Resumo: A gestâo da política científica e seus instrumentos de avaliaçâo servem para o planejamento e o entendimento da dinámica científica. Nesse contexto, a formulaçâo de política de avaliaçâo dos cursos de p0s-graduaçâo é fundamental. Considerando tal problemática, esta pesquisa objetiva descrever o comportamento dos valores de fator de impacto dos periódicos da área de Comunicaçâo e Informaçâo, qualificados pelo Qualis CAPES, para a avaliaçâo da produçâo científica dos programas de p0s-graduaçâo da área, mais especificamente, para os periódicos da área de Comunicaçâo e Informaçâo classificados no estrato A1. Objetiva-se analisar seus indicadores bibliométricos de impacto, a saber: Fator de Impacto e Posiçâo de Quartil. Os resultados mostraram indícios de alta variabilidade dos valores do fator de impacto. Os valores dos FIs estâo relacionados com a posiçâo dos quartis, as quais mantiveram-se inalterados para a maioria dos periódicos no período analisado.
Palavras-chave: Periódicos científicos. Fator de Impacto. Política de avaliaçâo da Pós-Graduaçâo. Comunicaçâo e Informaçâo.
Abstract: The management of scientific policy and its evaluation tools serve to plan and understand scientific dynamics. In this sense, the formulation of a policy for the evaluation of postgraduate courses is fundamental. Considering this problem, this research aims to describe the behavior of the impact factor values of the periodicals from the areas of Communication and Information, qualified by Qualis CAPES, for the evaluation of the scientific production of the postgraduate programs of the area, specifically, for the journals in the area of Communication and Information classified in group A1. The goal is to analyze their bibliometric indicators of impact, namely: Impact Factor and Quartile ranking. The results showed evidence of high variability of the values of the impact factor. The values of the IFs are related to the position of the quartiles, which remained unaltered for most journals in the analyzed period.
Keywords: Scientific journals. Impact Factor. Evaluation policy of postgraduate courses. Communication and Information.
Recebido: 21/09/2017
Aceito: 19/02/2018
1Introduçâo
As políticas públicas nacionais voltadas a Ciencia, Tecnología e Inovaçâo (CT&I) dos diferentes países sâo, geralmente, similares nos aspectos relativos as bases conceituais, a estrutura organizacional, ao financiamento e as formas de avaliaçâo, desde o inicio de sua institucionalizaçâo até os dias atuais (SAGASTI, 1989; SALOMON, 1989; VELHO, 2004).
No que se refere as formas de avaliaçâo das atividades em CT&I, os procedimentos metodológicos e os instrumentos utilizados para sua mediçâo devem ser sensiveis ao contexto conceitual, social, económico e histórico da sociedade em que se desenvolvem. Nesse contexto, a metodologia para essa avaliaçâo pode envolver dois componentes: os critérios de mensuraçâo da atividade científica e a relaçâo entre indicadores estabelecidos para avaliaçâo. (SPINAK, 1998). Além disso, o processo de avaliaçâo necessita de integraçâo entre os elementos inerentes a avaliaçâo, como a coleta e o tratamento dos dados, cálculo dos indicadores e o monitoramento, constituindo como componentes da politica cientifica, buscando identificar e analisar o contexto em que o fenómeno observado ocorre, visando a proposiçâo de metas, objetivos e açöes para o desenvolvimento científico.
Neste contexto, é necessário dispor de métodos adequados para a descriçâo e a análise do sistema científico de um país e a forma com que esse se relaciona e impacta na sociedade, uma vez que nâo existe um método único capaz de identificar e visualizar tal fenómeno. Essa recomendaçâo vem sendo discutida na comunidade científica, como pode ser observado em alguns manifesto cujos signatários sâo estudiosos da área: San Francisco Declaration on Research Assessment (DORA), relativa a utilizaçâo do fator de impacto (FI) na avaliaçâo de pesquisa e evidenciada em manifestos internacionais; manifesto de Leiden (HICKS et al., 2015) que versa sobre o uso adequado de indicadores de avaliaçâo científica em diferentes contextos, visto que o único modelo de avaliaçâo nâo se aplica a todos os contextos.
Desse modo, salienta-se a relevancia da definiçâo dos indicadores a serem utilizados, cada um retrata um aspecto particular de uma questâo complexa e de múltiplas perspectivas. Por outro lado, os indicadores relacionam com a política adotada e, ainda, subsidiam o entendimento da estrutura, o funcionamento, as prioridades e a evoluçâo da CT&I. Neste cenário, destaca-se a importancia da garantía precedente de eficiencia e eficácia do método empregado no processo de seu acompanhamento, sem prescindir da gestâo da política de CT&I, e o conceito dominante de Ciencia, decorrente dos paradigmas subjacentes adotados por seus pesquisadores (SPINAK, 1998; QUIÑONES, 2008; VELHO, 2011).
Nesta perspectiva, no contexto brasileiro, no início da década de 1950, a fim de viabilizar e sistematizar a proposiçao de políticas nacionais voltadas para o avanço científico e tecnológico do país, por meio da ampliaçao do número de pessoal qualificado, centros de pesquisa, universidades e cursos de pósgraduaęao, criaram-se as instituiçöes de fomento como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenaçao de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Embora as primeiras experiencias de estudos de p0s-graduaçao tenham sucedido em 1930, em algumas universidades organizadas em cátedras e iniciativa de pequenas dimensöes, apenas em 1965 o Ministério da Educaçao regulamentou e reconheceu a p0s-graduaçao como um ensino de nível superior (diferenciando o nível de mestrado e doutorado), com suas principais características fixadas no parecer de 977, chamada de Parecer Sucupira, aprovado pelo Conselho Federal de Educaçao (BALBACHEVSKY, 2005). Em 1968, o governo reformou o ensino superior brasileiro, modernizou e expandiu as instituiçöes públicas, especificadamente, as universidades federais, criando condiçöes propícias para as articulaçöes de atividades de ensino e pesquisa (MARTINS, 2009). A partir dessas modificaçöes academicas, propostas pela reforma, foi criado um plano nacional de p0s-graduaçao, conduzido pelas agencias de fomento do governo federal, com a CAPES, apresentando um papel de destaque na formulaçao de política para a p0s-graduaçao, na promoçao de atividades, gestao de recursos financeiros e de outras fontes de fomento nacional e internacional (BRASIL, 2011).
