unidos e aquele país. Específicamente, podemos estabelecer um contraste entre as projeçôes feitas pelos políticos norte-americanos do México-do-caso-Camarena com as do atualmente reabilitado México-do-NAFTA. Torna-se claro que os efeitos disciplinares sao depreendidos de ambas as caracterizaçoes, dirigidos, no primeiro exemplo, ao México e, no segundo, ao Congresso dos Estados Unidos e ao público.
O terceiro e último tema é, por si mesmo, urna dicotomìa propriamente dita, porém de grande significado e que deve ser abordado separadamente. Trata-se da preocupacáo pos-moderna corn as noçôes de identìdade e diferença. A relevancia desses temas se torna obvia ao citar mos os täo conhecidos confutas étnicos e de nacionalidade que vêm ocorrendo na Europa, Eurásia e África. Podemos aínda perg untar: urna vez que as forças políticas e económicas mundiais reestruturam e reconstituem individuos e grupos soctais, destruíndo ou criando identidades e solidartedades, qual desses posicionamentos será "permitido" e qual será considerado tao "diferente" e täo aberrante no esquema geral do pensamento para conseguir ter voz ativa? Por exemplo, será que aquelas pessoas e grupos deslocados por força das transform acöes associadas ao NAFTA -tanto no México como nos Estados Unidos- terao meios para navegar suas inevitáveis transiçôes? Em última análise, tais questöes retornam ao grau e profundidade da democracia que as emoidura. Segundo Robert Johansen, "a segurança real é a segurança democrática".42
Conclusäo
O objetivo desses comentarios sobre as abordagens pós-posiíivistas ñas relaçoes internacionaîs foi tentar mostrar a necessidade de expansao dos parámetros da discussäo sobre segu ranca. Nossa tese é que as transform agoes que estao ocorrendo no sistema internacional e na economia mundial säo de um alcance tal, e suas eventuais conseqüencías täo indeterminadas, que urna conceituaçâo de segurança que seja mais rígida e parcimoníosa nao é possível no momento, nem desejada. As tendencias atuais à polarizaçâo social e econòmica trazem à tona preocupaçôes reais com a expansäo de novas formas de insegurança. Na medida em que as abordagens pos-positivistas consideram a segurança um conceito sòcio-econòmico, fica subentendida a necessidade de um processo de ciarificacäo e revisäo.
A realidade é que as políticas económicas neoiiberais estäo sendo testadas de forma macîça e que o México faz parte desse processo. A tendencia é que surjam variaçôes intrincadas de urna forma de Estado que Sheldon Wolin43 chamou de "economic polity', em que as necessidades sociaîs vâo sendo cada vez mais transferidas para a competencia do setor privado, tido como mais eficiente, e a segurança dos trabajadores fica cada vez mais reduzida, devido ao impulso competitivo para fazer frente às demandas de consumidores de um mercado mundial.44 A necessidade de maior eficiencia e de crescimento economico, contudo, é clara, especialmente em um país como o México, onde será necessaria urna taxa anual de crescimento em torno de 5% para que seja possível abrir frentes de írabalho para a mäo-de-obra jovem e subutllizada.45 Estudos recentes tendem a confirmar a htpóiese de que urna política efetîvade redistribuiçâo exige a assim chamada "strong abundance" na economia.46
No mínimo, a teoria critica e as visöes pós-estrutural e pós-moderna apontam para a necessidade de iguaidade - e nao apenas busca de crescimento economico - e de partîcipaçâo real, e näo apenas um esqueleto de democracia. Obvio o bastante para ser esquecido, é importante lembrar que "segurança nacional" se refere à segurança da naçao - näo de seus líderes, governo ou regime - e que as avaltaçoes subjetivas da naçao sobre segurança só pode m ser determinadas por rneio dos cañáis múltiplos de urna socíedade civil forte e democrática.
Frequentemente, crescimento e iguaidade säo vistos como conceitos contraditórios e, até m es m o, antitéticos. Neste aspecto, säo de grande relevancia os resultados de um exaustîvo estudo feito por Bruce Moon.47 Dados colhidos em 1 04 países mostram urna grande correlaçâo entre a satisfacäo das necessidades básicas da populaçao e o crescimento econòmico. A parte traiçoeira dessas boas novas é que näo temos quaisquer políticas que possamos garantir sejam realmente efîcazes para resolver essas necessidades básicas eficientemente, mesmo quando seus principios gérais säo transparentes.
É verdade que termos como iguaidade e democracia säo, em si, conceitos problemáticos e que näo tern urna relaçâo clara com políticas governarci entais, No entanto, eles indîcam certas direçoes. Pode-se argumentar que urna definiçâo concreta de segurança nacional é necessaria para que os políticos possam seguir adiante, embora isso seja o reflexo de mais urna dicotomia -a que se dà entre a convicçào absoluta e a falta total de direçâo. Estamos todos, e sempre estaremos, em aigum lugar no espectro entre os dois extremos, trabalhando em busca de novas interpretares do que segurança realmente significa.
(Recebîdo para publicaçâo em junho de 1 993)
Resumo
Contra a Parcïmônîa: Teoria Pós-Positivìsta de Relacöes ïntemacionais e a Redefiniçâo de Segurança
O firn da Guerra Fría trouxe umaoportunìdade sem precedentes para urna redefiniçâo do concetto de segurança. No entanto, ó colapso da Unîâo Soviética e do bloco de países do Leste Europeu encorajou perspectivas "triunfalistas" entre as elites ocidentaìs e dissemìnou a especuiaçâo de um pós-ídeológico "firn da historia", caracterizado peta afirmaçâo final das idéias liberáis sobre o livre mercado, democracia electoral e lîberdade individual. Desse modo, o recente debate sobre segurança înscreve-se em um quadra de referencias restrito e condicionado pelas políticas económicas neoüberais existentes e propensas à polarizaçâo socio-económica. Ao mesmo tempo, duas correntes pós-positivistas abrangentes emergem da teoria das relaçôes íntemacionais, fomecendo a fonte intelectual * para urna análise crítica das reconstrucöes da noçâo de segurança. A teoría crítica destaca, em primeiro lugar, a necessidade de se levar em consideraçâo as desigualdades entre o "capitalismo próspero" e o "capitalismo pobre" e busca localizar astensôes sócio-economicas nacionais e internacionais que possam conduztr a tendencias anti-hegemônicas. As abordagéns pós-modemas (ou pós-estruturais), por sua vez, reje'rtam as narrativas sobre progresso linear e as dicotomías conceptuáis que tipificam a maior parte dos debates sobre segurança, enfatízando a necessidade de maior eqüidáde e de formas mais participantes de democracia.
Abstract
Against Parsimony: Post-Positivist Theory of International Relations and the Redefinition of Security
The end of the cold war brought about an unprecedented opportunity for the redefinition of the concept of security. On the other hand, the collapse of the Soviet Union and the East-European block gave birth to "triumphant" perceptions amongst the western elites. It also disseminated the debate about the "end of history", characterized by the assertion of liberal ideas in regard to the free market, electoral democracy and individual liberty. In this context, the recent debate about security takes place within a frame of reference restricted and conditioned by the neo-liberal economic policies, with a tendency towards socioeconomic polarization. At the same time, two post-positivist currents of thought emerged from within the theory of international relations, supporting a critical analysis for the reconstruction of the notion of security. This critical theory focuses, in a first approach, on the need to take into account the inequalities between a "prosperous capitalism" and a "poor capitalism" and locate the national and the international socioeconomic tensions, which might contribute to anti-hegemonic tensions. The second approach, the post-modern or post-structural), rejects the narratives based on a linear progress as well as the conceptual dichotomies which typify great part of the debate on security, emphasizing the need for greater equity and forms of democracy which would allow for greater participation.