Em meados de 1970, a CAPES implantou um sistema de avaliaçao de cursos de p0s-graduaçao baseado no julgamento por pares (comissöes composta de assessores de avaliaçao), visando garantir a qualidade academica e o fortalecimento das bases científicas (MARTINS, 2009). O acompanhamento dos cursos foi estabelecido pelas diretrizes do Conselho Técnico-Científico da Educaçao Superior (CTC-ES), com os resultados da avaliaçao informados apenas as instituiçöes, para as quais eram atribuídos um dos seguintes conceitos: A - muito bom; B - bom; C - regular; D - fraco; e E - insuficiente (BARATA, 2016). Ao longo do tempo, os processos avaliativos subsidiaram na determinaçâo de padröes de qualidade de pesquisa, valorizando e fomentando determinados padröes de publicaçöes e de interaçâo com a comunidade internacional (COUTINHO, 1996).
Na década de 1990, os indicadores quantitativos baseados na contagem de artigos publicados foram agregados aos conceitos avaliativos (BRASIL, 2011). Todavia, uma mudança expressiva no sistema de avaliaçâo dos programas de pos-graduaçâo brasileiros ocorreu em 1998, com a inclusăo das seguintes dimensöes: proposta do programa, corpo docente, atividades de pesquisa, atividades de formaçâo, teses e dissertaçöes, produçâo intelectual e análise de diferentes tipos de indicadores (BALBACHEVSKY, 2005; BARATA, 2016). Nesse momento, propôs-se, também, a avaliaçâo trienal da qualidade da produçâo científica dos programas de pos-graduaçâo, por meio da qualificaçâo e da categorizaçâo dos periódicos em que a produçâo científica foi disseminada, privilegiando os periódicos indexados as grandes bases de dados de relevancia mundial e de um sistema de avaliaçâo por pares (BARATA, 2016).
Atualmente, a avaliaçâo dos cursos de pos-graduaçâo é realizada por área do conhecimento dentro do Sistema Nacional de Pos-Graduaçâo (SNPG) da CAPES, o qual é constituido por dois processos distintos: "Entrada" (Avaliaçâo de Propostas de Cursos Novos); e "Permanencia" (Avaliaçâo Periódica dos Cursos). Na dimensâo da Avaliaçâo Periódica dos Cursos, o processo avaliativo é composto pelos documentos: "Fichas de Avaliaçâo", "Relatórios de Avaliaçâo" e "Documentos de Área", que sintetizam os resultados finais da avaliaçâo dos cursos examinados. Os quesitos de avaliaçâo presentes no Documento de área sâo compostos pelas dimensöes: (1) Proposta do programa, (2) Corpo docente, (3) Corpo discente, teses e dissertaçöes, (4) Produçâo intelectual e (5) Inserçâo social e relevancia. Dentro do Sistema de Avaliaçâo Periódica dos Cursos, desde que a estrutura e as regras gerais de avaliaçâo sejam cumpridas, as diferentes áreas do conhecimento podem estabelecer critérios específicos para a classificaçâo da sua produçâo científica. As grandes áreas de avaliaçâo como Ciencias Exatas e da Terra, Ciencias Biológicas, Engenharias, Ciencias da Saúde, Ciencias Agrárias e Multidisciplinares utilizam critérios que combinam os aspectos de circulaçâo, sendo avaliada por meio de base de dados, indicadores bibliométricos (um ou mais indicadores) obtidos por uma ou mais fontes de dados (BARATA, 2016).
Todavia, mesmo com a possibilidade de particularizaçâo dos critérios de avaliaçâo da produçâo científica em diferentes áreas do conhecimento, o sistema de avaliaçâo Qualis tem sido objeto de críticas por parte da comunidade academica e dos pesquisadores (SILVA, 2010; MARCHLEWSKI; SILVA; SORIANO, 2011; KELLNER, 2017).
No caso específico da subárea Comunicaçâo e Informaçâo da área de Ciencias Sociais Aplicada, a dimensâo Produçâo Intelectual compreende 40% da avaliaçâo o mestrado académico e doutorado, a qual é dividida em 4 componentes de pesos e critérios distintos, sendo uma delas as "Publicaçoes qualificadas do programa por docente permanente", com o sistema Qualis Periódico, constituindo uma das partes deste processo avaliativo (BRASIL, 2014).
O Qualis Periódico/CAPES constitui um sistema de classificaçâo dos periódicos em que a produçâo científica da p0s-graduaçâo brasileira é disseminada, juntamente com outros critérios de avaliaçâo desta produçâo (CAMPOS, 2010; BRASIL, 2011; BARATA, 2016). Desde sua proposiçâo e ao longo dos trienios de avaliaçâo, o Qualis passou por ajustes e foi reformulado em 2007, adotando os seguintes estratos: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e o estrato C, destinado aos periódicos que nâo atendem critérios mínimos estabelecidos ou nâo constituem periódicos científicos (CAMPOS, 2010). Além disso, indicadores bibliométricos passam a integrar esse sistema de avaliaçâo, entre eles, destaca-se o fator de impacto (FI).
O FI de um periódico científico é definido como um tipo específico de média de citaçöes por artigo em uma dada janela temporal de dois anos, destinado a avaliar o impacto de revistas e periódicos científicos, a partir das bases de dados do Institute for Scientific Information (ISI), atualmente Clarivate Analytics. Esse indicador foi criado por Eugene Garfield, no início da década de 1960, para selecionar revistas e periódicos científicos (GARFIELD; SHER, 1963), mais tarde consolidado no Journal Citation Reports (JCR). Embora o FI seja um dos indicadores mais utilizados para avaliar o impacto e a visibilidade dos periódicos científicos (SPINAK, 1998; GLÄNZEL, 2003), críticas e limitaçöes relativas a sua aplicaçâo tem sido apontadas na literatura (SEGLEN, 1997; GLÄNZEL; MOED, 2002; FERNANDES-LLIMÓS, 2003; KALTENBORN, 2004; SIMONS, 2008; WALTMAN, 2016; WALTMAN; TRAAG, 2017).
Nesse contexto, o presente estudo tem por objetivo analisar o comportamento da variaçâo do Fator de Impacto dos periódicos classificados no estrato A1 do Qualis Periódico, dentro da área de Comunicaçâo e Informaçâo. De forma mais específica, objetiva-se descrever as tendencias de comportamento de variaçâo do FI dos periódicos classificados como A1 nessa área de estudo, tomando como referencia o seus valores calculado e divulgado pelo JRC (Web of Science - WoS) nos anos de 2012 e de 2015, visto que foram utilizados esses valores de FI no processo avaliativo da CAPES (BRASIL, 2014). Em seguida, identificar os periódicos e os seus fatores de impacto que apresentaram oscilaçöes positivas, negativas ou que se mantiveram estáveis.
Justifica-se o estudo, a opçâo pela análise dos valores dos FI dos periódicos classificados no estrato A1 devido ao significativo impacto desses periódicos na avaliaçâo dos programas de pós-graduaçâo, em funçâo da maior pontuaçâo atribuída aos artigos publicados em periódicos do estrato A1, igual a 100, na média ponderada de artigos publicados por docente, nesta área, conforme descriçâo do documento (BRASIL, 2014). Além disso, os critérios para os periódicos classificados no estrato A1 da área de Comunicaçâo e Informaçâo, definidos nos "documentos de área" de 2013 e 2016 săo: periódicos científicos indexados na base Web of Science (WoS) e/ou que apresentem FI do JCR. (BRASIL, 2014). No entanto, os valores de FI podem apresentar alteraçâo de acordo com o ano de referencia de seu cálculo, sendo divulgaçâo pelo JRC (Clarivate Analytics). O processo de seleçâo ou exclusâo de um periódico da base de dados WoS é definido por um conjunto de critérios e requisitos, sendo um processo que ocorre anualmente e envolvem vários fatores qualitativos e quantitativos tais como: padrâo básico de ediçâo, conteúdo editorial, foco internacional e análise de citaçâo. A análise de citaçâo do periódico desempenha um papel muito importante dentro desse processo, quando um periódico apresenta baixa taxa de citaçâo poderá influenciar no cálculo do FI.
Dessa forma, afetará a sua posiçâo de quartil da base em que o periódico estiver indexado, podendo assim, nāo fazer mais parte da coleçâo principal da WoS (SEGLEN, 1997; SIMON, 2008; TESTA, 2016). Para ilustrar essa situaçâo, um estudo realizado com um conjunto de periódicos da África do Sul mostra o exemplo do periódico African Entomology que teve o FI de 0.455, posiçâo de quartil Q3 e, em 2009, o FI de 0,420 posiçâo de quartil Q4, indexado na base WoS, categoria Entomologia. Observa-se uma queda na posiçâo do quartil. Esse fato aponta para a mudança na composiçâo do dominio de periódicos, tornando mais dificil a competiçâo de periódicos nacionais e privilegiando os periódicos internacionais (POURIS; POURIS, 2015). Outro estudo realizado com os periódicos de Matemática e Fisica apontou que o comportamento de variaçâo dos valores de FI e dos quartis sâo decorrentes da instabilidade desse indicador e da composiçâo da base WoS, sendo necessário realizar o monitoramento constante do comportamento do FI desses periódicos (FERRER-SAPENA et al., 2017).
2Procedimentos metodológicos
Inicialmente, recuperou-se o conjunto de periódicos classificados como Qualis A1, consultados em abril/2017 na WebQualis (BRASIL, 2017) da área de Comunicaçâo e Informaçâo, presentes, simultaneamente, nos anos de 2012 e 2015. Esclarece-se que os dados do ano de 2012 antecederam o relatório do Documento de área de 2013 e os dados de 2015 antecederam o Documentos de área de 2016, ambos indexados na base de dados WoS. Vale ressaltar que o criterio para os periódicos constituirem o estrato A1 nesta área é: ser "indexados na base Web of Science (WoS) e/ou apresentam FI do JCR (WoS)" (BRASIL, 2014). Por este motivo, considerou-se apenas essa base de dados neste estudo. Além disto, o ISI (Clarivate Analytics) é o responsável pelo cálculo e divulgaçâo do indicador FI no JRC.
Em seguida, selecionou-se uma amostra năo probabilistica e de forma intencional, totalizando 26 periódicos. O procedimento adotado de amostragem intencional foi decorrente de algumas limitaçöes ocorridas durante a busca dos dados, a saber: alguns periódicos năo apresentavam valores de FI em nenhum dos periodos; outros faltavam o valor do FI em um dos periodos do estudo; outros foram classificados, simultaneamente, na mesma categoria de assunto Comunicaçăo e Ciencia da Informaçăo e Biblioteconomia, sobrepondo os dois assuntos. Para cada periódico, a partir da consulta a base de dados JRC da WoS, foram obtidos os seguintes indicadores: valor do FI e o Quartil em que se encontra (Q1, Q2, Q3 e Q4). A busca destes dois indicadores decorre da sua relevancia na compos^ăo do estudo do comportamento da var^ăo do FI baseados nos trabalhos (POURIS; POURIS, 2015; FERRER-SAPENA et al., 2017).
Ressalta-se que todos os periódicos indexados na co^ăo principal da WoS săo indexados em uma ou mais categoria de assunto, em re^ăo a qual o periódico ocupa uma pos^ăo quartil, em fu^ăo da ordenaçăo (ranking) gerada a partir dos valores do FI do conjunto de periódicos indexados nesta categoria. Neste estudo, a maioria dos periódicos está indexada em apenas uma categoria do WoS: Ciencia da Informaçăo e Biblioteconomia. Para os periódicos que foram classificados em mais de uma categoria, considerou-se a categoria mais próxima da área de Ciencias Sociais (CS), Comunicaçăo ou Ciencia da Informaçăo e Biblioteconomia (CIB), conforme a descr^ăo as categorias da WoS. Entretanto, nenhum dos periódicos foi classificado, simultaneamente, na mesma categoria Comunicaçăo e Ciencia da Informaçăo e Biblioteconomia, portanto năo havendo de coincidencia de assuntos. O Quadro 1 apresenta a lista dos periódicos selecionados para o estudo e suas respectivas categorias de assunto (WoS).
De acordo com a informaçâo da categoria de assunto (WoS) buscou-se a posiçâo do quartil dos periódicos nessas categorias. Os indicadores foram registrados em Planilha Excel. Na sequencia, para os 26 periódicos, calcularamse as taxas de variaçâo dos FIs de 2012 para 2015, a partir da fórmula:
...
A seguir, foram calculadas as estatísticas descritivas (mínimo, máximo, mediana, média, desvio padrâo e coeficiente de variaçâo) dos FIs e Taxa de variaçâo do FI, para o conjunto de 26 periódicos analisados, por ano (2012 e 2015), a fim de verificar a tendencia de comportamento da distribuiçâo dos FIs em cada ano. Esclarece-se que o coeficiente de variaçâo (CV) é uma medida de variabilidade relativa que permite comparar as distribuiçöes dos indicadores quantitativos (FI2012, FI2015, Variaçâo do FI) analisados quanto as suas variabilidades, calculado por:
...
Em que: S = desvio padrâo e ... = média para o conjunto de dados analisados.