Résumé
Contre la Parcimonie: Tnéorîe Post-Positiviste des Relations Internationales et la Redéfinition de Sécurité
Avec la fin de la guerre froide, l'occasion s'est présentée pour procéder à la redéfinition du concept de sécurité. Cepandant, la désagrégation de l'Union Soviétique ainsi que celle du groupe des pays de l'est européen a plutôt mis en évidence les perspectives triomphalistes et a disséminé la spéculation autour d'une post-idéologique "fin de l'histoire", caractérisée par le triomphe final des idées liberales sur l'économie de marché, la démocratie électorale et les libertés individuelles. Ainsi le tout récent débat sur la sécurité s'inscrit-il dans un cadre restreint et conditionné par les politiques économiques neoliberales, propices à la polarisation socio-économique. Néanmoins, deux courants post-positivistes surgissent au sein des relations internationales, et s'imposent comme source intelectuelte de l'analyse critique de la re-élaboration du concept de sécurité. Cette théorie critique met en évidence la nécessité de prendre en compte les inégalités entre le "capitalisme prospère" et le "capitalisme pauvre" et cherche a localiser les tensions socio-économiques nationales et internationales pouvant conduire à des tendances antî-hégemoniques. Les abordages post-modernes (ou post-structurels), d'autre part, rejettent le principe de progrés linéaire et des dicotomi es conceptuelles qui marquent la plupart des débats sur la sécurité, et insistent sur la nécessité d'une plus grande équité et deformes plus participatives de démocratie.
* Traduçâo de Vera Lucia Mello Joscelyrie. A ser publicado com o título original "Against Parsimony: Post-Posîtîvîst International Relations Theory and the Redefinition of Security", in Bruce Bagley etafli, eds., Mexico and the United States:Economic Growth and Security in a Changing World Order, Miami, North-South Center, University of Miami, 1993.
NOTAS
1 Adam Przëworskî, Democracy and the Market: Political and Economic Reforms in Eastern Europe and Latin America, Cambridge, Cambridge University Press, 1991 , pp. 1 8891. : *
2 Por exemplo, Hans J.' Morgenthau, Politics among Nations: The Struggle for Power and Peace [1 s ed. 1948], Nova lorque, Alfred A. Knopf, 1978; Kenneth N. Waltz, Man, the State, and War, Nova lorque, Columbia University Press, 1 954 e Theory of International Poll· . ties, Nova lorque, Random House, 1 Ö79. "Realismo", tanto o "clàssico" como o "estrutural" (neo-realismo), baseia-se em varias proposiçoes: .". (a) Estàdos-naçâo säo os atores proeminentes ñas políticas mundiais; (b) Estados-naçâo devem ser compreendidos, em termos analíticos, como entidades racionáis, interessadas em si mesmas; (c) na ausencia de qualquer poder reforçador supranacional, capaz de resolver conflitos, o sistema internacional é inerentemente anárquico; . e (d) o exércício do poder (especialmente o militar) é, em última instancia, o meto pelo quai os Estados-naçâo devem proteger seus intéresses.
3 Mesmo que so como um reflexo dos problemas herdados, tais como os conflitos étnicos na Bosnia e as crises política e económica na Rùssia, a fase inicial da admînistraçâo Clinton, em sua política externa, mostrou mais sinais de continuidade que de mudança.