A partir dos valores obtidos para as taxas de variaçâo do FI, criaram-se tres categorias de periódicos: GN - grupo de periódicos que apresentou variaçâo negativa para FI, ou seja, decréscimo do valor do FI de 2012 para 2015; GP1 - grupo de periódicos que apresentou variaçâo positiva para FI entre 0% e 99%; e GP2 - grupo de periódicos que apresentou variaçâo positiva para FI acima de 100%, para 2015, em relaçâo a 2012. Na continuidade, construiu-se uma tabela de dupla classificaçâo, levando em conta o quartil dos periódicos para os dois anos analisados, a fim de se visualizar a movimentaçâo da categorizaçâo dos periódicos nos quartis em funçâo dos seus respectivos valores de FI. Finalizando, a fim de se obter uma visualizaçâo das proximidades das oscilaçöes dos FIs dos periódicos analisados, considerando todos os indicadores analisados na pesquisa, utilizou-se a técnica conhecida como Análise de Cluster hierárquica, em funçâo do conjunto total de indicadores analisados (FI2012, FI2015, Variaçâo do FI, Quartil2012, Quartil2015, Variaçâo no Quartil). Esta análise permitiu encontrar subgrupos mais homogéneos, em funçâo do próprio indicador tomado como criterio do estrato A1, a saber, FI, e sua posiçâo em relaçâo ao total de periódicos (Quartil), em um olhar diacrônico (2012 e 2015).
Dessa forma, utilizou-se para Análise de Clusters, o método Ward, distancia Euclidiana quadrada e sem padronizaçâo das variáveis, sendo o método que garantiu as suposiçöes matemáticas e estatísticas (EVERITT, 2001). Alem do mais, este método é o mais refinado em termos de uso das informaçöes disponíveis e amplamente utilizado nos estudos bibliométricos da área da Ciéncia da Informaçâo (LIBERATORE; HERRERO-SOLANA; GUIMARÄES, 2007; GRÁCIO; OLIVEIRA, 2014; CASTANHA; GRÁCIO, 2016). As análises estatísticas desta pesquisa foram feitas utilizando SPSS versâo 21.0.
3Resultados e discussño
A Tabela 1 apresenta os FIs, quartis (JRC), percentual de variaçâo do FI (% variaçâo FI) e situaçâo da variaçâo do quartil de 2012 para 2015 (Variaçâo quartil) dos 26 periódicos da área de Comunicaçâo e Informaçâo, referentes ao estrato A1 de 2012 e 2015, apresentados em ordem alfabética.
Observa-se (Tabela 1) as estatísticas descritivas dos indicadores FI (2012 e 2015) e o % variaçâo FI, em 2012, os FIs dos periódicos variaram entre 0,062, relativo ao periódico Investigación Bibliotecológica, e 2,133, relativo ao periódico Scientometrics. Neste ano, as medidas de posiçâo dos FIs, média e mediana foram de 0,736 e 0,423, respectivamente, e o coeficiente de variaçâo de 88,9% evidenciou a alta dispersăo dos valores de FI dentro do estrato Qualis A1. Esta significativa variaçâo entre os FI fica confirmada pela dispersâo dos 26 periódicos nos quatro quartis, sendo: quatro periódicos pertencentes a Q1, cinco periódicos em Q2, oito periódicos em Q3 e nove periódicos em Q4, evidenciando que a maioria (65,4%) dos periódicos analisados se encontravam nos mais baixos quartis em 2012.
Observa-se, ainda que em 2015, os FIs variaram entre 0,043 e 2,981, relativos aos periódicos, Informaçâo & Sociedade e Expert Systems with Applications, respectivamente. As medidas de posiçâo dos FIs, média e mediana foram de 1,043 e 0,720, respectivamente, com coeficiente de variaçâo igual a 87,5, indicando que a variabilidade entre os FIs dos periódicos analisados é alta. Apesar de alguns dos periódicos analisados terem apresentado deslocamento em relaçâo ao quartil em que se encontravam em 2012, também, em 2015, a dispersăo do FI destes periódicos mantevesse comprovada pela dispersăo nos quatro quartis, sendo: seis periódicos pertencentes a Q1, cinco periódicos em Q2, seis periódicos em Q3 e nove periódicos em Q4 e, novamente, a maioria (57,7%) dos periódicos analisados estavam nos mais baixos quartis, correspondentes aqueles com menor impacto na comunidade científica, em re^ăo ao conjunto total de periódicos indexados na área em estudo. Esses resultados evidenciam que, embora os 26 periódicos analisados estejam dentro da mesma categoria de excelencia científica (Qualis A1) pela classificaçăo da Aval^ăo da CAPES, 2012 e 2015, constatou-se uma grande dispersăo nos valores dos fatores de impacto. Observa-se, também, na tabela 1, que alguns periódicos apresentaram um aumento expressivo do valor do FI de 2012 para 2015, com destaque para os periódicos Comunicar, cujo FI passou de 0,350, em 2012, para 1,438, em 2015, correspondendo a uma var^ăo de 310,86%; Information Development com um crescimento do FI correspondente a 243,67%. Por outro lado, observaram-se periódicos com decréscimo do FI de 2012 para 2015, entre eles: Informaçăo & Sociedade, com decréscimo de -72,26% no valor do FI de 2012 (FI = 0,155) para 2015 (FI = 0,043) e o periódico Transinformaçăo, cuja var^ăo foi de -31,14% de 2012 (FI = 0,167) para 2015 (FI = 0,115). Destaca-se, ainda, que todos os periódicos nacionais apresentaram um decréscimo no valor do FI de 2012 a 2015, ao passo que entre os periódicos estrangeiros essa situaçăo foi menos frequente. Segundo Silva (2010), a cada nova regra estabelecida, a cada trienio, ocorrem mudanças que dăo origem a uma nova classificaçăo, podendo influenciar os periódicos brasileiros de alta qualidade. Por outro lado, a mudança da compos^ăo dos periódicos na base WoS aumenta a compet^ăo dos periódicos nacionais e privilegia os periódicos internacionais (POURIS; POURIS, 2015).
Em relăo a variăo, entre 2012 e 2015, do posicionamento do periódico nos quartis, observou-se que a maioria (14) manteve a pos^ăo no quartil, correspondendo a 54%, os quais somados aos sete periódicos que melhoraram sua pos^ăo quartil, atinge-se 81% dos periódicos. Tem-se como uma das hipóteses para este resultado a manutençâo ou melhoria na posiçâo quartil, uma manifestaçâo do principio mertoniano do 'Efeito Mateus', pelo qual o reconhecimento da excelencia de um periódico quanto a relevancia do seu conteúdo (em ámbito brasileiro, validada pelo Qualis Periódico), medido pelo impacto e uso dos seus artigos, fortalece o seu reconhecimento na comunidade, fomentando a demanda dos autores por disseminar suas publicaçöes neste veiculo de comunicaçâo e facilitando, assim, a manutençâo da produtividade com qualidade do periódico, em um processo retroalimentador.
O Gráfico 1 apresenta a dispersâo dos valores do FI dos 26 periódicos analisados nos anos de 2012 e 2015, em que as linhas guia azuis vertical e horizontal representam as médias dos FIs em 2012 e 2015, respectivamente. Observa-se, no Gráfico 1, que somente oito (31%) periódicos apresentaram FIs acima da média nos 2 anos analisados (quadrante Q1), com destaque para os periódicos Scientometrics, Journal of Communication e Journal of the American Society for Information Science and Technology (JASIST), com valores para FI acima de 2,00 em ambos os anos. Ainda, todos os periódicos neste quadrante (Q1) sâo estrangeiros, publicados na lingua inglesa. Por outro lado, a maioria (14 54%) dos periódicos apresentou FI abaixo da média nos dois anos (quadrante Q3), com todos os periódicos brasileiros com este comportamento. Entre as hipóteses para as tendencias observadas no Gráfico 1, destacamos: a avaliaçâo Qualis atribui um maior conceito para periódicos indexados nas bases de dados ISI e com maior fator de impacto, podendo, assim, desestimular a publicaçâo em periódicos nacionais (MUGNAINI, 2006); o fato de um periódico nâo ser publicado na lingua inglesa contribui para valores baixos do FI (SEGLEN, 1997; DONG; LOH; MONDRY, 2005).
A tabela 2 apresenta os periódicos analisados agrupados nas tres categorias construidas em funçao do comportamento do percentual de variaçao do FI de 2012 para 2015, agrupados nos tres grupos, o quartil ao qual o periódico pertencia em 2012 e a influencia na variaçao do quartil, em funçao da variaçao no valor do FI. Observa-se, nesta tabela, que no grupo GN - periódicos com decréscimo para o FI de 2012 para 2015-, esta diminuiçao no valor do FI levou a uma tendencia de rebaixamento em relaçao ao enquadramento do quartil do periódico ou manutençao do quartil, pelo fato de estes já estarem enquadrados no quartil mais baixo (Q4) dos valores mais baixos de FI. Ainda, o rebaixamento do quartil Q3 para o quartil Q4 esteve, em geral, associado aos decréscimos mais intensos no valor do FI entre os anos analisados. Somente o periódico Information Research, apesar da diminuiçâo de valor menos intenso, melhorou seu enquadramento de quartil, passando que Q4 para Q3. No grupo GP1, observa-se que, embora os periódicos tenham aumentado seu valor de FI, de 2012 para 2015, este acréscimo, em geral, năo foi suficiente para alterar sua posiçâo quartil, uma vez que sete dos 10 periódicos pertencentes a este grupo mantiveram suas posiçöes. Os outros tres periódicos tiveram destacados percentuais positivos de variaçâo do FI, acima de 45%, com efeito na melhoria do enquadramento do quartil, passando do quartil Q2 para Q1. A Tabela 2 apresenta o percentual de variaçâo dos FIs (variaçâo FI em %), os quartis (JRC) e a situaçâo da variaçâo do quartil de 2012 para 2015 (Variaçâo quartil) dos periódicos conforme agrupamento de variaçâo FI.
No grupo GP2, em que ocorreram as maiores variaçöes positivas do valor de FI de 2012 para 2015, observa-se que em tres periódicos, embora tenham apresentado aumentos expressivos em seus FIs, o crescimento năo foi suficiente para alterar o quartil em que estavam inseridos no primeiro ano de análise (2012), sendo dois deles pertencentes a Q4 e com taxa de crescimento do FI entre 105% e 135%, e o outro pertencente a Q3, com crescimento do FI de 243,67%. Por outro lado, tres periódicos também pertencentes a Q4 e Q3, com incremento entre 160% e 311%, com este crescimento no FI, conseguiram subir em relaçâo ao quartil que estavam em 2012. As altas taxas de crescimento para o FI observadas no grupo GP2 sugere uma melhoria do indicador, que em alguns casos leva a melhoria no ranking dos periódicos da área, avaliado aqui pelo quartil do FI ao qual pertence o periódico. Contudo, considera-se, também, cauteloso considerar os diversos fatores que podem contribuir para esta melhoria, como o aumento da taxa de citaçâo, a readequaçâo de critérios estabelecidos pelo ISI e dos responsáveis pelos periódicos, sendo, assim, necessária uma investigaçâo minuciosa que apontem os fatores e o contexto em que ocorreu o fenómeno.
Desse modo, deve-se ter uma análise cuidadosa diante de uma alta variaçâo dos valores dos FIs, uma vez que esta pode tanto ser reflexo da melhoria do periódico em análise, como um incremento no valor do FI para todos os periódicos da área ou um indicativo de decaimento do FI para alguns outros periódicos. Considerando que, usualmente, tem sido entendido que quanto maior o valor de FI de um periódico, "melhor" é este periódico, pelo fato de, em média, seus artigos serem mais citados na área em que está indexado, este indicador tem sido entendido como um sinónimo de qualidade.
Todavia, apenas o FI sozinho năo fornece o conhecimento necessário para uma tomada de decisăo (SEGLEN, 1997; SIMONS, 2008; WALTMAN, 2016; WALTMAN; TRAAG; 2017). Nesse sentido, destaca-se a contribuiçâo da análise da posiçâo quartil em que o periódico encontra-se, uma vez que esta dá indicativo do ranking do periódico analisado em relaçâo aos demais indexados na área. Exemplos da contribuiçâo deste indicador (Quartil), pode ser observada em especial na categoria GP2: o periódico Comunicar, com FI2012 = 0,3 5 0 e FI2015 = 1,438, apresentou um aumento expressivo, com alteraçâo na posiçâo no quartil de Q4 em 2012 para Q1 em 2015; o periódico Investigación Bibliotecológica, com FI2012 = 0,062 e FI2015 = 0,146, manteve sua posiçâo quartil Q4, de 2012 para 2015. Por outro lado, em GN, o periódico Informaçâo & Sociedade, com FI2012=0,155 e FI2015 = 0,043, manteve sua posiçâo quartil Q4; e o periódico Scientometrics, com FI2012 = 2,133 e FI2015= 2,084, apresentou queda em sua posiçâo do quartil, de Q1 em 2012 para Q2 em 2015.
Desse modo, o aumento de valor do FI nâo necessariamente implicou em uma mudança de quartil para uma posiçâo melhor, uma vez que depende do comportamento e do desempenho do conjunto de periódicos considerados em cada categoria da base do ISI. A posiçâo do FI no quartil está ligada as temáticas (categorias) das bases do ISI, comportamento de citaçâo da área do assunto e dos pesquisadores, estabelecimentos de algoritmos de contagem de citaçâo e documentos citáveis com regras específicas, capturas e classificaçâo das categorias dos periódicos, entre outros fatores apontados na literatura que podem ser decorrentes de um viés sistemico no levantamento de citaçöes, consequentemente, refletindo no cálculo do valor de FI e na posiçâo do quartil (MOED; VAN LEEUWEN; REEDIJK, 1996; SEGLEN; 1997; VANZ; CAREGNATO, 2003; SIMONS, 2008).