4 Há urna vasta bibliografía sobre o assunto. Os exemplos representativos incluem: Hayward R. Alker Jr. e Thomas J. Bîersteker, 'The Dialectics of World Order: Notes for a Future Archeologist of International Savoir Faire", International Studies Quarterly, vol. 28, r£2, 1984, pp. 121-42; Richard K. Ashley, "Politicai Realism and Human Interests", International Studies Quarterly, vol. 25, 1 981 , pp. 204-36, 'The Poverty of Neorealism", International Organization, vol. 38, r£ 2, 1984, pp. 225-86, 'The Geopolitics of Geopolitical Space: Toward a Critical Social Theory of International Politics", " Alternatives, vol. XII, r£4» 1 987, pp. 403-34, "Untying the Sovereign State: A Double Reading of the Anarchy Problématique", Interna. tional Studies Quarterly, vol. 17, n^ 2, 1988, pp. 227-62 e "Living on Border Lines: Man. PostStructuralism, and War", in James Der Derian e Michael J. Shapiro, eds., International/lntertextual Relations: Postmodern Readings of World Politics, Lexington, MA, Le-. xîngton. Books, 1989, pp. 259-322; Richard ?. Ashfey e R.B.J. Walker, "Reading Dîssidence/Writing the "Discipline: Crisis and the Question of Sovereignty in International Studies", International Studies Quarterly, vol. 34, ?£3, 1990, pp. .367-41 6; Robert W. Cox, "Gramsci, Hegemony, and Internationa! Relations: An Essay in Method", Millennium: Journal of International Studies, vol. 12, rß 2, 1983, pp. 1 62-75, "Social Forces, States, and World Orders: Beyond international Relations Theory", in Robert O. Keohane, ed., Neorealism and its Critics, Nova lorque, Columbia University Press, 1986, pp. 204-54, Production, Power, and World Order: Social Forces in the Making of History, Nova lorque, Columbia University Press, 1987 e "Towards a Pöst-Hegemonic Conceptualization of World Order: Reflections on the Relevancy of Ibn Khaldun", in James N. Rosenau e Ernst-Otto Czempiel, eds., Governance without Government: Order and Change in World Politics, Cambridge, Cambridge University Press, 1992, pp. 132-59; James Der Denan e Michael J. Shapiro, International/lntertextuaL.., op. cit.; Nicholas G. Onuf, World of Our Making: Pules and Rule in Social Theory and International Relations, Coiumbía¿ SC, University of South Carolina Press, 1 989; R.B.J. Walker, "Security, Sovereignty, and the Challenge of World Politics", Altematives.yol XV, r£ 1 ,1 990, pp. 3-27, "State Sovereignty and the Articulation of Political Space/Time", Millennium: Journal of International Studies, vol. 20, r£3, 1991, pp. 445-61 e On' the Spatiotemporal Conditions of Democratic Practice", Alternatives, vol. 16, r£ 2, 1991, pp. 243-62; Mark Hoffman, "Critical Theory and the Inter-Paradigm Debate", Millennium: Journal of International Studies, vol. 16, r£ 2, 1987, pp. 149-231; Yosef Lapid, "The Third Debate: On the Prospects of International Relations in a Post-Positivist Era", International Studies Quarterly, vol. 33, r£ 2, 1989, pp. 235-54.
5 Samuel P. Huntington, "Democracy's Third Wave", Journal of Democracy, vol. 2, vß- 2, 1991, pp. 12-34; Hayward R. Alker Jr, e Thomas,,! Biersteker.'The Dialectics...", op. cit.; Jim George e David Campbell, "Patterns of Dissent arid the Celebration of Difference:· Criticai Social Theory and International Relations", International Studies Quarterly, vol. 34, r£3, 1 990, pp. 269-94; Richard K. Ashley e R.B.J. Walker, "Reading Dissidence...", pp. cit e "the End of History", The National Interest, vol. 16, 1989, pp. 3-18.
6 Stephen Gill, "Reflections on Global Order and Soctohistorical Time", Al· tematives, vol. 1 6, r£ 3, 1 991 , p. 31 0.
7 A repercussäo e as dûvîdas a respeito do que chamamos de "receîta", no entanto, atingiram emcheio o Banco Mundial por volta da primavera de 1993. As preocupaçôes e pressöes dos japoneses foram responsáveís, em parte, pela revisäo iangada pelo Banco dos modelos económicos da Asia Oriental que tiverarn sucesso (incluindo os do Japäo, Coréia do Sui, Taiwan, Hong Kong e Çingapura), revisäo esta que levou a que se considerasse seriamente corno opçôes as políticas que estabelecem subsidios orientados para determinados alvos e o protecîonismo. Michael Prowse, "Miracles Beyond the Free Market", thé Financial Times, 26/4/1993, p. 15.