A Tabela 3 apresenta a distribuiçâo de frequencia conjunta dos quartis ocupados pelos 26 periódicos em 2012 e 2015, em que a cor amarela indica uma variaçâo negativa (decréscimo da posiçâo quartil de 2012 para 2015), a cor azul indica as frequencias com que os periódicos mantiveram suas posiçöes, por quartil (Q1 a Q4) e a cor verde indica as ocorrencias de melhoria (aumento) da posiçâo do periódico em 2015 em relaçâo a 2012. A partir da análise da tabela 3, apresenta-se uma matriz de transiçâo dos quartis dos periódicos e observa-se que, com exceçâo de um periódico que apresentou um expressivo deslocamento, saltando do quartil Q4 em 2012, para o quartil Q1 em 2015, a maioria manteve sua posiçâo ou deslocou-se um quartil para mais ou para menos, nâo sendo observado grandes alteraçöes de posicionamento(quartil) dos periódicos.
Dos quatro periódicos participantes do quartil Q1 em 2012, dois deles decaíram de quartil em 2015, passando para Q2. Por outro lado, entre os cinco periódicos categorizados em Q2 em 2012, 3 deles melhoraram sua categoria, passando a integrar o quartil Q1. Entre os periódicos categorizados em Q3 em 2012, observou-se tendencia semelhante a observada para os periódicos participantes de Q1 em 2012. O quartil Q4 foi aquele mais estável, uma vez que a maioria (6 67%) dos periódicos a ele pertencentes em 2012, nele permaneceram em 2015.
A Tabela 4 apresenta os quatro agrupamentos obtidos para os 26 periódicos, obtidos a partir da Análise de Cluster hierárquico, dentro dos quais os periódicos apresentam maiores proximidades em relaçâo ao conjunto de indicadores analisados na pesquisa. Observa-se, inicialmente, que todos os agrupamentos resultantes desta taxonomia apresentam uma dispersăo interna tanto quanto ao país de editoraçâo, quanto a Categoria de assunto (Quadro 1), evidenciando que tais propriedades dos periódicos năo se configuram como características discriminatórias entre eles, ou seja, a origem do país de editoraçâo e a área em que atua năo săo suficientes para distinguir os periódicos quanto ao impacto obtido no período analisado, medido em funçâo das citaçöes recebidas por estes. O Grupo 1, maior agrupamento, é constituido por 11 periódicos, os quais, com exceçâo de dois periódicos (Media, Culture & Society e Latin American Research Review), apresentaram taxa de variaçâo do FI negativa. Todos os periódicos brasileiros - Transinformaçâo, Informaçâo & Sociedade e Dados - participam deste grupo. A Tabela 4 apresenta os FIs, os quartis (JRC), o percentual de variaçâo do FI (%variaçâo FI) e a situaçâo da variaçâo do quartil de 2012 para 2015 (Variaçâo quartil) dos 26 periódicos após aplicaçâo da técnica de Análise de Cluster.
O Grupo 2 é composto por quatro periódicos, com valores para FI menor que 1,0 tanto em 2012 como em 2015, com exceçâo do FI em 2015 do periódico Public Culture. Todos apresentam taxa de variaçâo do FI entre 105% e 161%, constituindo assim, um subgrupo do GP2, apresentado na Tabela 2. O Grupo 3 reúne oito periódicos, todos com taxa de variaçâo do FI entre 22% e 73%, constituindo assim um subgrupo de GP2 (Tabela 2) e valores de FI, tanto em 2012 como em 2015, com ampla dispersâo. Além disso, todos os periódicos apresentam variaçâo positiva (aumento) ou manutençâo do quartil ao qual o periódico pertence. O Grupo 4, menor grupo, composto por 3 periódicos, constitui subgrupo de GP2, e apresenta as maiores taxas de variaçao do FI (entre 227% e 311%) de 2012 para 2015. Assim, o Grupo 3 apresenta somente variaçao positiva ou manutençao do quartil ao qual o periódico pertence.
A Figura 2 apresenta a distribuiçao dos seis indicadores analisados para os quatro agrupamentos construidos pela Análise de Cluster, para verificar as tendencias presentes nos grupos. O primeiro gráfico é Box-plot, apresenta a distribuiçao do FI em 2012, o segundo a distribuiçao dos FIs dos periódicos no ano seguinte de análise (2015) e o terceiro a taxa de variaçao do FI dos periódicos de 2012 para 2015, comparando os agrupamentos presentes nas Tabela 4. Cada uma das quatro "caixas", representa um grupo (Grupo 1, Grupo 2, Grupo 3 e Grupo 4), com o inicio e o final da "hastes verticais" indicando o valor mínimo e máximo ocorrido no grupo, o segmento de reta horizontal dentro de cada caixa, registrando a mediana do grupo e os pontos distantes da caixa e das hastes correspondente aos periódicos com valores de FI atipicos ou outliers em relaçao a tendencia geral do grupo.
De forma comparativa, em 2012, as diferenças estatisticamente significativas ocorrem entre os grupos G3 e G4, nao há sobreposiçao entre as caixas ou hastes destes dois grupos, com o Grupo 3 apresentando valores de FI, neste ano, significativamente maiores que os periódicos participantes do Grupo 4. Em relaçao a posiçao quartil dos periódicos participantes nestes dois grupos em 2012, o Grupo 3 nao compreende nenhum periódico do 4° Quartil e o Grupo 4 nao contém nenhum periódico que esteja nos quartis Q1 ou Q2, correspondentes aos melhores quartis de qualificaçao de periódicos. O periódico Scientometrics com FI outlier no Grupo 1, sendo o seu FI condizente com a tendencia presentes no Grupo 3 e, em relaçao a distribuiçao aos quartis, o grupo 1 contém periódicos participantes de todos os quartis, com prevalencia de Q4.