8 Thomas J. Biersteker, "The Triumph* of Neoclassical Economics in the Developing World: Policy Convergence and Bases of Governance in the International Economic Order", in James N. Rosenau e Ernst-Otto Czempiel, eds., Governance without.., op. cit, pp. 102-31.
9 The Year the Votes Poured In", The Economist, 22/12/1990, pp. 75-6.
10 Dietrich Rueschmeyer ei alii, Capitalist Development and Democracy, Chicago, University of Chicago Press, 1992.
11 U.S. Department of State, President George Bush, Toward a New World Order", U.S. Department of State Dispatch, vol. 1, n& 3, 1990, pp. 91-4.
12 James McCartney, "From Cold War Machine to 'WPAm, The Miami He* raid, 20/4/1992, p. 19A.
13 Thomas L Friedman, "Baker Spells Out U.S. Foreign Policy Stance", The New York Times, 22/4/1 992, p. A6.
14 Peter Tamoff, "A Chilling U.S. Defense Proposal", The Miami Herald, 22/3/1 992, p. 6C.
15 Jeffrey Alexander, The Centraüty of the Classics", in Anthony Giddens e Jonathan H. Turner, eds., Social Theory Today, Stanford, Stanford University Press, 1987, pp. ie-8.
16 Terry Eagléton, Ideology, Londres, Verso, 1991, p. 4..
17 PNUD, Human Development Report 1991, Nova I orque, Oxford University Press, 1991, p. 23; Ivan L Head, "South-North Dangers", Foreign Affairs, vol. 68, r£3, 1989, p. 77.
1 8 Inter-American Development Bank, Economic and Social Progress in Latin America, Baltimore, MD, The Johns Hopkins University Press, 1990, pp. 3-38.
19 Kevin Phillips, The Politics of Rich and Poor: Wealth and the American Electorate in the Reagan Aftermath, Nova lorque, Random House, 1990, pp. 14, 146-53.
20 Os recentes debates sobre teoría das relaçoes internacîonais já viram o termo "teoria crítica" ser usado de varias maneiras, algumas de forma contraditória. Encontramos tais formulaçoes como "teoría social crítica das políticas internacîonais" (Richard K. Ashley, "The Geopolitics of...", op. cit.); "teoria critica de Cox" ou "CCT" (N.J. Rengger, "Going Critical? A Response to Hoffman", Millennium: Journal of International Studies, vol. 17, n* 1, 1988, pp. 81-9); e "pensamento crítico sobre as relaçoes internacîonais" (Jim George e David Campbell, "Patterns of Dissent...", op. cit.). Como veremos posteriormente, a "teoría crítica" é usada ? este texto como foi utilizada nos trabalhos de Robert W. Cox, "Social Forces...", op. cit e Production, Power..., op. cit Considero que a classîficaçao ocasional de trabalhos pós-modernos ou pós-estruturais como teoria crítica (ou teoria crítica das relaçoes internacîonais) é contraproducente, tendo em vista que eles agrupam perspectivas pós-posítivistas que têm diferenças marcantes.
21 Albrecht Wellmer, "Reason, Utopía, andine Dialectic of Enlightenment", in Richard J. Bernstein, ed., Habermas and Modernity, Cambridge, MA, The MIT Press, 1985.
22 Robert W. Cox, "Social Forces...", op. tit.
23 Os próximos parágrafos baseiamse nos tipos de argumentos utilizados em Robert W. Cox, Production, Power..., op. cil, pp. 273-308; Claus Offe, Contradictions of the Weifare State, editado por John Keane, Cambridge, MA, The MIT Press, 1 984, pp. 147-62; e Stephen Gill, "Reflections on Global...", op. tit
24 Claus Offe, Contradictions of the..., op. cit., p. 149.
25 PNUD, Human Development.., op. cit., p. 23; Stephen Gill "Reflections on Global...", op. cit., p. 91.
26 Jeffry A. Frieden, Debt, Development, and Democracy: Modern Political Economy and Latin America, 1965-1985, Princeton, Princeton University Press, 1991, p. 7.
27 Sei que a política nacional e os fatores socio-económicos podem també m contribuir para essa uniformídade, mas me parece que a questäo persiste. William C. Smith, "Neoliberal Economie Reforms and New Democracies in Latin America", North-South Issues, maio de 1992.
28 PNUD, Human Development.., op. cit., pp. 30-2.
29 A eleiçâo de Bill Clinton para a Presidencia dos Estados Unidos, como um "novo tipo de demócrata", em busca de urna new convenant 60s direitos e responsabilidades dos cidadäos, provoca urna relaçâo ambigua nos mecanismos de política tradicionais defendidos pela esquerda política e poderia remodelar os termos do debate que envolvem a crise da esquerda aquí mencionada. Peter Jenkins, "Goodbye to All Thaf , The New York Review of Books, 14/5/1992, pp. 16-7.
30 Segundo Martin Carnoy, The State and Political Theory, Princeton, Princeton University Press, 1984, pp. 69-70, ? conceito de hegemonía em Gramsci tern dois significados principáis: primeiro, trata-se de um processo na sociedade civil através do quai umafracäo da classe dominante exerce controle, por sua lîderança moral e intelectual, sobre f raçôes da mesma classe dominante [..·] segundo, trata-se do relacionamento entre as classes dominante e dominada. A hegemonía envolve as tentativas bem-sucedidas da classe dominante para usar sua lîderança política, moral e intelectual, com vistas a impor sua visâo de mundo de forma abrangente e universal e a moldar os interesses e as necessidades dos grupos subordinados."
31 Robert Heilbroner, "Lifting the Silent Depression", The New York Review of Books, 24/10/1991, pp. 6-8.
32 Joseph S. Nye Jr., Bound to Lead: The Changing Nature of American Power, Nova lorque, Basic Books, 1991, p. 188.
33 Idem, pp. 193-5.
34 Immanuel Wallerstein, Geopolitics and Geoculture: Essays on the Changing World-System, Cambridge, Cambridge University Press, 1991.
35 PNUD, Human Development.., op. tit, p. 176.
36 James N. Rosenau, Turbulence in World Politics: A Theory of Change and Continuity, Princeton, Princeton University Press, 1990, pp. 333-87.
37 Por exemplo, a ampia disposiçâo de variáveis ínter-relacionadas e os dilemas lógicos inerentes à conceituaçâo de "segurança nacional" atuai fizeram com que Barry Buzan - por razöes distintas que väo mais além do alcance deste trabalho - propusesse o desenvolvîmento de "estudos sobre segurança înternacionar como urna área importante para pesquisa. Ver Barry Buzan, People, States, and Fear: An Agenda for International Security Studies in the Post-Cold War Era (2a ed.), Bóulder, CO, Lynne Rtenner Publishers, 1991 , caps. 9 e 10.
38 Richard K. Ashley, "Untying the Sovereign...", op. cit.
39 Madan Sarup, An Introductory Guide to Post-Structuralism and PostModernism, Athens, G A, University of Georgia Press, 1989.
40 Richard K. Ashley, "Untying the Sovereign...", op. cit., p. 257.
41 "El Liberalismo Social", La Jornada, 5/3/1992.
42 Robert C. Johansen, "Rea! Security !s Democratic Security", Alternatives, vol. 16, r£2, 1991 , pp. 209-41 .
43 Sheldon S. Wolin, The Presence of the Past: Essays on the State and the Constitution, Baltimore, MD, The Johns Hopkins University Press, 1989, pp. 151-79.