Em relaçâo ao ano de 2015, observa-se a existencia de diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, ocorrendo entre o Grupo 1 e Grupo 3 e o Grupo 1 e Grupo 4, sendo que os grupos (3 e 4) apresenta os valores de FI significativamente maiores que o Grupo 1. Em 2015, aparece periódicos outliers no Grupo 1: este último, o valor de FI é condizente com os observados para o Grupo 3. Neste ano, o Grupo 1 năo conteve mais periódicos do quartil Q1, assim como o Grupo2. O Grupo 3 apresentou um crescimento significativo de periódicos e nenhum periódico de Q4, assim como o Grupo 4, começou a registrar periódicos dos quartis Q1 e Q2, antes ausentes neste grupo. Quanto ao indicador taxa de variaçâo do FI (3° Gráfico Box-Plot), observa-se uma diferença significativa entre todos os quatro grupos, o Grupo 1 configurando as menores taxas de variaçâo (negativas - equivalente a uma reduçâo do impacto médio dos artigos dos periódicos deste grupo) e Grupo 4 os periódicos com a maior dispersăo das taxas de variaçâo positiva do FI, de 2012 para 2015. Quanto a variaçâo nos quartis, o Grupo 3 e Grupo 4, nenhum periódico apresentou decréscimo na posiçâo quartil, o grupo 4 apresentou a maior porcentagem de periódicos com aumento na posiçâo quartil. O Grupo 3 apresentou aumento na posiçâo dos quartis, principalmente, para o quartil Q1, evidenciando uma melhora dos quartis dos periódicos ou manutençâo das suas posiçöes de 2012 para 2015. No Grupo 4, os periódicos que encontravam-se nos quartis Q4 e Q3 em 2012, melhorando suas posiçöes de quartis Q3, Q2 e Q1em 2015. Destaca-se o periódico Comunicar (Grupo 4), com alta taxa de variaçâo positiva e aumento na posiçâo do quartil de Q4 para Q1. Somente os Grupos 1 e 2 apresentaram periódicos com decréscimo da posiçâo quartil, sendo a porcentagem de periódicos nesta situaçâo mais intensa no Grupo 1, embora, a maioria dos periódicos tenham se mantido no mesmo quartil, de 2012 para 2015. No Grupo 2, uma parte considerável dos periódicos mantiveram as suas posiçöes de quartis, apesar do primeiro ano aparecem periódicos do quartil Q1 neste grupo, os quais em 2015 baixaram para os quartis Q4, Q3 e Q2.
4Conclusăo
Neste estudo, observou-se a importancia de uma investigaçâo cuidadosa para a definiçâo de critérios referentes a qualificaçâo de periódicos que subsidiam os instrumentos de avaliaçâo dos cursos de pós-graduaçâo. Destaca-se em especial, o estrato A1 (Qualis periódico), correspondente aos periódicos de excelencia da área de Comunicaçâo e Informaçâo, o critério adotado para o periódico ser incluido neste estrato baseado no indicador FI, nâo se mostrou efetivo, robusto e estável, nos anos analisados, ocorrendo uma grande variabilidade dos valores de FI, esses valores deveriam apresentar uma maior homogeneidade. A identificaçâo dos grupos de periódicos, gerados em funçâo da análise conjunta de seis indicadores relacionados ao FI, permitiu encontrar subgrupos mais homogeneos de periódicos.
Conclui-se, ainda, apontando a importancia do desenvolvimento de estudos que investiguem outros fatores envolvidos neste contexto, como a discussăo das diferenças para os estratos inferiores do Qualis periódicos, a fim de verificar se as conclusöes obtidas nesta pesquisa podem ser generalizadas para publicaçöes associadas aos periódicos desses estratos, tanto da área de Comunicaçâo e Informaçâo como para outras áreas. Em continuidade a esta pesquisa, trabalhos futuros podem analisar a associaçâo da frequencia de publicaçâo dos programas de p0s-graduaçâo e seus respectivos fatores de impacto, contribuindo para a reflexâo apresentada nesta pesquisa.
Por fim, consideram-se necessários estudos que contribuam para a revisâo constante de indicadores de avaliaçâo científica, visto que os indicadores representam a qualidade dos periódicos. Esta recomendaçâo é um dos eixos norteadores do manifesto de Leiden, os sistemas de indicadores devem ser revistos e modificados sempre que possível, com objetivo de melhorar a qualidade das métricas de avaliaçâo de pesquisas.
Referencias
BALBACHEVSKY, E. A p0s-graduaçâo no Brasil: novos desafios para uma política bem sucedida. In: SCHWARTZMAN, S.; BROCK, C. (Ed.). Os desafios da educaçâo no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. p. 275304.
BARATA R. C. B. Dez coisas que voce deveria saber sobre o Qualis. Revista Brasileira de Pós-Graduaęao, Brasilia, v. 13, n. 30, p. 13-40, 2016.
BRASIL. Coordenaçâo de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior. Avaliaçâo trienal 2013. Brasilia: CAPES, 2014.
BRASIL. Coordenaçâo de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior. Capes 60 anos. Brasilia: CAPES, 2011.
BRASIL. Plataforma Sucupira. 2017.
CAMPOS, J. N. B. Qualis periódicos: conceitos e praticas nas Engenharias I. Revista Brasileira de P0s-Graduaçâo, Brasilia, v. 7, n. 14, p. 477-503, 2010.
CASTANHA,R. G.; GRÁCIO, M. C. C. Análise de cluster como aporte metodológico para avaliaçâo de programas de p0s-graduaçâo: um estudo na área de Ciencia da Informaçâo (2010-2012) In: ENCONTRO BRASILEIRO DE BIBLIOMETRIA E CIENTOMETRIA, 5., 2016, Sao Paulo. Anais... Sao Paulo: USP, 2016.
COUTINHO, M. Ecology and environmental science in brazilian higher education: graduate programs, research and intelectual identity. Sao Paulo: NUPES-USP, 1996. Documento de trabalho.
DONG, P.; LOH, M.; MONDRY, A. The "impact factor" revisited. Biomedical Digital Libraries, London, v. 2, n. 7, p. 1-8, 2005.
EVERITT, B. S.; LANDAU, S.; LEESE, M. Cluster analysis. 4. ed. London: Wiley, 2001.
FERNANDÉZ-LLIMÓS, F. Análisis de la cobertura del concepto de Pharmaceutical Care en fuentes primarias y secundarias de información. Granada: Universidad de Granada, 2003.
FERRER-SAPENA, A.; DÍAZ-NOVILLO, S.; SÁNCHEZ-PÉREZ, E.A. Measuring time-dynamics and time-stability of journal rankings in Mathematics and Physics by means of fractional p-variations. Publications, Basel, v. 5, n. 21, 2017.
GARFIELD, E.; SHER I. H. 1961 Science Citation Index. Philadelphia: Institute for Scientific Information, 1963.
GLÄNZEL, W. Bibliometrics as a research field: a course on theory and application of bibliometric indicators. [S.l.]: Coursehandouts, 2003.
GLÄNZEL, W., MOED, F. H. Journal impact measures in bibliometric research. Scientometrics, Dordrecht, v. 53, n. 2, p. 171-193, 2002.