44 A prioridade dada aos consumidores em relaçâo aos trabalhadores baseîa-se ria premîssa de que o consumo corresponde, tnvariavetmente, ao bem-estar dos individuos (e, via de regra, há sempre mais consumidores que trabaihadofès). Esta premîssa é totalmente refutada no último livro de Robert Lane, The Market Experience, s/i, s/e, 1 991 . Utilizando-se de vasto material bibliográfico, Lane mostra que, longe de ser urna "desutilidade", o trabaiho (corno um firn em si mesmo, mais do que como um meio voltado para um firn) tem urna importancia fundamental para o bemestar e a satisfaçâo pessoal dos cidadäos.
45 Sidney Weintraub e Jan Gilbreath, "The New U.S. - Mexican Rela. tionship", The World & I, maio de 1992, pp. 47-53.
46 Adam Przeworskî, Democracy and the Market.., op. cit., p. 134.
47 Bruce E. Moon, The Political Economy of Basic Human Needs, Ithaca, Cornel! University Press, 1991.
You have requested "on-the-fly" machine translation of selected content from our databases. This functionality is provided solely for your convenience and is in no way intended to replace human translation. Show full disclaimer
Neither ProQuest nor its licensors make any representations or warranties with respect to the translations. The translations are automatically generated "AS IS" and "AS AVAILABLE" and are not retained in our systems. PROQUEST AND ITS LICENSORS SPECIFICALLY DISCLAIM ANY AND ALL EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES, INCLUDING WITHOUT LIMITATION, ANY WARRANTIES FOR AVAILABILITY, ACCURACY, TIMELINESS, COMPLETENESS, NON-INFRINGMENT, MERCHANTABILITY OR FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. Your use of the translations is subject to all use restrictions contained in your Electronic Products License Agreement and by using the translation functionality you agree to forgo any and all claims against ProQuest or its licensors for your use of the translation functionality and any output derived there from. Hide full disclaimer
Copyright Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Jan-Jun 1993
Abstract
The end of the cold war brought about an unprecedented opportunity for the redefinition of the concept of security. On the other hand, the collapse of the Soviet Union and the East-European block gave birth to "triumphant" perceptions amongst the western elites. It also disseminated the debate about the "end of history", characterized by the assertion of liberal ideas in regard to the free market, electoral democracy and individual liberty. In this context, the recent debate about security takes place within a frame of reference restricted and conditioned by the neo-liberal economic policies, with a tendency towards socioeconomic polarization. At the same time, two post-positivist currents of thought emerged from within the theory of international relations, supporting a critical analysis for the reconstruction of the notion of security. This critical theory focuses, in a first approach, on the need to take into account the inequalities between a "prosperous capitalism" and a "poor capitalism" and locate the national and the international socioeconomic tensions, which might contribute to anti-hegemonic tensions. The second approach, the post-modern or post-structural), rejects the narratives based on a linear progress as well as the conceptual dichotomies which typify great part of the debate on security, emphasizing the need for greater equity and forms of democracy which would allow for greater participation. [PUBLICATION ABSTRACT]
You have requested "on-the-fly" machine translation of selected content from our databases. This functionality is provided solely for your convenience and is in no way intended to replace human translation. Show full disclaimer
Neither ProQuest nor its licensors make any representations or warranties with respect to the translations. The translations are automatically generated "AS IS" and "AS AVAILABLE" and are not retained in our systems. PROQUEST AND ITS LICENSORS SPECIFICALLY DISCLAIM ANY AND ALL EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES, INCLUDING WITHOUT LIMITATION, ANY WARRANTIES FOR AVAILABILITY, ACCURACY, TIMELINESS, COMPLETENESS, NON-INFRINGMENT, MERCHANTABILITY OR FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. Your use of the translations is subject to all use restrictions contained in your Electronic Products License Agreement and by using the translation functionality you agree to forgo any and all claims against ProQuest or its licensors for your use of the translation functionality and any output derived there from. Hide full disclaimer