GRÁCIO, M. C. C.; OLIVEIRA, E. F. T. Indicadores cientométricos normalizados: um estudo na produçao científica brasileira internacional (1996 a 2011). Perspectivas em Ciencia da Informaçâo, Belo Horizonte, v. 19, n. 3, p. 118-133, 2014.
HICKS, D. et al. The Leiden Manifesto for research metrics. Nature, London, v. 520, n. 7548, p. 429-431, 2015.
KALTENBORN, F. K. Validity and fairness of the impact factor. Birkhäuser, 2004.
KELLNER, A.W.A. The Qualis system: a perspective from a multidisciplinary journal. Anais da Academia Brasileira de Ciencias, Rio de Janeiro, v. 89, n. 3, p. 1339-1342, 2017.
LIBERATORE, G.; HERRERO-SOLANA, V.; GUIMARÄES, J. A. C. Análise bibliométrica do periódico brasileiro ciencia da informaçÂo durante o período 2000-2004. Brazilian Journal of Information Science, Marília, v. 1, n. 2, p. 321, 2007.
MARCHLEWSKI, C.; SILVA, M. P.; SORIANO, B. J. A Influencia do sistema de avaliaçâo Qualis na produçâo do conhecimento científico: algumas reflexöes sobre a Educaçâo Física. Motriz, Rio Claro, v. 17, n. 1, 2011.
MARTINS, C. B. A reforma universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior privado no Brasil. Educaçâo e Sociedade, Campinas, v. 30, n. 106, p. 15-35, 2009.
MOED, H. F., VAN LEEUWEN, T. N.; REEDIJK, J. A new classification system to describe the ageing of Scientific journals and their impact factors. Journal of Documentation, Bingley, v. 54, n.4, 387-419, 1996.
MUGNAINI, R. Caminhos para adequaçâo da avaliaçâo da produçâo científica brasileira: impacto nacional versus internacional. 2006. Tese (Doutorado em Ciencia da Informaçâo) - Universidade de Sâo Paulo, Sâo Paulo, 2006.
POURIS, A.E. M.; POURIS, A. An assessment of South Africa's research journals: Impact factors, Eigenfactors and structure of editorial boards. South African Journal of Science, Pretoria, v. 111, n. 3/4, p. 1-8, 2015.
QUIÑONES, E. O. Guía sobre diseño y gestión de la política pública. Bogotá: CAB, 2008. (Série Ciencia y Tecnología, n. 168).
SAGASTI, F. Science and technology policy research for development: an overview and some priorities from a Latin American perspective. Bulletin of Science, Technology and Society, Thousand Oaks, v. 9, n. 1, p. 50-60, 1989.
SALOMON, J. J. Critérios para uma política de ciencia e tecnologia: de um paradigma a outro. Revista Colóquio/Ciencias, Lisboa, p. 90-98, 1989.
SEGLEN, P.O. Citations and journal impact factors: questionable indicators of research quality. Allergy, Hoboken, v. 52, n. 11, p. 1050-1056, 1997.
SILVA, R. M. Qualis 2011-2013 - os tres erres. Clinics, Sâo Paulo, v. 65, n.10, p. 935-936, 2010.
SIMONS, K. The misused Impact Factor. Science, Washington, v. 322, n. 10, p. 165, 2008.
SPINAK, E. Indicadores cienciométricos. Ciencia da Informaçâo, Brasília, v. 27, n. 2, p. 141-148, 1998.
TESTA, J. Journal Selection Process. Clarivate Analytics, Philadelphia, 18 Jul. 2016. Disponível em: <https://clarivate.com/essays/journal-selection-process/>. Acesso em: 10 Apr. 2018.
VANZ S. A. S; CAREGNATO S. E. Estudos de citaçao: uma ferramenta para entender a comunicaçâo científica. Em Questăo, Porto Alegre, v.9, n. 2, p. 295307, 2003
VELHO, L. Conceitos de ciencia e a política científica, tecnológica e de inovaçao. Sociologias, Porto Alegre, n.13, p. 128-153, 2011.
VELHO, L. Research capacity building for development: from old to new assumptions. Science, Technology and Society, London, v. 9, n. 2, p. 172-207, 2004.
WALTMAN L. The importance of taking a clear position in the impact factor debate. CWTS: meaningful metrics [blog], Leiden, Jul. 2016. Disponível em: <https://www.cwts.nl/blog?article=n-q2w2c4&title=the-importance-of-taking-aclear-position-in-the-impact-factor-debate>. Acesso em: 19 Apr. 2017.
WALTMAN, L.; TRAAG, V. A. Use of the journal impact factor for assessing individual articles need not be wrong. CWTS: meaningful metrics [blog], Leiden, Mar. 2017. Disponível em: <https://www.cwts.nl/blog?article=nq2z254&title=use-of-the-journal-impact-factor-for-assessing-individual-articlesneed-not-be-wrong>. Acesso em: 22 May 2017.
You have requested "on-the-fly" machine translation of selected content from our databases. This functionality is provided solely for your convenience and is in no way intended to replace human translation. Show full disclaimer
Neither ProQuest nor its licensors make any representations or warranties with respect to the translations. The translations are automatically generated "AS IS" and "AS AVAILABLE" and are not retained in our systems. PROQUEST AND ITS LICENSORS SPECIFICALLY DISCLAIM ANY AND ALL EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES, INCLUDING WITHOUT LIMITATION, ANY WARRANTIES FOR AVAILABILITY, ACCURACY, TIMELINESS, COMPLETENESS, NON-INFRINGMENT, MERCHANTABILITY OR FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. Your use of the translations is subject to all use restrictions contained in your Electronic Products License Agreement and by using the translation functionality you agree to forgo any and all claims against ProQuest or its licensors for your use of the translation functionality and any output derived there from. Hide full disclaimer
© 2018. This work is published under NOCC (the “License”). Notwithstanding the ProQuest Terms and Conditions, you may use this content in accordance with the terms of the License.
Abstract
The management of scientific policy and its evaluation tools serve to plan and understand scientific dynamics. In this sense, the formulation of a policy for the evaluation of postgraduate courses is fundamental. Considering this problem, this research aims to describe the behavior of the impact factor values of the periodicals from the areas of Communication and Information, qualified by Qualis CAPES, for the evaluation of the scientific production of the postgraduate programs of the area, specifically, for the journals in the area of Communication and Information classified in group A1. The goal is to analyze their bibliometric indicators of impact, namely: Impact Factor and Quartile ranking. The results showed evidence of high variability of the values of the impact factor. The values of the IFs are related to the position of the quartiles, which remained unaltered for most journals in the analyzed period.